A Justiça italiana pediu o embargo do navio humanitário "Aquarius", atualmente bloqueado em Marselha, na França, no âmbito de um caso de tratamento ilegal de resíduos - anunciou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) nesta terça-feira (20).
Segundo a imprensa italiana, os investigadores acreditam que o navio — usado desde 2016 pelas ONGs SOS Méditerranée e MSF para ajudar os migrantes que tentam chegar à Europa pelo mar, partindo da Líbia — tenha escondido 24 toneladas de resíduos potencialmente tóxicos, fazendo-os passar por resíduos normais. As contas bancárias na Itália da MSF também foram embargadas.
Coordenada pelo Ministério Público da Catânia (Sicília), a investigação se concentra em como o "Aquarius" e o "Vos Prudence", outro barco fretado pela MSF em 2017, tratavam seus resíduos (roupa de migrantes, restos de comida e resíduos sanitários) nos portos onde desembarcavam as pessoas resgatadas no mar.
"Todas as nossas operações no porto, incluindo a gestão de resíduos, sempre seguiram processos padrão. As autoridades competentes não questionaram os processos, nem identificaram riscos para a saúde pública desde que lançamos nossas atividades no mar", disse a MSF, em um comunicado.
"O único crime que hoje vemos no Mediterrâneo é o desmantelamento total do sistema de busca e resgate", declarou, em uma nota, a diretora-geral da MSF na Itália, Gabriele Eminente, denunciando "dois anos de campanhas de difamação" contra as ONGs.