Tópicos | Eduardo Melo

[@#video#@]

O programa Opinião Brasil dessa segunda-feira (12) apresenta os problemas encontrados na hora da realização de eventos culturais. Para falar sobre o assunto, o apresentador Álvaro Duarte recebe os produtores culturais Roger de Renor e Alfredo Albertini. Os dois profissionais comentam sobre os problemas que ainda encontram na elaboração dos seus produtos, sobretudo nesse ano de Copa do Mundo.

##RECOMENDA##

Conhecido por divulgar a cultura pernambucana em programas de TV e rádio, atualmente Roger de Renor está com o Som da Rural, projeto musical que circula pelas ruas do centro do Recife e que frequentemente esbarra em empecilhos burocráticos. "A gente vai pra rua com um patrocínio básico das pessoas que vão lá assistir. Mas, é claro, que quanto maior a crise, mais estratégica tem que ser a política de cultura federal, estadual e municipal. E isso é onde a gente tem a maior dificuldade", explica Roger. Além disso, o produtor também fala sobre a "falsa felicidade" da Copa do Mundo no Recife, que, segundo ele, é muito mais uma questão comercial do que cultural.

À frente da produção do Cine PE há 18 anos, Alfredo Bertini comenta sobre as dificuldades quanto às políticas públicas e os problemas econômicos. "A lástima é geral. Ao lado dessa crise econômica se desenha um quadro de política pública, no âmbito federal, extremamente difícil. O  ministério tem enfrentado dificuldades com contingenciamento de verbas. Na área dos festivais de cinema, por exemplo, toda a política de apoio ao festivais de cinema há três anos não há liberação de recursos. A gente tem os projetos aprovados, ganha-se edital e não se paga. A gente vê que é uma coisa muito mais complexa e que vai muito além da Copa do Mundo", comenta Bertini.

A produção do programa também conversou com o organizador da tradicional Festa da Lavadeira, Eduardo Melo, que comentou sobre a não realização do evento que já existe há quase três décadas. Confira o programa completo no vídeo acima.

O Opinião Brasil é exibido toda segunda-feira no Portal LeiaJá.

A tradicional Festa da Lavadeira, Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco segundo lei estadual e que este ano chegaria a sua 28ª edição, realmente não vai acontecer em 2014. Mas de acordo com Eduardo Melo, coordenador da festividade, o dia 1º de maio não vai passar batido. É que na próxima quinta-feira (1º) será realizada, com início às 14h, a primeira edição da Vamos Passear, ato de celebração da Festa da Lavadeira que vai contar com a participação de vários grupos da cultura popular, como afoxés, maracatus e outras manifestações. O evento terá saída no Pátio do Carmo e chegada à Praça da Independência, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A entrada é aberta ao público. 

“Dia 1º de maio vai ser um plebiscito de apoio à cultura popular. No dia 2 de abril a gente decidiu cancelar o evento e a gente teve a ideia do Vamos Passear porque há uma tentativa de desconstruir e acabar com a Festa da Lavadeira, que há anos vem perdendo apoio do poder público. É uma festa que cresceu, não houve reconhecimento e agora não há o que a gente possa fazer para manter”, comenta Eduardo Melo. A previsão é que 30 mil pessoas passem pelo Bairro de São José neste dia. Além disso, de cinco a sete carros de som mais uma carreta palco fazem parte do ato.

##RECOMENDA##

De acordo com o coordenador do evento, o Governo do Estado ainda não pagou o apoio de R$ 150 mil prometido no ano passado, que seria entregue via Empetur. “Além disso, em 2013 a Prefeitura do Recife reduziu em R$ 40 mil a verba de apoio na véspera do evento. E esse ano demoraram um ano para autorizar a realização da festa. Ficamos de mãos atadas, porque não conseguimos captar recursos com ninguém”, explica Eduardo Melo. Desde 2012 a Festa da Lavadeira tem sido realizada no Marco Zero, no Bairro do Recife, mas sua história esteve ligada à Praia do Paiva, onde foram realizadas as outras edições do evento.

Programação do Vamos Passear

Segundo Eduardo Melo, os grupos culturais não querem participar da programação oficial com medo de represálias por parte do poder público. “Os grupos não querem estar na programação porque ninguém quer se indispor com a Prefeitura do Recife e Governo do Estado. Eles estão indo, mas de forma cidadã para não serem perseguidos pelo próprio Estado, o que é um absurdo”, opina Eduardo.

Coordenador confirma cancelamento da Festa da Lavadeira

O evento vai receber caravanas do Rio Grande do Norte, de Alagoas e da Paraíba. “Inclusive o pessoal da Paraíba foi quem criou a Mandala Sonora, com afoxés para receber a Boneca da Lavadeira. Depois que ela for recebida integrantes de maracatus também vão saudá-la. E depois a boneca sai num cortejo de 250 batuqueiros até a Praça da Independência”, revela o coordenador da festa.

Diálogo com o poder público

“São dois anos de silêncio, de interdição e redução de dinheiro. A ideia do Vamos Passear é que ele aconteça até o fim da gestão de Geraldo Julio. Quando ele sair da Prefeitura do Recife, a gente tenta voltar. Ou seja, estamos no início do fim”, comenta Eduardo Melo. Segundo ele, a Secretaria de Cultura da cidade tem sido omissa neste processo. “A informação que nos passaram é que quem tem dinheiro pra esse tipo de evento na Prefeitura do Recife é a Secretaria de Turismo e Lazer. Mas eu cheguei a pedir um espaço na agenda de Leda Alves, só que não tive resposta. Desde o conflito do ano passado que o silêncio é absoluto”, reclama Eduardo Melo. 

O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) do Recife e, em comunicado oficial, o órgão informa que houve uma autorização prévia para a Festa da Lavadeira. Ainda de acordo com a nota, o documento foi entregue dia 17 de janeiro, sob condição dos organizadores do evento procurarem a Secretaria-Executiva de Controle Urbano para esclacerem os procedimentos para formalizar uma autorização. O comunicado informa que, até o momento, a Secretaria não recebeu a documentação necessária para utilização do espaço público.

 

A 28ª edição da Festa da Lavadeira foi mesmo cancelada. O LeiaJá entrou em contato com Eduardo Melo, organizador do evento, e ele alegou que o cancelamento aconteceu por falta de interesse do poder público na festa. “Isso é uma brincadeira com o povo e com a cultura. É por isso que a gente cancelou, porque todos dão as costas para gente”, explica Melo.

Nesta quinta (4), a organização da festa publicou uma nota oficial sobre o cancelamento no blog do evento, que aconteceria dia 1º de maio. No comunicado, Eduardo Melo alega que falta apoio da Prefeitura do Recife em relação às licenças de uso dos espaços públicos para a festa.

##RECOMENDA##

Confira o comunicado oficial do blog.

Em resposta, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) do Recife emitiu um comunicado oficial sobre a Festa da Lavadeira. De acordo com a nota, o órgão deu uma autorização prévia para realização do evento no dia 17 de janeiro. O comunicado ainda informa que a organização do evento não enviou até o momento os documentos necessários para utilizar o espaço público. 

Confira o comunicado da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano na íntegra.

A Secretaria de Mobilidade ainda alega que a organização da Festa da Lavadeira não solicitou o uso da Praça da Independência e não enviou o croqui para os estandes do Sebrae no Pátio do Carmo. No entanto, Eduardo Melo afirma que a produção do desenho é obrigação da Secretaria. 

Sobre o local de realização da festa, Eduardo conta que solicitou apoio em 2013, mas o órgão só respondeu com a autorização prévia dia 17 de janeiro e ainda enviaram o mapa errado. Os locais de realização da Festa seriam a Praça do Carmo, a Avenida Dantas Barreto,a  Avenida Nossa Senhora do Carmo e o Pátio do Terço. Melo também conta que a confirmação da festa só veio em fevereiro. “Assim que passou o Carnaval eles ligaram. João Braga (secretário de mobilidade) nos tirou da Praça da Independência e diz que a gente não fez a solicitação do local, mas a gente sempre teve aquele espaço”, destaca o coordenador da festa. 

Em 2013, a Festa da Lavadeira passou por dificuldades semelhantes para ser realizada. “No ano passado, tiraram a gente do Bairro do Recife e ofereceram o Parque do Cordeiro para realizar a festa. E a gente só soube disso 40 dias antes do evento”, lembra Melo.

Histórico

A Festa da Lavadeira surgiu há 28 anos na praia do Paiva, Zona Sul da Região Metropolitana do Recife. Uma escultura com uma mulher lavando roupas inspirou o encontro que reúne todo ano caboclinhos, maracatus e diversos artistas para celebrar a cultura popular. Em 2006, a festa foi considerada Patrimônio Cultural de Pernambuco pela lei estadual 13.042.Com a chegada de empreendimentos na região do Paiva, a Festa da Lavadeira foi tranferida para o Recife, onde acontece desde 2012. 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando