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A ex-senadora Marina Silva (Rede) afirmou que a cultura indígena está ameaçada com o que chamou de “visão retrógrada” do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). Em publicação no Twitter, Marina disse que querer transformar índio em branco desrespeitoso.

“A cultura indígena brasileira infelizmente está ameaçada por uma visão retrógrada que permeia a maioria do futuro governo”, salientou Marina. “Essa lógica de querer transformar os índios igual aos brancos ou eliminá-los é um sinal claro de negação do processo civilizatório de respeito à diferença”, complementou a ex-candidata a presidente pela Rede.

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Marina fez o comentário após a pastora e advogada Damares Alves ser anunciada como titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A pasta ficará responsável pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Para se ter uma ideia, a futura ministra é fundadora do Movimento Atini - Voz Pela Vida, uma organização que se apresenta com a missão de "promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças indígenas".

O Ministério Público Federal no Distrito Federal denunciou a instituição em 2015 por “manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena" em um filme que eles divulgaram e trata do infanticídio indígena. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.

Pastora e advogada, Damares Alves é conhecida no meio evangélico por ser crítica à chamada "ideologia de gênero" e ao feminismo. Também já disse que é a igreja evangélica, e não a política, que "vai mudar a nação". Nas palestras disponíveis na internet ou nas entrevistas que costuma conceder a sites, ela costuma criticar ainda a "guerra" entre homens e mulheres.

Damares Alves foi confirmada, nessa quinta-feira (6), como futura ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Jair Bolsonaro.

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"As feministas promovem uma guerra entre homens e mulheres. Me preocupo com a ausência da mulher de casa. Hoje, a mulher tem estado muito fora de casa. (Me preocupam) funções que a mulher tinha no passado, principalmente em relação às crianças", afirmou em entrevista a um veículo identificado como Expresso Nacional. "Eu costumo brincar o seguinte: como eu gostaria de ficar em casa, toda tarde, numa rede, me balançando, e meu marido ralando muito para me sustentar e me encher de joias e presente. Esse seria o padrão ideal da sociedade. Mas, infelizmente, não é possível, temos de ir para o mercado de trabalho."

Na mesma entrevista, ela chama a ideologia de gênero de "morte". Desconhecida entre movimentos de direitos humanos ou de mulheres, Damares está na política há três anos. Desde 2015, ela ocupa o cargo de auxiliar parlamentar júnior, cuja remuneração é, atualmente, de R$ 5.488,95, sem os descontos, e está lotada no gabinete do senador Magno Malta.

Lagoinha

Pastora voluntária na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte (MG), uma comunidade evangélica que reúne cerca de 30 mil pessoas na capital mineira, Damares costuma reunir 6 mil pessoas nos cultos que ministra na cidade. "A visão dela é dentro dos princípios bíblicos", diz o assessor parlamentar Ricardo Coutinho, que há trinta anos frequenta a igreja. A futura ministra é contra o aborto e defende a chamada Escola Sem Partido.

"Damares tem forte atuação na área da proteção à criança e adolescente. Em seus cultos, afirma ter sido violentada aos seis anos de idade por um integrante da igreja que frequentava. "Isso a impediu de ter filhos", afirma o pastor Washington Sá. Em suas aparições públicas, Damares aborda ainda a questão indígena. A futura auxiliar de Bolsonaro apoia a atuação de missionários que trabalham em aldeias tentando acolher crianças banidas de tribos por terem nascido com algum tipo de deficiência."

Em uma pregação de 2013 na Igreja Primeira Batista, em Campo Grande (MS), ela afirmou que é a igreja evangélica que "vai mudar a nação", não a política. Além disso, disse que não é verdade que o aborto é questão de saúde pública, como defendem especialistas, e que "ninguém nasce gay". Reservou a parte final de sua palestra para criticar frontalmente o infanticídio indígena.

"Naquele dia, Deus renovou nossas forças. Porque Deus nos disse que não são os deputados que vão mudar essa nação, não é o governo que vai mudar essa nação, não é a política que vai mudar essa nação, que é a Igreja Evangélica, quando clama. É a igreja evangélica, quando se levanta, que muda a nação", disse a futura ministra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de colocar a Fundação Nacional do Índio (Funai) no novo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, pasta que será comandada pela pastora e advogada Damares Alves, causou indignação entre servidores da Funai ouvidos pela reportagem. Damares é vista no órgão como uma defensora da atuação religiosa e missionária em aldeias indígenas.

A futura ministra é fundadora da instituição e Movimento Atini - Voz Pela Vida, uma organização que se apresenta com a missão de "promover a conscientização e a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças indígenas".

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Em 2015, o Ministério Público Federal no Distrito Federal entrou com uma ação contra a Atini por "dano moral coletivo decorrente de suas manifestações de caráter discriminatório à comunidade indígena", em função da divulgação de um filme sobre infanticídio indígena feito pela organização. Os procuradores pedem que a ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.

Por meio de uma ação civil pública, o MPF exige que a ONG de Damares Alves seja proibida de veicular o vídeo documentário "Hakani - A história de uma sobrevivente". O filme, segundo o MPF, tinha o objeto de "chamar atenção acerca do tema 'infanticídio indígena' e legitimar as ações missionárias no interior das comunidades indígenas"

A ficção, segundo a ação do Ministério Público, foi produzida em parceria com a instituição Jocum (Jovens Com Uma Missão), nome adotado no Brasil pela organização evangélica de origem americana Youth With a Mission. Fundada em 1960, a organização iniciou as atividades missionárias no Brasil em meados da década de 1970, sendo que, atualmente, possui escritórios em quase todos os Estados brasileiros.

Em sua argumentação, o MPF declarou que o filme "gerou profunda indignação na sociedade, gerando manifestações preconceituosas e discriminatórias em face das comunidades indígenas". A veiculação do filme, justificou, bem como a exposição de imagens de crianças e adolescentes indígenas, "atinge a dignidade humana deste grupo perante a sociedade".

Na ação, o MPF pediu ainda a imediata retirada do filme dos sites das ONGs e de todos os outros endereços eletrônicos de responsabilidade das instituições. Apesar disso, a reportagem verificou que ainda há links disponíveis na internet com acesso ao filme de 30 minutos.

A ação do Ministério Público, datada de 27 de abril de 2015, requeria ainda que as organizações religiosas se abstivessem de divulgar ou expor, por seminários, palestras, exposições ou congêneres, ou distribuir por qualquer meio, o conteúdo do vídeo, sob pena da imposição de multa de R$ 10 mil por dia de exposição.

Defesas

Procuradas, as ONGs não se manifestaram até a conclusão desta matéria. A futura ministra também não foi localizada para falar sobre o assunto. O espaço está aberto para as manifestações.

Na composição do governo, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) provocou mal-estar no setor evangélico. Depois de rejeitar nomes defendidos pela bancada para a pasta de Cidadania, Bolsonaro convidou a advogada e pastora Damares Alves para chefiar o novo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres.

O detalhe é que Damares é assessora lotada no gabinete do senador e candidato derrotado à reeleição Magno Malta (PR-ES), um dos políticos mais próximos de Bolsonaro na campanha, que espera um convite para compor o primeiro escalão.

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Até agora, Bolsonaro já anunciou 20 ministros. Na campanha, ele dizia que faria um governo com apenas 15 pastas. O número de ministérios pode, no entanto, chegar a pelo menos 22.

Além da pasta de Direitos Humanos, Família e Mulheres, o presidente eleito anunciou na manhã desta sexta-feira (30) o nome para Minas e Energia: Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, diretor geral de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha.

O presidente eleito deve ainda anunciar o escolhido para o Meio Ambiente. Bolsonaro ainda analisa se mantém como ministérios Trabalho e Indústria e Comércio.

Para boa parte dos 88 deputados federais e quatro senadores da bancada evangélica, a escolha de Damares "atravessou" os lideres do grupo e foi uma "afronta" e "ingratidão" a Magno Malta.

O nome de Damares na lista de cotados para assumir uma pasta foi divulgado pela revista digital "Crusoé" na tarde de quinta-feira (29). Auxiliares da equipe de Bolsonaro disseram que a própria Damares teria demonstrado desconforto quando recebeu o convite do presidente eleito na última quarta-feira no CCBB, sede do governo de transição.

Para integrantes da bancada evangélica, qualquer convite a Malta a partir de agora é "tardio" e não deveria ser aceito por uma questão de "bom senso". Não se cogita, porém, rompimento.

Magno Malta enfrenta forte resistência do núcleo militar do governo de transição. Os generais da reserva que compõem o grupo reiteraram a Bolsonaro que o senador não agrega à equipe ministerial.

Pessoas próximas de Malta avaliam que o senador se desdobrou na campanha de Bolsonaro, especialmente depois do atentado sofrido pelo então candidato à Presidência em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro, que o tirou das ruas.

No começo da semana, Bolsonaro pediu à bancada evangélica que apresentasse uma lista tríplice de nomes para a pasta da Cidadania. Numa decisão que não foi unânime, a bancada acabou entregando os nomes ao presidente eleito, que, no entanto, anunciou o nome do deputado gaúcho Osmar Terra (MDB), para melhorar o trânsito no partido.

Integrantes do grupo avaliaram que houve um desgaste desnecessário e injusto. O coordenador da bancada, Hidekazu Takayama (PSC-PR), chegou a afirmar que retirou os nomes indicados para integrar o novo governo.

Um dos poucos que quiseram falar sobre a relação da bancada com o futuro governo, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) admitiu que há um "mal-estar" diante desse vai-e-vem da transição. "É lógico que isso provoca um mal-estar. Mas o governo está no seu início, nem começou", contemporiza o parlamentar.

Entre os evangélicos, Sóstenes é dos que avaliam que não cabe à bancada pleitear cargos, pois em votações de determinados projetos não há consenso no grupo, especialmente em propostas das áreas política e econômica. "Avalio que as frentes não existem no Parlamento para essa finalidade."

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