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O disparo que matou a menina Heloysa Gabrielly, criança de 6 anos, morta durante operação policial na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas, no dia 31 de março, foi da arma de um dos policiais que participavam da operação, é o que diz o inquérito divulgado nesta sexta-feira (29), pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) e Projeto Oxé. Além disso, foi concluído que a pessoa que estava sendo perseguida não realizou disparos. 

“Todos os indícios apresentados no inquérito policial, em especial o contido em depoimentos, reprodução simulada e microcomparação balística, atestam a autoria do homicídio de Heloysa, pelo disparo vindo da arma de um dos policiais que participavam da operação”, diz a nota, que acrescenta que o disparo foi feito “por integrantes da viatura 1”. O inquérito também detalha que “a pessoa que estava sendo perseguida na ocasião pela polícia não efetuou disparos”. O autor do disparo, por sua vez, foi indiciado pelo Art. 121 Caput do Código Penal, que dispõe sobre “matar alguém”, “seguindo os preceitos do dolo eventual, ou seja, sabendo da possibilidade de morte, mesmo sem intenção, assumiu o risco”. 

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Foi solicitada, ainda, pelo delegado, a decretação de medidas cautelares diversas da prisão do imputado, para que ele “seja afastado da atividade fim da polícia militar enquanto restarem dúvidas em relação a sua participação, bem como não tenha contato direto com as testemunhas”.

Também há disposições de “fraude processual praticada pelos agentes públicos policiais militares”, e que as investigações sobre a fraude seguem no Inquérito Policial Militar (IPM), e na sindicância administrativa na Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS). 

O Gajop, por sua vez, entendeu que, sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos. “Importante ressaltar, que continuaremos acompanhando as investigações na Corregedoria e no Inquérito Policial Militar para as devidas elucidações sobre os indícios de tentativa de forjar cenário da cena da morte da criança. Seguimos por Justiça para Heloysa”.

Uma denúncia assinada por 119 entidades jurídicas e pela defesa dos direitos humanos em todo o Brasil foi enviada à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CDIH), em caráter de urgência, na última terça-feira (5). O documento trata de questionamentos sobre a violência policial e as violações de direitos humanos em Porto de Galinhas, cidade em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. O apelo foi feito após a morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, baleada em operação policial na última semana.

As entidades pedem, dentre outras solicitações, que os organismos internacionais solicitem explicações ao Brasil e cobrem um plano de combate à violência e letalidade policial, com a participação da sociedade civil. Foram apresentados no documento dados da violência policial no estado de Pernambuco e o descumprimento de normas internacionais.

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"O caso da menina Heloysa é um dos retratos mais brutais do despreparo da polícia. O número de tiroteios e disparos de arma de fogo, durante operações policiais, aumentou 31%, em 2021, quando comparado ao ano anterior. O resultado disso é o aumento da letalidade e violência policial em territórios criminalizados. É inadmissível que apenas algumas crianças tenham o direito de brincar e estarem com suas famílias em segurança" diz Edna Jatobá, Coordenadora Executiva do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (GAJOP).

A denúncia apresenta um levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que aponta que a polícia é responsável por cerca de 13 em cada 100 mortes violentas, no ano de 2020. Ao todo, foram registradas 6.146 mortes em decorrência da atividade policial. Destas, 68,8% eram jovens de 18 até 29 anos e 78,9% eram negras.

De acordo com dados da Secretaria de Defesa Social fornecidos para a Rede Observatórios de Segurança, no ano de 2020, 113 pessoas foram mortas em ações policiais no Estado de Pernambuco, destas 97,3% eram pretas e pardas. 

Para Igor Travassos, da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe), que também assina o documento, “o Governo de Pernambuco precisa ser responsabilizado pela ação de suas polícias. Um aparato de guerra foi colocado contra uma comunidade que sequer tem a possibilidade de viver o luto. Fica nítido que, para o Governo, o inimigo é o povo preto e periférico, e que, sob a falsa argumentação de guerra às drogas, vê-se autorizado a violar os direitos de todo um território que já sofre com o descaso e a ausência do poder público”.

Por fim, “o assassinato de Heloysa é mais uma situação emblemática da política de morte executada pelo Estado contra a população negra. Nós estamos unidas e fortalecidas para enfrentar mais esse crime bárbaro”, finaliza Mônica Oliveira, representante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco.

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As linhas de ônibus que atendem a Porto de Galinhas, na Região Metropolitana do Recife, retomaram a programação normal nesta segunda-feira (4). A cidade sofria uma onda de protestos desde a noite da quinta (31), que interrompeu as atividades turísticas e o comércio para denunciar a morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos.

 O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (GRCTM) informou que as linhas 191 - Recife/Porto de Galinhas (N. Sra. do Ó) e 195 - Recife/Porto de Galinhas (Opcional) voltaram a cumprir os itinerários até Porto de Galinhas às 8h desta segunda (4).

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A luta por justiça e respostas sobre a morte de Heloysa Gabrielly chega ao Recife nesta segunda-feira (4), através de um ato público realizado em frente ao Palácio do Campo das Princesas, junto à família da menina, moradores de Porto de Galinhas, organizações da sociedade civil e movimentos sociais, além de parlamentares do município, às 10h.

A criança foi morta aos seis anos de idade, no fim da tarde da última quarta-feira (31), em Porto de Galinhas, no Litoral Sul. Heloysa foi atingida por uma bala no peito durante um suposto conflito entre policiais e suspeitos de associação ao tráfico.

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Antes do ato, parlamentares e a equipe jurídica que acompanha a situação de Porto de Galinhas e o caso da morte da menina participaram de uma reunião no Ministério Público de Pernambuco, parte de uma articulação que pede maior rapidez e transparência na investigação do caso. De acordo com a família da vítima e moradores da comunidade Salinas, onde tudo ocorreu, não houve confronto e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entrou na rua atirando.

O ato também cobra ao Governo do Estado responsabilização e afastamentos de todos os policiais envolvidos no patrulhamento que ocorreu no dia da morte, a saída do Bope das comunidades de Socó, Salinas e Pantanal, além de denunciar que não houve trocas de tiros, conforme mencionado pela polícia, e que a família de Heloysa vem sendo ameaçada desde o assassinato da criança.

Nesta sexta-feira, 1º de abril, a prefeita do Ipojuca, Célia Sales (PTB), convocou o Comitê de Crise, composto por 10 secretarias municipais, e se reuniu com o secretário de Defesa Social do Estado, Humberto Freire, para reforçar a cobrança de que o Governo do Estado cumpra seu papel de restabelecer a Segurança no município. 

Desde a última quarta-feira (30), quando, em uma perseguição policial nas comunidades de Socó e Salinas, localizadas em Porto de Galinhas, teve como consequência a morte da menina Heloysa Gabrielly, de seis anos, que o caos se instalou no município. 

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A cobrança feita pessoalmente ao secretário de Defesa Social do Estado, além do rigor nas investigações do assassinato da menina Heloysa, foi sobre a demora na presença do estado durante o caos instalado na quinta-feira (31), quando ipojucanos e turistas não conseguiram transitar na cidade. 

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Apenas por volta das 21h, o Governo do Estado mandou ao município mais de 40 viaturas e três helicópteros. A mesma queixa e cobrança foi trazida ao secretário pelo deputado estadual Romero Sales Filho (PTB) e pelo representante do Trade Turístico de Porto de Galinhas, Ulisses Ávila, também presentes na reunião. 

O secretário de Defesa Social do estado, Humberto Freire, explicou que passou o dia de ontem (31) monitorando, com o serviço de inteligência e em contato constante com o secretário de Defesa Social do Ipojuca, Osvaldo Morais, e que à noite enviou o reforço de forma ostensiva para devolver ipojuca aos ipojucanos. 

“Me coloco à disposição para fazermos mais, fazermos melhor e se necessário for, fazermos diferente. Estamos do mesmo lado”, comentou Freire. Os estragos causados pelos atos de vandalismo ainda estão sendo calculados pelo município e a prefeita colocou à disposição do secretário do estado, a Central de Monitoramento do Ipojuca para se necessário for montar uma base da PM no município para ajudar nas investigações da morte da menina Heloysa.

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