Os indicadores macroeconômicos globais se recuperaram "de forma surpreendente para o lado positivo" desde meados do ano passado, mas riscos importantes pairam na economia global, incluindo o do aumento do populismo e do nacionalismo, avalia a gestora norte-americana Pimco, que administra US$ 1,5 trilhão em ativos.
Os estrategistas da gestora notam que a confiança de investidores e empresários está em elevação nos últimos meses e isso tem se refletido na valorização das bolsas e de moedas, além da alta dos retornos dos títulos dos governos de países desenvolvidos, como os Treasuries norte-americanos.
##RECOMENDA##O diretor da Pimco, Joachin Fels, alerta em um vídeo enviado a clientes que há riscos sendo gradualmente construídos, que incluem o crescimento do populismo, da polarização política e do nacionalismo, além do aumento dos passivos em países ao redor do mundo e a redução da eficácia das políticas monetárias expansionistas. "O cenário para a economia mundial é estável, mas não seguro", afirma ele.
Fels menciona as eleições na Europa e as mudanças em curso na economia da China, onde muitos agentes estão com excesso de dívidas. Na zona do euro, os franceses votam neste fim de semana para escolher seu novo presidente e as pesquisas têm mostrado que a situação está embolada. A candidata Marine Le Pen, do partido de extrema-direita Frente Nacional, e contra a União Europeia, tem chances reais de chegar ao segundo turno.
O estrategista da Pimco, Richard Clarida, destaca que uma das questões que surgem é quais são as implicações econômicas e financeiras do aumento da polarização política e do populismo. Dois movimentos concretos já existem, que é o governo de Donald Trump, nos EUA, e a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Outra questão é como a China vai tratar de seu processo de mudanças econômicas e da liderança geopolítica após o Congresso do Partido Comunista no segundo semestre.
Fels destaca que os países emergentes voltaram a ganhar força e podem ajudar a acelerar o crescimento mundial. O Brasil e a Rússia devem sair de fortes recessões e voltar a crescer este ano. A previsão da gestora é que o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira cresça até 1% em 2017, enquanto a Rússia deve avançar um pouco mais, 1,25%. Na zona do euro, a expansão prevista é de 1,75%. Já os EUA devem crescer 2,25% e o Japão, 1%. O PIB chinês deve subir 6,25%.
"O Brasil e a Rússia estão saindo da recessão e voltando ao crescimento, ainda que moderado", afirma Joachin Fels no vídeo.