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A Eurocâmara, reunida nesta quinta-feira em uma sessão especial, votou a favor da proposta da Comissão Europeia de distribuição obrigatória de 120.000 refugiados entre os membros da União Europeia (UE).

Os ministros do Interior da UE voltarão a se reunir na terça-feira para tentar alcançar um acordo sobre a proposta, que é rejeitada por vários países do bloco.

A votação do Parlamento, que organizou uma sessão extraordinária, não é vinculante, mas no processo formal da proposta da Comissão os eurodeputados deveriam se pronunciar a respeito.

No total, 372 eurodeputados votaram a favor, 124 votaram contra e 54 optaram pela abstenção. A Eurocâmara tem 751 representantes.

Na semana passada, o Parlamento Europeu votou uma resolução não vinculante de respaldo às medidas de emergência propostas pela Comissão para a distribuição de refugiados entre os países membros da UE, assim como a criação de um mecanismo de distribuição permanente e obrigatório, rejeitado por vários Estados.

O plano inclui a distribuição de 160.000 solicitantes de asilo (40.000 que os países já aceitaram distribuir e 120.000 adicionais) que entraram na Grécia, Hungria e Itália por meio de cotas obrigatórias.

Hungria, Eslováquia e República Tcheca não aceitaram a divisão. Outros países como a Polônia também expressaram dúvidas.

A crise migratória na Europa gerou mais uma ação de um clube de futebol no continente. Nesta sexta-feira, o Wolfsburg anunciou que distribuirá 1.200 ingressos a refugiados que moram na cidade para a estreia da equipe na Liga dos Campeões, diante do CSKA Moscou, na próxima terça-feira.

Em seu site oficial, o club explicou que com o gesto espera "oferecer a eles uma boa tarde com o mais alto nível do futebol internacional". Além disso, anunciou que doará "um euro de cada ingresso vendido a projetos para ajudar os refugiados da região".

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Esta não é a primeira vez que o Wolfsburg se mobiliza para ajudar os refugiados. O clube tem convidado 800 migrantes para cada uma de suas partidas em casa no Campeonato Alemão, organizou sessões de treino com pessoas que precisaram deixar seus países e convidou as crianças para entrar em campo com os jogadores no último jogo da temporada passada.

O próprio clube, no entanto, admitiu que a mais nova iniciativa foi influenciada pelo chamado do Porto, que prometeu doar aos refugiados um euro de cada ingresso da partida contra o Chelsea, pela Liga dos Campeões, e pediu que as outras equipes do continente também agissem em prol dos imigrantes.

A Europa tem recebido milhares de imigrantes nos últimos meses. A entrada dos refugiados - a grande maioria de forma ilegal - tem causado comoção e também polêmica, por dividir opiniões e até gerar atritos entre as autoridades dos principais países do continente. A Alemanha é um dos locais que mais vem recebendo estas pessoas que fogem da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África.

Milhares de pessoas mobilizadas nas redes sociais pediram neste sábado em Paris a abertura das fronteiras para os refugiados que fogem em massa para a Europa a partir da Síria e de outras regiões em guerra.

"Abram as fronteiras!" "Direito de asilo aos perseguidos!", diziam os cartazes, ou "Não em meu nome!", numa crítica aos governos mais reticentes a acolher os refugiados.

Outros exibiam o retrato de Aylan Kurdi, o menino síro de 3 anos encontrado afogado em uma praia turca, cuja fotografia comoveu o mundo.

Muitos manifestantes, de todas as idades, chegavam com a família à Place de la République, ponto de encontro combinado nas redes sociais.

"Estou cansada do medo das pessoas. A sociedade é sempre um amálgama. Quero representar aqueles que são a favor de receber os imigrantes", disse Véronique Wattiaux, 60.

Um total de 52% dos franceses, segundo uma pesquisa publicada ontem, não querem receber os migrantes e refugiados que tentam chegar à Europa.

"A manifestação, convocada sob o lema 'Não em meu nome', surgiu de uma discussão no Facebook de pessoas que se perguntavam como se expressar espontaneamente para dizer não às políticas migratórias repressivas que provocam milhares de mortes", explicou à AFP um dos organizadores da iniciativa, o escritor e cineasta Raphael Glucksmann, filho do filósofo André Glucksmann.

A convocação recebeu o apoio de várias associações, como SOS Racisme e Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo (Licra).

Representantes de partidos de esquerda também anunciaram sua intenção de participar da passeata. Várias manifestações foram convocadas em outras cidades francesas para o fim de semana.

Os países dos Bálcãs enfrentam "desafios enormes" devido à multidão de emigrantes que tenta chegar à União Europeia, admitiu nesta quinta-feira, em Viena, a chanceler alemã, Angela Merkel, durante cúpula para discutir a maior crise migratória da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

"Alguns destes são países de trânsito e, uma vez que enfrentam uma situação econômica difícil, eles estão diante de desafios enormes", disse a chanceler alemã.

"Como membros futuros da União Europeia, é nossa responsabilidade aliviar seus problemas", acrescentou, durante coletiva de imprensa.

Desde o começo do ano, mais de 107 mil imigrantes chegaram à Itália por mar e 157 mil, à Grécia, segundo um balanço publicado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A cúpula acontece um dia depois de Merkel voltar a classificar de abjetos os atos de violência xenófobos em seu país e em meio a críticas contra a União Europeia pela ausência de uma resposta coordenada para a crise.

Também coincide com a descoberta de cerca de 50 corpos de emigrantes em um caminhão abandonado em uma rodovia da Áustria.

Durante o encontro, Merkel afirmou que a descoberta dos corpos é um alerta para a Europa, de que deve resolver a crise dos imigrantes.

"Estamos comovidos com esta terrível notícia, segundo a qual 50 pessoas morreram quando estavam em busca de segurança", declarou Merkel em Viena, onde participa da cúpula sobre os Bálcãs.

"É um alerta para começarmos a trabalhar, resolver os problemas e demonstrar solidariedade", acrescentou.

O veículo, que continha entre 20 e 50 corpos em estado de decomposição, foi encontrado em uma área de descanso de uma estrada em Burgenland (leste), disse um porta-voz da polícia, Hans Peter Doskozil, em uma coletiva com a ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner.

"Esta tragédia afeta a todos nós profundamente", declarou Mikl-Leitner. "Os traficantes de seres humanos são criminosos".

A polícia húngara participará da investigação, anunciou Budapeste, já que o veículo tinha placa desse país. O motorista do caminhão era romeno.

Crise migratória

A Europa vive sua maior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Desde o início de 2015, recebeu um número recorde de imigrantes procedentes de zonas de conflito na África, Ásia e Oriente Médio.

Entre os participantes da cúpula, estão representantes da Macedônia e Sérvia, as duas nações pelas quais transitam o maior número de emigrantes para a Europa ocidental, na chamada "rota dos Bálcãs".

Durante a cúpula, diplomatas de alto escalão dos dois países pediram à UE mais ajuda, alegando que o dinheiro oferecido até agora era insuficiente e que precisavam de outras formas de ajuda.

A chanceler alemã também ressaltou que alguns emigrantes que tentam chegar à UE seriam cidadãos de países dos Bálcãs que dificilmente receberiam asilo em membros do bloco.

A "notícia difícil é que as pessoas destes países que pedem asilo muito provavelmente terão que voltar para casa para que possamos ajudar as pessoas que realmente estão sofrendo com a guerra e a perseguição", disse Merkel.

A rota dos Bálcãs é o caminho seguido por milhares de sírios e iraquianos que fogem da guerra, assim como por albaneses, kosovares e sérvios que partem em busca de uma vida melhor.

De ônibus, trem ou a pé, as cenas de caos se multiplicam nos países do leste da Europa à medida que milhares de migrantes avançam rumo ao continente.

Nos sete primeiros meses de 2015, o número de emigrantes nas fronteiras da União Europeia chegou a 340 mil contra, 123.500 no mesmo período de 2014, segundo a agência Frontex, encarregada das fronteiras externas do espaço Schengen.

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