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Neste início de julho teve início a construção do maior radiotelescópio do mundo: o observatório Square Kilometre Array (em tradução livre, Matriz de um Quilômetro Quadrado), que vai funcionar em dois países. A composição de rede de antenas integra um planejamento de quase três décadas por parte da Organização SKA (SKAO), que confirmou o pontapé inicial das obras, durante uma reunião anual da Sociedade Astronômica Europeia (ESA).

A composição do projeto envolve mais de 130 mil antenas, com localidades na Austrália e África do Sul e conta também com o apoio de 16 países na parte financeira. O conjunto completo da obra vai permitir que seja possível a maior observação e mapeamento do espaço sideral já conhecido. Assim, espera-se que o Square Kilometre Array consiga trazer mais informações sobre o universo e sua composição

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A potência do novo radiotelescópio permite que sejam baixados 13 terabytes de dados por segundo, o que equivale a baixar 300 filmes de alta qualidade a cada instante. Por conta de toda a estrutura e magnitude do projeto, o Square Kilometre Array está com previsão de início de funcionamento parcial para 2024. De acordo com o diretor geral da SKAO, Philip Diamond, este é um salto que a humanidade dá, ao se comprometer com a maior estrutura científica do planeta, em termos de estudo científico espacial.

A principal diferença entre os telescópios e radiotelescópios se trata do tipo de onda captada. Enquanto os telescópios têm a função principal de captação de imagens a partir da luz perceptível a olho nu, o resultado é praticamente imediatista. Já os radiotelescópios também têm a funcionalidade de observar objetos espaciais, mas a partir de ondas de rádio, luz infravermelha e raios x e, após isto, é necessário o uso de computadores para recriar as imagens captadas.

 

 

O Universo está se expandindo continuamente desde sua origem. Esse movimento é impulsionado por uma força conhecida como energia escura, que leva esse nome porque suas propriedades ainda são uma pergunta em aberto para a Cosmologia. Agora, a ciência ganha um aliado que pode oferecer respostas: o radiotelescópio Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations (Bingo), coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e cientistas de Europa e China.

Quando concluída, a estrutura do Bingo será composta por dois pratos gigantes, cada um com cerca de 40 metros de diâmetro, que receberão radiação do céu e projetarão seu espectro em uma série de detectores metálicos, chamados cornetas. A previsão é de que a primeira comece a operar este mês na cidade de Aguiar, no sertão da Paraíba, onde o radiotelescópio será montado. A versão completa do experimento, no entanto, teve sua construção afetada pela pandemia e deve ser finalizada só em 2022.

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Cerca de 80% das peças que compõem o Bingo são da indústria brasileira, diz o professor do Inpe Carlos Alexandre Wuensche. O instituto concentra praticamente toda a instrumentação astronômica do País em sua Divisão de Astrofísica, e é responsável por coordenar a construção do radiotelescópio. "As únicas peças que importamos são componentes eletrônicos que o País não produz."

Com financiamento de R$ 13 milhões, repassados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Bingo se distingue de outros radiotelescópios por se concentrar na época em que a energia escura se tornou predominante no espaço, explica o professor Elcio Abdalla, do Instituto de Física da USP e coordenador-geral do projeto. "A expansão do Universo depende fundamentalmente da energia escura, que começou a se desenvolver há alguns bilhões de anos, e é exatamente esse período que estamos observando", diz.

'Miolo'

Para compreender esse fenômeno, os cientistas vão buscar pistas em um tipo específico de radiação que permite enxergar as oscilações acústicas de bárions, mencionadas no acrônimo em inglês do projeto. "Se o cosmo fosse um pão, nós estaríamos estudando o miolo para saber quais ingredientes foram utilizados na preparação", compara João Alberto de Moraes Barretos, doutorando que integra a equipe.

O "miolo", seguindo a analogia, são as oscilações bariônicas. São elas que devem ser detectadas pelas antenas gigantes na Paraíba. Ao investigá-las, os pesquisadores querem descobrir a natureza do setor escuro do Universo. A grosso modo, sabe-se que elas foram influenciadas pela energia escura, mas não se conhece, de fato, o que é essa energia. "Ela é prevista teoricamente, e queremos entendê-la por meio das marcas que deixou nas oscilações bariônicas", afirma Wuensche. O Bingo pretende ser o primeiro radiotelescópio do mundo a empregar essa técnica.

Uma das etapas fundamentais do processo é o mapeamento da distribuição de galáxias no Universo. Isso porque os locais onde há mais concentração de matéria são os que apresentam a maior quantidade de átomos de hidrogênio neutro, o principal componente de tudo o que é visível no espaço. As oscilações acústicas de bárions, por sua vez, vêm "impressas" no espectro de emissão desses átomos.

"O diferencial do Bingo em relação a outros experimentos internacionais é que ele se propõe a calcular o espectro desta emissão no comprimento de onda de 21 centímetros, onde as oscilações bariônicas são observáveis", explica Larissa Santos, professora do Centro de Gravitação e Cosmologia da Universidade de Yangzhou, na China. "Desse modo, temos uma ideia da história da evolução do Universo, e de como ele está se expandindo".

Citada na apresentação do projeto à Fapesp, uma das motivações é a formação de engenheiros e técnicos com as habilidades necessárias para que, no futuro, o País tenha profissionais capazes de construir sistemas de radioastronomia no chamado "estado da arte". Segundo Abdalla, essa é uma das razões que tornam o intercâmbio de informações tão importante.

Em outra frente, a Universidade Federal de Campina Grande, parceira no experimento, faz a divulgação científica do Bingo em escolas da região de Aguiar. Coordenadas pelo professor João Rafael dos Santos, as atividades de extensão incluem palestras e aulas de Ciências, Astronomia, Astrofísica e Cosmologia aos alunos da rede pública.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma equipe de 200 astrônomos revelou, graças a um inovador radiotelescópio europeu, a existência de milhares de novas galáxias e objetos celestes, em sua maioria desconhecidos até agora.

"Abrimos uma nova janela para o universo", explicou à AFP Cyril Tasse, um astrônomo do Observatório de Paris, que participou no projeto, divulgado nesta terça-feira. Embora o universo seja infinito, os astrônomos consideram que a parte "observável" tem quase 100 bilhões de galáxias.

A descoberta foi possível graças a um novo instrumento "revolucionário", segundo os astrônomos, o radiotelescópio LOFAR (Low Frequency Array), que possibilitou a elaboração de um novo mapa do céu, tema de 26 artigos na revista Astronomy & Astrophysics. O LOFAR é um dos maiores radiotelescópios do mundo, com quase 100.000 antenas espalhadas pela Europa.

A rede foi inaugurada em 2010 e tem particularidade de operar em frequência muito baixa (entre 10 e 250 megahertz), ou seja, consegue "ver" o universo através de suas partículas que emitem a baixa frequência, as partículas ultra-energéticas.

Para escrutar o universo, os astrônomos dispõem de diferentes tipos de telescópios. Alguns, como o LOFAR, detectam as ondas radioelétricas emitidas pelos objetos celestes, outros os raios X ou os raios ópticos, no mundo visível ou por infravermelhos. "Os mapas do LOFAR não têm nada a ver com o que se pode observar com uma frequência maior, é totalmente novo", afirma Cyril Tasse.

Após milhares de horas de observação, por mais de três anos, o radiotelescópio europeu confeccionou seu primeira mapa do céu, onde aparecem "coisas que conhecíamos e outras que não, totalmente novas e surpreendentes".

"Agora estas imagens são públicas e permitirão aos astrônomos estudar a evolução das galáxias com uma precisão sem precedentes", afirma em um comunicado Timothy Shimwell, do Instituto Holandês de Radioastronomia (ASTRON), que estuda os dados, e da Universidade de Leyde.

- O mistério dos buracos negros -

Além de centenas de milhares de galáxias, das quais 90% ainda não haviam sido detectadas, e de alguns objetos "enigmáticos", o radiotelescópio também encontrou um grande cúmulo de galáxias.

Quando entram em colisão, estes objetos, "os maiores do universo", geram emissões de rádio que podem estender-se em milhões de anos-luz. "Em astronomia, quanto mais longe olhamos, mais observamos o passado", explica Cyril Tasse.

"Das centenas de milhares de galáxias detectadas, algumas são muito próximas e portanto muito recentes, e outras muito afastadas, ou seja, muito antigas". O objeto cartografado mais distante fica a mais de 11 bilhões de anos-luz, um testemunho do universo bilhões de anos depois do Big Bang.

Os astrônomos esperam desta maneira conhecer mais sobre a formação dos buracos negros supermaciços, um dos grandes mistérios do universo. Um buraco negro é um objeto celeste que possui uma massa extremamente importante em um volume muito pequeno.

Há dois tipos: os buracos negros estelares, que se formam ao final do ciclo de vida de uma estrela, e os buracos negros supermaciços, que têm galáxias no centro e que possui um peso entre um milhão e um bilhão de vezes o do Sol e dos quais se ignora a origem.

Os cientistas do projeto internacional LOFAR esperam que em 2024 o telescópio terá permitido detectar 15 milhões de fontes de rádio e possibilitado 48 petaoctetos de dados, "o equivalente a uma pilha de DVDs com a altura de quase 40 torres Eiffel".

O poderoso radiotelescópio Alma, no norte do Chile, captou com os maiores detalhes já vistos até agora o disco com formação de planetas ao redor da estrela de tipo solar TW Hydrae, o que pode significar o nascimento de uma versão infantil da Terra ou uma super-Terra com mais massa, informou nesta quinta-feira (31) o observatório.

A nova imagem captada pelo ALMA "revela um espaço à mesma distância da estrela que a Terra em relação ao Sol, o que pode significar que está começando a nascer uma versão infantil de nosso planeta ou, possivelmente, uma super-Terra, com mais massa", explicou em um comunicado.

A estrela TW Hydrae é muito estudada pelos astrônomos devido a sua proximidade com a Terra (175 anos-luz de distância) e sua condição de estrela infante. A partir da Terra, é possível ver a face desta estrela, o que oferece aos astrônomos uma vista pouco habitual e sem distorções dos discos protoplanetários que existem ao seu redor.

É o disco protoplanetário conhecido mais próximo da Terra e pode ser muito parecido com o Sistema Solar quando tinha apenas 10 milhões de anos.

"Estudos anteriores, realizados com telescópios óticos e com radiotelescópios, confirmam que a TW Hydrae abriga um proeminente disco cujas características sugerem que há planetas começando a se formar", afirma Sean Andrews, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian em Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos), e principal autor de um artigo publicado na revista Astrophysical Journal Letters, citado no comunicado do ALMA.

As novas imagens do ALMA "mostram o disco com um detalhe sem precedentes, revelando uma série de anéis concêntricos de poeira brilhante e zonas escuras, com características interessantes que podem indicar que está sendo formado um planeta com uma órbita parecida com a da Terra", acrescenta.

Estudando o disco da TW Hydrae, os astrônomos esperam entender melhor a evolução do planeta Terra e as perspectivas para sistemas similares da Via Láctea. O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA, em inglês) é formado por 66 antenas instaladas no Llano Chajnantor, no norte do Chile, a mais de 5.000 metros de altura.

O observatório é uma associação entre o Observatório Europeu Austral (ESO), a Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos e os Institutos Nacionais de Ciências Naturais do Japão, em cooperação com a República do Chile.

Trabalhadores do maior radiotelescópio do mundo, o ALMA, localizado ao norte do Chile entraram em greve por melhores salários e condições de trabalho.

Os trabalhadores pedem 15% de aumento de salário e benefícios para compensar a altitude elevada e isolamento que enfrentam em seu trabalho. Os trabalhadores estão expostos a ventos fortes, ar seco e quedas severas de temperatura.

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O ALMA está localizado no Deserto do Atacama, cerca de 5 mil metros de altitude em relação ao nível do mar. Fonte: Associated Press.

O deserto do atacama, no norte do Chile, é conhecido por ser uma região hostil com as mesmas características do planeta Marte. Justamente por essas condições que o maior radiotelescópio do mundo, o ALMA, foi criado lá. Considerado um projeto ambicioso, o maior observatório do mundo fica a quase 5 mil metros de altura, com humildade quase inexistente, permitindo que as 66 antenas do ALMA estudem as áreas mais profundas do Universo, quase sem nenhuma perturbação.

"A comunidade científica quer usar o ALMA para pesquisar a formação das estrelas, dos planetas. Não apenas o que acontece com o nosso sistema solar, mas também com o sistema criado após o Big Bang", comentou Thijs de Graaw, diretor do ALMA. Cerca de 600 milhões de dólares foram investidos no projeto.

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