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Gustavo Bebianno, Ricardo Vélez, Santos Cruz, Franklimberg Ribeiro, Juarez da Paula Cunha e Joaquim Levy: em cinco meses e meio de governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), já são seis nomes grandes que deixaram ou foram demitidos de suas funções.

Entre chefes de ministérios, empresas públicas e órgãos ligados à administração federal, as seis saídas mexeram com o andamento do governo e, de alguma forma, parecem abalar a estrutura da gestão presidencial. A cadeira que ficou mais recentemente vazia foi a do ex-presidente do BNDES, Joaquim Levy.

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No último sábado (15) Bolsonaro havia concedido uma entrevista em que ameaçou demitir Levy pelo fato dele dizer que tinha a intenção de nomear um executivo que trabalhou na gestão petista. Entretanto, em seguida, Levy se adiantou e pediu demissão. O engenheiro e economista Gustavo Henrique Moreira Montezano foi escolhido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para presidir o Banco.

“Essa troca de cadeiras mostra uma certa instabilidade do governo diante de sua administração. A saída de Levy aconteceu em meio a polêmicas que o presidente, às vezes sem querer, coloca na grande mídia. Possivelmente se ele não tivesse ameaçado demitir Levy durante entrevista coletiva, os encaminhamentos tivessem sido mais discretos”, explica a cientista política Larissa Leonel.

Pouco antes da saída de Levy, Bolsonaro havia anunciado a demissão do então presidente dos Correios, Juarez da Paula Cunha. A justificativa do presidente é que Cunha “foi ao Congresso e agiu como sindicalista” ao criticar a eventual privatização da estatal e tirar fotos com parlamentares do PT e do  PSOL. A demissão ocorreu durante um café com jornalistas, na última sexta-feira (14).

Com bastante interferência dos filhos do presidente, a cadeira vazia deixada pelo ex-ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, foi motivada por ataques do vereador Carlos Bolsonaro (PSC) e do escritor Olavo de Carvalho. Santos Cruz foi o primeiro ministro militar a sair do governo e ele foi intensamente criticado pela rede bolsonarista.

Santos Cruz deixou o governo na última quinta-feira (13) antecedendo a sequência de saídas formada por Juarez da Paula e Joaquim Levy. O substituto dele é outro militar, o general Luiz Eduardo Ramos Baptista. Bolsonaro informou, ainda, que convidou Santos Cruz para ocupar a vaga da Presidência dos Correios. Mas a proposta não foi para frente até então.

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“O governo precisa trabalhar mais em cima de estabilidade para que sua confiança diante da população possa evoluir. São quase seis meses de governo e muitas polêmicas, mas muitas delas poderiam ser diminuídas ou até evitadas. A falta da imagem amistosa de Bolsonaro atrapalha até o convencimento de que o governo vai retomar um trabalho próspero. Não basta apenas anunciar investimentos ou ações Brasil afora, a população quer ver uma equipe que não esteja envolvida constantemente em polêmicas negativas”, pontua Larissa Leonel.

Após reassumir a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai) em janeiro, o general do Exército Brasileiro Franklimberg de Freitas deixou o cargo cinco meses depois. No começo do mês de junho, Freitas deixou o comando do órgão. Entre as seis saídas do governo, talvez a do ex-presidente da Funai tenha sido a mais discreta.

Ele passou a ser alvo de pressão de ruralistas liderados pelo secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Antonio Nabhan Garcia. Ao deixar o cargo, Freitas disse que a Funai é alvo de interesses sem relação com a causa indígena.

O colombiano Ricardo Vélez, que ocupava o cargo de ministro da Educação, é responsável por uma das saídas mais tumultuosas do governo. O olho do furacão que Vélez se viu envolvido foi quando revelou-se um e-mail no qual o então ministro pedia para todas as escolas do Brasil lerem o slogan da campanha de Bolsonaro e filmarem as crianças cantando o Hino Nacional.

Porém, antes disso, o colombiano enfrentava uma crise que vinha desde a posse de Bolsonaro, com disputa interna entre grupos adversários no Ministério da Educação, medidas contestadas, recuos e quase 20 exonerações no ministério. A cadeira deixada por Vélez foi ocupada pelo - também polêmico - Abraham Weintraub.

Completando a lista dos seis afastados do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), há o nome do ex-secretário Geral da Presidência, Gustavo Bebianno. Ele foi o primeiro membro do governo a ser demitido, em 19 de fevereiro deste ano. Bebianno foi acusado de supostas irregularidades em campanhas eleitorais do PSL, mesmo partido do presidente.

Bebianno foi coordenador da campanha de Bolsonaro em 2018 e presidiu a legenda durante as eleições. Ele era o responsável legal por repasses para candidaturas pouco competitivas em Pernambuco, que ficaram conhecidas como candidaturas laranjas.

A história mais uma vez teve a participação de Carlos Bolsonaro, que na época chamou Bebianno de mentiroso e inflamou toda a situação. Jair Bolsonaro reafirmou a afirmação do filho e, no fim das contas, decidiu pela demissão do ex-secretário Geral da Presidência. A vaga foi ocupada pelo general da reserva Floriano Peixoto Neto.

“O caso de Bebianno precedeu uma série de outras polêmicas, mas o dele pareceu ser mais grave para o governo porque o presidente não tinha ainda nem dois meses de atuação à frente do Planalto. Como os fatos já mostraram, a forte interferência dos filhos de Bolsonaro no governo é uma característica nociva ao trabalho que o presidente tenta desenvolver. A partir de agora, mesmo que seja difícil, o Governo Federal deve tentar manter uma estabilidade para recuperar uma certa hegemonia que está em falta diante da grande mídia e diante dos brasileiros”, acrescenta a cientista política Larissa Leonel.

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