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Após o senador Armando Monteiro (PTB) pedir que o general Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, se retratasse por ter dito que “o Nordeste é o grande centro da roubalheira do país”, foi a vez do senador Humberto Costa (PT) falar sobre o assunto. Nesta quarta-feira (21), durante discurso no plenário do Senado Federal, o petista saiu em defesa dos nordestinos pelo que chamou de “infeliz afirmação”. 

“É inaceitável que o presidente da República [Bolsonaro] não tenha criticado até a presente data o general Augusto Heleno, seu braço direito e futuro ministro. Foi uma infeliz afirmação”, lamentou Humberto Costa. 

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O senador saiu em defesa dos nordestinos. “Lamentavelmente o próprio general não pediu desculpas e é uma afronta que um governo que nem começou trate dessa maneira uma região onde vive um quarto da população brasileira, homens e mulheres reconhecidos pela sua capadidade de trabalho e resistência às imensas adversidades em que vivem”.

Humberto também falou que a declaração do general precisa ser imediatamente reparada antes do início de qualquer diálogo. “E é preciso que o governo ou o futuro governo claramente fique atento à pauta dos nordestinos. Nós precisamos urgentemente da conclusão de obras de infraestrutura fundamentais como a Transnordestina, a Transposção do São Francisco, adutoras e barragens para segurar o desenvolvimento das nossas potencialidades e o nosso crescimento sustentável”.

Sem deixar passar a oportunidade, o senador aproveitou para lembrar da saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos. Segundo ele, serão quase 30 milhões de brasileiros sem atendimento hospitalar básico. “Só em Pernambuco, mais de 400 profissionais deixarão de atuar, inclusive em municípios onde só existiam esses médicos”. 

Entre outras críticas, ele definiu o novo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, como “indivíduo movido por ranço ideológico e interesse corporativo”. “Tem uma mentalidade empresarial absolutamente descompromissada com a população, especeialmente a mais pobre deste país. Vai aprofundar ainda mais a política tacanha de Michel Temer, que acaba de suspender o repasse de R$ 77 milhões de reais para 309 unidades na área da saúde mental em todo o país”.

“Enquato nós entendemos que o Brasil precisa de investimento e inclusão dos mais pobres, eles defendem mais cortes e mais exclusão. Essa verdadeira tempestade ideológica que os últimos anos varreu o Brasil em defesa de um indivualismo tacanho, em defesa do salve-se quem puder não é a forma de pensar e a mentalidade habitual e tradicional do povo brasileiro. Nós precisamos resgatar a solidariedade, o altruísmo e a preocupação em fazer com que todos tenham a mesma oportunidade. Hoje, é o contrário o que está acontecendo novamente. É a tese de cada um por si. É a tese de que eu sou capaz e os demais que se danem”. 

No final do discurso, Humberto disse que no próximo governo as políticas sociais irão sofrer “cortes inimagináveis” e que as desigualdades irão se aprofundar. “É preciso que o presidente deixe de lado o seu tapadismo para poder entender o Nordeste”, enfatizou.

Na semana passada, uma declaração do general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança  Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, pegou mal. Durante entrevista concedida ao Valor Econômico, ele afirmou que “o Nordeste é o grande centro de roubalheira do país”. Nesta terça-feira (20), o senador Armando Monteiro (PTB) não deixou passa batido a frase do general. 

O ex-candidato a governador de Pernambuco derrotado falou, durante discurso no plenário do Congresso, que a opinião do aliado de Bolsonaro é “preconceituosa e estarrecedora”. “Nós nos surpreendemos com o juízo absolutamente preconceituoso e estarrecedor do general Augusto Heleno. Como nordestino, não posso aceitá-lo”, criticou. 

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O petebista também disse que o general foi comandante da Missão da ONU no Haiti e que ele é “uma voz muito acatada no novo governo”. Também não concordando com a declaração, o senador Otto Alencar (PSB) falou que o general da reserva foi muito infeliz e que não corresponde à realidade o que foi dito. Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP), que comandava a sessão, disse esperar que ele peça publicamente desculpas.

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