Tópicos | José Jobim

A atriz Regina Duarte, ex-secretária de Cultura de Jair Bolsonaro, foi processada por "apologia a crimes de tortura praticados na ditadura". A denúncia foi feita por Lygia Jobim, filha do embaixador José Jobim, sequestrado, torturado e morto pela ditadura militar. Segundo o Jornal o Globo, ela alega que Regina Duarte relativizou os atos dos militares em entrevista à CNN Brasil em 7 de maio.

 Lygia cobra uma indenização de R$ 70 mil. A defesa dela é feita pelo advogado Carlos Nicodemos. 

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 O Estado brasileiro reconheceu o diplomata José Jobim como vítima da tortura em 21 de setembro de 2018, quando corrigiu a causa de sua morte. A alteração ocorreu após sua filha lutar por quase 40 anos para provar que o governo forjou a hipótese de suicídio. O embaixador desapareceu uma semana depois de revelar que iria denunciar o superfaturamento da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

A advogada Lygia Maria Jobim, de 64 anos, entregou nesta segunda-feira à Procuradoria da República no Rio um pedido de abertura de inquérito civil para apurar as circunstâncias da morte de seu pai, o ex-embaixador José Jobim, durante a ditadura militar. Ele foi sequestrado ao sair de casa na tarde de 22 de março de 1979, no bairro do Cosme Velho (zona sul do Rio). Seu corpo foi encontrado dois dias depois enforcado, na Barra da Tijuca, zona oeste.

Uma semana antes da morte, o diplomata havia anunciado publicamente que escreveria um livro de memórias para denunciar casos de corrupção na construção da usina de Itaipu (PR), diz Lygia. No documento entregue ao MPF, ela afirma que o inquérito poderá elucidar aspectos históricos, "em especial a motivação de ocultar um escândalo de corrupção envolvendo a usina de Itaipu".

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De acordo com a versão policial divulgada pelo regime militar, houve suicídio - Jobim teria se enforcado com uma corda. Lygia, que estava grávida e tinha 28 anos na época do crime, dedicou mais da metade da vida a tentar descobrir o que aconteceu com o pai.

Em 1983, a então promotora Telma Musse foi designada para cuidar do caso e pediu novas investigações à polícia. Na ocasião, ela baseou-se na "dubiedade do laudo que concluiu pelo suicídio". Dois anos depois, a morte foi qualificada como "homicídio por autor desconhecido" e o processo acabou arquivado.

Jobim começou a trabalhar como jornalista e foi diplomata de carreira até se aposentar. Pouco antes do golpe de 1964, tinha sido enviado ao Paraguai pelo então presidente João Goulart como chefe de uma missão para acertar a compra das turbinas de Itaipu. O projeto original da usina foi realizado no governo de Jango. "Itaipu custou dez vezes mais. Queremos a ajuda do MPF para esclarecer coisas que a ditadura varreu para baixo do tapete e contar a história de tudo o que existe de secreto", afirma João Vicente Goulart, filho do ex-presidente e diretor do Instituto João Goulart, que também assina o pedido de reabertura do caso. "Hoje todos estão surpresos com a investigação da Polícia Federal e a relação pouco ortodoxa das grandes empresas com obras públicas, mas isso não é de hoje. Vem da ditadura."

Lygia, que prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2013, disse que não quer ser indenizada pela morte. "Quero um reconhecimento de responsabilidade. Quem matou meu pai foi Itaipu. Quem destruiu as provas foram agentes do Estado brasileiro, que me deve uma satisfação."

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