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Em 2014, o LeiaJá publicava uma notícia animadora para a saúde das brasileiras. O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asamida Universidade Federal de Pernambuco (LIKA/UFPE) juntavam forças para criar um novo método de detectar a presença de células cancerígenas e, com sorte, diminuir o índice de fatalidade. Quase 3 anos depois, outras iniciativas avançaram no mundo, mas o projeto pernambucano sofre para seguir existindo.

José Luiz Lima Filho, diretor do LIKA, atribui a lentidão à crise econômica. "Empresas que podiam fornecer insumos para a pesquisa fecharam e temos que buscar no exterior, o que deixa tudo mais caro. Estamos buscando incentivo financeiro de empresas no exterior", explicou.

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O biossensor idealizado pelos pernambucanos funcionaria como um ‘rastreador biológico’. "Quando você coloca o sangue processado no biossensor, é detectado se a outra parte, a outra metade desta tira de DNA está presente. Basicamente, a funcionalidade é baseada numa condição, se ele não tiver, passa uma corrente pelo biossensor, se ele tiver, não passa. Ou seja, a medição que fazemos é baseada em corrente, que é a parte eletrônica", explicou Eduardo Peixoto, do CESAR, na época da nossa primeira repeortagem, em 2014. 

O novo processo conseguiria identificar a presença da célula cancerígena entre 30 a 45 minutos. Além de ser feito em menos tempo, o processo não dependeria de uma identificação visual, pois funcionaria através de uma relação eletroquímica. Com ele, seria possível detectar a célula cancerígena nos primeiros estados, muito antes do tumor de desenvolver. 

No entanto, o projeto não avançou muito e alguns dos pesquisadores que trabalhavam no biossensor já concluíram seus doutorados e saíram, assim como o CESAR. Se em 2014, a previsão era de que os primeiros sensores fossem usados, na prática, entre 2017 e 2018, agora não há mais data para o equipamento estar pronto. "Desde o ano passado que as bolsas de CNPq foram suspensas, o que tem dificultado nosso trabalho, porque não há recurso para a pesquisa, apenas para pesquisadores. Houve um corte de mais de 40% na semana passada. Não acho que falte vontade ao governo. O país passa por uma crise econômica", disse José Luiz.

Buscando alternativas, os pesquisadores buscam apoio de outros países. "Estamos recebendo visita de pessoas ligadas ao consulado dos Estados Unidos, que estão nos ajudando a consegui financiamento no exterior, junto à empresas privadas", disse o diretor do LIKA, acrescentando que acha mais fácil que os governos do Japão e dos EUA ajudem do que o próprio governo brasileiro. "Mas eu não vou desistir", desabafou o professor José Luiz Lima Filho.

O projeto de biossensor para a detecção de câncer de mama em estágio inicial, realizado em conjunto pelo Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), ganhou a medalha de prata no torneio iGEM Competition, promovido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetss (MIT), em Boston, nos Estados Unidos, entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro.

“Nós estamos fazendo ciência de qualidade ganhando esse prêmio em Boston e, ao mesmo tempo, estamos produzindo um trabalho científico com impacto social”, avaliou o diretor do Lika e um dos tutores da pesquisa, José Luiz de Lima. “Estamos com um grupo de alunos muito bom e que está representando muito bem nossa Universidade lá fora”, completou. O biossensor faz uma análise da amostra se sangue recolhida da mulher, e identifica se há presença de células que possam desenvolver o câncer, que é o mais letal no sexo feminino. 

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Para mais informações sobre o biossensor, confira a matéria do Portal LeiaJá com o LIKA e CESAR

Outubro é conhecido como o mês rosa. Pessoas de todo o mundo procuram chamar atenção para a luta contra o câncer de mama. É a doença que mais mata mulheres no Brasil e, no mundo, é o câncer mais letal contra o sexo feminino. Pensando nisso, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asamida Universidade Federal de Pernambuco (LIKA/UFPE) estão juntando forças para criar um novo método de detectar a presença de células cancerígenas e, com sorte, diminuir o índice de fatalidade.

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A ideia surgiu por causa da falta de garantia nos processos de detecção atuais. “Existem várias formas de detectar o câncer de mama", explica o professor José Luiz Lima Filho, diretor do LIKA. "Tem aquelas mais corriqueiras, como a mamografia, que é a mais utilizada no mundo, e existem outras que são feitas de uma forma muito específica e são bem caras, por exemplo, o sequenciamento de DNA, que não indica necessariamente que a pessoa está com câncer, indica que há uma estrutura no DNA que pode virar um câncer, e custa em torno de R$ 12 mil”.

Entretanto, nenhuma delas satisfaz completamente. "A mamografia só consegue identificar algo quando ele já tem 0,5mm, isso se for um bom médico. 0,5mm indica que já é um tumor, ou seja, já um câncer", afirma o professor. "Foi adicionando essas dificuldades que nós decidimos desenvolver uma tecnologia que fosse não resolver como um todo, mas melhorar em várias formas a situação.” Com isso, surgiu a ideia do biossensor. 

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“O biossensor é um sensor que tem uma parte com um ‘rastreador biológico’, como uma enzima, no nosso caso é uma parte de DNA, que está presente na maioria dos tumores de mama", diz Eduardo Peixoto, executivo chefe de negócios do CESAR. "Quando você coloca o sangue processado no biossensor, é detectado se a outra parte, a outra metade desta tira de DNA está presente." Basicamente, a funcionalidade é baseada numa condição, "se ele não tiver, passa uma corrente pelo biossensor, se ele tiver, não passa. Ou seja, a medição que fazemos é baseada em corrente, que é a parte eletrônica". 

Peixoto também comenta sobre outro fator que os incentivou a perseguir a ideia de melhorar o processo de detecção do câncer, a dificuldade com a qual ela é feita hoje. O processo é longo, dura horas, e está sujeito a erros humanos. "Para você fazer o exame, é necessário trazer o sangue para o biossensor, mas não é simplesmente tirar do braço e pingar. Você tem que processar esse sangue para ele ficar adequado, é ai que a gente entra", conta o executivo. “Atualmente, o processamento desse sangue é manual, há um laboratório isolado com vidro, você coloca suas mãos em buracos e pega a amostra de sangue, pega a pipeta, centrifuga, esquenta, bota um reagente químico. Tudo com o objetivo de separar as fitas de DNA que tem no sangue. Feito desta forma, o processo leva de 4 a 6 horas e há riscos de contaminação e erro na medida do sangue, do reagente. Tudo passível de erros humanos.”

A arma do CESAR contra esse processo é a tecnologia, mais especificamente, a robótica. “O que nós estamos fazendo aqui é identificar essas etapas e automatizá-las. Em vez de ter um ser humano puxando a amostra de sangue, botando em outro lugar, botando reagente, centrifugando, esquentando, e tal, vai ser uma máquina", diz Eduardo. "O robô não é um robô humanóide, e sua função é fazer todas essas etapas." E em quanto tempo o novo processo conseguirá identificar a presença da célula cancerígena? Em torno de 30 a 45 minutos. Além de ser feito em menos tempo, o processo não dependeria de uma identificação visual, pois funciona através de uma relação eletroquímica. Com ele, seria possível detectar a célula cancerígena nos primeiros estados, muito antes do tumor de desenvolver.

O robô ainda está em fases iniciais, e o CESAR tem usado uma impressora 3D para gerar as peças usadas no protótipo. Eduardo conta que a ideia de usar a impressora 3D veio para evitar gastar dinheiro pedindo a fabricação de grandes quantidades de peças. Desta forma, eles conseguem testar, identificar os erros e melhorar o funcionamento da máquina em menos tempo.

“Pretendemos fazer com que esse dispositivo seja de um preço aceitável, ou seja, bem mais barato do que o mamógrafo, e que não tenha que ser utilizado apenas pessoas que são médicas, enfermeiras, PhD, mas que uma pessoa leiga possa usar também. E que ele venha a ser um sistema utilizado pelo mundo todo, afinal câncer de mama é o que mais mata mulheres no mundo", conta o professor José Luiz. Ele afirma que, entre as ideias por trás do projeto, está criar algo que seja portátil e possa ser levado por médicos no seu carro, sem grandes dificuldades. A facilidade na mobilização do aparelho, por exemplo, tornaria possível levar caravanas para o interior, onde não há hospitais capazes de detectar o câncer de mama, e realizar exames na população.

 

Tudo ainda está muito cedo, a expectativa é que os primeiros robôs só apareçam em hospitais daqui a três ou quatro anos, mas o projeto é promissor. O professor José Luiz também deixa claro que os profissionais da medicina serão essenciais para o sucesso da iniciativa. O Hospital Barão de Lucena já está ajudando, e o Hospital do Câncer também manifestou interesse em participar.

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