Tópicos | tema da redação Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

Alguns educadores se mostraram surpresos com o tema da redação deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No geral, esperava-se um assunto não tão específico, porém, o assunto escolhido permite que o candidato faça um bom texto. Feras de todo o Brasil tiveram que escrever sobre “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”.

Em entrevistas ao LeiaJá, professores deram sugestões de abordagens consideradas indicadas durante a redação. Um deles, o professor Diogo Xavier, aposta na pauta da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). “Como a proposta de intervenção deve ser detalhada e apresentar mais de um agente, o candidato poderia propor que o Ministério da Educação (MEC) estabeleça como obrigatório o domínio da Libras por parte dos professores, determinando um prazo para isso. Além disso, é necessária a inclusão, no ensino básico, de uma disciplina para ensinar a todos os alunos essa linguagem, uma vez que já se oficializou como segunda língua no país”.

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Segundo Xavier, impedir o isolamento dos surdos durante a educação também poderia ser uma alternativa de abordagem dos candidatos. “O isolamento por falta de comunicação com os colegas é um dos fatores que afastam o deficiente auditivo da escola”. “A essas duas medidas, pode-se acrescentar o apelo popular ao Ministério Público, a fim de exigir do Executivo a universalidade do acesso à educação inclusiva aos surdos, desde o ensino básico ao superior, com a disponibilização de intérpretes, caso necessário, como já é garantido pela lei nº 13.146/2015”, complementou o professor de redação. 

O professor Felipe Rodrigues, também em entrevista ao LeiaJá, tocou na questão das escolas municipais como possível abordagem. “As escolas municipais, que formam a base educacional, poderiam se aliar às universidades, aumentando o número de profissionais capacitados para receber a população surda; também, o Ministério da Educação deveria inserir disciplinas obrigatórias aos cursos superiores de licenciaturas, aumentando o quantitativo formador”, sugeriu o educador.

Outra sugestão é o trabalho de organizações não governamentais. “ONGs tecnológicas poderiam se unir, juntamente com o propósito de incluir essa parcela nos projetos educacionais, com os postos de saúde da família, captando o quantitativo populacional surdo, através de sistemas, e inserindo-o na educação formal; o auxílio da mídia, pluralizando os contextos, é essencial”, informou Felipe Rodrigues. “Por fim, a família e a própria sociedade deve fazer o uso da empatia, colocando-se no lugar dessa população e achando metodologias para diminuir a discriminação e preconceito, imbuídos pelo conceito da cidadania”, complementa.

Já o professor Vinícius Beltrão apostaria na falta de preparação das unidades de ensino para receber alunos surdos. “Questões políticas podem ser levantadas também e deverão ser tratadas com cautela, pois a lei garante que todos os alunos com deficiência sejam matriculados. Portanto, a escola tem que aceitá-lo e cabe a ela fazer todas as adaptações necessárias para atendê-lo”, comentou Beltrão. 

Em entrevista à assessoria de imprensa do SAS Plataforma de Educação, Vinícius acredita que as escolas devem se estruturar para atender os alunos com deficiência, pois só a matrícula não garante o aprendizado. Ele também tocou na formação dos professores; os cursos de licenciaturas deveriam ter, obrigatoriamente, uma disciplina sobre inclusão. “Estimular o aumento da oferta de disciplinas na graduação, estágios e especializações para atender esse público é algo urgente. Como há poucos centros especializados em educação especial, é muito comum os jovens se deslocarem por grandes distâncias. Trazer institutos educacionais ou mesmo transformar as instituições de bairro em centros de referência no atendimento a esses jovens também é uma solução necessária”, destacou o professor.

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