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Em meio às negociações com a Câmara para tentar aprovar ainda nesta semana uma pauta econômica que inclui a reforma tributária, o novo arcabouço fiscal e o projeto que altera as regras do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), o governo já empenhou (reservou no Orçamento) R$ 2,1 bilhões em emendas parlamentares apenas nesta primeira semana de julho - valor que se aproxima de todo o montante distribuído aos parlamentares durante junho (R$ 2,7 bilhões). As conversas passam ainda por pedido de recursos extras para o Plano Safra, feito por parlamentares da bancada ruralista em reunião com representantes do governo.

A maior parte dessas liberações de julho se concentra nas chamadas emendas de bancada, que são impositivas - ou seja, têm execução obrigatória. Há um grande interesse dos parlamentares em outros recursos: cerca de R$ 9 bilhões em antigas emendas de relator, que ficaram "penduradas" do governo Bolsonaro, e que vêm sendo pagas aos poucos, gerando insatisfação.

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Além da liberação de verbas aos parlamentares, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se reuniram na quarta-feira, 5, com membros da bancada ruralista para negociar apoio ao projeto do Carf. A moeda de troca foi o Plano Safra. Um dos interlocutores a par das conversas afirma que um dos pedidos foi uma cifra adicional de R$ 2 bilhões para a subvenção ao seguro rural.

O encontro foi realizado no Ministério da Fazenda, e contou com a presença, entre outros, dos deputados Pedro Lupion (PP-PR), que também é presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA); Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que é vice-presidente da FPA; e Fábio Garcia (União-MT), coordenador de política do grupo.

Carf

O maior entrave até agora para o Executivo é, justamente, o projeto que recria o chamado "voto de qualidade" do Carf, pelo qual o voto de desempate em julgamentos caberia à própria Receita. Deputados dizem que a pauta é de interesse exclusivo da Fazenda, pelo seu potencial arrecadatório, razão pela qual não teria sido "abraçada" pelo Legislativo.

Por tramitar em regime de urgência, o projeto teria de ser o primeiro a ser votado - em detrimento dos outros temas. Diante do impasse nas conversas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a dizer que isso não valeria no caso de propostas de emenda constitucional, caso da PEC da reforma tributária. O entendimento é contestado por especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que veem risco de o caso parar no STF.

Ainda assim, Lira pautou ontem à noite a discussão do texto em plenário, com a expectativa de concluir hoje a votação em 1.º turno. Como se trata de PEC, são necessários 308 votos em duas votações. Em manifesto que será publicado hoje, mais de 130 entidades e sindicatos do setor produtivo defendem a aprovação do texto. Puxado pela Fiesp, o movimento tem entre seus signatários setores como indústrias de automóveis, bens de capital e aparelhos eletroeletrônicos.

Arcabouço

Enquanto isso, o texto do arcabouço fiscal está em "banho-maria". O relator do texto, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), já manifestou o desejo de retomar a versão votada pela Câmara, revertendo as mudanças feitas pelo Senado - que liberam R$ 73 bilhões em gastos fora do novo teto, como mostrou o Estadão. Cajado disse, porém, que vai submeter a decisão aos líderes dos partidos e ao presidente da Câmara.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira (5) que as propostas da pauta econômica serão votadas à medida que os consensos sobre os textos forem obtidos. Lira disse que vai continuar trabalhando para que os deputados aprovem até sexta-feira (7) o projeto que retoma o voto de qualidade do Carf (PL 2384/23), as mudanças do Senado no arcabouço fiscal (PLP 93/23) e a reforma tributária (PEC 45/19).

Lira voltou a defender o diálogo para se chegar a um entendimento. “O Brasil precisa de uma nova legislação tributária. Sem ela, o País não avança. O momento é de diálogo e de acolhermos as sugestões de governadores, prefeitos e da sociedade.”

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Reforma tributária

O presidente disse ainda que não vai transformar a reforma tributária em uma batalha político-partidária e “nem aproveitá-la para ganhar uma notoriedade momentânea”.

Ontem (4) o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), listou alguns pontos do texto que ainda estão sendo negociados com líderes partidários, governadores e prefeitos: a centralização da arrecadação no Conselho Federativo, o Fundo de Desenvolvimento Regional e as regras de transição.

Ribeiro destacou que a reforma tem sido objeto de inúmeras reuniões e que o texto está “nos ajustes finais”.

Arcabouço fiscal

Já o relator do arcabouço fiscal, deputado Claudio Cajado (PP-BA), vai analisar as mudanças que os senadores incluíram no texto. O Senado incorporou três novas despesas na lista de itens que não serão afetados pela meta de crescimento dos gastos: o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), a complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e as despesas com ciência, tecnologia e inovação.

Outra alteração permite que o governo use uma estimativa de inflação anual para ampliar o seu limite de gastos ainda na fase de elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).

Carf

Por sua vez, o relator do projeto do Carf, deputado Beto Pereira (PSDB-MS), apresentou seu parecer na segunda-feira (3) mantendo o voto de qualidade favorável ao governo quando houver empate nas decisões do Carf, tribunal administrativo que julga causas tributárias.

Desde 2020, o empate entre os julgadores beneficia o contribuinte, regra introduzida pela Lei 13.988/20.

O parecer, no entanto, exclui as multas e juros de mora cobrados dos contribuintes quando o julgamento for favorável ao Fisco pelo voto de qualidade.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

A Câmara dos Deputados realiza esforço concentrado a partir desta segunda-feira (3) para votar a pauta econômica do governo. O Plenário vai analisar as alterações do Senado ao arcabouço fiscal (PLP 93/23), o voto de qualidade no Carf (PL 2384/23) e a recriação do Programa de Aquisição de Alimentos (PL 2920/23), além da discussão da reforma tributária (PEC 45/19). A sessão do Plenário desta segunda está marcada para as 16 horas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que as pautas econômicas foram negociadas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Conversei hoje com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para acertamos os temas econômicos que a Câmara dos Deputados vai apreciar semana que vem. Reforma tributária, Carf e arcabouço fiscal estão na pauta que queremos aprovar”, disse Lira em publicação no Twitter na sexta-feira (30).

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Pauta trancada

Até o momento, a pauta do Plenário está trancada pela proposta que retoma o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), última instância de recursos administrativos sobre as punições da Receita Federal. Esse deverá ser o primeiro item em votação, a não ser que o governo retire a urgência para liberar a análise de outras matérias.

O voto de qualidade permite que o presidente da turma de julgamento, um representante da Fazenda Nacional, desempate as votações dos recursos. Em 2020, uma alteração legal determinou que os empates fossem resolvidos em favor dos contribuintes. O governo alega que a medida gerou R$ 59 bilhões de perdas para os cofres públicos com a reversão de decisões da Receita.

O relator, deputado Beto Pereira (PSDB-MS), ainda não apresentou o seu parecer sobre o projeto.

Outra proposta do Executivo, que tranca a pauta a partir do dia 2, é a criação do Programa Escola em Tempo Integral (PL 2617/23). O objetivo é ampliar em 1 milhão as vagas de tempo integral nas escolas de educação básica de todo o Brasil.

A meta é alcançar, até o ano de 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas. O relator do projeto é o deputado Mendonça Filho (União-PE).

Arcabouço fiscal

O arcabouço fiscal, principal proposta econômica do governo, também voltará à pauta após alterações feitas pelo Senado. Os senadores incluíram três novas despesas na lista de itens que não serão afetados pela meta de crescimento dos gastos: o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), a complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e as despesas com ciência, tecnologia e inovação.

Outra alteração permite que o governo use uma estimativa de inflação anual para ampliar o seu limite de gastos ainda na fase de elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). O relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA), vai analisar se a Câmara deve ou não concordar com as emendas do Senado, que permitem a ampliação dos gastos do governo nos próximos anos.

O arcabouço fiscal estabelece o regime fiscal sustentável, baseado na busca de equilíbrio entre arrecadação e despesas. Os gastos serão condicionados ao cumprimento de metas de resultado. Trata-se da regra fiscal que vai substituir o antigo teto de gastos públicos.

Aquisição de alimentos

Os deputados também vão analisar a recriação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que permite a compra de alimentos da agricultura familiar para os programas de segurança alimentar e pela rede pública de ensino (PL 2920/23).

O texto já foi discutido em junho. O relator, deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), sugeriu a inclusão do Programa Cozinha Solidária como um dos beneficiários do PAA. O programa oferece alimentação gratuita e de qualidade à população, preferencialmente às pessoas em vulnerabilidade e risco social, incluindo aquelas em situação de rua e com insegurança alimentar.

Reforma Tributária

Os deputados também poderão iniciar a votação da reforma tributária. A expectativa é que o texto seja analisado até o dia 16 de julho. O relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou parecer preliminar em que propõe a substituição de cinco tributos (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) por uma Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), gerida pela União, e um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), gerido por estados e municípios.

O texto está sendo negociado com os atores políticos e já foi alvo de críticas de secretários de Fazenda dos estados.

*Da Agência Câmara de Notícias

Passado o carnaval, o Palácio do Planalto vai apostar todas as fichas na aprovação de projetos no Congresso Nacional relacionados à retomada do crescimento econômico, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Enquanto as reformas trabalhista e da Previdência ainda tramitam nas comissões especiais da Câmara, o governo quer priorizar temas que mantenham em alta a sensação de que o País está saindo da crise econômica.

"A ênfase do governo é continuar nessa mesma trajetória que ofereça resultado na área econômica", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. De acordo com o ministro, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, ligou recentemente para o presidente Michel Temer dizendo que a indústria já dá sinais de retomada e aproveitou para incentivar a apresentação de ações do governo que favoreçam a recuperação da economia.

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Terceirização

Um dos projetos sugeridos pelos líderes partidários que podem dar uma sinalização positiva para os setores produtivos é a proposta que trata da terceirização para todas as atividades. A ideia é votá-lo nas próximas semanas na Câmara. "É o desejo de vários líderes", comentou Imbassahy.

Na semana passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, que pretendia colocá-lo em votação no plenário logo após o carnaval. O projeto, relatado atualmente pelo deputado Laércio Oliveira (SD-SE), é considerado mais amplo do que o que está em discussão no Senado, sob a relatoria do senador Paulo Paim (PT-RS).

O petista fez uma série de mudanças ainda no governo da presidente cassada Dilma Rousseff. As alterações, porém, não agradaram ao atual governo. Maia e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), fizeram um acordo para dar celeridade ao projeto que tramita na Câmara e deixar de lado a proposta relatada por Paim.

Interesses

O projeto chegou ao Congresso em 1998, ainda na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e é visto pelas centrais sindicais como mais prejudicial aos direitos dos trabalhadores, por atender mais aos interesses dos empresários. Já os governistas consideram a matéria como um instrumento de modernização das relações de trabalho no País, oferecendo regras mais claras e segurança jurídica às empresas.

Como o texto já passou por votações anteriores nas duas Casas legislativas, basta ser aprovado pelo plenário da Câmara para ir à sanção do presidente Michel Temer.

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