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"Gonkoken nanoi", uma espécie de dinossauro herbívoro da qual não havia registros no hemisfério sul, foi encontrado na Patagônia chilena, epicentro de importantes descobertas paleontológicas nos últimos anos, anunciaram pesquisadores nesta sexta-feira (16).

Com até quatro metros de comprimento, uma tonelada de peso e um bico semelhante ao de um pato, essa espécie habitou, há 72 milhões de anos, o vale de Las Chinas próximo a Cerro Guido, no extremo sul do Chile, onde outras quatro espécies de dinossauros foram encontradas.

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Os fósseis foram descobertos em 2013 e, posteriormente, os cientistas conseguiram classificá-lo, uma descoberta que apresentaram nesta sexta-feira.

"Eram dinossauros de aparência esbelta, que podiam adotar facilmente tanto uma postura bípede como quadrúpede para alcançar a vegetação tanto no alto como ao nível do solo", descreve Alexander Vargas, diretor da Rede Paleontológica da Universidade do Chile e um dos autores do estudo publicado nesta sexta-feira pela revista Science Advances e apresentado em Santiago.

Esse tipo de réptil também tinha grandes bicos achatados na extremidade, semelhantes aos de um pato, mas com bordas mais cortantes e numerosos dentes com os quais podiam moer, triturar e cortar praticamente qualquer material de origem vegetal, inclusive madeira.

Também possuíam um comportamento sociável e cuidavam de seus filhotes, acrescenta Vargas.

- Descoberta surpreendente -

Os fósseis foram encontrados em uma das encostas do vale do rio de Las Chinas, nas proximidades do parque nacional Torres del Paine, aproximadamente 3.000 km ao sul de Santiago.

Sua descoberta nesse local revela que a Patagônia chilena foi um refúgio para espécies muito antigas de "hadrossauros" - dinossauros herbívoros -, que haviam migrado para o hemisfério sul muito antes de espécies mais avançadas e, inclusive, podem ter chegado à Antártida.

A presença dessas espécies em terras austrais tão distantes é surprendente para os cientistas: "Todas as possibilidades para entender como os seus ancestrais chegaram aqui envolvem grandes distâncias e barreiras marinhas que bloquearam a passagem da maioria das espécies terrestres", afirma Vargas.

O "Gonkoken nanoi" é a primeiro exemplar de uma éspecie deste tipo encontrado no hemisfério sul. Além disso, trata-se da quinta espécie descoberta no Chile depois que o "Chilesaurus diegosuarezi", o "Atacamatitan chilensis", do "Arackar licanantay" e o "Stegouros elengassen" foram identificados nessa mesma região.

A denominação Gonkoken tem sua origem na língua dos Tehuelches do sul, o povo originário que habitou essa região até o final do século XIX e significa "parecido com um pato silvestre ou cisne".

O termo "nanoi" é utilizado em reconhecimento a um antigo trabalhador do rancho de Las Chinas que ajudou na pesquisa, apelidado de "Nano".

Cientistas encontraram vestígios de quatro tipos de dinossauros, entre eles um 'megaraptor', em uma região inóspita da Patagônia chilena que, há cerca de uma década, se transformou em uma importante jazida de fósseis, informaram os pesquisadores nesta quarta-feira (11).

Após recolherem fósseis em Cerro Guido, no vale de Las Chinas, perto da fronteira com a Argentina (cerca de 2.800 km ao sul de Santiago), em 2021, os cientistas analisaram os restos em laboratório e conseguiram constatar que pertenciam a dinossauros que não haviam sido identificados antes no local.

"É sempre super excitante, em termos científicos, encontrar algo que não havia sido descoberto e nem descrito antes no vale de Las Chinas, onde estamos começando a nos acostumar com novas descobertas de fósseis", explicou à AFP, Marcelo Leppe, diretor do Instituto Antártico Chileno (Inach), que faz parte da equipe que fez a descoberta.

De acordo com a pesquisa, as descobertas representam o registro fóssil mais ao sul deste tipo de dinossauro fora da Antártica.

Em dezembro de 2021, paleontólogos chilenos apresentaram os restos de um Stegouros elengassen, um dinossauro enigmático cuja cauda em forma de clava intrigou os cientistas, encontrado nesta mesma área da Patagônia chilena.

A nova descoberta foi realizada pelo Inach, em colaboração com pesquisadores da Universidade do Chile e da Universidade do Texas (Estados Unidos), que conseguiram identificar restos de quatro tipos de dinossauros, entre eles dentes e partes ósseas pós-cranianas de um megaraptor pertencente à família dos terópodes.

Estes dinossauros carnívoros tinham garras de raptores, pequenos dentes para rasgar e grandes extremidades superiores, que, de acordo com a pesquisa, os colocaria no topo da cadeia alimentar desta região que habitaram há entre 66 e 75 milhões de anos, ao final do Período Cretáceo.

"Uma das características que nos permitiu identificar com grande confiança que pertencem ao ramo dos megaraptors é, antes de mais nada, que os dentes estão muito curvados para a parte posterior", assinalou Jared Amudeo, pesquisador da Rede Paleontológica da Universidade do Chile, em um comunicado difundido pela instituição.

Também foram identificados dois espécimes da subfamília Unenlagiinae, parentes próximos dos velociraptors, que têm um "caráter evolutivo nebuloso, que nos indicaria que se trata de uma espécie nova de unenlagia, ou talvez de um representante de outro clado [ramo] diferente", assinalou Amudeo.

Também foram encontrados fósseis de duas linhagens de aves: uma Enantiornithe, o grupo de aves mais diverso e abundante da Era Mesozoica; e Ornithurinae, um grupo diretamente aparentado com as aves atuais.

O trabalho dos cientistas foi compilado em um estudo publicado em dezembro na prestigiada revista Journal of South American Earth Sciences.

Cerca de 70 baleias foram encontradas mortas no sul do Chile, menos de um ano depois do encalhe maciço de mais de 330 cetáceos ocorrido em uma área remota da Patagônia chilena, informou o Serviço Nacional de Pesca (Sernapesca).

Os animais foram detectados a cerca de seis horas de navegação de Porto Chacabuco, na região de Aysén, e pelo seu tamanho foi descartado que pertencessem à mesma espécie das mais de 330 baleias-sei encalhadas no final de 2015 no extremo sul chileno.

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"São menores dos que observamos na vez anterior", e se trata de "cerca de 60 a 70 exemplares, que estão em um lugar bastante mais acessível", que permitirá um processo de inspeção nos próximos dias, disse o diretor do Sernapesca, José Miguel Burgos.

Os animais morreram há mais de dois meses, afirmaram as autoridades, acrescentando que os cadáveres "ainda estão inteiros, por isso estamos otimistas de poder realizar autópsias" para determinar as hipóteses da varação.

Embora tenha sido complicado determinar o que provocou o primeiro encalhe maciço, devido ao avançado estado de decomposição dos animais quando foram encontrados, os cientistas apontaram a "maré vermelha", uma floração de algas nocivas, como a causa mais provável.

No novo encalhe, "a primeira coisa que temos que investigar é se houve intervenção humana ou não", acrescentou Burgos.

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