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O comércio chinês já faz parte do cenário brasileiro e movimenta a economia a partir da geração de emprego e renda. Andando pelas ruas do centro do Recife já é possível identificar a presença dos inúmeros comerciantes dos olhos puxadinhos. Muitos deles, antes de chegarem aqui, já negociavam em grandes centros comerciais como a Rua 25 de Março, na capital paulista. Com preços mais acessíveis, as lojas costumam ter um faturamento muitas vezes, superior às lojas dos comerciantes brasileiros.
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Nossa equipe foi até o centro do Recife para saber como funciona o trabalho deles, além de compreender como eles se relacionam com seus funcionários e entender melhor sobre o espírito empreendedor dos chineses. A febre das mercadorias mais conhecidas como Ching Ling, já se espalhou pela Rua das Calçadas, Rua de Santa Rita, São José, Rua Direita e tantas outras. As galerias recebem um grande fluxo de clientes que estão à procura de produtos mais baratos.
As vagas de emprego são aspectos comemorados pelos que precisam trabalhar. Devido as inúmeras fiscalizações que esses comércios sofrem, os empregadores não costumam atrasar os salários e encargos trabalhistas dos funcionários.
Isabele de Oliveira, 32 anos, conta que seu primeiro emprego foi em uma loja, na Galeria do Chinês, considerada a mais antiga do Recife. Ela diz que prefere trabalhar para eles porque nunca atrasam o pagamento dos salários. "Nunca tive problemas com Dona Vitória (nome brasileiro da chefe), ela sempre cumpriu o que manda a lei", comemorou a funcionária.
O atendimento ao público geralmente é feito pelos vendedores brasileiros, mas na hora de pagar a mercadoria, os chineses que ficam no caixa, nem sempre são simpáticos, como comenta a cliente Sabrina Farias, de 37 anos, que costuma comprar os artigos e produtos chineses, por causa do preço. "A única coisa chata é quando você tenta trocar uma mercadoria. Eles (os chineses) fazem de tudo pra não trocar o produto", explicou.
Muitos clientes costumam reclamar que os donos dessas lojas dificultam na troca dos produtos. E em muitos casos, a nota fiscal nem sempre serve como garantia para fazer valer os direitos do consumidor.
O fator da língua é um aspecto que chama à atenção. Quase todos os chineses aprendem o português enquanto trabalham. São raros os casos que frequentam cursos para aperfeiçoar o idioma. Muitos, só conseguem compreender uma conversa utilizando os verbos no infinitivo.
Mesmo com o medo de serem pegos, alguns empreendedores chineses cometem deslizes que contrariam a legislação trabalhista. No vídeo que registramos, mostramos o depoimento de um trabalhador que já está há dois meses numa loja, sem carteira assinada. Também há denúncias de violência.
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Segundo informações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio), ainda não existem estatísticas sobre a quantidade de estabelecimentos e o número de empregos que são gerados devido à expansão dos lojistas chineses, no estado pernambucano.
Hoje, a China não fornece seus produtos apenas para comerciantes chineses. Tanto a indústria brasileira quanto o setor do comércio importam os mais variados produtos. Isso acontece graças à forte relação bilateral entre os dois países. " Nos últimos anos, a China aparece como um dos principais parceiros econômicos do Brasil. Em 2013, o Brasil registrou um volume de exportação para a China de US$ 46 bilhões e importou US$ 37 bilhões. Certamente, este fato impacta fortemente a indústria brasileira que precisa avançar no que diz respeito aos fatores de competitividade frente à capacidade de produção dos chineses" confirmou José Oswaldo Ramos, Diretor executivo do Instituto Fecomércio-PE.
Os acordos bilaterais entre o Brasil e a China favorecem o produto chinês, já que a baixa carga tributária e a mão de obra barata são apenas alguns dos fatores que dificultam a competição entre o comércio local. Além disso, a valorização da moeda americana, impede que o governo brasileiro possa alterar as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Não se trata das indústrias locais controlarem a reserva de mercado, mas o governo precisa oferecer incentivos e reduzir a carga tributária para aumentar a oferta de trabalho. Do contrário, o produto chinês continuará sendo uma opção mais atrativa.
O comércio chinês não é visto com maus olhos pelos dirigentes da Fecomércio. Segundo o diretor, a instituição já promoveu 3 missões empresariais para a China, com a finalidade de estreitar as relações comerciais e culturais entre os dois países, especialmente Pernambuco.
"A Fecomércio já promoveu três missões empresariais para a China, com o propósito de estreitar as relações comerciais e culturais entre os dois países, especialmente com Pernambuco. Essa experiência tem contribuído para que os empresários conheçam um modelo de desenvolvimento econômico e social que projeta um crescimento do PIB de dois dígitos. Percebe-se um grande investimento dos chineses em educação, na infraestrutura, inovação e utilização de uma matriz energética mais limpa. Considerando a importância econômica da China para o mundo e especialmente para o para o nosso país é de fundamental importância inserir o Brasil neste debate. A abertura do comércio global implica necessariamente elevar o patamar da competitividade dos negócios locais, o que justifica fortes investimentos em educação, pesquisa e na infraestrutura, visando contribuir para a construção de um ambiente para o desenvolvimento sustentável" finalizou Oswaldo.