Entre os nomes que se colocam como presidenciáveis, o do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) vem chamando a atenção desde que entrou no páreo para a disputa. O destaque é notório seja pelos seus discursos polêmicos ou pela consolidação do segundo lugar nas pesquisas de intenções de votos, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como candidato, e até mesmo a liderança, nos cenários sem o petista.
Contudo, apesar do eleitorado cativo e desta aparente força política, Bolsonaro deverá enfrentar dificuldades para atingir o eleitor médio e conquistar o pleito. De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Adriano Oliveira, o pré-candidato atingiu o teto eleitoral - entre 16% e 20% de intenções de voto -, mas não tem chances de ser eleito. “Só se ocorrer uma falência por completo do candidato do PSDB ou do governo”, ressaltou o estudioso.
##RECOMENDA##“Bolsonaro é um candidato que representa a ordem, o enfrentamento a criminalidade e representa parcelas de um certo conservadorismo. Vem mantendo o seu discurso, que agrada ao seu eleitorado, mas isso não significa que vai conseguir conquistar a outra parcela essencial [de eleitores], em virtude de suas ideias. Ele está no teto [de intenções de votos] não cresce mais que isso”, completou Oliveira.
Mesmo com tal dificuldade, o também cientista político Antônio Henrique Lucena observou o cenário com um contraponto e ponderou que o deputado federal “pode ter atingido o teto” para o primeiro turno, “mas é preciso ver como se comporta para um segundo turno”.
“Bolsonaro consegue abarcar boa parte desse eleitorado que quer uma política mais dura de segurança, é contra tudo o que está aí, consegue mobilizar uma boa parte do eleitorado, mas para conseguir atingir a vitória eleitoral precisa calibrar o seu discurso para atingir o eleitor mediano. Não sei se ele vai fazer isso, mas recentemente afrouxou um pouco o discurso, principalmente no campo econômico, como forma de atrair mais eleitores para sua candidatura. Isso deve ser influência do Paulo Guedes, que ele contratou para a equipe econômica”, avaliou o estudioso.
Ainda assim, Antônio Henrique salientou que o presidenciável, mesmo já sendo detentor de sete mandatos, é “considerado [por eleitores] uma espécie de outsider por não estar envolvido nessas tramoias” e isso pode pesar na balança favorável a ele, principalmente porque o cientista acredita ser “improvável que Lula seja candidato”.
“É possível sim que Bolsonaro consiga se eleger presidente, tudo é possível, principalmente se o candidato [opositor] for débil. Porém, quando a campanha eleitoral efetivamente começa, e a máquina começa a moer, pode ser que o nanico do PSL não consiga se desenvolver muito bem”, considerou especialista.
Entre sucessos e obstáculos, em meio às projeções políticas, as pesquisas eleitorais durante o período oficial de campanha devem dar um panorama mais amplo das chances do presidenciável.