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Passados dois anos desde que revelou em seu livro de memórias que foi armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) com intenção de matar o ministro Gilmar Mendes, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot entrou com um habeas corpus pedindo o arquivamento da investigação sobre o caso.

Os advogados afirmam que a revogação da Lei de Segurança Nacional (LSN), em setembro deste ano, extinguiu a possibilidade de punição dos crimes aos quais ele responde. O texto que substituiu a LSN, herdada da ditadura militar, entrou em vigor na quarta-feira, 1º.

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"Investiga-se nos autos de origem fatos que não configuram quaisquer delitos, seja porque se trata de condutas que jamais ultrapassaram a esfera de cogitação do paciente, seja porque os tipos penais vislumbrados no início do presente feito foram derrogados por lei posterior", diz um trecho do pedido.

A defesa também questiona o prolongamento da investigação e insiste que não houve crime, apenas uma 'ideia que por poucos segundos percorreu o pensamento'.

"Suas condutas, em realidade, jamais transpassaram os limites da cogitação", afirmam. "A reprodução de lembranças e pensamentos não podem ser objeto de punição em um Estado Democrático."

O próprio Janot confessou o episódio durante uma rodada de entrevistas concedidas por ocasião do lançamento de seu livro de memórias, Nada Menos que Tudo (Rodrigo Janot, Jaílton De Carvalho e Guilherme Evelin). Ele disse que a 'mão de Deus' o impediu de apertar o gatilho. "Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele [Gilmar] e depois me suicidar", afirmou em entrevista ao Estadão.

O plano foi motivado, segundo o ex-procurador-geral, porque o ministro do STF teria dito que a filha dele advogava para a empreiteira OAS, investigada na Lava Jato. O comentário teria sido feito depois que Janot pediu o impedimento de Gilmar na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório que advogava para o empresário.

Depois de sugerir que o ex-procurador buscasse 'ajuda psiquiátrica', Gilmar pediu a investigação do caso no âmbito do inquérito das fake news, que mira notícias falsas, ofensas e ameaças aos ministros da Corte. A Polícia Federal chegou a fazer buscas na casa e no escritório do ex-procurador, em Brasília. A apuração não andou desde que foi desmembrada do inquérito principal, no final de 2019, e remetida à Procuradoria-Geral da República para eventual continuidade das diligências.

O presidente Jair Bolsonaro atendeu a um pedido do Comando do Exército e do Ministério da Defesa ao vetar, no início do mês, artigos de uma norma aprovada pelo Congresso para revogar a Lei de Segurança Nacional (LSN). O projeto previa punições para quem tentasse impedir manifestações. Documentos obtidos pelo Estadão mostram que os chefes das Forças Armadas alegaram risco de militares serem presos por eventuais abusos cometidos durante operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs).

O veto, que pode ser derrubado pelos parlamentares em sessão marcada para segunda-feira, foi mais um gesto de Bolsonaro para agradar aos militares, um dos principais grupos de sua base de apoio. Como mostrou o Estadão, o presidente já comprometeu ao menos R$ 27,7 bilhões até 2022 em benesses a integrantes das Forças Armadas e policiais que vão de aumento salarial a linha de crédito para financiar imóveis com juros abaixo do mercado.

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A revogação da Lei da Segurança Nacional, uma norma da época da ditadura militar (1964-1985), então usada para reprimir opositores do regime, foi aprovada no mês passado pelo Congresso. No lugar, parlamentares incluíram no Código Penal novos crimes contra o estado de direito, como golpes de Estado e tentativas de impedir a realização de eleições. Bolsonaro sancionou o projeto no dia 2 de setembro, mas vetou cinco dispositivos da nova lei.

A aprovação do texto foi considerada uma resposta do Legislativo a ações do governo, que passou a usar a LSN para abrir investigações contra adversários. Críticos como o youtuber Felipe Neto, o cartunista Aroeira e o jornalista Ricardo Noblat foram alvo de inquéritos, mas as apurações contra eles terminaram interrompidas por ordens da Justiça Federal. Até março de 2021, o número de inquéritos abertos com base na Lei de Segurança Nacional tinha crescido 285% no governo Bolsonaro, conforme mostrou o Estadão. Só em 2019 e 2020, foram 77 investigações do tipo.

Dos pontos vetados pelo presidente, pelo menos dois foram sugeridos no parecer final do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, elaborado a partir de recomendações dos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Um deles diz respeito ao chamado "atentado ao direito de manifestação" - pelo projeto, pode pegar até quatro anos de prisão quem usar de "violência ou grave ameaça" para impedir manifestações de partidos políticos, movimentos sociais, sindicatos ou outros grupos políticos, étnicos ou religiosos. A pena é ainda maior se a repressão causar lesão corporal grave (até oito anos) ou morte (até 12 anos).

Ao vetar o artigo, a Presidência da República alegou que ele poderia gerar "grave insegurança jurídica para os agentes públicos das forças de segurança" responsáveis por reprimir eventual violência em manifestações. O veto foi sugerido ao presidente em parecer assinado por Braga Netto e pelo consultor jurídico da Defesa, Idervânio da Silva Costa. "O dispositivo, na forma como aprovado, pode trazer limitações à atuação das forças de segurança, impactando a atuação das Forças Armadas quando estas estiverem engajadas em ações de GLO. Não raro, manifestações inicialmente pacíficas resultam em ações violentas, que precisam ser reprimidas pelo Estado", diz um trecho do parecer.

"Nesse cenário, a atuação das forças de segurança poderia ser incorretamente enquadrada no referido tipo penal, limitando de forma excessiva o uso regular da força pelo Estado. Por outro lado, o veto a esse dispositivo não impediria a punição a eventuais excessos cometidos por agentes estatais nessas situações", afirma o parecer.

Outro trecho vetado por Bolsonaro a pedido das Forças Armadas é o que ampliava em 50% o tempo de prisão por crimes contra o estado de direito, se cometido por militares, e também incluía a perda do posto e da patente. Segundo a Presidência, o dispositivo rompia o princípio da proporcionalidade, ao criar uma punição mais pesada para o militar do que para outros servidores públicos.

O presidente ainda retirou da lei o artigo que previa punição ao uso de "comunicação enganosa em massa" (fake news) para prejudicar um concorrente em uma eleição. Este último é considerado o mais polêmico dos vetos do presidente. A oposição no Congresso priorizará a derrubada deste ponto, junto com o artigo sobre o "atentado ao direito de manifestação".

Lei e Ordem

As GLOs são operações autorizadas pelo presidente da República, nas quais as Forças Armadas passam a atuar para restabelecer a ordem interna, inclusive na segurança pública. Em fevereiro de 2020, Bolsonaro autorizou uma GLO em Fortaleza (CE), a pedido do governador do Estado, Camilo Santana (PT). Na ocasião, o presidente defendeu o chamado "excludente de ilicitude" para evitar que militares fossem punidos por mortes nas GLOs. "Minha consciência fica pesada porque tem muito jovem de 20 anos de idade que está na missão, que se aproxima de uma guerra. Depois, caso tenha qualquer problema, pode ser julgado por lei de (tempos de) paz", disse ele.

No Senado, o projeto foi relatado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE); na Câmara, a relatoria foi da deputada Margarete Coelho (PP-PI), aliada e correligionária do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A oposição quer a derrubada dos vetos. Já o Centrão, grupo do qual Margarete e Lira fazem parte, não trata a derrubada dos vetos como prioritária.

"O atentado ao direito de manifestação é um crime que fere o estado democrático de direito. Como é que você, enquanto partido político, movimento social, sindicato ou associação, não pode se manifestar pacificamente?", disse Rogério Carvalho ao Estadão.

A fala do petista é rebatida pelo deputado bolsonarista General Peternelli (PSL-SP). Ele considerou que o veto de Bolsonaro permitirá ao Congresso analisar o assunto com mais cuidado, e disse que a criminalização do "atentado ao direito de manifestação" poderia gerar insegurança jurídica. "O direito de manifestação é fundamental e constitucionalmente previsto, porém, deve ser exercido de forma pacífica. O artigo vetado, em seu texto, gerava dificuldade de caracterizar, no momento da ação operacional, o que viria a ser manifestação pacífica, o que poderia inviabilizar a eficiente contenção de excessos", disse Peternelli, que é general de Divisão do Exército, hoje na reserva.

A reportagem procurou o Palácio do Planalto e o Ministério da Defesa para comentários, mas não houve resposta até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O policial militar que prendeu o secretário estadual do PT de Goiás, Arquidones Bites Leão, foi afastado de suas funções nesta terca-feira, 1. Identificado apenas como tenente Albuquerque, ele deteve o petista, em Trindade, após Leão se recusar a retirar uma faixa do capô de seu carro com a frase "Fora Bolsonaro Genocida". Leão, que também é professor da rede pública estadual, invocou seu direito de se manifestar, mas o policial disse que iria enquadrá-lo na Lei de Segurança Nacional. O PM terá de responder a inquérito e procedimento disciplinar.

Um vídeo mostra o momento da prisão. Albuquerque não usava máscara durante a abordagem, o que é obrigatório no Estado devido à pandemia do coronavírus. O policial citou o artigo 26 da LSN, que diz ser crime "caluniar ou difamar o presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação". O professor se negou a remover a faixa e reiterou que Bolsonaro "é genocida mesmo". Em seguida, o PM deu voz de prisão ao petista. Levado à sede da Polícia Federal de Goiânia, ele prestou depoimento e foi liberado pelo delegado Franklin Roosevelt.

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Em nota, a PF informou que o professor não será indiciado em inquérito, pois não houve transgressão criminal. No sábado (29), Leão havia participado da organização de protestos contra o governo Bolsonaro na capital de Goiás e portado a faixa - as manifestações reuniram milhares de pessoas em todo o País; muitos dos manifestantes levaram faixas com os mesmos dizeres. Aliado do presidente Bolsonaro, o governador Ronaldo Caiado (DEM) determinou a apuração dos fatos. "Não aceitamos abuso de autoridade e ninguém está autorizado a agir acima da lei", afirmou.

O tenente Albuquerque aparece ao lado de Bolsonaro em fotos nas mídias sociais. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás definiu a abordagem do policial ao petista como "lamentável": "O policial militar envolvido nesse fato lamentável foi afastado de suas funções operacionais. Ele responderá a inquérito policial e procedimento disciplinar para apuração de sua conduta. O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Segurança, informa que não coaduna com qualquer tipo de abuso de autoridade, venha de onde vier", afirma a nota.

A Polícia Federal informou que "após realizar a oitiva de todos os envolvidos, entendeu-se não ter havido transgressão criminal de dispositivo tipificado na Lei de Segurança Nacional". A presidente do diretório estadual do PT, Kátia Maria, publicou em vídeo um protesto contra a prisão que considerou arbitrária. Ela disse ter acompanhado o depoimento do professor na sede da PF. "Vamos cobrar justiça e as liberdades democráticas", postou em mídia social. A deputada Adriana Accorsi (PT) comemorou a liberação de Leão pela PF. "A justiça venceu, o Estado democrático de direito e a verdade. Conseguimos libertar nosso companheiro e defender a liberdade de manifestação", disse.

O procurador-geral da República Augusto Aras informou o Supremo Tribunal Federal que abriu apuração preliminar contra o ministro da Justiça, André Mendonça, acusado de acionar a Polícia Federal para investigar opositores do governo Bolsonaro com base na Lei de Segurança Nacional. A manifestação foi enviada em notícia-crime movida pela deputada Natália Bonavides (PT-RN).

"Nesta Procuradoria-Geral da República, já tramita Notícia de Fato destinada à averiguação preliminar dos fatos relatados pela Deputada noticiante, bem assim de outros que possam com eles guardar relação de pertinência", afirmou Aras, que opinou pelo arquivamento da notícia-crime de Benevides. "Em face do exposto, tendo em vista que as condutas noticiadas são do conhecimento deste órgão ministerial e estão sendo apuradas em procedimento próprio, o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA opina pela negativa de seguimento à petição, arquivando-se os autos".

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A notícia de fato é um instrumento do Ministério Público Federal para avaliar se as condutas investigadas configuram crime. Caso encontre indícios suficientes, o PGR pode pedir a abertura de um inquérito formal ao Supremo ou, caso contrário, pedir o arquivamento do caso.

Aras e Mendonça são dois nomes cotados para a vaga no STF a ser aberta em julho com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Como mostrou o Estadão, o uso da Lei de Segurança Nacional e do Código Penal para reprimir opiniões contrárias ao governo provocou desgastes à imagem de Mendonça no Supremo.

Natália Bonavides listou episódios em que inquéritos da PF foram instaurados contra críticos de Bolsonaro, como a investigação contra o advogado Marcelo Feller e, recentemente, a apuração contra um professor de Palmas que pagou por outdoors que comparavam o presidente a um 'pequi roído'. Para a petista, os casos configuram abuso de autoridade e crime de responsabilidade.

Em agosto do ano passado, Mendonça também foi levado para o centro de outra polêmica, envolvendo a elaboração de um dossiê contra servidores antifascistas durante sua gestão. Naquela ocasião, por 9 a 1, o plenário do Supremo decidiu suspender todo e qualquer ato do Ministério da Justiça de produção ou compartilhamento de informações sobre cidadãos que se intitulam antifascistas.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 7, que a Lei de Segurança Nacional (LSN) tem 'inconstitucionalidades variadas' e precisa de revisão. Partidos de diferentes espectros políticos têm acionado a Corte para derrubar o dispositivo, sancionado na ditadura.

Em seminário virtual promovido pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), Barroso lembrou o histórico da LSN no ordenamento jurídico do País. "Parece que era uma obsessão nacional. Talvez não tenha um domínio que tenha tido tantas leis como essa área da segurança nacional", afirmou. "Uma obsessão mais com a proteção do Estado do que com a institucionalização da democracia e o com o exercício pleno da cidadania", prosseguiu.

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Na forma vigente, em sua sexta versão, a Lei da Segurança Nacional foi sancionada em 1983, durante a ditadura militar, pelo presidente João Figueiredo, para listar crimes que afetem a ordem política e social - incluindo aqueles cometidos contra a democracia, a soberania nacional, as instituições e a pessoa do presidente da República.

"É uma lei que prevê ainda no seu texto o julgamento pela Justiça Militar dos fatos enquadrados na Lei de Segurança Nacional, o que no entanto foi superado pelo advento da Constituição de 1988, tal como interpretada pela jurisprudência", explicou o ministro.

Na avaliação de Barroso, a LSN está desatualizada e já não é compatível com o espírito da sociedade brasileira. "Essa lei, que é a que está em vigor, tem inconstitucionalidades variadas e dispositivos que são incompatíveis, claramente, com a Constituição de 1988. Ela tem uma certa incompatibilidade de sistema, ela foi feita para outro mundo, em outra época, é uma lei pré-queda do Muro de Berlim, é uma lei ainda do tempo da Guerra Fria. Os bens jurídicos que ela procurava tutelar, alguns equivocados, já não são mais correspondentes às demandas da sociedade brasileira contemporânea", disse.

O ministro defende uma reforma da lei, com manutenção de dispositivos voltados para a defesa da democracia, mas a derrubada de trechos que abrem caminho para enquadrar adversários políticos.

"É claro que ela tem alguns dispositivos que qualquer lei de defesa do Estado democrático deve preservar", explicou. "Tem dispositivos que evidentemente em uma próxima lei precisarão estar. Mas boa parte deles, inclusive os que a meu ver têm sido objeto de utilização, precisam de revisão, quando não de declaração de invalidade", defendeu.

Em sua apresentação, Barroso ainda criticou a herança autoritária da LSN. "Não se proscrevem ideias. Que ideias se discutam com outras ideais e com argumentos, assim é a vida democrática", disse.

Em fevereiro, o próprio Supremo Tribunal Federal usou a Lei de Segurança Nacional para justificar a ordem de prisão do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ).

Caso seja derrubada pelo STF, a edição de um novo texto, para substituir o atual, cabe ao Congresso. Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também participaram do evento virtual. Assim como Barroso, os dois defenderam a atualização da Lei de Segurança Nacional.

Para o senador, a reforma não deve ser tocada a partir de uma derrubada completa da lei. "Pode ser um risco inclusive a este Estado Democrático de Direito", disse.

Ao comentar a aplicação da Lei de Segurança Nacional, Pacheco afirmou que o uso acaba vindo à tona em razão do momento em que vivemos, quando 'a pretexto da livre manifestação do pensamento' se extrapolam os direitos de liberdade públicas para se pedir, por exemplo, fechamento dos Poderes Legislativo e Judiciário, ou a revogação da Constituição, e que essas falas e ações precisam ter uma reação normativa, legislativa e judicial 'à luz da Constituição' para conter esses 'arroubos'.

Hoje, há pelo menos 23 projetos de lei propondo uma nova versão da LSN protocolados no Congresso, que voltaram a repercutir nas Casas Legislativas. Arthur Lira disse não ter dúvidas de que uma legislação neste sentido será aprovada pelos parlamentares.

Lira disse que a Câmara, a princípio, fez um 'pacto' de duas semanas para votar apenas projetos relacionados à pandemia de covid-19, mas que a nova lei do Estado Democrático Direito é prioritária para a Casa. Ele prometeu que defenderá na quinta-feira, 8, em reunião com líderes das bancadas, urgência na discussão do tema.

Para Lira, é importante que o Congresso se posicione para que 'não caia no vácuo de deixar com que a supressão de partes da Lei de Segurança Nacional deixem a defesa do Estado Democrático de Direito solto'. "Tenho plena certeza e tenho consciência do trabalho que está sendo bem conduzido na Câmara dos Deputados"disse.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, foi outro convidado do evento. Ele repudiou, em nome da entidade, o emprego do dispositivo pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). Um levantamento do Estadão mostrou que o número de procedimentos abertos pela Polícia Federal com base no dispositivo aumentou 285% nos primeiros dois anos da gestão bolsonarista em comparação com o mesmo período dos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

"Um uso exacerbado, cotidiano", disse. "Todos os presidentes e lideranças políticas sempre sofreram críticas. Essa é a marca da democracia. E a Lei de Segurança Nacional vem sendo utilizada para calar, para intimidar, vem sendo um instrumento de atrasado, um instrumento de resgate aos piores momentos ditatoriais do nosso País ao longo do século XX", acrescentou.

Santa Cruz ainda dirigiu críticas ao advogado geral da União, André Mendonça. "O governo atual, e nós repudiamos sim a condução, em especial do ministro André Mendonça, quando utiliza a Lei de Segurança Nacional", disse o presidente da OAB. "Esse lei é uma herança do silêncio que tenta impor aos que pensam de forma diferente, absolutamente incompatível com a Constituição de 1988".

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nessa segunda-feira (5), que o Ministério da Justiça apresente esclarecimentos dentro de cinco dias sobre o uso da Lei de Segurança Nacional (LSN) contra críticos do governo do presidente Jair Bolsonaro. O ministro também cobrou explicações da Polícia Militar do Distrito Federal e da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Mendes assinou dois despachos, em habeas corpus movidos pela Defensoria Pública da União (DPU) e por um grupo de advogados. "Com base na causa de pedir e nos pedidos formulados à inicial, determino que sejam solicitadas informações, no prazo de 5 (cinco) dias, às seguintes autoridades coatoras: a) Ministro da Justiça e Segurança Pública; b) Comandante Geral da Polícia Militar do Distrito Federal; c) Secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro", determinou o ministro.

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A DPU pediu ao Supremo a concessão de salvo-conduto às pessoas que estiverem promovendo pacificamente manifestação de opinião política, impedindo quaisquer medidas de coerção fundamentadas na Lei de Segurança Nacional. A Defensoria também quer que o STF determine às secretarias de segurança publica que orientem as polícias a não restringir, "de maneira alguma, a liberdade de mera manifestação da opinião política".

O número de procedimentos abertos pela Polícia Federal para apurar supostos delitos contra a segurança nacional aumentou 285% nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, quando se compara o mesmo período das gestões Dilma Rousseff e Michel Temer, conforme informou o Estadão. Entre 2015 e 2016 houve um total de 20 inquéritos. Na primeira metade da administração Bolsonaro, o número saltou para 77 investigações.

Desgaste

A estratégia do Palácio do Planalto de recorrer à como instrumento para reprimir opiniões negativas e ácidas contra o governo do presidente Jair Bolsonaro provocou desgastes à imagem do advogado-geral da União, André Mendonça, no Supremo Tribunal Federal. Criticada por integrantes da Corte, a legislação é alvo de quatro ações que tramitam no tribunal. Mendonça deixou o comando do Ministério da Justiça na semana passada e é um dos nomes favoritos para a vaga que será aberta em julho no Supremo, com a aposentadoria compulsória do decano, ministro Marco Aurélio Mello.

Integrantes do Supremo ouvidos sob reserva pelo Estadão/Broadcast têm desaprovado, porém, a forte ofensiva do governo contra críticos de Bolsonaro, como o uso da Lei de Segurança Nacional. Recentemente, Mendonça também se valeu do Código Penal para tentar enquadrar como crime contra a honra os autores de outdoors que divulgaram, em Tocantins, a mensagem de que Bolsonaro "não vale um pequi roído" e que "Palmas quer impeachment já". O Ministério Público Federal pediu o arquivamento do caso, que tramita na Justiça Federal do DF.

A lei serviu, ainda, para a Polícia Civil do Rio intimar o youtuber Felipe Neto (após o influenciador digital chamar Bolsonaro de "genocida") e para o Ministério da Justiça pedir a investigação da publicação de uma charge na qual Bolsonaro aparece transformando a cruz vermelha (símbolo de hospitais) na suástica nazista. O Ministério da Justiça também solicitou abertura de inquérito contra o colunista Hélio Schwartsman por ele ter escrito artigo no jornal Folha de S.Paulo intitulado "Por que torço para que Bolsonaro morra".

O uso da Lei de Segurança, no entanto, não se restringe ao governo. O próprio STF recorreu ao dispositivo para justificar a abertura do chamado "inquérito das fake news", que investiga notícias falsas, ofensas e ameaças contra os ministros do tribunal, e para determinar a prisão do deputado federal bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ). Juristas veem "instrumento de perseguição" e têm defendido a reforma na LSN.

O procurador-geral da República Augusto Aras enviou nesta sexta, 26, ao Supremo Tribunal Federal, um parecer pelo arquivamento de uma queixa-crime apresentada contra o presidente Jair Bolsonaro por supostos crimes previstos na Lei de Segurança Nacional. No documento, o chefe do Ministério Público Federal citou o entendimento da corte de que 'a liberdade política pressupõe a livre manifestação do pensamento e a formulação de discurso persuasivo e o uso de argumentos críticos'.

Editada em plena ditadura militar, a Lei de Segurança Nacional tem um 'encontro marcado' com o Supremo. A norma tem sido utilizada pelo governo do presidente Jair Bolsonaro contra opositores.

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A manifestação de Aras foi encaminhada ao ministro Marco Aurélio Mello, relator da petição impetrada no Supremo pelo advogado Walter Arnaud Mascarenhas Júnior. Na queixa-crime, ele listava uma série de posturas e falas de Bolsonaro, imputando ao presidente supostos crimes de: 'fazer, em público, propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social'; 'incitar à subversão da ordem política ou social'; e 'tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados'.

O advogado listou quatro episódios envolvendo o presidente, sendo o primeiro deles protagonizado pelo então deputado federal em 1999. Segundo o advogado, na ocasião Bolsonaro mencionou que, caso viesse a ser presidente 'promoveria um golpe, visando realizar mudanças no Brasil, por meio de uma guerra civil e da matança de umas trinta mil pessoas'.

Outros dois momentos descritos na queixa-crime se deram em 2020: quando Bolsonaro divulgou vídeo no Whatsapp sobre manifestações no dia 15 de março; e quando o presidente, na famosa reunião ministerial do dia 22 de abril, defendeu o 'emprego de armas pela população brasileira em eventuais protestos contra prefeitos e governadores, face aos decretos de combate à pandemia'.

Já o último ponto questionado por Mascarenhas é o fato de o presidente ter alegado suposta fraude nas eleições brasileiras (sem apresentar quaisquer provas) e defendido o voto impresso, quando comentou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em janeiro de 2021.

No aparecer a Marco Aurélio, Aras fez ponderações sobre cada um dos episódios, citando por exemplo, que o primeiro deles, relacionado a uma fala de Bolsonaro quando deputado, já estaria prescrito, além de não ter relação com o mandato do presidente - que tem foro temporário. Já sobre as outras imputações, o PGR defendeu que 'não se amoldam às normas penais da LSN'.

Na avaliação do chefe do Ministério Público Federal, os fatos atribuídos à Bolsonaro refletem 'legítimos exercícios de seu direito fundamental à livre manifestação do pensamento'. "A liberdade de pensamento é considerada essencial à higidez do regime democrático e do princípio republicano. A livre circulação de ideias e o debate público são fundamentais para a garantia de uma sociedade aberta, em que são respeitadas, de forma isonômica, visões distintas sobre a mesma temática", escreveu o PGR.

O 'encontro marcado' da LSN com o Supremo

A constitucionalidade da Lei de Segurança Nacional deve ser enfrentada em breve pelo Supremo Tribunal Federal. Desde janeiro, diferentes partidos - PTB, PSB, PSDB, PT, PSOL e o PC do B - já impetraram ações no Supremo contra a norma. A discussão sobre a norma também reacendeu no Congresso Nacional.

Em manifestação encaminhada ao Supremo, a Advocacia-Geral da União defendeu a validade do instrumento jurídico que tem sido utilizado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro contra opositores. O órgão sustenta que a aplicação da lei deve ser 'ser econômica e limitada às condutas que, de fato, se amoldem ao seu escopo, representado pelo dolo direto de atentar contra a segurança nacional'.

Como mostrou o Estadão, o número de procedimentos instaurados pela Polícia Federal para apurar supostos delitos contra a segurança nacional aumentou 285% nos dois primeiros anos do atual governo em comparação com o mesmo período das gestões Dilma Rousseff e Michel Temer.

O ministro da Justiça André Mendonça, já usou a norma para pedir inquéritos contra críticos de Bolsonaro, como o caso do advogado Marcelo Feller e do chargista Renato Aroeira. O chefe do Ministério da Justiça e Segurança Pública, também usa os crimes contra a honra para embasar pedidos de investigação contra opositores do presidente, como o sociólogo Tiago Costa Rodrigues (do caso do outdoor que comparou Bolsonaro a um 'pequi roído') e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

A fila de legendas que pedem, no Supremo Tribunal Federal (STF), a derrubada da Lei de Segurança Nacional (LSN) continua crescendo. Nesta quinta-feira (25), a Corte recebeu uma ação conjunta subscrita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB) contra trechos do dispositivo.

As siglas de oposição ao governo acusam o 'uso deturpado' da lei para perseguição política de opositores e lembram a explosão de investigações abertas com base LSN na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Um levantamento do Estadão mostrou que o número de procedimentos instaurados pela Polícia Federal para apurar supostos delitos contra a segurança nacional aumentou 285% nos dois primeiros anos do atual governo em comparação com o mesmo período das gestões Dilma Rousseff e Michel Temer,

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"O que se verifica crescente nos últimos tempos é a instrumentalização de norma penal para fins exclusivamente políticos. O objetivo subjacente a isso é privilegiar autoridades - notadamente, as governamentais - por meio da supressão da liberdade de manifestação", argumentam os partidos na ação.

A Lei da Segurança Nacional foi sancionada em 1983, durante a ditadura militar, pelo presidente João Figueiredo, para listar crimes que afetem a ordem política e social - incluindo aqueles cometidos contra a democracia, a soberania nacional, as instituições e a pessoa do presidente da República. Ao Supremo, PT, PSOL e PCdoB dizem que a lei carrega 'herança totalitária em seu nascedouro'.

"Toda a construção ideológica da legislação de segurança nacional esteve e está focada na noção nefasta de 'inimigo interno'", escrevem. "Considerando os presentes tempos de guinada autoritária - onde se chega ao ápice de se discutir se as Forças Armadas são o Poder Moderador de nossa República -, a democracia não pode ser desguarnecida de proteção jurídica, não se afastando a sua concepção de bem juridicamente tutelado. Ao passo que o ranço autoritário da Lei de Segurança Nacional não pode ser revivido pelo atual poder vigente para reacender na sociedade brasileira a censura, o medo e a mordaça", acrescentam.

Os partidos lembram ainda as tentativas de 'enquadramento' recentes que repercutiram na opinião pública. Na semana passada, cinco manifestantes foram detidos pela Polícia Militar após estenderem uma faixa 'Bolsonaro Genocida' em frente ao Palácio do Planalto por, segundo nota da corporação, por 'infringir a Lei de Segurança Nacional'. Houve ainda pedidos de investigação contra o youtuber Felipe Neto, o advogado Marcelo Feller e até contra o ministro Gilmar Mendes - todos por críticas à gestão da pandemia. A empreitada é 'equivocada', segundo constitucionalistas ouvidos pelo Estadão.

A ação, inclusive, deve ser distribuída a Gilmar, que já é relator de três outros pedidos semelhantes formalizados pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que pedem desde a derrubada parcial até a anulação total da lei.

A discussão sobre a Lei da Segurança Nacional também reacendeu no Congresso Nacional. Do lado oposto da Praça dos Três Poderes, o senador Cid Gomes (PDT-CE) apresentou um projeto de lei para revogar o dispositivo. A proposta é derrubar a lei e, para evitar uma lacuna na legislação, aprovar novos mecanismos de preservação da ordem e da democracia na forma de um estatuto mais enxuto.

A Polícia Federal instaurou um inquérito contra o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) por suposta prática de crime contra a honra do presidente Jair Bolsonaro em críticas feitas em uma entrevista.

O pedido de abertura de inquérito foi assinado pelo próprio presidente por meio da Subchefia de Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência e, em sequência, conduzido pelo ministro da Justiça, André Mendonça, conforme publicado pelo Estadão.

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O documento relata uma entrevista de Ciro Gomes à Rádio Tupinambá, de Sobral (CE), em novembro do ano passado.

Na ocasião, o ex-governador do Ceará chamou Bolsonaro de "ladrão" e citou o caso da "rachadinha" que envolve seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao comentar a atuação do ex-juiz Sergio Moro no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

Ciro disse ainda que, ao não apoiar os candidatos de Bolsonaro, a população mostrava um sentimento de "repúdio ao bolsonarismo, à sua boçalidade, à sua incapacidade de administrar a economia do país e seu desrespeito à saúde pública".

"Qual foi o serviço do Moro no combate à corrupção? Passar pano e acobertar a ladroeira do Bolsonaro. Por exemplo, o Coaf que descobriu a esculhambação dos filhos e da mulher do Bolsonaro, que recebeu R$ 89 mil desse (Fabrício) Queiroz, que foi preso e é ladrão, ladrão para valer, ligado às milícias do Rio de Janeiro. E onde estava o senhor Sergio Moro? Acobertando", afirmou Ciro à época.

Durante a entrevista, Ciro também analisou as crises sanitária e econômica do país e o cenário eleitoral para 2022.

"Fui informado da abertura desse inquérito há cerca de dez dias. Estou pouco me ligando", disse Ciro nesta sexta-feira (19).

O caso está na Justiça Federal do DF.

Da Sputnik Brasil

Ao menos 25 pessoas foram intimadas a depor à Polícia Federal (PF) na cidade Uberlândia, em Minas Gerais, sobre mensagens nas redes sociais que mencionam o presidente Jair Bolsonaro. Um inquérito, com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), foi aberto há duas semanas na cidade após um morador publicar uma mensagem nas redes sociais em que citava uma visita do presidente à cidade e questionava alguém gostaria de se tornar "herói nacional" na ocasião.

Em resposta à publicação, apareceram mais de 400 comentários, entre eles diversas mensagens que sugeriam atentados contra o presidente. O autor da primeira mensagem foi detido horas após publicação, levado para depoimento na sede da Polícia Federal em Uberlândia. Ele passou cerca de 24 horas em um presídio da cidade.

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A estimativa de que 25 pessoas tenham sido chamadas para prestar depoimento desde então é de um grupo de advogados do município mineiro. Eles ainda não sabem se todos os investigados têm relação com o mesmo episódio.

"As pessoas que estamos defendendo não fazem ideia por quê estão sendo intimadas, elas tuitam muita coisa, republicam, então não dá para saber", diz o advogado José Carlos Muniz, que defende alguns dos investigados e tem reunido informações sobre o caso. Dois dos investigados, ouvidos pelo Estadão, classificaram o conteúdo das mensagens que publicaram como "infeliz".

"Às vezes não damos a devida gravidade ao que postamos na nossa rede social", disse a veterinária Isabela, de 24 anos, intimada a depor na PF no dia 20 de abril. "Na minha cabeça, foi em tom de brincadeira. Minha rede social não tem muitos seguidores, então não me preocupei."

Detido logo após a repercussão da sua mensagem, João Reginaldo Junior, de 24 anos, defendeu que não havia caráter de ameaça no seu texto. "Não tem nenhuma palavra, frase, ou menção explícita a algum tipo e ameaça ou incitação a ódio", disse.

Prisão

Policiais militares chegaram à casa de João por volta das 22h do dia 4, pouco mais de seis horas após ele publicar a mensagem em que perguntou se haveria um "herói nacional" na visita de Bolsonaro à cidade. Eles disseram que o jovem respondia a uma investigação por possível crime contra a segurança nacional por causa do tuíte, e o acompanharam até a sede da corporação em Uberlândia.

O perfil de João tinha pouco mais de 150 seguidores, mas foi replicado por mais de mil usuários.

No depoimento a um delegado da PF, ele foi questionado se reconhecia a autoria da mensagem, se o perfil utilizado era mesmo dele, se ele conhecia as pessoas que publicaram comentários incentivando atentados em resposta à sua mensagem, e também se era filiado a algum partido, organização estudantil ou qualquer tipo de agremiação.

Além disso, o delegado também quis saber se ele havia sido pago para publicar a mensagem. João diz que admitiu a autoria da mensagem e do perfil, mas que respondeu que não integrava qualquer grupo organizado, não conhecia os usuários que fizeram comentários nem havia recebido dinheiro para o tuíte.

Até então, ele achava que seria liberado logo após o depoimento. O delegado explicou que havia um mandado de prisão contra ele, e dali seguiria para o presídio. João ficou preso até as 18h do dia seguinte.

"Não seria difícil de entender, numa conversa ou investigação rápida, que eu não apresentava nenhum risco à sociedade ou à segurança do próprio presidente", argumentou.

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