Com companhias nacionais e internacionais, a 4ª Semana Internacional de Teatro de Animação do Sobrevento traz artistas que primam pela inovação. “A gente discute aqui com pessoas que têm uma postura muito forte como atores”, ressalta o diretor do Sobrevento e curador da mostra Luiz André Cherubini sobre o festival que chega na terça-feira (16) à capital paulista. “Criando técnicas novas, inventando coisas, renovando técnicas, recuperando técnicas abandonadas. Nós vamos ter aqui a nata do teatro mundial de bonecos nas suas especialidades”, acrescenta sobre o festival, que fica até o próximo dia 28 na Caixa Cultural, na Praça da Sé, com entrada livre.
O Sobrevento é um grupo que trabalha há mais de 30 anos com o teatro de bonecos. Após fazerem curadoria para festivais, os artistas da companhia resolveram criar a própria mostra. A ideia, explica Cherubini, é abordar temas que “inquietam” os integrantes do grupo. “Este ano, a ideia foi trabalhar o tema, o ator e o teatro de animação, porque muitas vezes as pessoas acham que o teatro de bonecos não é bem teatro, uma coisa que necessite muito bem de um ator. Mas não há marionetista, não há bonequeiro que não seja ator”, comenta.
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Um dos destaques do festival é o espetáculo Western (Faroeste), dirigido pelo italiano Massimo Schuster. Para contar essa história, o artista usa o teatro de papel, popular no final do século 19, mas que por muito tempo foi abandonado. “O ator anda e grita, dá tiros, briga e faz vários personagens. E nós estamos vendo o ator por trás da maquete de teatro. A gente vê todo o movimento, e é isso que confere vida ao espetáculo, que é muito pobre de recursos”, explica o curador sobre a técnica que usa pequenas figuras bidimensionais.
Baseada na mímica, a bósnia Inés Pasic traz uma técnica ainda mais inusitada. “Ela usa partes do próprio corpo para criar os bonecos. Então, com a barriga dela, com as pernas, ela cria um boneco. Com as mãos, ela cria o corpo do boneco”, detalha Cherubini sobre o trabalho da companhia Gaia Teatro, fundada em parceria com o peruano Hugo Suárez.
São Manuel Bueno, Mártir é a peça a ser apresentada pelo próprio Sobrevento. “Um espetáculo muito comovente, que fala de uma história muito profunda de um padre, que acaba virando santo porque não acredita em Deus. Essa dúvida de Deus, que o leva a se tornar um santo”, conta o curador. Para a interpretação são usadas figuras de madeira sem articulação, “como se fossem figuras de presépio. Mesmo assim, eles têm um potencial expressivo muito forte”, ressalta Cherubini.
A programação traz ainda oficinas e uma mesa redonda com três artistas.