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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abriu nesta quinta-feira (22) a Cúpula de Líderes sobre o Clima com a promessa de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 50% até 2030, em uma tentativa de forçar os outros países a adotarem metas mais ambiciosas contra a crise climática.

Ao assinar o Acordo de Paris, em 2015, o então presidente Barack Obama, do qual Biden era vice, havia prometido cortar as emissões entre 26% e 28% até 2025. De acordo com o atual mandatário, a nova meta vai colocar os EUA no caminho de se tornar uma economia neutra em emissões de carbono no máximo até 2050.

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"Os cientistas nos dizem que essa década será decisiva, que essa é a década em que devemos tomar decisões que vão evitar as piores consequências da crise climática", declarou o presidente americano.

A cúpula foi convocada pelo próprio Biden, que tenta colocar os EUA na liderança da luta contra o aquecimento global, tema ignorado por Donald Trump em seus quatro anos de mandato.

Segundo a comunidade científica, apenas metas mais ambiciosas podem limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, objetivo estabelecido pelo Acordo de Paris e considerado pouco agressivo por ambientalistas.

"Precisamos agir, todos nós, e essa cúpula é o primeiro passo nesse caminho que vamos percorrer juntos até Glasgow [sede da COP26]", disse Biden, acrescentando que "nenhuma nação pode resolver essa crise sozinha".

"Estamos aqui para discutir como cada um de nós, cada país, pode estabelecer ambições climáticas mais elevadas, que vão criar empregos bem pagos, incentivar tecnologias inovadoras e ajudar países vulneráveis a se adaptarem aos impactos do clima", declarou.

Organizada em menos de três meses, a cúpula climática reúne mais de 40 líderes mundiais para dois dias de debates, incluindo os presidentes Jair Bolsonaro, Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia) e Emmanuel Macron (França) e os primeiros-ministros Mario Draghi (Itália), Narendra Modi (Índia) e Yoshihide Suga (Japão), entre outros.

"Os sinais são inequívocos e inegáveis, e os Estados Unidos não vão esperar", ressaltou Biden.

China

O presidente da China, Xi Jinping, também discursou na cúpula e prometeu reduzir o uso de carvão no país, que é o maior emissor mundial de gases do efeito estufa.

"Devemos nos empenhar para um desenvolvimento verde, para uma economia sustentável para as futuras gerações. Esse é o caminho para reforçar a produtividade, e os países em desenvolvimento devem aumentar suas ambições", cobrou.

Rivais em questões geopolíticas e comerciais, EUA e China assinaram no início da semana um compromisso de cooperar na luta contra a crise climática. De acordo com Xi, o país asiático alcançará a neutralidade nas emissões de carbono até 2060.

Alertas

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou em seu pronunciamento na cúpula de líderes que o mundo está "à beira do abismo". "Devemos garantir que o próximo passo seja na direção decisiva e correta", alertou.

A ativista sueca Greta Thunberg, por sua vez, afirmou em uma mensagem por ocasião da cúpula climática que os objetivos estabelecidos pelos governos são "largamente insuficientes".

"Não podemos nos contentar com qualquer coisa só porque é melhor que nada", acrescentou a ambientalista.

Da Ansa

Às vésperas da cúpula climática convocada pelos Estados Unidos, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou que a floresta registrou o maior desmatamento para o mês de março nos últimos 10 anos.

De acordo com boletim divulgado nesta segunda-feira (19), a destruição na Amazônia Legal totalizou 810 quilômetros quadrados no mês passado, um aumento de 216% em relação a março de 2020.

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A derrubada se concentrou sobretudo no Pará, com 35% do total, seguido por Mato Grosso (25%), Amazonas (12%), Rondônia (11%), Roraima (8%), Maranhão (6%), Acre (2%) e Tocantins (1%).

"O acumulado de janeiro a março em 2021 [1.185 quilômetros quadrados] também apresenta recorde de desmatamento: o total desmatado é o maior da série de 10 anos, mais do que o dobro do registrado em 2020", diz o Imazon, que utiliza uma ferramenta de monitoramento baseada em imagens de satélites e chamada Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).

Já a degradação na Amazônia, que mede o "distúrbio parcial provocado pela extração de madeira ou por incêndios", totalizou 64 quilômetros quadrados em março, crescimento de 156% em relação ao mesmo período de 2019.

O relatório chega em meio às negociações entre os governos de Brasil e Estados Unidos para um financiamento bilionário contra a devastação da Amazônia.

Em carta a seu homólogo Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a zerar o desmatamento ilegal até 2030, mas o enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry, cobrou "ações imediatas" e "engajamento com a população indígena e a sociedade civil" para que a promessa se transforme em "resultados concretos".

A proteção da Amazônia deve ser tema da cúpula de líderes convocada por Biden para discutir a crise climática, em 22 e 23 de abril.

Da Ansa

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