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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não encontrou "elementos concretos suficientes" para solicitar a abertura de inquérito para investigar o presidente Michel Temer e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha por causa da acusação feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que tenha sofrido pressão para permitir a construção de um prédio de luxo em Salvador.

Calero acusou Geddel Vieira Lima, então ministro da Secretaria de Governo, de tê-lo pressionado para rever uma decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que embargava um empreendimento imobiliário no qual Geddel afirma ter comprado uma unidade. O ex-ministro da Cultura gravou conversas sobre o assunto, inclusive uma que manteve com o presidente.

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O episódio fez lideranças da oposição e movimentos sociais se mobilizarem pelo pedido do impeachment de Temer, tendo como base a acusação de que o presidente teria cometido crime de responsabilidade, ao trazer para o governo o imbróglio envolvendo a liberação da construção do prédio.

Como Geddel deixou o governo e perdeu o foro privilegiado, Janot encaminhou à Procuradoria da República no Distrito Federal a análise das suspeitas envolvendo o ex-ministro da Secretaria de Governo.

Censura

Nesta quinta-feira, 15, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República aplicou, por unanimidade, a punição de "censura ética" por "conflito de interesse" a Geddel, por ter violado as normas de conduta ao não declarar que possuía a promessa de compra e venda de um apartamento em Salvador, o que, obrigatoriamente deveria ter feito.

A punição com "censura ética" não impedirá Geddel de assumir qualquer outro cargo público. Mas, para o relator do caso na Comissão de Ética, Marcelo Figueiredo, a decisão "é mais do que uma mancha no currículo, é uma repreensão pública à conduta equivocada da autoridade". O ex-ministro já foi comunicado oficialmente pela comissão sobre a decisão.

O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, manteve diante do Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) do cargo de Presidência do Senado. O ministro do STF Edson Fachin, relator da ação cautelar de autoria da Procuradoria-Geral da República (PGR), havia questionado o procurador sobre se desejava seguir adiante com a ação depois de o pleno do Supremo ter decidido, na quarta-feira, 7, que Renan não deveria perder o posto de comando, apesar de ter se tornado réu.

Em manifestação sucinta, Janot afirma "subsistirem os fundamentos de fato e de direito articulados na petição inicial" e ressalta que Renan e Mesa do Senado descumpriram decisão do STF. O procurador afirmou também "não desconhecer" a decisão do Pleno que salvou o cargo de Renan.

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"Naquela sessão, apesar de o requerido, com a Mesa do Senado Federal, haver decidido descumprir decisão monocrática do Supremo Tribunal Federal, essa egrégia Corte considerou que autoridades da linha de substituição do Presidente da República acusadas em ação penal podem manter-se no exercício da função, apenas estando vedado o exercício da Presidência da República", diz Janot.

A PGR havia entrado com a ação na segunda-feira, 5, pouco antes de o ministro do STF Marco Aurélio Mello ter dado uma liminar que removia Renan da presidência do Senado, nos autos de uma ação da Rede Sustentabilidade. O partido sustentava que réus não poderiam figurar na linha sucessória da presidência da República. Quando o Supremo, ao analisar a liminar de Marco Aurélio dois dias depois, manteve o cargo de Renan, estabeleceu também que ele apenas não poderia assumir a presidência da República nem ao menos temporariamente.

A ação começou a ser julgada no início de novembro no Pleno - antes mesmo de Marco Aurélio conceder a liminar e Renan Calheiros não cumprir a decisão - mas um pedido de vista do ministro Dias Toffoli interrompeu a análise, mesmo quando já havia maioria formada na Corte pelo entendimento de que réus não poderiam seguir em postos presidenciáveis; na prática, se não houvesse pedido de vista, Renan teria sido sacado no dia 3 de novembro.

Este fato - a maioria formada - é um dos pontos que baseiam o pedido de Janot para que Renan seja afastado. Entretanto, na análise da liminar pelo Pleno, o ministro Celso de Mello, um dos seis que se posicionara a favor do pedido da Rede, notificou a alteração de seu voto, para o mesmo entendimento que salvaguardou a presidência do Senado a Renan.

 

Depois que o ministro Teori Zavascki,do Supremo Tribunal Federal (STF), devolveu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denúncia contra Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente do Senado disse que os fatos serão esclarecidos e a inocência dele será provada.

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Em discurso no plenário, ele disse que sempre esteve à disposição da Justiça para esclarecimentos e colaboração com as investigações. "[Estou] há nove anos sob devassa intensa e sob investigação. Há nove anos que os meus sigilos foram todos entregues à Procuradoria-Geral da República, à Receita Federal e à Polícia Federal", frisou.

Janot acusa o peemedebista de receber R$ 800 mil em propinas por meio de doações eleitorais de uma empreiteira ao PMDB registradas durante as eleições de 2010, quando ele disputou o cargo de senador por Alagoas. "Eu não temo absolutamente nada. A minha vida foi devassada e continua sendo devassada. Eu não tenho nenhum problema na minha vida pública nem na minha vida pessoal, nenhum problema", destacou.

O senador voltou a criticar a atuação do Ministério Público na condução da operação Lava Jato. "Contra o Congresso Nacional pediram tudo, tudo, absolutamente tudo. Quiseram tudo, desde a invasão do Congresso, passando pela prisão da Polícia Legislativa até o pedido de prisão do Presidente do Congresso Nacional, porque estaria obstruindo a Operação Lava Jato".

Ele citou ainda que a Casa rejeitou três indicações para o Conselho Nacional do MP de procuradores que hoje atuam na Lava Jato. "Como todos sabem, este Senado Federal, por motivos diferentes, rejeitou três nomes de ilustres membros do Ministério Público na Operação Lava Jato: Nicolao Dino, Vladimir Aras e Wellington Saraiva", lembrou. "Então, cada decisão que eles pedem contra senador, cada constrangimento, cada busca e apreensão que fazem com a cobertura da imprensa, isso precisa ser melhor observado, porque, de fato em fato, de abuso em abuso como esses, eles estão construindo uma névoa no País que não fará bem à nossa democracia".

Renan também comentou a denúncia, aceita recentemente pelo STF, em que ele é acusado de peculato, pela utilização irregular de verba indenizatória. Inicialmente, ele era acusado de três crimes, mas dois foram rejeitados. "A denúncia é [pelo pagamento] de serviço de uma locadora que não existia. Nós provamos não só que a empresa existia e que prestou os serviços como que existe ainda hoje. Remetemos todas as certidões".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não esperou a conclusão do inquérito da Polícia Federal em Brasília para denunciar nesta segunda-feira, 12, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Lava Jato. Diante disso, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, devolveu a denúncia a Janot para que ele complemente com as informações da investigação policial.

"Ante o exposto, à falta dos autos do inquérito, intime-se o Ministério Público para que regularize a situação dos autos, restituindo as petições protocoladas sob os números 70.676/2016 e 70.677/2016 (documentos da denúncia contra Renan) e documentação correspondente", assinala Teori em despacho publicado nesta terça-feira, 13.

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A iniciativa de Janot contradiz o próprio prazo solicitado pelo procurador-geral para a conclusão das investigações envolvendo Renan. No dia 24 de outubro, o procurador-geral pediu ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, que o prazo das investigações fosse prorrogado por mais 60 dias para o cumprimento de diligências da Polícia Federal, o que foi acatado pelo ministro.

A prerrogativa para oferecer denúncias contra parlamentares e demais autoridades com foro no STF é somente do Procurador-Geral da República, que pode apresentar a acusação caso entenda já possuir elementos suficientes.

Com isso, o inquérito ainda não foi concluído na PF, já que ainda faltam 10 dias do prazo estabelecido inicialmente. Ainda assim, Janot apresentou na segunda a primeira denúncia da Lava Jato contra Renan, acusando o peemedebista de receber R$ 800 mil em propinas por meio de doações eleitorais de uma empreiteira ao PMDB registradas durante as eleições de 2010, quando ele disputou o cargo de senador por Alagoas.

"Ainda pendente o prazo para que a autoridade policial cumpra as diligências restantes e elabore relatório conclusivo, o órgão ministerial apresenta inicial acusatória sem os autos correspondentes", assinalou Teori em despacho nesta terça-feira.

Oficialmente, a PF não comenta o caso. Mas o grupo de trabalho da corporação que atua perante o STF ainda realiza diligências na investigação que tem como alvos o presidente do Senado e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), que afirma que ainda não foi ouvido na investigação.

O deputado nega qualquer envolvimento em irregularidades apontadas na denúncia da PGR. Já o senador Renan Calheiros, na ocasião da denúncia, afirmou que suas contas eleitorais foram aprovadas e que "está tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investigação". Ele também negou ter autorizado Aníbal agir em seu nome.

Lava Jato

Esta é a primeira denúncia contra Renan envolvendo o esquema de corrupção na Petrobras. Atualmente, o peemedebista já é réu no Supremo acusado por peculato (desvio de dinheiro), envolvendo a empreiteira Mendes Júnior que teria bancado despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem Renan mantinha relacionamento extraconjugal em troca de apoio do peemedebista para apresentar emendas em benefício da empreiteira.

Segundo a denúncia da Lava Jato, Renan teria recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. O deputado Aníbal Gomes foi denunciado junto com Renan Calheiros. No pedido, o PGR solicita ainda a perda das funções públicas dos parlamentares.

Em troca dos valores, os parlamentares teriam oferecido apoio político ao então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que mantinha a empreiteira em licitações da estatal.

Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado. A denúncia aponta ainda que esses valores seguiram do Diretório Nacional do PMDB para o Comitê Financeiro do PMDB/AL e deste para Renan Calheiros, mediante diversas operações fracionadas, como estratégia de lavagem de dinheiro.

Renan já é réu perante o STF em uma ação penal e alvo de outros 10 inquéritos, além da denúncia oferecida ontem.

Confira abaixo a nota da assessoria de Renan na ocasião da denúncia:

"O senador Renan Calheiros jamais autorizou ou consentiu que o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa falasse em seu nome em qualquer circunstância. O senador reitera que suas contas eleitorais já foram aprovadas e está tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investigação."

O presidente Michel Temer enviou uma carta ao Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, para pedir celeridade nas investigações em andamento e também que as colaborações premiadas "por ventura existentes sejam, o quanto antes, finalizadas, remetidas ao Juízo competente para análise e eventual homologação e divulgação por completo". "Com isso, a eventual responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida".

A iniciativa de Temer ocorre após ter o seu nome, e da cúpula do PMDB, citado na delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. A estratégia do governo é questionar a legalidade da divulgação, o que, para deles, poderia comprometer a delação. O escalado, inicialmente, para fazer as críticas ao vazamento seria o senador Romero Jucá (PMDB-RR), mas após diversas reuniões o presidente decidiu tomar iniciativa e assinar o documento à PGR junto com a Advogada-Geral da União, Grace Mendonça. No sábado, Janot informou que iria solicitar uma investigação para apurar o vazamento de anexo de delação da Odebrecht.

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Na carta, Temer atribui a necessidade da celeridade às investigações "a sérias crises econômica e política" que o País atravessa, destaca ações do governo para a retomada do crescimento e diz que o requerimento pela celeridade tem por objetivo ajudar o País. "A condução dessas e de outras políticas públicas a cargo da União vem sofrendo interferência pela ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas e investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público Federal, quando ainda não completado e homologado", escreve o presidente.

Temer diz ainda que o vazamento das delações gera um clima de "desconfiança, incerteza" obstruindo ações do governo. O presidente destaca que o "fracionado" e lento desenrolar dos procedimentos pré-processuais envolvendo "múltiplos agentes políticos, funciona como elemento perturbador de uma série de áreas de interesse da União".

O presidente destaca que seu governo está empenhado em reformas estabilizadoras para reverter os cenários social e macroeconômico de médio e longo prazo, reforça que a celeridade de uma resolução envolvendo as delações são medidas "indispensáveis à superação da situação fática vivenciada pelo País e que muitos prejuízos têm trazido à União e, consequentemente, a toda a população brasileira".

A carta, enviada nesta segunda-feira, 12, foi recebida às 16h55 por Janot, de acordo com a cópia do documento divulgado pelo Planalto.

Temer embarcou hoje à tarde para São Paulo, depois de uma série de conversas e articulações para tentar conter o estrago da delações e os problemas causados na base aliada, que já começa a apresentar insatisfações, sinalizando até mesmo alguns desembarques do governo.

Na primeira denúncia contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros, na Operação Lava Jato, formalmente acusado de corrupção passiva pelo recebimento de R$ 800 mil, em 2009, o procurador-geral da República Rodrigo Janot destacou que o peemedebista e seu antigo aliado, o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE), "com vontade livre e consciente, comunhão de desígnios e divisão de tarefas, ocultaram e dissimularam, em favor do primeiro (Renan), a origem, a disposição e a movimentação desses recursos".

Na avaliação de Janot, a circulação de valores incluiu o Diretório Nacional e Comitês do PMDB. Segundo o procurador, Renan se valeu da "interposição de pessoas físicas e órgãos diversos de pessoa jurídica, do Diretório Nacional e dos Comitês do PMDB por onde transitaram os recursos, e a mescla com valores lícitos, em operações distintas". "Essa mistura de ativos ilícitos com outros constitui mais uma modalidade independente de lavagem de valores denominada commingling (mescla)", destaca Janot.

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O procurador atribui a Renan corrupção passiva (por duas vezes) e lavagem de dinheiro, em dez operações. A denúncia envolve ainda o deputado Aníbal Gomes e o empresário Paulo Twiaschor, este por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em um dos inquéritos contra o peemedebista abertos no âmbito da Operação Lava Jato. Renan é acusado pela Procuradoria de cometer os crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Segundo a investigação, Renan teria recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. O deputado Aníbal Gomes foi denunciado junto com Renan Calheiros. No pedido, o PGR solicita ainda a perda das funções públicas dos parlamentares.

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Em troca dos valores, os parlamentares teriam oferecido apoio político ao então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que mantinha a empreiteira em licitações da estatal.

Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado.

Renan já é réu perante o STF em uma ação penal e alvo de outros 10 inquéritos, além da denúncia oferecida nesta segunda-feira, 12.

Ao sair de reunião realizada na manhã desta segunda-feira (12) com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que os dois não trataram do vazamento do anexo de delação da Odebrecht. Segundo Janot, a conversa foi sobre a criação de um grupo formado por Polícia Federal e Ministério Público para atuação em uma "investigação do Rio de Janeiro".

Mais cedo, o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) informou que Moraes e Janot tiveram reunião de 35 minutos pela manhã na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O encontro ocorreu após vazamentos relacionados à delação da Odebrecht lançarem suspeitas sobre pagamentos da empreiteira ao presidente Michel Temer e à cúpula do governo.

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A reunião não constou da agenda do ministro da Justiça desta segunda-feira. A assessoria do ministro informou que ele cumpriria agenda em São Paulo a partir das 12 horas. No entanto, Moraes entrou no gabinete do procurador-geral da República às 11h45. Abordado, o ministro não respondeu perguntas de jornalistas na saída.

Na manhã desta segunda-feira, antes da audiência na PGR, Moraes também teve reunião com o presidente Michel Temer.

No domingo, 11, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que aliados do presidente da República pretendem reforçar durante esta semana críticas ao vazamento do anexo de delação premiada do executivo Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, em um esforço para tentar anular o acordo. Uma reunião de emergência foi realizada na noite de domingo no Palácio do Jaburu. O escalado, inicialmente, para fazer as críticas ao vazamento foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

No sábado, Janot informou que iria solicitar uma investigação para apurar o vazamento de anexo de delação da Odebrecht.

Após vazamentos relacionados à delação da Odebrecht lançarem suspeitas sobre pagamentos da empreiteira ao presidente Michel Temer e à cúpula do governo, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, se reuniu com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O encontro ocorreu no período da manhã desta segunda-feira (12) na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília, e durou 35 minutos.

A reunião não consta da agenda do ministro da Justiça desta segunda-feira. A assessoria do ministro informou que ele cumpriria agenda em São Paulo a partir das 12 horas. No entanto, Moraes entrou no gabinete do procurador-geral da República às 11h45. Abordado, o ministro não respondeu a perguntas de jornalistas na saída.

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Na manhã desta segunda-feira, antes da audiência na PGR, Moraes também teve reunião com o presidente Michel Temer.

No domingo (11), o jornal O Estado de S. Paulo revelou que aliados do presidente da República pretendem reforçar durante esta semana críticas ao vazamento do anexo de delação premiada do executivo Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, em um esforço para tentar anular o acordo. Uma reunião de emergência foi realizada na noite de domingo no Palácio do Jaburu. O escalado, inicialmente, para fazer as críticas ao vazamento foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Jucá, assim como Temer, foi citado pelo executivo. No anexo de delação, Melo Filho diz que esteve presente em uma reunião no Jaburu em 2014 na qual Temer pediu a Marcelo Odebrecht "apoio financeiro" às campanhas do PMDB. Na ocasião, o então presidente da empreiteira se comprometeu a um pagamento de R$ 10 milhões, segundo o delator.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco, também foram citados pelo delator. No total, cerca de 50 políticos são citados no anexo.

Aliados do governo pretendem usar como justificativa para pedir a anulação da delação da Odebrecht o vazamento à imprensa. Em agosto, Janot chegou a suspender as tratativas de delação da OAS por causa de um vazamento. No caso da OAS, no entanto, o acordo de delação ainda não havia sido assinado.

No sábado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informou que iria solicitar uma investigação para apurar o vazamento de anexo de delação da Odebrecht.

Brasília, 10/12/2016 - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, irá pedir uma investigação sobre o vazamento do anexo de delação premiada de um dos executivos da Odebrecht. Na sexta-feira, 9, um anexo de 82 páginas da delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais do grupo Odebrecht, foi divulgado por veículos de comunicação. O Estado obteve o documento, em que o executivo menciona que o presidente da República, Michel Temer, fez pedido de apoio financeiro para o PMDB ao presidente e herdeiro da empresa, Marcelo Odebrecht.

"Em virtude da divulgação, pela imprensa, de documento sigiloso que seria relativo à colaboração premiada de um dos executivos da Odebrecht, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitará abertura de investigação para apurar o vazamento", informa nota divulgada na noite deste sábado pela Procuradoria-Geral da República.

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A PGR afirma ainda que o vazamento "além de ilegal, não auxilia trabalhos sérios que são desenvolvidos e é causa de grave preocupação para o Ministério Público Federal, que segue com a determinação de apurar todos os fatos com responsabilidade e profissionalismo".

Os vazamentos de informação da delação premiada podem gerar, inclusive, a anulação do acordo. Em agosto, Janot suspendeu as negociações de acordo de delação premiada com o executivo Léo Pinheiro, da OAS, após vazamento de trecho do que o empreiteiro prometia contar ao Ministério Público.

"O MPF volta a expressar que todo documento de colaboração, para que possa ser usado como prova e para que tenha cláusulas produzindo efeitos jurídicos para o colaborador, somente possui validade jurídica após regular homologação pelo Supremo Tribunal Federal", complementa a nota da Procuradoria.

O anexo da delação é o documento entregue no qual o delator se detalha o que pode contar em troca do benefício de uma pena reduzida. Após a entrega dos anexos, negociação da pena e assinatura do acordo de delação, a Odebrecht entra nessa semana na fase de colheita formal dos depoimentos dos delatores. Só após a oitiva de todos os 77 executivos que fazem parte do acordo da empreiteira o material é encaminhado ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF) que é responsável por homologar o acordo. (Beatriz Bulla e Fábio Serapião)

O procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que o combate à corrupção representa "um importante instrumento da evolução do nosso processo civilizatório". "O desenvolvimento da nossa sociedade se dará de maneira mais aprimorada se incorporarmos, não só na agenda das instituições, mas no cidadão brasileiro, o combate à corrupção", declarou Janot nesta quarta-feira, 7, durante debate sobre as 10 Medidas do Ministério Público Federal (MPF), no Dia Internacional de Combate à Corrupção.

Durante o evento, promovido pela Câmara de Combate à Corrupção do MPF, em Brasília, o procurador-geral enfatizou a importância do trabalho cooperado entre todas as instituições e órgãos de controle "para atingir os objetivos de aprimorar o combate à corrupção".

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De acordo com Janot, "a transparência é fundamental para que seja demonstrada uma atividade profissional, não ideológica e destinada única e exclusivamente ao combate à corrupção".

Em relação às 10 Medidas contra a Corrupção, o procurador destacou que "todos esses instrumentos constam de tratados ou de convenções internacionais, ou já foram provados em países cujo o desenvolvimento do processo civilizatório está além do nosso"

Ao destacar "a importância" do Legislativo no combate à corrupção, Janot declarou que "sem uma base legal eficaz e moderna, que coloque à disposição dos órgãos de controle os instrumentos necessários para a atuação de cada um, nada disso seria ou será possível".

Segundo ele, a aprovação da Lei da Ficha Limpa, da Lei de Acesso à Informação, da Lei de Combate ao Crime Organizado - que possibilitou a colaboração premiada -, e da modernização da Lei de Lavagem de Dinheiro foi fundamental para atingir aos resultados atuais.

Ao final de sua exposição, o procurador-geral da República anunciou detalhes do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado pela Câmara de Combate à Corrupção com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

O objetivo do Termo é disciplinar os saques de recursos públicos em espécie nas instituições bancárias oficiais. "Será um salto de enorme de qualidade no controle da circulação dos valores públicos que são depositados nesses bancos, que tiveram a sensibilidade de entender que o saque em espécie dificilmente torna viável o rastreamento desse dinheiro depois. Além disso, mostra que a atividade do Ministério Público Federal não é só repressiva. A gente também trabalha na prevenção. A prevenção é o melhor remédio no combate à corrupção", afirmou Rodrigo Janot.

Durante a sessão que vota se Renan Calheiros (PMDB) permanece ou não na presidência do Senado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez diversas ponderações sobre a permanência do senador. “Seria constitucionalmente admissível que um réu, que cometeu crime contra a administração pública, pudesse prosseguir como um chefe de um dos poderes da República?”. 

Os questionamentos continuaram. “Que mensagem, que exemplo que este estado daria para as nossas crianças, adolescentes, para o povo em geral?”. Janot destacou que Renan é uma “pessoa acusada de graves crimes contra administração pública em processo admitido perante esta corte”.

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“Não é admissível, portanto, que alguém na condição de acusado de infração penal impeça o normal funcionamento dos órgãos do país, contribua para degradar a respeitabilidade das instituições da República e o princípio da moralidade expressamente exigido no pilar do serviço público”, acrescentou.

O procurador também se disse preocupado por dois motivos maiores. “O primeiro deles, da recusa de um senador da República, de um chefe do poder do estado, recusar em receber intimação expedida pela mais alta corte de Justiça deste país em crimes sucessivos e registrados”.

“O segundo e igualmente preocupante é que houve a recusa expressa de um dos poderes de cumprir um acorde judicial por horas como dito na tribuna. A liminar proferida, na segunda feira [5], e, hoje, quarta, este tribunal com o seu pleno está apreciando a liminar. Houve a recusa de um dos poderes da República em cumprir uma decisão legitima proferida pelo órgão judicial competente”, pontuou.

Rodrigo Janot ainda fez uma alerta. “Desafiar uma decisão judicial é como desafiar as noções fundamentais de um estado democrático de direito. É aceitar que uns poucos cidadãos podem mais, que podem escolher arbitrariamente quando se submeterão aos mandamentos legais e jurisdicionais”. 

 

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu nesta quarta-feira (7) a versão do pacote anticorrupção apresentada pelo Ministério Público Federal, que acabou descaracterizada na Câmara dos Deputados. Em evento comemorativo ao Dia Internacional contra a Corrupção, que se celebra no dia 9 de dezembro, Janot disse que as medidas originais não constituem uma "jabuticaba" e ressaltou que a prevenção é o melhor remédio no combate a irregularidades.

"O melhor detergente que existe é a luz do sol. A transparência nas nossas atividades, a transparência nas atitudes funcionais que tomamos, na atuação de cada um desses órgãos de controle, é essencial. A transparência é essencial pra que não se deixe dúvidas na atuação dos órgãos de controle", afirmou Janot.

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Entre as propostas apresentadas pelo Ministério Público estavam a criminalização do enriquecimento ilícito, o aumento das penas de corrupção, a criminalização do caixa 2 e a punição objetiva de partidos políticos por corrupção em condutas futuras.

"Nenhuma dessas medidas constitui jabuticaba, nenhuma delas é invenção brasileira", disse Janot, destacando que as medidas propostas pelo Ministério Público já foram testadas em países com legislação mais avançada. "Esses instrumentos são constantes de tratados e convenções internacionais que recomendam boas práticas", acrescentou o procurador-geral da República.

A Câmara dos Deputados fez mudanças ao pacote, aprovando uma emenda que prevê punições a juízes e membros do Ministério Público, que poderão responder por abuso de autoridade.

"Inacreditável" é a palavra usada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre a tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de colocar em votação ainda na noite destaa quarta-feira (30) o pacote de medidas originalmente contra a corrupção aprovado na Câmara dos Deputados.

"Me recuso a acreditar que tenha havido uma manobra para, abusando do cargo que exerce, conseguir algum retorno para si próprio", disse Janot, em entrevista por telefone ao jornal O Estado de S. Paulo, citando o julgamento de Renan pelo Supremo Tribunal Federal (STF) previsto para acontecer nesta quinta-feira, dia 1º.

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Da China, onde participa de encontro dos procuradores-gerais dos países que compõem os Brics, Janot disse que ainda não conversou com a equipe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Na quarta-feira, os procuradores que integram o grupo ameaçaram renunciar caso o projeto passe no Senado da forma como está e venha a ser sancionado pelo presidente da República, Michel Temer. O procurador-geral avalia que a força-tarefa teve essa reação "no calor da notícia". "A sociedade brasileira espera de nós não um recuo, espera que continuemos caminhando", afirmou.

Sobre a votação na Câmara, Janot afirmou que "as 10 medidas contra a corrupção morreram e, ao invés delas, o que veio foi um instrumento de pressão sobre o Ministério Público e a magistratura". "O que houve foi um massacre."

Autointitulado um "otimista incorrigível", o procurador-geral disse que confia na possibilidade de reverter a situação. "O caminho é longo", disse. Segundo ele, depois da votação no Senado ainda há a chance de veto presidencial e, depois, a possibilidade de questionar o texto no STF.

Veja abaixo principais trechos da entrevista

Como avaliou a tentativa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de votar o projeto anticorrupção ainda ontem (quarta-feira), no mesmo dia em que o texto alterado passou na Câmara?

Achei inacreditável. Eu não quero crer que, a escopo de aprovar uma lei de abuso de autoridade, um presidente de Poder possa ter abusado do poder para atingir interesses que não sei quais são. Continuo confiando nas instituições do Brasil, no Senado da República, muito atento aos anseios da sociedade. Me recuso a acreditar que tenha havido uma manobra para, abusando do cargo que exerce, conseguir algum retorno para si próprio.

Qual retorno sugere que Renan conseguiria para ele mesmo?

Não sei. Me recuso a acreditar que tenha sido uma retaliação pelo fato de uma denúncia oferecida contra ele estar sendo julgada exatamente hoje (quinta-feira) pelo Supremo Tribunal Federal. Me nego a acreditar nisso.

O sr. diz que confia no Senado. Mas também falou que confiava na Câmara e veio essa mudança na votação do pacote. O que vai fazer para evitar uma nova surpresa negativa, agora no Senado?

Sempre nos dispomos a dialogar, a conversar. Trouxemos ao conhecimento da Câmara, da comissão que estudou essas 10 medidas todo o normativo internacional que dá suporte às medidas. Nessas 10 medidas não estamos inventando nada, nada, nada. Essas medidas têm suporte na Convenção de Mérida, na Convenção, na Convenção de Palermo.

Restou algo original das 10 medidas defendidas pelo Ministério Público?

O que a Câmara fez foi absolutamente dizimar as 10 medidas. Não existem mais, acabou tudo. O que houve foi um massacre. Houve a recusa pela recusa. Todas as medidas foram rechaçadas. Essas medidas não se destinavam exclusivamente à investigação e combate à corrupção, mas à investigação do crime organizado, de terrorismo. Eram instrumentos penais importantes para atuação do MP também em corrupção, mas não só. Eu fico estarrecido quando a Câmara não tem a sensibilidade de entender o que o povo quer. Foram 2,4 milhões assinaturas e milhões de manifestações de pessoas aprovando essas medidas. Sempre disse: essas medidas não são ponto de chegada, são ponto de partida. Se existem dúvidas, vamos aperfeiçoar. Agora, não vamos aniquilar. O que houve foi o não pelo não. As 10 medidas contra a corrupção morreram e, ao invés dela, o que veio foi um instrumento de pressão sobre o MP e magistratura.

O que incomoda o MP e o Judiciário na instituição do abuso de autoridade?

Óbvio que todos querem uma lei de abuso de autoridade. Queremos uma lei moderna, eficiente, que atenda o contexto da sociedade atual. Mas sem essa correria. Uma lei que tipifica crime de hermenêutica nem no nazismo e no fascismo era admitida. Fiquei estupefato com essa insensibilidade da Câmara. A Câmara é Casa do povo, tem que ter ouvidos para o povo.

O senhor confia em um eventual veto do presidente da República no caso de o texto ser aprovado no Senado da forma como veio da Câmara?

Cada dia com sua agonia. Eu confio no Senado brasileiro. Tanto é que por larga maioria a urgência não foi aprovada. É um sinal claro que o Senado quer diálogo. O Senado é uma instituição que pensa na República. Quando por larga margem foi recusada a urgência o recado claro que o Senado passa é que esse assunto é grave demais para ser aprovado na calada da noite, num subterrâneo sem luz do sol. Cada dia com sua agonia. Nunca nos recusamos a dialogar.

A força-tarefa divulgou que poderia renunciar ao trabalho na Lava Jato se esse projeto fosse aprovado. O senhor divulgou uma nota em sentido oposto, falando que o MP deve continuar combativo. Já conversou com eles sobre o posicionamento e a possível renúncia?

Não sei em que circunstâncias eles fizeram essa declaração, mas meu entendimento é que esse não é momento de recuo, é momento pra avançar. Estamos fazendo um trabalho profissional, objetivo e sem medo e isso deve continuar dessa maneira. Nosso trabalho é apartidário, não tem ideologia e assim deve continuar. A sociedade brasileira espera de nós não um recuo, mas sim que continuemos caminhando. Não posso dizer a razão pela qual decidiram fazer essa declaração. Pode ser até no calor da notícia, porque uma notícia dessas é de estarrecer qualquer um. Todo mundo agora de cabeça fria, vamos respirar fundo, meditar e dizer: essa é uma luta longa, que continua agora com sinal claro do Senado que quer conversar sobre toda essa questão. Depois do Senado, tem o veto da presidência da República e depois tem o Supremo Tribunal Federal. O caminho é longo. Confio que poderemos reverter isso e vamos continuar a rediscutir todas essas questões.

O senhor está na China para uma reunião dos Brics. Falaram sobre combate à corrupção?

Por proposta da China, os países dos Brics deverão centrar esforços para investigar casos de corrupção, com o fundamento que Brasil dá exemplo de que é possível desvendar casos de corrupção e prosseguir nesses casos independentemente de quem sejam os investigados. Eles falaram sobre as dez medidas. Imagina quando ficarem sabendo o que o Congresso brasileiro fez ontem e anteontem? É muita vergonha, finalizou Janot.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta manhã que a Lava Jato tem potencial para acabar com a corrupção endêmica no País. "Ninguém tem a ilusão de que essa investigação vá acabar com a corrupção no País. O que a gente tem é que controlar a corrupção endêmica. Não tem herói, santo, que num passe de mágica vai dizer que o Brasil virou um paraíso", disse Janot, em conversa com jornalistas.

Para falar sobre o combate à corrupção, Janot recorreu a uma figura de linguagem e disse que a investigação "envergou uma vara" no País. "Nós chegamos a esse ponto da investigação. Nós envergamos uma vara. Se agora isto não prossegue e essa vara solta, ela volta e volta chicoteando todo mundo. Nós dobramos a vara e essa vara tem que ser quebrada", afirmou Janot.

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Ele fez um paralelo à Itália ao falar sobre reações de "autopreservação" dos centros de poder, diante do avanço do combate à corrupção. O procurador-geral da República comparou medidas como a tentativa de anistia a caixa dois e lei de abuso de autoridade ao que ocorreu na Itália, na Operação Mãos Limpas. No país europeu, o congresso avançou em medidas que atrapalham as investigações diante do aprofundamento do combate à corrupção.

"A vara está envergada, estamos em um nível que estamos por vencer o limite dessa corrupção endêmica. Temos que cruzar essa linha e dizer: agora vencemos a corrupção endêmica. A corrupção episódica existe no mundo inteiro e vai continuar existindo. A vara está envergada e eu espero que seja sim a Lava Jato que vá quebrar essa vara no sentido de quebrar a corrupção endêmica e sistemática", afirmou.

Ele também defendeu a redução da quantidade de autoridades que tem direito a foro privilegiado. Segundo ele, há hoje aproximadamente 22 mil autoridades com prerrogativa de foro no País, que não são julgados pela justiça em primeiro grau, mas por tribunais. "O foro privilegiado é um problema e o sistema recursal também é um problema", disse Janot, em conversa com jornalistas, na sede da Procuradoria-Geral da República.

O procurador criticou a proposta de lei de abuso de autoridade que tramita hoje, classificando o texto como "muito ruim". "Todo nós - ou cidadão ou agente político - queremos uma lei que puna o abuso de autoridade (...) A proposta que tramita no senado hoje é muito ruim", afirmou. Ele afirmou que a proposta não pode deixar os "tipos de abuso" em aberto, nem criminalizar a "hermenêutica" - a interpretação dos juízes, por exemplo. "Hoje o ato mais visível do abuso de autoridade é a 'famosa carteirada’. E essa lei não se refere a isso", afirmou.

Ele defendeu o sigilo de investigações em curso e afirmou que o vazamento de informações de delação premiada é prejudicial "A mobilização da opinião pública tem que ocorrer no caso das modificações legislativas. O vazamento é mais prejudicial à investigação do que ajuda a investigação. O clamor popular não interfere na investigação. O sucesso dessas investigações está no sigilo", disse Janot.

Economia

O procurador-geral da República rebateu críticas de que a investigação possa ser prejudicial à economia e afirmou que o modelo descoberto pela Lava Jato não é o modelo que se quer "resguardar", porque baseado em práticas de cartel e suborno.

"Qual era o quadro da economia por trás dessas empresas? Era uma economia assentada em cima de cartelização, de um capitalismo tupiniquim de acerto, pagamento de suborno. Quem chega a um ponto desse por esse meio espúrio não tem nenhum compromisso com competição, nenhum compromisso com desenvolvimento tecnológico. Não é essa a economia que se pretende resguardar e, se for, vamos alterar a constituição e dizer que o modelo nosso não é capitalista e não é modelo de competição", disse Janot.

Ele negou qualquer viés político nas investigações. "Os números não revelam isso. Não revelam que estejamos privilegiando nenhum grupo partidário. Todos aqueles são igualmente investigados, de A a Z, e o enfrentamento desse modo de fazer política não criminaliza a política. Estamos enfrentando um modo de atuar criminalmente", afirmou.

Nove ministros do governo Michel Temer e mais dois ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) foram alvo de acusações criminais em denúncias por irregularidades no uso da cota parlamentar. Eliseu Padilha (Casa Civil), Bruno Araújo (Cidades), Leonardo Picciani (Esportes), Mendonça Filho (Educação), Maurício Quintella (Transportes, Portos e Viação Civil), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Ricardo Barros (Saúde), Raul Jungmann (Defesa), Sarney Filho (Meio Ambiente), Ana Arraes (TCU) e Vital do Rêgo (TCU) estão na lista apresentada pela Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1) ao Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana.

Todas as acusações são referentes ao período em que os ministros exerceram mandato de deputado federal, entre 2007 e 2009. No total, cerca de 45 denúncias envolvendo 213 políticos com foro privilegiado foram oferecidas ao STF pelo procurador regional da República da primeira região Elton Ghersel.

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Entre os denunciados, foram citados cerca de 174 deputados federais e 25 senadores. Outros seis políticos tiveram denúncias encaminhadas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre eles quatro governadores: Rodrigo Rollemberg (DF), Flávio Dino (MA), Jackson Barreto de Lima (SE) e Suely Campos (RR).

Também parecem na lista de denunciados atuais lideranças do Senado, como o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), do DEM, Ronaldo Caiado (GO), do PSDB, Paulo Bauer (SC), do PR, Wellington Fagundes (MT), e do PTdoB, Vanessa Grazziotin (AM). Na Câmara, os ex-presidentes da Casa Marco Maia (RS) e Arlindo Chinaglia (SP), ambos do PT, também são suspeitos de utilizar a cota para atividade parlamentar indevidamente. Além disso, há ainda membros do TCU, como os ministros Vital do Rêgo Filho e Ana Arraes.

O parecer do procurador que cita os casos envolvendo políticos com foro privilegiado ainda não chegou aos tribunais superiores. No caso do Supremo, será designado um relator para analisar o caso, que só terá sequência após aval do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Já no STJ é o vice-procurador-geral, José Bonifácio Borges de Andrada, quem decidirá sobre a sequência do inquérito.

As investigações foram feitas pela Procuradoria e pela Polícia Federal a partir de denúncias feitas entre 2007 e 2009. O Ministério Público identificou que as passagens aéreas não eram utilizadas pelos ex-parlamentares denunciados apenas para o exercício do mandato, e sim para patrocinar viagens pessoais e uso de terceiros.

Em março deste ano, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou o arquivamento de alguns processos do caso conhecido como "farra das passagens aéreas", que envolveu denúncias de que gabinetes de deputados negociavam com agências de viagens passagens da cota de alguns parlamentares. Na decisão, o ministro cita que, conforme apontou a Procuradoria, a utilização de passagens aéreas na Câmara não tem regras claras e não há como confirmar se houve intenção de fraudar por parte dos parlamentares.

O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) se esquivou de perguntas sobre a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de se declarar suspeito para analisar delação premiada que cita o peemedebista. O trecho em questão é da delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Hypermarcas Nelson Mello, que menciona repasses de R$ 5 milhões à campanha do atual senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) ao governo do Ceará, em 2014. "Eu não vou falar sobre isso. Esse assunto não cabe a mim, cabe ao procurador Janot. Você tem que perguntar a ele", respondeu o senador sem mais delongas.

Nelson Mello é um dos delatores da Operação Lava Jato e afirmou em depoimento que ajudou financeiramente a campanha de Eunício Oliveira para o governo do Ceará em 2014, a pedido de um sobrinho do senador chamado Ricardo. Mediante contratos fictícios, o ex-diretor da Hypermarcas teria pagado despesas de empresas que prestavam serviços à campanha do peemedebista. O valor total dos contratos seria de R$ 5 milhões.

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Procurada pela reportagem, a assessoria da Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que Janot declarou "suspeição" por uma questão de "foro íntimo", conforme explicitado no documento, mas não entrou em detalhes.

Com a declaração de suspeição de Janot, coube ao vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, analisar o caso.

O ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL) é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter recebido ao menos R$ 29 milhões em propinas entre 2010 e 2014 referentes a dois contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras que, segundo revelaram as investigações da Lava Jato, também teria sido palco de um esquema de corrupção e loteamento de cargos políticos de maneira similar ao que ocorreu na estatal petrolífera.

A acusação faz parte da denúncia contra o senador que foi oferecida ao Supremo em agosto de 2015, e aditada em março deste ano, e estava sob sigilo até agora.

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O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, levantou o segredo dos autos.

Segundo a acusação, as propinas estariam relacionadas a um contrato da BR de troca de bandeira de postos de combustível com a empresa Derivados do Brasil (DVBR), e a um contrato de construção de bases de distribuição de combustíveis firmados entre a BR Distribuidora e a UTC Engenharia.

A denúncia, de 18 de agosto de 2015, subscrita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, informa a existência de uma "organização criminosa relacionada à BR Distribuidora, voltada principalmente ao desvio de recursos públicos em proveito particular, à corrupção de agentes públicos e à lavagem de dinheiro".

Isso teria ocorrido devido a influência do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sobre a empresa, diz a Procuradoria.

Também são denunciados: Caroline Serejo Medeiros Collor de Melo, mulher do senador; Luís Pereira Duarte de Amorim, apontado pelos investigadores como 'testa-de-ferro' do senador; o empresário Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, suposto 'operador particular' do senador; Luciana Guimarães de Leoni Ramos, mulher de Pedro Paulo; os assessores parlamentares Cleverton Melo da Costa (falecido), Fernando Antônio da Silva Tiago e William Dias Gomes; e Eduardo Bezerra Frazão, diretor financeiro da TV Gazeta de Alagoas. Os denunciados respondem pelo crime de organização criminosa.

O senador responde por corrupção passiva (30 vezes), lavagem de dinheiro (376 vezes) e peculato (48 vezes); Caroline Collor, por lavagem de dinheiro (74 vezes); Pedro Paulo, por peculato qualificado, corrupção passiva (30 vezes), fraude à licitação (quatro vezes), violação de sigilo funcional (quatro vezes) e lavagem de dinheiro (348 vezes); e Luciana, por lavagem de dinheiro (duas vezes). Quanto aos demais denunciados: Luís Pereira Duarte de Amorim responde por corrupção passiva (25 vezes) e lavagem de dinheiro (260 vezes); Cleverton Melo da Costa, por lavagem de dinheiro (13 vezes) e peculato (48 vezes); Fernando Antonio da Silva Tiago, por lavagem de dinheiro (quatro vezes), peculato (48 vezes). Quanto ao denunciado já falecido, o STF declarou a extinção de punibilidade.

Pedidos

Além da condenação criminal, o procurador-geral pede a decretação da perda da função pública para os detentores de cargo ou emprego público ou mandato eletivo, principalmente por terem agido com violação de seus deveres para com o Poder Público e a sociedade.

A Procuradoria pede ainda a reparação dos danos materiais e morais supostamente causados pelas condutas dos denunciados, no valor de R$ 154,75 milhões; e a decretação da perda, em favor da União, dos bens e valores objeto da lavagem de dinheiro, judicialmente apreendidos ou sequestrados, no valor de R$ 30,9 milhões.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou a deputada Érika Kokay (PT-DF) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ela é acusada de peculato e crime contra a administração pública por supostos desvios de recursos públicos do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, entidade da qual foi presidente entre 1992 e 1998. Posteriormente, Erika também teria ocultado a origem do dinheiro, depositando valores na conta bancária de um ex-funcionário.

A denúncia foi apresentada pela PGR no dia 21 de setembro, mas a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, relator do caso, só foi publicada nesta terça-feira, 18. Marco Aurélio determinou a notificação da parlamentar, que tem 15 dias para apresentar a sua defesa. O ministro também determinou o desmembramento do processo para que os casos de envolvidos sem foro privilegiado sejam encaminhados para a Justiça Federal de Brasília, além de que testemunhas sejam ouvidas.

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"Afirma (a procuradoria) ter a conduta da deputada consistido no desvio de recursos públicos do Sindicato dos Bancários de Brasília e na posterior ocultação da origem das verbas. Aduz existirem, nos autos, indícios de participação de diretores da entidade sindical e de outras pessoas naturais, quer transferindo os recursos públicos desviados, quer recebendo as quantias após depositadas na conta-corrente mantida por Geraldo Batista da Rocha Júnior (ex-funcionário da deputada)", afirma a decisão do ministro.

Os advogados da deputada haviam solicitado segredo de Justiça, o que foi negado pelo relator do caso no STF. "Nada justifica, sob o ângulo normativo, a tramitação dos autos do inquérito em sigilo", disse Marco Aurélio, justificando que a administração pública é norteada pelo "princípio da publicidade".

Na denúncia apresentada ao STF, Janot afirmou que há "indícios de participação de diretores da entidade sindical e de outras pessoas naturais, quer transferindo os recursos públicos desviados, quer recebendo as quantias após depositadas na conta-corrente mantida por Geraldo Batista da Rocha Júnior".

O inquérito contra a petista foi aberto em 2011 pelo Ministério Público Federal. As investigações começaram após a denúncia de Geraldo, então ex-assessor parlamentar de Erika, à Polícia Federal, em 2008. Ele disse ter sido indevidamente utilizado em sua boa-fé como "laranja". Geraldo disse que teria sido obrigado a abrir uma conta que seria usada pela deputada. A conta no Banco do Brasil teria sido aberta no início de 2003. O ex-assessor de Erika afirmou que ficou "cego" e não percebeu a "verdade".

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu acordos de delação premiada no combate ao crime organizado nesta segunda-feira (17) durante evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Viena. Atualmente, a Procuradoria vive impasse com a Polícia Federal sobre a qual das instituições cabe a responsabilidade de conduzir o instituto.

O procurador-geral destacou que, no Brasil, em 2013, "uma nova lei aprovada contra o crime organizado definiu claramente a participação de um grupo criminoso e regulou a utilização de técnicas especiais de investigação, como acordos de delação, entrega controlada e agentes infiltrados", destacou ele, em referência à Lei 12.850, em vigor no País desde agosto de 2014.

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"Essa lei foi de grande importância para obter os bons resultados em nossa luta contra a corrupção", afirmou. Pela nova legislação, no lugar de quadrilha, o que passa a existir é associação criminosa formada a partir de três pessoas, com hierarquia e divisão de tarefas. Antes, pelo artigo 288 do Código Penal, eram quatro pessoas.

Em abril, o procurador-geral da República chegou a ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) questionando artigos da Lei de Organizações Criminosas que permitem que tanto procuradores da República quanto delegados recorram à delação em investigações. No entendimento dele, a atribuição é exclusiva de integrantes do Ministério Público Federal.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou liminar solicitada por Janot. O mérito da ação - que, nos bastidores, chegou a ser batizada de "Adin da Acrônino" - ainda será julgado pelo plenário da Corte.

Ele acrescentou que, apenas no ano de 2015, mais de 75 casos de colaboração internacional foram fechados entre a Justiça brasileira e parceiros estrangeiros, com base na Convenção de Palermo, que estabelece normas de combate ao crime organizado entre países. Além disso, ele estima que é "importante usar a Convenção para a formação de equipes comuns de investigação". No início do ano, seu gabinete já fechou uma iniciativa nesses moldes com os procuradores suíços para investigar envolvidos na Operação Lava Jato.

"Precisamos criar mecanismos para melhorar a cooperação judiciária em zonas de fronteira", disse Janot. "A grave ameaça do tráfico de armas" também foi destacado pelo procurador-geral. "Esse desafio mundial merece ser visto de perto."

Imigração

Num recado aos europeus, o brasileiro afirmou que os migrantes devem ser vistos como "vítimas, e não como criminosos" "Construir muros e adotar um estratégia de segurança não irá parar o tráfico ilícito de migrantes", disse. "Precisamos construir pontes e, ao fazer isso, estabelecer caminhos claros e acessíveis para a migração regular", defendeu.

Janot ainda alertou que o Brasil tem tido dificuldades para obter provas por meio de cooperação judicial quando o assunto é a criminalidade cibernética. "Precisamos ter uma resposta em escala mundial contra essa ameaça", disse Janot, sugerindo que governos avaliem o tema.

Em Viena, o procurador-geral ainda assinou um acordo de cooperação técnica e capacitação com a Academia Internacional Anti-Corrupção. Ele retorna ao Brasil nesta terça-feira, 18.

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