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O Golpe de 1964 derrocou em várias prisões, perseguições e conflitos entre militares e pessoas que iriam contra o regime que se instalou no país e perdurou por 21 anos. Em Pernambuco, militantes apartidários e ligados ao Partido Comunista Revolucionário Brasileiro – ala radical do PCB -, tentaram enfrentar o sistema e acabaram torturados.

Conhecidos como integrantes da segunda geração pernambucana que lutou no começo da década de setenta contra a Ditadura Militar, o jornalista Marcelo Mario de Melo, o sociólogo Carlos Soares, o artista plástico Francisco de Assis e o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCB) foram presos e levados a Penitenciária Professor Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife.

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Juntos com quase 30 detentos – entre eles ex-diretor da Funase, Alberto Vinicius, e o presidente do PCB em Pernambuco, Alani Cardoso -  , eles fizeram greve de fome e tiveram a esperança das forças revolucionárias derrotarem o regime. Com o passar dos anos se acostumaram a viver conjuntamente até o período da anistia, no final dos anos setenta. Por conta do rigor no cárcere, acabaram intitulando o local de o “AI 5 de Itamaracá”.

Eles entraram em conflito com o sargento Siqueira, hoje um coronel reformado. Alguns foram amigos do líder estudantil Odijas Carvalho, que foi morto no Departamento de Ordem Política e Social do Estado (DOPS-PE).

O jornalista Marcelo de Melo até hoje guarda um material vasto sobre o regime. Ele foi um dos mais procurados pelos militares. Francisco de Assis não conseguiu se esconder por muito tempo e acabou sendo torturado por várias maneiras pelos policiais. 

O atual vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB) ainda guarda o trauma de escutar os gritos de dor da sua mulher sendo torturada. Enquanto Carlos Soares foi um dos últimos comunistas a conseguirem a liberdade.

Por conta da militância ativa contra o regime, as histórias destes ex-combatentes são relevantes para entender o período de perseguição no Estado. E a equipe do Portal Leia Já conversou com cada um deles. 

Confira nos links abaixo a entrevista:

Jornalista foi um dos mais perseguidos pelos militares

Francisco de Assis foi uma das vítimas do golpe no Estado

Luciano Siqueira: um líder estudantil contra a repressão

Militante do PCBR foi condenado a duas prisões perpétuas

O mistério sobre a explosão de uma bomba no Aeroporto dos Guararapes no dia 25 de julho de 1966 foi revelado nesta terça-feira (10). A versão real sobre o caso foi apresentado pela Comissão da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC) na sede provisória do governo, no Centro de Convenções em Olinda.

Com a presença do governador Eduardo Campos (PSB), deputados estaduais e secretários além de familiares e uma da vitimas acusada pelo crime, o coordenador geral da CEMVDHC, Fernando Coelho, explicou a inocência do ex-deputado federal Ricardo Zarattini e do professor Edinaldo Miranda. "Sabíamos que era injusto, mas até agora não tínhamos nenhum documento oficial. Conseguimos então o documento que reconhece a parte do Estado e a não participação de Zarattini e Edinaldo", contou.

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Tomando a palavra para tratar do fato, o ex-parlamentar Ricardo Zarattini fez questão de homenagear o líder estudantil Odijas Carvalho pela Comissão da Verdade entregar também no evento, o atestado de óbito reficado. “Agradeço a presença de todos e neste momento, numa só voz, gostaria que todos fizessem uma homenagem a Odijas”, iniciou Zarattini gritando em seguida em tom forte “Odijas presente”. O ex-deputado também contou que até a aeronáutica o condenou pela bomba e, inclusive, foi acolhido por Dom Hélder Câmara quando fugiu, mas apesar das acusações desejou continuar perseverante. “Vamos à luta”, concluiu. 

Após investigações, à Comissão da Verdade identificou que a bomba do Aeroporto dos Guararapes foi colocada por Raimundo Gonçalves de Figueiredo, pertinente ao Centro Militante da Ala Vermelha do PCdoB. Também compareceu ao evento a filha de Edinaldo Miranda, o segundo acusado de ter colocado a bomba.

Certidão de óbito - Durante o evento a CEMVDHC também entregou ao governador e familiares do Líder estudantil de Agronomia da Universidade Rural de Pernambuco e militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Odijas Carvalho de Souza, a certidão de óbito retificada com a verdadeira causa da morte da vítima.

No documento foi exposto que houve homicídio por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura, emitido no Cartório Registro Civil da Graça 60 Distrito Judiciário da Capital (Recife). 

Emocionada, a viúva de Odijas, Maria Yvone Loureiro, que também foi presa na época do crime, agradeceu o trabalho realizado pela Comissão da Verdade e fez questão de frisar que seu esposo lutava por ideais e não abriu mão em nenhum segundo de buscar isso. “É uma emoção muito grande. Desde que saí da prisão eu passei 20 anos sem conseguir falar sobre isso. Ele teve a vida ceifada aos 25 anos, e na época eu tinha 23”, relembrou, descrevendo Odijas como uma pessoa heroica, terna, mas também animado e apreciador de música. 

Mesmo com a apresentação dos dois importantes documentos, Fernando Coelho garantiu não parar os trabalhos. “Nós vamos continuar investigando e temos já milhares de documentos coletados em relação à opressão daquela época”, prometeu.

Fechando os discursos oficiais, o governador Eduardo Campos disse ser “difícil estarmos tratando de duas pessoas que foram réus sem crime”, e avaliou a situação como um resgate dos fatos. “A gente percebeu que este ato é um resgate (...). É a verdade que se sabe e que não se comprovava e permite fazer o reconhecimento do Estado brasileiro de como Odijas foi morto, tocado por aquilo que já sabíamos”, disse Campos, pontuando posteriormente a revelação da bomba no Aeroporto dos Guararapes. 

Morte - Odijas morreu em 08 de fevereiro de 1971, nas dependências do Hospital da PMPE, no Recife. O atestado divulgado durante a ditadura indicou embolia pulmonar (morte natural), assinado pelo médico Ednaldo Paes Vasconcelos.  O caso dele é um dos 51 que compõem a lista preliminar de mortos e desaparecidos políticos pernambucanos e que são alvo de análise da CEMVDHC. 

Depois da retificação do atestado de óbito do estudante Odijas Carvalho, que morreu na época da ditadura militar, nas dependências do hospital da Polícia Militar de Pernambuco, a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara deve entrar na justiça com pedidos de correções de documentos de outras pessoas que foram mortas no regime.

“Nós vamos proceder com outros casos, como o de Anatália Souza Melo (professora, militante do PCBR, que foi presa e morta em Pernambuco nas dependências do Doi-Codi). Afora Anatália, também existem outros casos. As retificações vão se suceder”, afirmou Nadja Brayner, que faz parte da Comissão Estadual da Verdade, em entrevista ao Portal LeiaJá.

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Nadja ainda relatou que o resultado favorável à retificação do óbito de Odijas já estava sendo esperado pelo grupo. “A gente estava acreditando por conta do parecer da promotora. O Ministério Público deu um parecer favorável. Foi um parecer bem feito, nós fizemos audiências públicas, com vários depoimentos, além de informações dos jornais. Esses elementos ajudaram na retificação”, explicou. 



 

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara conseguiu na justiça a retificação do registro de óbito do estudante Odijas Carvalho, que morreu na época da ditadura militar, nas dependências do hospital da Polícia Militar de Pernambuco. A sentença favorável vem atender a solicitação do grupo encaminhada à 12ª de Família e Registro Civil do Recife, em julho deste ano.

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A comissão vai apresentar, nesta terça-feira (15), às 15h, na Casa Civil, no bairro das Graças, o resultado das investigações que comprovam a morte do estudante por homicídio provocado por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura, desconstruindo o antigo documento que atestava o falecimento de Odijas por morte natural.

O caso de Odijas é um dos 51 que compõem a lista preliminar de mortos e desaparecidos políticos pernambucanos e que são alvo de análise da CEMVDHC.

Atestado de óbito do estudante Odijas vai ser retificado.

A comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara deu entrada em uma ação com pedido de retificação do registro civil de óbito do estudante Odijas, distribuída para a Décima Segunda Vara de Família e Registro Civil do Recife.

O objetivo do pedido é adequar o documento as novas versões dos fatos, tendo como causa da morte o homicídio provocado por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura.

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O líder estudantil foi preso na Praia de Maria Farinha, no município de Paulista, em Pernambuco, em 30/01/1971, juntamente com Lylia Guedes. O assassinato foi denunciado a partir de testemunhos em depoimentos prestados na Auditoria de Guerra da 7ª Região Militar, inclusive o da viúva, Maria Ivone de Souza Loureiro.

O ex-preso político Mário Miranda, uma das testemunhas oculares do assassinato, denunciou as torturas, na sede do DOPS-Recife, que culminaram com a morte de Odijas. Ele foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro, na capital, sob o nome de Osias de Carvalho Souza, e não Odijas, o que dificultou a localização do corpo.

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