Mais um capítulo do embate entre a vontade popular e a iniciativa privada foi escrito na manhã desta quinta-feira (6). O Consórcio Novo Recife realizou uma coletiva de imprensa para apresentar o redesenho do projeto para o Cais José Estelita, após a formatação das diretrizes urbanísticas elaboradas pela Prefeitura. A prestação de contas vem quase cinco meses depois da marcante reintegração de posse do terreno no qual os integrantes do Ocupe Estelita acamparam por 29 dias. Uma audiência pública para a apresentação do projeto à sociedade civil está marcada para esta sexta (7), mas a iniciativa recebeu críticas.
De acordo com Paulo Roberto Barros, arquiteto coordenador do redesenho, as modificações foram expressivas. O espaço destinado à área pública foi ampliado de 45% para 65%. Um binário e vias transversais entre os blocos foram inseridos, ou seja, alguns lotes foram “cortados” por ruas - para pedestres e veículos - que ligam o empreendimento ao centro da capital pernambucana, outro fator diferente da primeira versão do projeto apresentado a Prefeitura do Recife. “Todas as alterações obedecem às diretrizes pedidas pela Prefeitura. São novos terrenos que receberão novos produtos. Habitações serão construídas para a população local, o grande parque vai nascer ali. O projeto foi definido sempre olhando os efeitos dos impactos que esse sistema viário poderia ter”, afirmou Barros.
##RECOMENDA##Em relação à mobilidade, o Novo Recife garante que quase dois quilômetros de ciclovia serão disponibilizados à sociedade recifense. A Avenida Dantas Barreto será alargada, com o intuito de desafogar o fluxo de pessoas. Talvez o grande questionamento daqueles que se mostraram contra ao empreendimento, os edifícios variarão de 12 a 38 andares, sendo a maioria das edificações com mais de 30 andares. Os mais baixos são os próximos ao Forte das Cinco Pontas. Ao todo, são dez edifícios residenciais, um hotel, um empresarial e um misto (flat e empresarial). O projeto ainda contempla a ampliação da área verde com o alargamento do parque na frente d’água, como também a ampliação do Parque das Cinco Pontas.
Nos 101,7 mil m² do terreno, o Consórcio Novo Recife garante um aumento de novos quatro mil habitantes na área, com unidades residenciais de 14 tipologias distintas, variando de 34 a 282m², divididas em três grupos. Segundo Paulo Roberto Barros, o investimento com certeza irá ser maior, pois “há novas coisas a serem feitas”, e o lucro do Consórcio, inevitavelmente, será reduzido. “Não sabemos os valores, mas isso muda com o redesenho. Os preços para o mercado também mudarão, porque modificamos a estrutura dos imóveis”, garantiu o gestor.
“Mudanças trouxeram ganhos para a cidade”, diz Consórcio
Porta-voz do Consórcio Novo Recife, o engenheiro Paulo Roberto Barros ainda comentou a influência do movimento Ocupe Estelita nas novas decisões da iniciativa privada. “As demandas foram capazes de mudar o projeto. Não dá para comparar este com o original, porque são produtos distintos. Com as mudanças, a cidade tem ganhos expressivos. Minha crença é de que esse novo produto contemple a maioria – se não todas – das reivindicações sociais”, apostou o representante do projeto.
Nesta sexta-feira (7), a sociedade poderá acompanhar a apresentação do redesenho na audiência pública para debate do novo formato do projeto. O encontro acontece na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCAP), no bairro da Madalena, a partir das 14h30. Paulo Roberto ainda deixou claro que o Consórcio segue aberto para novas possibilidades de remodelações. “Prefiro chamar a audiência de um debate público. Se abrimos para o diálogo, é porque podemos, sim, acatar novas propostas e sugestões e reformatar, mais uma vez, o projeto”, atestou o engenheiro ao afirmar que 14 apresentações do projeto – com novas mudanças – já foram realizadas pelo Consórcio Novo Recife.