Os países dos Bálcãs enfrentam "desafios enormes" devido à multidão de emigrantes que tenta chegar à União Europeia, admitiu nesta quinta-feira, em Viena, a chanceler alemã, Angela Merkel, durante cúpula para discutir a maior crise migratória da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"Alguns destes são países de trânsito e, uma vez que enfrentam uma situação econômica difícil, eles estão diante de desafios enormes", disse a chanceler alemã.
"Como membros futuros da União Europeia, é nossa responsabilidade aliviar seus problemas", acrescentou, durante coletiva de imprensa.
Desde o começo do ano, mais de 107 mil imigrantes chegaram à Itália por mar e 157 mil, à Grécia, segundo um balanço publicado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A cúpula acontece um dia depois de Merkel voltar a classificar de abjetos os atos de violência xenófobos em seu país e em meio a críticas contra a União Europeia pela ausência de uma resposta coordenada para a crise.
Também coincide com a descoberta de cerca de 50 corpos de emigrantes em um caminhão abandonado em uma rodovia da Áustria.
Durante o encontro, Merkel afirmou que a descoberta dos corpos é um alerta para a Europa, de que deve resolver a crise dos imigrantes.
"Estamos comovidos com esta terrível notícia, segundo a qual 50 pessoas morreram quando estavam em busca de segurança", declarou Merkel em Viena, onde participa da cúpula sobre os Bálcãs.
"É um alerta para começarmos a trabalhar, resolver os problemas e demonstrar solidariedade", acrescentou.
O veículo, que continha entre 20 e 50 corpos em estado de decomposição, foi encontrado em uma área de descanso de uma estrada em Burgenland (leste), disse um porta-voz da polícia, Hans Peter Doskozil, em uma coletiva com a ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner.
"Esta tragédia afeta a todos nós profundamente", declarou Mikl-Leitner. "Os traficantes de seres humanos são criminosos".
A polícia húngara participará da investigação, anunciou Budapeste, já que o veículo tinha placa desse país. O motorista do caminhão era romeno.
Crise migratória
A Europa vive sua maior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Desde o início de 2015, recebeu um número recorde de imigrantes procedentes de zonas de conflito na África, Ásia e Oriente Médio.
Entre os participantes da cúpula, estão representantes da Macedônia e Sérvia, as duas nações pelas quais transitam o maior número de emigrantes para a Europa ocidental, na chamada "rota dos Bálcãs".
Durante a cúpula, diplomatas de alto escalão dos dois países pediram à UE mais ajuda, alegando que o dinheiro oferecido até agora era insuficiente e que precisavam de outras formas de ajuda.
A chanceler alemã também ressaltou que alguns emigrantes que tentam chegar à UE seriam cidadãos de países dos Bálcãs que dificilmente receberiam asilo em membros do bloco.
A "notícia difícil é que as pessoas destes países que pedem asilo muito provavelmente terão que voltar para casa para que possamos ajudar as pessoas que realmente estão sofrendo com a guerra e a perseguição", disse Merkel.
A rota dos Bálcãs é o caminho seguido por milhares de sírios e iraquianos que fogem da guerra, assim como por albaneses, kosovares e sérvios que partem em busca de uma vida melhor.
De ônibus, trem ou a pé, as cenas de caos se multiplicam nos países do leste da Europa à medida que milhares de migrantes avançam rumo ao continente.
Nos sete primeiros meses de 2015, o número de emigrantes nas fronteiras da União Europeia chegou a 340 mil contra, 123.500 no mesmo período de 2014, segundo a agência Frontex, encarregada das fronteiras externas do espaço Schengen.