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O Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) informaram para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro que não têm imagens do hacker Walter Delgatti no prédio da Defesa e no Palácio da Alvorada. O motivo alegado é a falta de "capacidade de armazenamento dos sistemas".

As imagens foram solicitadas pela CPMI em agosto, após o hacker afirmar que teria tido encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e reuniões na Defesa entre 1º de julho de 2022 e 31 de dezembro de 2022. As negativas sobre a entrega dos vídeos foram registradas na sexta-feira, 1º.

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Ao colegiado, o hacker afirmou que Bolsonaro ofereceu a ele um indulto presidencial para invadir o sistema das urnas eletrônicas e expor supostas vulnerabilidades, além de assumir a autoria de um grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No ofício em resposta ao requerimento da comissão, o Ministério da Defesa afirmou que o tempo de retenção das imagens do videomonitoramento é de 30 dias. Informou ainda que a capacidade de armazenamento tem sofrido redução, diante da quantidade e da qualidade das imagens, "exigindo que o sistema seja reiniciado a cada 15 ou 20 dias".

Já o GSI disse que as imagens do sistema permanecem disponíveis entre 12 e 14 dias. "Depois desse período, sobrescritas por novas imagens geradas pelas câmeras."

Delgatti está preso desde o início de agosto pela invasão de sistemas da Justiça para inclusão de mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Em depoimento à Polícia Federal (PF), Delgatti disse que recebeu R$ 40 mil da deputada Carla Zambelli (PL-SP) para fazer o serviço.

Quem é Walter Delgatti Neto?

Delgatti ficou conhecido por hackear trocas de mensagens do ex-juiz da Operação Lava Jato Sérgio Moro, hoje senador, e do ex-procurador da República e deputado cassado Deltan Dallagnol.

Com codinome Vermelho, ele já havia sido preso, em julho de 2019, na Operação Spoofing. À época, ele admitiu aos investigadores ter hackeado o celular de diversas autoridades do País. O hacker também afirmou que repassou o conteúdo das supostas mensagens entre Moro e Dallagnol ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, sem cobrar contrapartidas financeiras para repassar os dados. O caso ficou conhecido como "Vaza Jato".

O ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) general Carlos José Russo Assumpção Penteado, afirmou, nesta segunda-feira (4), que o ex-ministro Gonçalves Dias, não repassou aos demais responsáveis os alertas que recebeu da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de invasão de prédios públicos durante os atos do dia 8 de janeiro.

Convidado a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Penteado garantiu que nem mesmo ele, que ocupava o segundo cargo mais importante na hierarquia do GSI, a convite do próprio ex-ministro, teve conhecimento dos alertas produzidos pela Abin e entregues a Gonçalves Dias. Segundo o general, a falta de informações completas sobre a conjuntura e os riscos reais da ação de vândalos e golpistas comprometeu o esquema de segurança montado na ocasião.

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“Todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro estão diretamente relacionadas à retenção, pelo ministro Gonçalves Dias, dos alertas produzidos pela Abin, que não foram disponibilizados oportunamente para que fossem acionados todos os meios do Plano Escudo”, disse Penteado durante a fala inicial, antes de começar a responder às perguntas dos deputados distritais que integram a CPI.

“Nesse ponto é necessário destacar que se a Coordenação de Análise de Risco, responsável pela elaboração da matriz de criticidade, tivesse tido acesso ao teor dos alertas que o [então] diretor da Abin, Saulo Moura [da Cunha], encaminhou ao ex-ministro Gonçalves Dias, as ações previstas no Plano Escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto”, acrescentou o general, garantindo que os alertas da Abin não chegaram ao seu conhecimento e às mãos dos responsáveis pela execução da segurança do Palácio do Planalto e da segurança presidencial.

Alertas

No início de agosto, o próprio ex-diretor da Abin Saulo Moura da Cunha declarou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que a agência produziu 33 alertas de inteligência sobre os protestos contra a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, o próprio Cunha também assegurou aos membros da CPMI que, até 5 de janeiro, a Abin avaliava que os atos golpistas teriam pouca adesão. De acordo com o ex-diretor da Abin, a percepção só se alterou nos dias 6 e 7 de janeiro, quando a Agência Nacional de Transporte Terrestre (Antt) relatou que um número de ônibus superior ao inicialmente esperado já havia chegado a Brasília.

“Na tarde do dia 7 [de janeiro], os órgãos de segurança do GDF [governo do Distrito Federal] e alguns órgãos do governo federal já tinham ideia de que teríamos uma manifestação com grande número de pessoas”, destacou Cunha, durante o depoimento do mês passado. Segundo o ex-diretor da Abin, a partir das 8h do dia 8 de janeiro, ele mesmo começou a informar o então ministro do GSI, Gonçalves Dias, sobre cada novo informe recebido.

Rotina

O próprio ex-ministro do GSI já admitiu à CPMI do Congresso Nacional que errou ao avaliar o cenário que culminaria na invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Gonçalves Dias, sua avaliação foi resultado da análise de “informações divergentes” que ele recebeu de “contatos diretos”.

“Essas informações divergentes me foram passadas na manhã do dia 8 de janeiro e culminaram com minha decisão e iniciativa em ir pessoalmente ver como estava a situação no Palácio do Planalto”, explicou.

Já Penteado, detalhou, nesta segunda-feira, que tomou conhecimento pela imprensa de que a Abin alertou o GSI para os riscos, após o dia 8 de janeiro. “Não recebi nenhum relatório, mensagem de WhatsApp ou contato telefônico alertando para a possibilidade de ações violentas na Praça dos Três Poderes”, comentou, acrescentando que, como a posse do presidente Lula, em 1º de janeiro, ocorreu tranquilamente, “e, nos dias que antecederam o 8 de janeiro, havia notícias de esvaziamento dos acampamentos [montados em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília], a expectativa era de retorno à vida rotineira de Brasília”.

“Só por volta das 14h50 [do dia 8], fui informado pelo [então] secretário de Segurança e Coordenação Presidencial de que os manifestantes haviam rompido a barreira policial. Enquanto me dirigia ao Palácio, dei ciência ao ministro [Gonçalves Dias] de que estava a caminho [do Palácio do Planalto] para acompanhar a situação. Sugeri que ele não fosse [para o local]. Além de querer protegê-lo fisicamente, entendia que, pelo seu cargo, não seria conveniente sua presença no local. A situação não era de normalidade e podia piorar. Ainda no deslocamento, fui informado de que o Palácio do Planalto havia sido tomado por grande número de manifestantes. E recebi uma ligação do [então] comandante militar do Planalto, dizendo que a situação tinha se agravado e que seria necessário o envio de mais tropas, o que foi prontamente solicitado por mim. Ao chegar ao Palácio, por volta das 15h20, os responsáveis pela segurança das instalações já estavam no local e já tinham solicitado reforços ao Comando Militar do Planalto”, detalhou Penteado antes de confirmar que, no dia 8 de janeiro, "praticamente todos" os cargos de decisão do GSI eram ocupados por remanescentes do governo Bolsonaro.

 

O general Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, afirmou aos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro que a Polícia Militar do Distrito Federal descumpriu as determinações do planejamento da segurança da Praça dos Três Poderes contra manifestações.

Em sua fala inicial à CPMI, ele reiterou que exerceu efetivamente ação de comando na segurança do Palácio do Planalto em meio ao que ele considerou um levante antidemocrático e um ataque inédito.

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O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República informou aos parlamentares que o planejamento de segurança previa o impedimento do acesso de manifestantes e veículos à Praça dos Três Poderes. Ele reiterou que, até o dia dos ataques, não havia indícios de manifestações violentas.

Informações divergentes

G. Dias afirmou que, ao longo do dia 8 de janeiro, recebeu informações divergentes sobre a ação dos manifestantes e decidiu ir pessoalmente ao Palácio do Planalto. “Eu era ministro. Cabia a mim como ministro e cidadão brasileiro preservar a sede do Poder Executivo brasileiro, o Palácio do Planalto.”

Imagens questionadas

Depois de divulgadas pela imprensa imagens de câmeras internas do palácio, o general Gonçalves Dias foi acusado de conivência com os manifestantes. Ele explicou que a ideia era evacuar o prédio o mais rápido possível, evitando mortos e feridos.

Sobre as imagens, ele falou que encontrou três pessoas e indicou a elas o acesso à escada que levaria ao segundo andar, onde as prisões dos manifestantes estavam sendo feitas. G. Dias classificou a divulgação do material das câmeras internas como “imprecisa e desconexa”.

Relatórios enviados ao Senado

O ex-ministro-chefe do GSI também negou que tenha mandado adulterar documentos ou retirar o seu nome do relatório enviado ao Senado com informações sobre o 8 de janeiro.

Ele argumentou que a determinação foi pela padronização de informações, já que as mensagens de alerta sobre os ataques tinham sido trocadas em grupos institucionais e não pelo telefone particular dele.

*Da Agência Câmara de Notícias

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, rebateu, nesta quinta-feira (31), o argumento de que ele teria agido com tranquilidade diante dos golpistas que invadiram o Palácio do Planalto durante os atos que destruíram as dependências da sede presidencial.

G. Dias foi questionado sobre sua postura pela relatora da CPMI, Eliziane Gama (PSD-MA), depois de exibir imagens do momento. "Por que adotou a tranquilidade e não deu ordem de prisão?", indagou a relatora.

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O ex-ministro disse que agiu para evitar mortes. “Fui treinado para gerenciar as crises, não se gerencia uma crise apagando fogo e jogando gasolina. Neste processo, tem regras de engajamento. A senhora deveria pedir as regras de engajamento, para ter noção de que teremos o emprego parcelado das forças. No início das operações estávamos com 135 homens, o primeiro reforço chegou às 15h40. No início não dava para fazer as prisões. Tínhamos que evacuar as pessoas o máximo possível para que não houvesse depredações e mortes. As prisões foram feitas quando chegaram mais pessoas e no segundo andar”, detalhou.

E seguiu: "Estávamos com 135 homens, solicitamos mais. O primeiro reforço chegou às 15h40, o segundo reforço, às 16h40, e o terceiro reforço, às 17h10. No início, não dava para fazer as prisões. Tínhamos que gerenciar aquela crise e evacuar as pessoas para que não houvesse depredações e gerenciar para que não houvesse mortos nem feridos. Não adiantava sair batendo nas pessoas".

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G. Dias estava à frente do GSI no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. O general da reserva deixou o posto no dia 19 de abril de 2023, após a divulgação de vídeos nos quais ele aparece em um dos locais da invasão. A convocação de Gonçalves Dias à CPMI foi objeto de aproximadamente 100 requerimentos.

A CPMI do 8 de Janeiro ouve, nesta quinta-feira (31), o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. Indicado pelo atual governo, ele estava à frente do cargo no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. O general da reserva deixou o posto no dia 19 de abril de 2023, após a divulgação de vídeos nos quais ele aparece em um dos locais da invasão.

A convocação de Gonçalves Dias foi objeto de aproximadamente 100 requerimentos. No início dos trabalhos, a CPMI chegou a rejeitar o depoimento do ex-ministro, mas em junho, um acordo viabilizou a aprovação dos pedidos. Entre os signatários, estão os senadores Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES) e Izalci Lucas (PSDB-DF). 

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O depoimento do general G. Dias, como é conhecido no meio militar, é visto pelos parlamentares de oposição como uma “peça chave” na tentativa de esclarecer “providências adotadas e o desdobramento das investigações conduzidas pelo governo federal”, como justifica o senador Sergio Moro em seu requerimento. 

Acompanhe ao vivo:

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Uma sindicância do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) descartou a responsabilidade do ex-ministro Marco Edson Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, antigo chefe do órgão, pelo avanço dos golpistas na destruição do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro em Brasília, em que também foram destruídas as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

A sindicância é uma espécie de investigação interna em que o GSI buscou apontar "eventuais responsabilidades de agentes lotados neste Gabinete de Segurança Institucional nos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023". Essa apuração durou cerca de quatro meses, entre 31 de janeiro e 6 de junho, mas só foi disponibilizada na semana passada a todos os parlamentares da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro.

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No relatório da sindicância, o secretário-executivo do GSI, Ivan de Sousa Corrêa Filho, diz que G. Dias agiu "de acordo com o esperado" para a situação. O ex-ministro tinha sido acusado por parlamentares de ter sido conivente com os vândalos no Palácio do Planalto, porque aparece indiferente em filmagens enquanto golpistas depredam o local.

"Quanto à conduta adotada pelo então ministro Gonçalves Dias, de estar presente e atuando no interior do Palácio do Planalto durante as invasões, este sindicante chega à conclusão de que o militar tenha adotado técnicas de negociação e coordenação dos demais agentes do GSI, quanto à retomada das instalações, varredura dos andares e detenção dos manifestantes no segundo andar do Palácio, estando de acordo com o esperado de uma autoridade em sua posição naquela situação", diz o relatório da sindicância.

A investigação interna do GSI defendeu a abertura de procedimentos administrativos disciplinares (PADs) só contra dois ex-funcionários do órgão: o tenente-coronel Jáder Silva dos Santos e o coronel Alexandre Santos de Amorim.

De acordo com a sindicância, Santos deve responder a uma investigação disciplinar porque, mesmo de folga no 8 de janeiro, deveria ter alertado colegas do GSI sobre os riscos relatados em informes de inteligência repassados em um grupo de WhatsApp chamado CIISP/DF-Manifestação, em que ele era o único representante do GSI para contatos com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e com a Polícia Militar, além de outros órgãos de segurança e inteligência.

No caso de Amorim, que era chefe da Coordenadoria de Avaliação de Risco do GSI, ele elevou o "nível de criticidade do amarelo para o laranja", para, teoricamente, preparar a proteção do Planalto contra golpistas, mas a investigação mostrou que não foi suficiente essa mudança na classificação de risco. Isso porque esse nível de alerta não garantiu "efetivo de reforço suficiente, nas instalações do Palácio, que fosse capaz de evitar a invasão do dia 8 de janeiro".

Como esse nível de risco "laranja" não foi suficiente para proteger o Palácio do Planalto, a sindicância defende também uma revisão das normas do Plano Escudo, como é chamado o planejamento feito para uso de tropas na proteção do Planalto, e das Regras de Engajamento de Segurança das Instalações, para que sejam redimensionados os efetivos necessários para a defesa da sede da Presidência da República. Isso porque "um único pelotão de choque em reforço para o nível laranja se demonstrou totalmente insuficiente diante das características físicas do Palácio do Planalto, à inclusão da previsão de ações para a retomada do Palácio e à atribuição específica das ações aos respectivos encarregados".

Mas, apesar das falhas dos planos de proteção e dos agentes responsáveis pela sua aplicação, a sindicância concluiu também que falhas na comunicação dos riscos foram "determinantes" para a falta de proteção adequada no Planalto.

"Sendo assim, andou bem o sindicante ao concluir que as deficiências no fluxo e na qualidade de informações de inteligência constituíram fator determinante para o dimensionamento insuficiente das equipes de segurança presentes nas instalações do Palácio do Planalto durante a invasão", afirmou a investigação interna.

A base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara dos Deputados resistiu e adiou o convite ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), principal ativo da oposição composta pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A negociação avançou mediante acordo com o líder do governo na CPI, Alencar Santana (PT-SP), que retirou a obstrução da pauta para deixar o chamamento apenas após o recesso parlamentar. O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Marco Edson Gonçalves Dias não escapou e foi convocado.

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O presidente da Suzano, Walter Schalka, também teve o requerimento derrubado. A Suzano, empresa produtora de papel e celulose, por sua vez, foi um dos alvos do chamado "abril vermelho", mês em que integrantes do MST intensificaram invasões a terras pelo Brasil.

No Espírito Santo, os sem terra ocuparam duas fazendas da empresa e permaneceram lá por dez dias, após liminar dada pela Justiça para que eles saíssem.

Na proposta inicial, Rui, G. Dias e Schalka seriam convocados - o que os obrigariam a participar - mas após mais de 50 minutos de diálogo o consenso se estabeleceu, ainda que sob críticas de bolsonaristas mais ferrenhos.

O deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA) criticou a falta de combatividade da oposição já que, para ele, o governo controla a CPMI. "Aqui a gente começou a virar cordeirinho", afirmou.

Segundo o relator, Ricardo Salles (PL-SP), a convocação de Rui e de G. Dias são justificadas pelo entendimento de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora a atividade de grupos sem terra. Durante o governo Lula, o órgão esteve subordinado tanto ao GSI, quando ainda sob comando de G. Dias, e da Casa Civil.

Como mostrou a Coluna, na última sessão, que aconteceu há três semanas, a recusa da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) em seguir um acordo estabelecido anteriormente levou a decisão do presidente, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), de resgatar as convocações da pauta.

Rui é alvo de críticas tanto do centrão como dos próprios governistas pela desarticulação entre o Executivo e o Legislativo, por não prestigiar ou atender deputados.

O ápice da crise chegou na véspera da votação da medida provisória dos ministérios, que quase foi derrubada tamanha a insatisfação de líderes partidários com a falta de distribuição de cargos. Como mostrou o Estadão, o ministro deu preferência a atender políticos baianos, onde governou por oito anos, em sua agenda.

A sessão da CPI retomará na quarta-feira, 19, quando serão apreciados mais de 20 requerimentos.

Sessão volta a ter brigas

Como de costumeiro, o hiato de duas semanas sem sessão não foi suficiente para acalmar os ânimos. Sâmia Bomfim trocou acusações com o relator da comissão, Ricardo Salles, ao longo desta terça-feira. A parlamentar queixou-se de ser interrompida por Salles enquanto falava.

O encontro então virou uma série de trocas de insultos, provocações e interrupções. "Estava tudo indo bem", queixou-se o presidente da CPI, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-SP), quando a primeira confusão aconteceu.

As discussões voltaram a se repetir entre diferentes parlamentares lulistas e bolsonaristas.

O general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), declarou nesta sexta-feira, 21, à Polícia Federal (PF) que não prendeu os golpistas que invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro porque estava fazendo um 'gerenciamento de crise'.

G. Dias prestou depoimento por cinco horas à PF. O general argumentou que não tinha 'condições materiais' de fazer as prisões sozinho e que, em sua avaliação, houve um 'apagão' do sistema de inteligência. A falha, segundo o depoimento, estaria na 'falta de informações para tomada de decisões'.

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O general narrou ainda que um dos radicais estava 'altamente exaltado' e que entendeu 'não ser conveniente e seguro a prisão dos vândalos naquele momento sem planejamento e em razão dos ânimos exaltados e a presença e de famílias, idosos e crianças'.

O ex-chefe do GSI foi filmado no quarto andar do Palácio do Planalto. Ele aparece nas imagens do circuito interno indicando a saída aos radiciais. A versão de G. Dias é a de que eles seriam presos quando chegassem ao segundo andar.

"Essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no segundo piso tão logo descessem, pois esse era o protocolo", afirmou. O depoimento foi conduzido pelos delegados Raphael Soares Astini, Vinicius Barancelli e Alexandre Camões Bessa.

O ex-chefe do GSI também disse que a ordem era para prender os invasores. Ele negou ter mandado evacuar o prédio.

Questionado sobre o major José Eduardo Natale de Paula Pereira, flagrado entregando uma garrafa de água a um dos vândalos, o general respondeu que o episódio 'deve ser analisado pelas circunstâncias do momento', mas teria prendido o servidor se tivesse visto a cena.

G. Dias também alegou que todas as filmagens do dia 8 de janeiro foram entregues.

"Todas as filmagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro foram fornecidas integralmente às instituições do Estado, sem omissão de possíveis filmagens", diz o termo de depoimento.

A versão contradiz relatos de ministros palacianos ao Estadão. Quando as imagens foram cobradas, o general teria dito ao presidente Luiz Inácio Lula Da Silva (PT) que a câmera do circuito interno posicionada para o corredor de acesso ao gabinete presidencial estava quebrada.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 48 horas para o GSI entregar todas as gravações que possuir do dia 8 de janeiro. O governo Lula negou pelo menos oito pedidos de acesso às imagens apresentados com base na Lei de Acesso à Informação. Moraes afirma no despacho que a 'administração pública tem o dever de absoluta transparência'.

Com a repercussão das imagens, G. Dias pediu exoneração. O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, assumiu inteiramente o comando do Gabinete de Segurança Institucional. Ele também foi o responsável por comandar a intervenção na segurança pública do Distrito Federal depois dos atos golpistas na Praça dos Três Poderes.

O Partido Novo pediu ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de uma investigação criminal sobre a conduta do general da reserva Marco Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 8 de janeiro.

O Diretório Nacional afirma que o general deve ser denunciado pelo crime de prevaricação - quando um servidor age movido por "interesse ou sentimento pessoal".

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"O ex-ministro atuou de maneira condescendente com os atos de vandalismo e de depredação do patrimônio público, inclusive conduzindo os invasores a outros locais ou à saída de alguns locais do Palácio do Planalto", diz um trecho da representação do Novo.

G.Dias pediu exoneração depois de a CNN divulgar imagens que mostram que ele estava no Palácio do Planalto no dia da invasão. O vídeo registra o general circulando no andar do gabinete presidencial e indicando a saída do prédio aos invasores. Ontem, ele prestou esclarecimentos à Polícia Federal.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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