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A maioria dos economistas e analistas tem duas convicções quando relê as atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável pelos rumos da taxa básica de juros (Selic). A ata explica a decisão de cada reunião do Copom e, na gestão de Ilan Goldfajn, vem deixando claro que o foco é levar a inflação a 4,5%, o centro da meta, em 2017.

Diante disso, a primeira certeza é que, na reunião desta quarta-feira (30), existe a forte tendência de que o corte, novamente, será de apenas 0,25 ponto porcentual. Para a maioria, porém, a segunda certeza é que há espaço para o Copom acelerar essa queda, aplicando uma redução de 0,5 ponto porcentual. Hoje, a Selic está em 14% ao ano.

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Apesar da concordância de que deter a inflação é a prioridade, há quase um consenso de que a fraqueza da economia para sair da recessão e a piora de indicadores importantes, como emprego e renda, exigem um alívio mais rápido dos juros. O economista Sergio Vale, da MB Associados, por exemplo, faz um paralelo entre a postura do BC hoje com a da instituição em 2008. Naquele ano, lembra, a crise global jogou a economia para baixo, havia incerteza em relação aos impactos do câmbio na inflação e, por isso, o BC só começou a reduzir os juros no começo de 2009.

Para ele, há um ambiente similar agora, para justificar o conservadorismo, adicionando o fato de a inflação ter se mostrado resistente e a incerteza ter aumentado, com a eleição de Donald Trump e o agravamento da crise política no Brasil.

No entanto, Vale pondera: "Agora não há ataque especulativo, a essa altura o efeito Trump e a piora recente na política não são novidades e, na economia, temos uma recessão muito longa, de quase três anos, e a demora em reduzir os juros ainda pode acelerar o processo de falências e recuperações judiciais. Assim, haveria espaço para acelerar a queda, apesar de não acreditarmos que o BC fará isso agora".

A economista-chefe da XP Investimento, Zeina Latif, segue na mesma linha, reforçando que os indicadores da economia estão piorando muito. Na sua avaliação, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira, 29, é "desastroso" no aspecto social. Não apenas porque o número de desempregados ultrapassou a casa de 12 milhões e porque no último ano quase 1,5 milhão engrossou as fileiras do chamado desalento - simplesmente desistiram de procurar trabalho.

Ela entende que o BC tem espaço para reavaliar a velocidade do corte. "Se aplicasse um corte de 0,5 ponto, o BC ainda sinalizaria que a economia segue para a normalidade - o conservadorismo pode realimentar a desconfiança e ter o efeito inverso ao esperado."

'Janela'

Para Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, outro componente que abre espaço para o BC acelerar a queda é a tramitação da chamada PEC do Teto, projeto que limita os gastos do governo federal. Buccini lembra que a tramitação superou as melhores expectativas e que a reforma da Previdência virá em seguida, com boas chances de que os itens mais importantes sejam aprovados.

"O BC tem uma janela no fiscal para acelerar o corte da Selic." Ele também projeta redução de 0,25 ponto, mas diz que "alimenta a esperança" de o BC acrescentar à sua análise os últimos indicadores - incluindo o resultado do PIB, que será divulgado hoje e, ele estima, deve surpreender para pior.

No grupo que endossa uma redução mais conservadora dos juros está a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendência. Ela lembra que o BC estabeleceu o compromisso de colocar a inflação no centro da meta em 2017 e que agora precisa mirar nesse resultado, principalmente porque as projeções ainda não mostram que vai conseguir alcançar esse objetivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Central publicou nesta segunda-feira, 21, nota em seu site a respeito do período conhecido como "Silêncio do Copom", no qual a comunicação dos integrantes do comitê com a imprensa e o público em geral é limitada. As orientações, de acordo com o BC, foram estabelecidas em 6 de setembro de 2016, durante a 3.081ª reunião da Diretoria Colegiada.

Conforme documento "Pró-Memória nº 186", publicado pelo BC, o "Silêncio do Copom se estende da quarta-feira da semana anterior a cada reunião até a publicação da respectiva ata".

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De acordo com o BC, "nesse período, os membros do Copom devem evitar ao máximo (i) proferir discursos sobre 'Assuntos do Copom', (ii) conceder entrevistas individuais à imprensa ou (iii) manter encontros com outros públicos que possam ter interesse nas decisões do Copom, incluindo regulados, economistas, investidores, analistas de mercado, empresários, etc.". Esta restrição, no entanto, não abrange a realização de reuniões para tratar de "assuntos de supervisão lato sensu".

O BC informou ainda que os "Assuntos do Copom" abrangem "todos aqueles de alguma forma relacionados a economia brasileira ou internacional, taxas de juros, câmbio ou quaisquer outros que possam influenciar ou serem influenciados por decisões do Copom".

A instituição recomendou ainda que, durante o período de silêncio, não seja divulgada entrevista que aborde "Assuntos do Copom", "mesmo que tenha sido concedida fora desse período".

O integrante do colegiado que tiver qualquer contato, "não intencional ou acidental", com os públicos citados durante o período de silêncio deve comunicar o fato ao presidente do BC, Ilan Goldfajn. De acordo com a instituição, "havendo excepcional necessidade de comunicação durante o Silêncio do Copom, o presidente poderá realizar declarações públicas, na forma de entendimentos com os demais membros desse Colegiado, procurando dar máxima publicidade".

Por fim, de acordo com o documento publicado pelo BC, o período de silêncio não deve prejudicar a participação do membro do colegiado em "reuniões de outros grupos ou organismos nacionais, internacionais e multilaterais de que participe, zelando, todavia, nesses casos, pela finalidade deste período".

Os juros futuros oscilam perto da estabilidade na manhã desta segunda-feira (17) com viés de alta. Segundo um operador, a dois dias da decisão do Copom a tendência para os juros nesta segunda é de movimentação menor das taxas.

Às 9h20, o DI para janeiro de 2018 exibia 11,99%, na máxima, de 11,97%. O DI para janeiro de 2021 estava em 11,28%, de 11,27% no ajuste anterior.

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Internamente, o cenário segue positivo e favorável a um corte da Selic na quarta-feira. Na Focus desta segunda, as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2016 caíram de 7,04% para 7,01%, enquanto para 2017 caíram de 5,06% para 5,04%.

Já a projeção para o PIB de 2016 piorou, passando de -3,15% para -3,19%, enquanto para PIB de 2017 ficaram estáveis em +1,30%. Já a estimativa para Selic no fim de 2016 caiu de 13,75% para 13,50% e para 2017 segue em 11,00%. Atualmente a Selic está em 14,25%.

Para analistas, o recado dado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central após a reunião de quarta-feira (31) na qual manteve a taxa de juros da economia em 14,25% ao ano, é de que não há pressa para começar a cortar a Selic.

Segundo a economista Tatiana Pinheiro, do Banco Santander, o comunicado divulgado após a reunião mostrou que o BC só começará o processo de flexibilização monetária quando as expectativas do mercado se concretizarem. Para ela, ao detalhar os riscos domésticos no comunicado, destacando o ajuste fiscal e a persistência da inflação alta, o BC colocou condições para que os juros sejam reduzidos. "O BC mostrou que não tem pressa para iniciar a flexibilização da política monetária", disse.

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"Nós começamos o ano com a ideia de que, quando tivéssemos expectativa de inflação em queda, somada ao resultado ruim da atividade, haveria espaço para redução de juros. Agora é diferente. Não é só expectativa, tem de haver a concretização da expectativa."

Segundo Alexandre Póvoa, sócio da Canepa Asset Management, ao listar quais são as condições para a redução dos juros, mudando o tom do comunicado anterior de que não havia espaço para iniciar o movimento, o comitê se mostrou mais inclinado em flexibilizar a política monetária.

Por outro lado, as condições colocadas, como a redução das incertezas sobre implementação do ajuste fiscal, não devem ser alcançadas tão cedo, o que reduz as chances de a Selic começar a cair em outubro. Segundo Póvoa, o comitê vai monitorar as condições colocadas na nota e, se houver evolução, começará a preparar o mercado para a redução dos juros no fim do ano.

A tendência, diz, é que o Banco Central comece a reduzir os juros em dezembro. "A dúvida é só se será 0,25 ou 0,5 ponto porcentual". O gestor assinala que o Copom reforçou no comunicado de hoje que vai perseguir o centro da meta de inflação (4,5%) no ano que vem, num sinal claro de vai ser cauteloso nos cortes dos juros.

"O BC destacou que a inflação de alimentos é um choque, mas está mais resistente que o esperado, introduziu uma novidade - as incertezas sobre o processo de normalização da política monetária nos EUA - e destacou condicionalidades que precisariam ser atendidas para reduzir os juros", disse Italo Lombardi, economista sênior para a América Latina do banco Standard Chartered em Nova York. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após subir ao patamar de R$ 3,29 nos primeiros negócios em meio à queda do petróleo e expectativas do leilão de swap reverso, o dólar passou a cair, renovou mínimas no começo da tarde e fechou em baixa. A perda de força se apoiou na ata da reunião do Copom da semana passada, que consolidou a ideia no mercado de que a Selic não será reduzida no encontro do colegiado em agosto, mas poderá começar a cair apenas em outubro.

A recuperação de preços do petróleo no começo da tarde contribuiu ainda para o recuo do dólar ante o real.

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Com a perspectiva de continuidade da Selic em 14,25% por um tempo maior e as especulações sobre novos estímulos do Banco do Japão (BoJ) nesta sexta-feira e do Banco da Inglaterra (BoE) no início de agosto, os agentes de câmbio apostaram em ingressos de recursos no mercado local.

Além disso, está no radar a reunião de política monetária de dois dias do Federal Reserve (Fed), que termina amanhã. A expectativa é de que o comunicado do encontro poderá trazer algum sinal sobre quando o juro voltará a subir nos Estados Unidos. A taxa dos Fed Funds aumentou para a faixa de 0,25% a 0,50% em dezembro de 2015.

Na visão do mercado, captada pelo Broadcast Projeções, o teor da ata do Copom descarta o início do processo de corte da taxa de juros em agosto, mas sugere que será feito em algum momento deste ano. O entendimento é de que o BC vai esperar para ver efeitos mais evidentes de desinflação na economia para somente depois começar a reduzir os juros. Contudo, para alguns profissionais, se o ajuste fiscal não evoluir, há risco de o processo de corte dos juros demorar mais para acontecer.

O gerente de Tesouraria do Banco da China no Brasil, Jayro Rezende, disse que "quanto mais o BC postergar o início do ciclo de afrouxamento monetário, o governo ganhará tempo para fazer a lição de casa na área fiscal". Segundo ele, a ata diz que medidas de ajuste são tão importantes quanto a política monetária e que ambas não podem andar de maneira isolada.

Apesar da previsão de Selic estável por mais algum tempo, Rezende avalia que a economia interna não é confiável a ponto de justificar uma entrada grande de recursos estrangeiros. Por isso, em sua avaliação, a queda do dólar foi bem discreta hoje.

"Sempre tem vindo algum fluxo real para investimento direto, e algum fluxo especulativo para bonds (títulos públicos). Mas há ainda uma situação de descompasso no mercado de câmbio", afirma ele. "A entrada de recursos pela via financeira tem sido vista através do mercado de derivativos. Tanto que, de março para cá, o BC reduziu quase à metade o estoque de swap tradicional, por meio de leilões de swap reverso", descreveu. Hoje em dia, segundo Rezende, o fluxo físico à vista é fraco e puxado principalmente pela conta comercial.

No mercado à vista, o dólar fechou cotado a R$ 3,2720, em baixa de 0,50%. O volume financeiro registrado na clearing da BM&FBovespa somou cerca de US$ 1,138 bilhão. No mercado futuro, o dólar para agosto encerrou em baixa de 0,50%, aos R$ 3,2805. O volume financeiro movimentado somou cerca de US$ 11,348 bilhões.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera que, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central inaugure o ciclo de redução dos juros. Em nota divulgada nesta quarta-feira, 20, para comentar a decisão de hoje do colegiado, que manteve inalterada a taxa de juros Selic em 14,25% ao ano, a CNI afirma que a manutenção da taxa "representa mais um entrave à retomada da atividade econômica, pois encarece o crédito para os consumidores e as empresas, desestimulando o consumo e os investimentos".

A entidade lembra que a Sondagem Industrial de junho mostrou que a alta taxa de juros foi o terceiro principal problema enfrentado pela indústria brasileira no segundo trimestre deste ano, atrás apenas da carga tributária elevada e da demanda interna insuficiente.

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"A CNI considera que a queda gradual dos preços e as indicações de que o País alcançará a meta de inflação em 2017 justificam a retomada da trajetória de queda dos juros. Além disso, há sinais claros de que o governo buscará o controle das contas públicas no médio prazo. A imposição de limites ao crescimento dos gastos terá um impacto positivo na evolução da dívida e afastará os riscos de insolvência do setor público. Com isso, o País terá condições de controlar a inflação sem depender exclusivamente do aumento dos juros", diz a entidade em nota.

Uma gravação exibida na quarta-feira, 15, pelo telejornal SBT Brasil indica que os seis policiais militares investigados por participação na morte de um menino de 10 anos com um tiro na cabeça, no dia 2, desobedeceram ordens do Centro de Operações da Militar de São Paulo (Copom). A ordem teria sido para evitar o confronto.

O telejornal obteve imagens de câmeras de segurança que mostram a fuga dos dois meninos após furtar um veículo em um condomínio de classe média na zona sul da capital. A presença de uma criança ao volante chega a assustar pessoas que passavam pelo local.

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As imagens finais mostram momentos após o veículo ser parado. É quando o garoto que sobreviveu, de 11 anos, é tirado do carro por PMs e arrastado até longe do colega. O SBT Brasil mostra, porém, que a abordagem não seguiu o roteiro previsto pelo Copom. O telejornal obteve áudios que expõem a conversa entre os PMs envolvidos na ação e o comando. "Jogou pra cima, Copom! Jogou pra cima!", diz um dos agentes durante a perseguição.

De acordo com especialistas ouvidos, o jargão indicaria um tiroteio. Na primeira versão da fuga, dada tanto pelos militares quanto pelo garoto que sobreviveu, é relatado que o menino que morreu teria disparado três vezes contra a viatura. No entanto, o diálogo seguinte mostra que a ordem não era de parar o veículo furtado. "Cautela, viatura, mantenha distância. Evita o confronto!", diz o atendente do Copom.

As imagens não permitem chegar a uma conclusão sobre o tiroteio. A Secretaria da Segurança Pública não comentou a reportagem do SBT, mas informou que todos os áudios, imagens e testemunhos estão sob investigação.

O menino de 11 anos, parceiro do garoto morto, disse, em um terceiro depoimento prestado, ter sido agredido e ameaçado antes de gravar um vídeo sobre o tiroteio. Em outra oitiva, chegou a dizer que o colega estava desarmado - para a família da vítima, o revólver teria sido "plantado" pelos policiais militares. O sobrevivente se encontra agora no programa de proteção de testemunhas.

O laudo pericial mostrou que as mãos do garoto morto continham rastros de pólvora, mas a luva que ele usava, não. O projétil que acertou a criança na cabeça saiu da arma de um dos policiais militares - e o vidro só teria uma marca de tiro, de fora para dentro.

Corregedoria

Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na quarta-feira, 15, os policiais envolvidos na abordagem na Vila Andrade estão trabalhando na Corregedoria da Polícia Militar, órgão encarregado de investigá-los, em procedimento paralelo ao conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

A Secretaria de Estado da Segurança Pública não deu detalhes sobre o motivo de envio para atuação na Corregedoria, onde os policiais prestam serviços administrativos. Os homens estão lotados no 16º Batalhão da PM, que atende a zona oeste e parte da sul, e começaram a trabalhar lá segunda-feira. O ouvidor das Polícias, Julio César Fernandes, achou "surpreendente" a decisão de pôr os policiais para dar expediente no órgão que os investiga.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Comitê de Política Monetária decidiu, nesta quarta-feira, 8, por unanimidade, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano.

A manutenção vai ao encontro da expectativa do mercado financeiro, segundo pesquisa do AE Projeções. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de julho.

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A sabatina do economista Ilan Goldfajn, indicado pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, foi adiada para a próxima terça-feira (7). Inicialmente a série de questionamentos estava prevista para acontecer nesta quarta (1º), no entanto faltou acordo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para a aprovação do indicado. 

Com a postergação da sabatina e, consequentemente da análise do nome no Plenário, a primeira reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) da gestão do presidente em exercício Michel Temer será conduzida pelo atual presidente do Banco Central, indicado pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT), Alexandre Tombini. O encontro define a Selic, a taxa básica de juros da economia – atualmente fixada em 14,25 %, ao ano.

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A apresentação do relatório do senador Raimundo Lira (PMDB-PB) tumultuou a sessão da CAE. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) exigiu que fosse cumprido um intervalo de cinco dias, previsto pelo regimento do Senado, entre a apresentação do relatório e a sabatina do indicado.

Entre os argumentos do petista, está a alegação de que Goldfajn aparece entre os sócios do Itaú Unibanco desde agosto de 2010. O Banco Central fiscaliza as ações das unidades financeiras privadas e, para Lindbergh há um “claro conflito de interesses na indicação de economista”.

Além disso, ele pontuou ainda que o processo de impeachment de Dilma Rousseff não chegou ao fim no Senado e a mudança do comando do Banco Central pode gerar instabilidade econômica. “E se a presidente Dilma voltar? Porque é tanta crise neste governo do presidente interino Michel em 15 dias! Tantas crises! Olhem que instabilidade nós estaríamos passando: colocar um novo presidente do Banco Central, a presidenta Dilma volta e se muda o presidente do Banco Central novamente?”, ponderou.

Indicado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a presidência do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn será sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta quarta-feira (1º). Relator da proposta de indicação, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) protocolou, na última sexta (27), o seu parecer pontuando que Goldfajn cumpre todos os requisitos para ser averiguado pelos pares.

Ao contrário do que normalmente acontecem com as indicações, neste caso o relator não pode se posicionar sobre o mérito de ser favorável ou não ao nome que postula o cargo em questão.   

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"As funções e as atividades desempenhadas revelam o nível de qualificação profissional e a formação técnica e acadêmica do indicado, ficando assim esta Comissão de Assuntos Econômicos em condições de deliberar sobre a indicação", concluiu o senador após apresentar um resumo do currículo acadêmico e profissional de Ilan”, justifica o relatório que será apreciado nesta terça (31).

Caso tenha a indicação aprovada, Goldfajn deve assumir o cargo a tempo de participar da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 7 e 8 de junho. 

A incerteza política é um dos fatores que deverá levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a manter os juros em 14,25% na reunião deste mês, que será concluída nesta quarta-feira (27). Economistas ponderam que, em meio ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que poderá ser afastada temporariamente em 11 de maio, o mais prudente por parte do Banco Central é não mexer na Selic, inclusive porque a inflação continua alta - 9,39% em março, no acumulado em 12 meses.

"O melhor neste momento de muitas dúvidas no cenário político é não fazer nada. Se o BC subisse ou baixasse os juros agora poderia causar ruídos, o que não seria bom", diz José Márcio Camargo, professor e economista chefe da PUC-RJ.

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Após a votação na Câmara pela admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma, os especialistas têm muitas dúvidas sobre o que seria um eventual governo Michel Temer. "Será preciso ver se a capacidade de articulação política de Temer terá condições de sensibilizar os parlamentares a ponto de aprovar mudanças estruturais fundamentais, como uma reforma da Previdência Social, com idade mínima para aposentadoria", destaca Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset Management.

Diante dessas incertezas, os economistas constatam que contexto político é relevante, mas não será o fator determinante para a ação do Copom na próxima semana.

David Beker, chefe de economia e estratégia do Bank of America Merrill Lynch, lembra que um conjunto extenso de indicadores econômicos são considerados pelo Copom e, segundo ele, não há dúvida de que a Selic ficará estável na próxima reunião.

Inflação

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de março, o Banco Central estima que a inflação medida pelo IPCA chegará a 8,7% ao final de junho, alcançará 6,6% em dezembro e só chegará ao objetivo de 4,5% no primeiro trimestre de 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta noite de quarta-feira, 2, manter pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. Assim como nas últimas duas reuniões, a decisão não foi unânime: os diretores Sidnei Marques e Tony Volpon votaram para que a Selic subisse 0,5 ponto porcentual. Desde novembro, esses dois membros insistem para que a taxa suba para 14,75% ao ano. O voto dos dois diretores estava sendo considerado pelos analistas do mercado com um importante sinalizador dos próximos passos da política de juros do BC.

Assim como foi colocado pela primeira vez em janeiro, o BC enfatizou que há incertezas - em especial, externas - para promover uma mudança no patamar dos juros básicos.

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"Avaliando o cenário macroeconômico, as perspectivas para a inflação e o atual balanço de riscos, e considerando as incertezas domésticas e, principalmente, externas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% ao ano por seis votos a favor e dois votos pela elevação da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual", trouxe o comunicado da cúpula do BC. A única mudança em relação ao comunicado anterior foi a retirada da palavra "elevação" na referência às incertezas domésticas.

Tanto o presidente Alexandre Tombini quanto Volpon acabaram de chegar ao Brasil depois de participarem, na China, de encontros do G-20 e do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). Apesar disso, mantiveram postura diferente em relação a seus votos - Tombini pela manutenção dos juros e Volpon em favor da alta. A decisão e a divisão do placar veio em linha com o que previa o mercado financeiro.

Os dissidentes se mantiveram na mesma posição, apesar do pequeno fôlego das expectativas para a inflação vista na segunda-feira no Relatório de Mercado Focus, que traz as projeções dos analistas do mercado financeiro. Pela primeira vez este ano houve redução da previsão do mercado financeiro para o IPCA de 2016 para 7,57%, ainda muito acima do teto da meta de 6,50%.

Já a corrente majoritária dentro do colegiado acredita que a redução dessas projeções ocorrerá não apenas por efeito estatístico em relação às altas taxas do ano passado, mas também porque o Brasil poderá sofrer uma onda desinflacionária do exterior. O País passa por um período de recessão e nesta quinta-feira, 3, saem os dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015.

Essa visão menos conservadora da maior parte da cúpula do BC agradou ao Palácio do Planalto e chegou a ser considerado desde a reunião anterior do Copom, inclusive, um aumento da pressão para que os juros baixassem.

Essa hipótese de redução, no entanto, foi claramente afastada por três membros do colegiado há cerca de 15 dias. Tombini e os diretores Aldo Mendes e Altamir Lopes descartaram haver no cenário do BC a possibilidade de queda da Selic, considerando-se que a instituição mantém a missão de levar a inflação à meta de 4,5% em 2017. Por trás desse discurso orquestrado imperam, justamente, as expectativas em alta para o IPCA.

O consenso do mercado é o de que uma redução da taxa será vista em janeiro do ano que vem, para 13,75% ao ano. Isso, pelo Relatório Focus. Até o pronunciamento da alta cúpula descartando a baixa, começava a ganhar peso revisões da Selic para baixo ainda este ano. A corrente perdeu força, após as declarações dos representantes do BC. Se essa paralisia dos juros for confirmada, será o período mais longo de estabilidade da Selic desde 1999, quando o Brasil passou a adotar o regime de metas de inflação.

O Comitê de Política Monetária decidiu, nesta quarta-feira, 2, por 6 votos a 2, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano.

A manutenção vai ao encontro da expectativa do mercado financeiro, segundo pesquisa do AE Projeções. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 26 e 27 de abril.

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Os juros futuros de curto prazo recuam no início do pregão nesta quinta-feira, 28, após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reforçou a percepção de que a Selic não deve subir na próxima reunião. O dólar também cai, beneficiado pela alta do petróleo, que alimenta o apetite por risco.

Às 9h25, o DI para abril de 2016 projetava taxa de 14,210%, ante 14,240% no ajuste de ontem. O DI para julho de 2016 indicava 14,335%, de 14,400% na véspera. O contrato para janeiro de 2017 mostrava 14,56%, de 14,70%.

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Entre os vencimentos longos, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 16,35%, ante 16,44%. E o DI para janeiro de 2023 estava em 16,50%, de 16,59%. Essas taxas sofriam ajustes técnicos diante da queda dos juros curtos e eram puxadas para baixo também pelo dólar. A moeda à vista no balcão, por sua vez, caía 0,57%, a R$ 4,0746.

A ata do Copom revelou que o grupo majoritário mudou de argumentos para deixar a Selic inalterada na comparação com a ata anterior. Segundo o texto, a maioria "considerou que houve elevação de incertezas domésticas e externas recentemente" e disse que "é preciso continuar monitorando evolução do cenário macroeconômico". Já a minoria (Tony Volpon e Sidnei Corrêa Marques, que votaram pela elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano) manteve a alegação de que alta do juro já reduziria risco de não cumprir meta e reforçaria o processo de ancoragem de expectativas.

Analistas chamam atenção para o peso dado pelo BC ao cenário externo, que na avaliação do Copom se deteriorou desde a última reunião. Além disso, a autoridade retirou o termo "especialmente" no trecho em que ressalta a necessidade de se manter vigilante para garantir que pressões inflacionárias detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

Em ata divulgada na manhã desta quinta-feira, dia 28, o Comitê de Política Monetária (Copom) informou que mudou sua premissa para o câmbio de R$ 3,80 da ata anterior para R$ 4,00 para formar seu cenário de referência. No Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, a cotação usada pelo Banco Central era de R$ 3,90.

Apesar da elevação, o novo valor considerado para o dólar está abaixo do negociado no dia em que o colegiado decidiu manter a Selic de 14,25% ao ano mais uma vez. Na quarta-feira passada, dia 20, o dólar à vista fechou em alta, aos R$ 4,0998, no maior nível de fechamento desde 23 de setembro de 2015, quando marcou R$ 4,1350 - máxima história do Plano Real até então. Já a moeda para fevereiro subiu para R$ 4,1125 no mesmo dia.

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A utilização de uma referência mais baixa para o câmbio tem sido recorrente nos documentos do Banco Central.

O realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais - via alta do dólar - vem sendo apontado pelo BC como um dos principais fatores de pressão para a inflação no curto prazo ao lado do ajuste de preços administrados ou monitorados pelo governo.

Além de promover a rolagem integral dos vencimentos de contratos de swap cambial e de também rolar os prazos para leilão de linha no fim do ano passado, o BC colocou recursos novos no mercado por meio de mais swap e linha para tentar conter a volatilidade da moeda norte-americana.

Inflação

O Copom trouxe uma mudança significativa logo no primeiro parágrafo na ata divulgada nesta manhã sobre o desmembramento da inflação. Na edição anterior, o colegiado ressaltava que as informações disponíveis até àquele momento sobre os preços sugeriam "certa persistência da inflação".

Isso, conforme o documento, refletia, em parte, a dinâmica dos preços de serviços e, no curto prazo, o processo de realinhamento dos preços administrados e choques temporários de oferta em alimentação em bebidas.

Já na ata de hoje, a diretoria do BC não fala mais dessa persistência e traz que "as informações disponíveis refletem, em parte, a dinâmica de maior persistência dos preços no segmento de serviços, os processos de realinhamento de preços relativos e choques temporários de oferta no segmento de alimentação e bebidas".

Essa mudança na avaliação da composição da inflação vem após a informação de que o IPCA fechou 2015 em 10,67%, com os preços livres aumentando 8,51% e os administrados, em 18,07%.

A ata também trouxe uma alteração inusual no parágrafo 20, um trecho do documento mais protocolar, que discorre sobre os objetivos da política monetária e a forma de atuação do colegiado.

Embora esse parágrafo praticamente sempre se repita de ata em ata, dessa vez o Comitê excluiu a expressão "especialmente" ao citar que cabe à política monetária manter-se vigilante, para garantir que pressões detectadas em horizontes mais curtos não se propaguem para horizontes mais longos.

Ambiente externo

Para justificar a manutenção da taxa de juros, a ata da ultima reunião do Copom alterou substancialmente a avaliação sobre o ambiente externo ao afirmar que as incertezas se ampliaram. O Copom inclui avaliação de que há crescente preocupação com a economia chinesa e seus desdobramentos para outras economias.

Segundo o Copom, as perspectivas recentes indicam "modesta" recuperação da atividade nas economias maduras, enquanto importantes economias emergentes experimentam período de transição. Na ata anterior, a indicação era de que havia indicações de recuperação da atividade nessas economias.

A ata destaca que "ainda" há baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais. O termo "ainda" foi introduzido na ata divulgada hoje. Para o Comitê, a atividade global mostra tendência de maior moderação ao longo do horizonte relevante para a política monetária.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, 28, pelo Banco Central (BC), afirma que o ritmo de expansão da atividade doméstica em 2016 é inferior ao previsto anteriormente.

Na avaliação dos membros do colegiado, esse processo está sendo "especialmente" intensificado pelas incertezas oriundas do efeito de eventos "não econômicos", que é forma com o BC se refere à crise política e aos efeitos da operação Lava Jato que investiga corrupção na Petrobras.

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A ata afirma que os indicadores disponíveis mostram que as taxas de crescimento da absorção interna e do PIB continuam a se ajustar e que o investimento tem-se retraído, influenciado, principalmente, pela ocorrência desses eventos não econômicos.

"O consumo privado também se contrai, em linha com os dados de crédito, emprego e renda", diz a ata. O documento avaliou que o ritmo da atividade tende a se intensificar somente à medida que a confiança de firmas e famílias se fortaleça, depois de um período necessário de ajuste que foi mais intenso e mais longo do que antecipado.

"No médio prazo, mudanças importantes devem ocorrer na composição da demanda e da oferta agregada. O consumo tende a crescer em ritmo moderado e os investimentos tendem a ganhar impulso", afirma a ata.

Numa reavaliação do cenário externo, os membros do Copom retiraram a avaliação de que o cenário de maior crescimento global era mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Também foi retirada a avaliação de que os avanços na qualificação da mão de obra e ao programa de concessão ajudariam em ganhos de produtividade.

A ata repete, porém, a avaliação da necessidade de uma trajetória de superávit primário para fortalecer a percepção de sustentabilidade do balanço do setor público.

Cenário externo

A ata do Copom teve especial atenção às incertezas em relação ao cenário externo que, além de terem sido o principal argumento pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano, também foram abordadas exaustivamente no documento.

O Copom, por exemplo, deixou de citar o "cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais" como um dos fatores que levam a um melhor resultado das exportações líquidas, mantendo apenas as menções à depreciação do real e ao processo de substituição de importações em curso.

Ao apresentar no fim da ata as incertezas associadas ao balanço de riscos, o Copom manteve a citação à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, bem como a avaliação de que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto.

Porém, seguindo o mesmo raciocínio, o colegiado incluiu no rol de incertezas o comportamento da economia mundial, além de considerar que as dúvidas quanto ao cenário externo se ampliaram.

Para o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, o Banco Central foi sensato ao manter a taxa de juros no patamar de 14,25% ao ano. Segundo ele, o BC tem uma visão acurada da realidade econômica e, como a recessão se aprofundou no Brasil, seja por fatores internos ou externos, a decisão acabou sendo a correta.

Ele minimizou a polêmica que se criou no mercado com a carta do presidente do BC, Alexandre Tombini, horas antes do início da reunião do Copom, de que a piora nas previsões do FMI sobre a economia brasileira seria levada em conta. "Se olharmos o que aconteceu desde a primeira semana de janeiro, muito mudou. Então, o BC não deveria ou não poderia sancionar uma expectativa do mercado se outras informações já estavam disponíveis", disse.

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"No fundo, houve uma coincidência do relatório do FMI sinalizando que a recessão brasileira é profunda. O FMI só ratificou uma premissa que os economistas e a sociedade já sabiam", complementou.

Trabuco, que participa do Fórum Econômico Mundial em Davos, disse ainda que, apesar de tudo, 2015 não foi um ano perdido para o Brasil. "É lógico que o trabalho (de ajuste) não foi completo. Foi um ano de PIB? Não. Foi um ano de inflação baixa? Não. Mas foi um ano de equacionamento", afirmou.

"Hoje, com os olhos voltados para 2015, vejo que ganhamos algumas coisas. Os preços que estavam defasados foram equacionados. O câmbio que talvez estivesse fora do lugar andou. Isso não vai se repetir em 2016." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Já admitindo que só entregará a inflação na meta em 2017, o Banco Central passou a prever um IPCA ainda mais elevado em 2016. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição informou que sua projeção de inflação no cenário de referência aumentou frente ao encontro anterior e se situa acima do centro da meta. O BC não divulga qual a taxa esperada na ata, apenas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que será divulgado um pouco antes do Natal.

No caso do cenário em que o BC usa parâmetros de mercado para desenhar seu cenário, a estimativa da autoridade monetária também aumentou, continuando acima do centro da meta. As informações foram divulgadas na manhã desta quinta-feira (3), por meio da ata do Copom da semana passada, que manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão, no entanto, não foi unânime (6 x 2), com membros do colegiado votando pela alta imediata da Selic.

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A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e está em 4,5% para este ano e também para 2016 e 2017. Em 2017, a margem de tolerância será reduzida de 2 pontos porcentuais (pp) para cima ou para baixo para 1,5 pp.

No Relatório Trimestral de Inflação mais recente, divulgado em setembro, a estimativa do BC para o IPCA do ano que vem estava em 5,3% no cenário de referência e em 5,4% no de mercado. Nesse mesmo documento, o BC informou que a chance de estouro da meta do ano que vem era de 20% no cenário de referência e de 22% no de mercado.

No Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, a mediana das estimativas dos analistas para o IPCA de 2016 estava em 6,64%, mesmo valor da semana anterior. No caso do Top 5, a mediana das expectativas para a inflação do ano que vem está em 7,07%, portanto bem acima do teto da meta. Para 2017, os analistas consultados semanalmente pelo BC projetam IPCA de 5,12% e o grupo Top 5, de 5,35%.

A ata divulgada hoje ressalta que o cenário de referência leva em conta manutenção da taxa de câmbio em R$ 3,80 e Selic em 14,25% ao ano. No documento anterior, o BC trabalhava com a cotação do dólar em R$ 3,85. Já o cenário de mercado considera estimativas para câmbio e juros de analistas de mercado às vésperas do encontro da diretoria para definir o rumo da Selic.

Divisão

A Ata do Copom divulgada hoje detalha as razões do voto dividido do colegiado em sua última reunião. Os membros que votaram pela manutenção da taxa 14,25% - Alexandre Tombini, Anthero Meirelles, Aldo Mendes, Altamir Lopes, Luiz Feltrim e Otávio Damaso - consideraram "monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".

Para Sidnei Marques e Tony Volpon, a Selic já poderia ter subido para 14,75%. A dupla argumentou que "seria oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos do regime de metas para a inflação".

Na última vez em que o Copom teve uma votação dividida, em outubro do ano passado, parte dos seus membros alegou que incertezas ainda cercavam a magnitude e a persistência dos ajustes de preços relativos. Desde que o Banco Central passou a abrir os votos, em 2012, houve quatro votações sem unanimidade.

O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural, Sidnei Marques, sempre esteve na ponta mais conservadora dos votos, se tornando o membro mais hawkish do colegiado.

O resultado era esperado: o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 25, manter a taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, na última decisão do colegiado em 2015. A surpresa, no entanto, veio com a divisão do placar, com seis votos pela estabilidade e dois pela elevação. Com a piora da situação econômica e política do País, dois dos oito membros do colegiado gostariam de ver a Selic elevada já, para 14,75% ao ano.

O comunicado que se seguiu à decisão foi bem mais sucinto do que o da reunião de outubro. Trouxe apenas o novo patamar dos juros e a divisão do colegiado. O presidente Alexandre Tombini votou pela estabilidade, acompanhado dos diretores Aldo Mendes, Altamir Lopes, Anthero Meirelles, Luiz Feltrim e Otávio Damaso. Os dissidentes, foram Tony Volpon, o mais recente membro do Copom, e Sidnei Correa Marques, que já mostra uma tendência mais conservadora pelo menos desde que o BC passou a nominar os votos, em 2012.

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Esses dois diretores revelaram que, mais do que discurso, estão preparados para agir. No comunicado passado, bem mais longo, foi apresentada a análise de que a manutenção desse patamar por "período suficientemente prolongado" era necessária para levar a inflação para o centro da meta em 2017.

O Copom suprimiu da nota agora a frase de que continuará vigilante para que o objetivo de levar a inflação para 4,5% daqui a dois anos seja cumprido. O fato apenas de ter uma divisão torna obsoleto todo o discurso que havia sido apresentado.

Para Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, a decisão do Copom de impor um viés de alta nos juros, com a posição de dois diretores a favor da alta da Selic em 0,50 ponto porcentual, sinaliza que o BC não quer as expectativas de inflação longe do teto da meta de 6,5% em 2016. "E na medida em que as projeções para o IPCA se desgarrem dos 6,5% tornará mais difícil o trabalho da autoridade monetária de levar a inflação a convergir ao objetivo de 4,5% em 2017", destacou.

O economista sênior do banco Haitong, Flávio Serrano, avaliou que a divisão entre os diretores eleva as chances de o Banco Central subir a Selic no próximo encontro, em janeiro."A decisão pegou a gente de surpresa. Esperávamos a manutenção da Selic em 14,25% hoje, como ocorreu, e não acreditávamos que a alta de juros poderia ocorrer mais à frente. Agora, aumentou muito a chance de elevação já no começo do próximo ano", avaliou.

Esta é a quarta vez desde que houve abertura dos votos dos membros do Copom em que há divisão do colegiado. As outras vezes foram em outubro de 2012, abril de 2013 e outubro de 2014, logo após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em todas as ocasiões, Sidnei esteve na ponta de cima. Não há histórico de Volpon, que integrou o comitê em abril deste ano.

Desde a última reunião do Comitê, realizada em outubro, pouca coisa melhorou no cenário econômico. A recessão está cada vez mais clara e sinalizando que será profunda, o imbróglio político só piora e não há novidades no fronte fiscal. Este é o maior de todos os empecilhos do Banco Central agora.

O BC teve de lidar na decisão de hoje com as expectativas mais elevadas para a inflação, não só deste como dos próximos dois anos. O mercado financeiro prevê que o IPCA encerre 2015 em 10,33% e o próximo ano em 6,64%, já acima do teto da meta de 6,50% que é permitido à instituição apresentar. Para 2017, as projeções subiram para 5,10%. Esses mesmos analistas apontam para uma queda de 3,15% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 2,01% no que vem. Expectativa de baixa da Selic foi jogada agora para outubro de 2016. E tende a ser postergada mais uma vez, depois da decisão de hoje. No primeiro levantamento realizado pelo BC este ano sobre as perspectivas para a economia, o grupo de cerca de 120 instituições financeiras acreditava que a Selic encerraria 2015 em 12,50% ao ano. Encerrou 2015 praticamente dois pontos acima das previsões. Isso porque prevaleceu a manutenção da taxa ontem.

De novo e de bom para os preços desde a última reunião do colegiado só mesmo o câmbio. No encontro de outubro, a moeda encerrou cotada a R$ 3,9450 e ontem estava em R$ 3,7467, uma pressão a menos de R$ 0,20 para os preços.

Há pouco o que esperar da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), organismo do Banco Central que decide os rumos da taxa básica de juros, a Selic. O órgão na terça e na quarta-feira. Há um consenso entre os economistas de que os juros serão mantidos em 14,25% ao ano.

Dois fatores levam a essa conclusão. O primeiro é o aprofundamento da recessão. Praticamente todos os indicadores da economia estão sendo revistos para pior. Na sexta-feira, o Estado teve acesso às previsões do Comitê de Macroeconomia da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que costumam ser divulgadas às véspera do Copom (veja números abaixo). O grupo, com mais de 20 economistas-chefes de instituições financeiras de diferentes portes, foi unânime: os juros não vão subir, porque mais juros vão agravar um cenário já muito ruim.

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"Por unanimidade se estimou que o Copom não sobe o juros nos próximos meses e, se mexer, vai ser para reduzir, no final de 2016", diz Marcelo Carvalho, economista do Banco BNP Paribas Brasil e presidente do comitê.

A outra razão para o Copom deixar as coisas como estão agora é "o aumento da incerteza". O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central, tem uma analogia para a situação. "Vamos supor que a gente tivesse um painel de controle para monitorar o País. Hoje, as coisas ali estão turvas e não dá para traçar nenhum cenário", diz Goldfajn "O problema hoje não está no BC. O problema é político-fiscal: a incapacidade de se aprovar no Congresso as medidas do ajuste. Vamos supor que se aprovem duas ou três - isso já melhoraria o cenário, então, é preciso esperar um pouco."

Dominância. O tamanho da encrenca fiscal fez reacender um debate entre os especialistas: se o Brasil enfrenta ou não o que se chama de "dominância fiscal". Ou seja, se a política monetária (o controle dos juros pelo Banco Central) perdeu efeito e a inflação só vai ceder quando o governo tiver uma boa política fiscal (fizer o controle mais rigoroso dos gastos públicos).

Entre os economistas, há muita polêmica e nenhum consenso em relação ao tema. A melhor maneira de descobrir se a dominância fiscal está ou não entre nós seria o BC jogar os juros para cima e a inflação continuar subindo. Mas ninguém considera prudente fazer o teste.

Independentemente, todos concordam que o governo precisa gastar menos para ajudar no combate à inflação. "Já ficou claro que o desequilíbrio fiscal é a fonte do problema", diz José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) e ex-diretor de Mercado Aberto e Dívida Pública do BC.

Erros do passado.

Para os especialistas, parte do problema atual é culpa do próprio BC. A inflação é mais resistente porque a instituição deixou que ela ficasse no teto da meta, de 6,5%. A estratégia era ter um pouco de inflação para ajudar a economia a crescer. A manobra era especialmente arriscada porque, em paralelo, o governo segurava tarifas, como preços de passagens, gasolina e energia elétrica, que um dia teriam de subir.

"Estamos enfrentando uma situação causada pelos erros dos anos anteriores. O BC deixou a inflação ficar sistematicamente perto dos 6%", diz o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC.

Outro erro foi o BC se comprometer a levar a inflação para 4,5% no final de 2016. O economista Daniel Gleizer, também ex-diretor diretor de Assuntos Internacionais do BC, lembra que na virada de 2014 para 2015, quando o governo decidiu ajustar as tarifas, já se sabia que seria complicado cumprir a promessa. "Foi um erro fazer a promessa na partida. O BC se meteu em outra armadilha. O que é mais custoso para a credibilidade dele agora? Rever o discurso ou perseverar nele, com um custo altíssimo para a economia?" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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