Tópicos | corte português

A Data Magna, instituída em 2017 pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), celebra, nesta sexta-feira (6), a Revolução Pernambucana que concedeu ao Estado o título de República por mais de 70 dias. O estopim revolucionário em 1817 deixou um legado e um sentimento de pertencimento na alma dos pernambucanos até os dias atuais.

Contextualização histórica

##RECOMENDA##

O ano era 1817. A família real portuguesa, que tinha o intuito de explorar os recursos naturais no Brasil colonial, estava instalada no Rio de Janeiro fugindo do bloqueio continental de Napoleão Bonaparte. A côrte, acostumada com o luxo e o requinte derivado da exploração, estava causando uma série de insatisfações na população brasileira devido aos altos impostos e favorecimento aos portugueses vindo com eles. 

A capitania pernambucana, território delimitado como um estado no período colonial, que já tinha um impasse com a côrte, se revolta em 6 de março e declara sua independência do Brasil. Os então líderes dessa revolução, Domingos José Martins e José de Barros Lima, ocuparam Recife, uma importante cidade para as importações marítimas vindas de Portugal, e declara, a pleno fervor, a nova República de Pernambuco.

“A Data Magna de Pernambuco comemora o nascimento da independência, fruto da revolução 1817. O movimento separatista que tentou unir o nordeste buscava garantir a independência e a criação de uma república, uma república constitucional baseada no exemplo dos Estados Unidos da América (EUA)”, explica o professor de história Pedro Botelho. 

A cidade do Recife estava repleta de revolucionários e cercadas de medidas liberais. Os padres João Ribeiro e Cruz Cabugá, que inclusive foram enviado para os Estados Unidos para obter armas e o apoio do governo americano, foram grandes nomes dessa revolução, também conhecida como 'A revolta dos padres'. 

“Cruz cabugá foi enviado como um representante dessa revolução para os EUA com o intuito de se encontrar com o governo americano e garantir apoio necessário para o movimento. Entretanto, essa revolução foi debelada por Dom João VI, que na época era o então rei que governava o Brasil lá no Rio de Janeiro”, conta Botelho.

O então rei Dom João VI enviou suas tropas para derrotar os revolucionários, por meio de uma intervenção muito intensa que causou a morte de muitas pessoas. Os representantes da revolução foram seriamente punidos. A República de Pernambuco durou cerca de 70 dias, porém marcou a história do país e, principalmente, dos pernambucanos.

“Esse feriado do dia 6 de março está relacionado a essa independência, a esse processo de emancipação que foi o único movimento revolucionário que deu certo” lembra o professor de história Pedro Botelho.

A importância para o povo pernambucano

A atual bandeira pernambucana, que é levantada com orgulho por muitos pernambucanos, foi a mesma utilizada pelos revolucionários na época. Ela foi adotada pelo então governador, Manoel Borba, no ano de 1917, confirma o professor de história, Everaldo Chaves.

“A república pernambucana deixa um legado para os dias atuais, até porque parte do que era defendido naquele ano, ainda ecoa até os dias atuais. Por exemplo, em 1817 os pernambucanos lutaram contra o excesso de impostos, que ainda é uma bandeira nossa. Tudo isso tem que ser valorizado. Se nós, pernambucanos, não reconhecermos isso, como iremos perpetuar uma memória tão rica?”, pontua o professor Everaldo Chaves.

O professor Pedro Botelho pontua a ideia de que, culturalmente, o povo de sua terra possui um sentimento separatista devido aos acontecimentos ocorridos na época. “Culturalmente falando, ainda temos um sentimento separatista. E como o movimento republicano conseguiu essa independência durante alguns dias, isso acabou movendo o imaginário do pernambucano até hoje”, diz o professor.

Ele ainda acrescenta que, não somente muitos intelectuais que participaram da revolução e até mesmo da Confederação do Equador em 1824, como Frei Caneca, foram motivos para que esse esse sentimento separatista ainda perpetue na sociedade pernambucana, mas também “essa questão da pernambucanidade ainda foi resgatada nos anos 90 junto com o movimento Manguebeat, que traz parte dessa história que exalta essa efervescência cultural, ou seja, aquilo que no século 19 chamávamos de os vapores pernambucano”. 

Confira mais informações sobre a Data Magna de Pernmabuco e sua história no vídeo do professor João Pedro Holanda, para o projeto Vai Cair No Enem:

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando