Tópicos | túnel Santos-Guarujá

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) recebeu um pedido inusitado nesta sexta-feira, 2, em cerimônia de comemoração aos 132 anos do Porto de Santos. "Volta para o PT, Tarcísio", gritou um homem entre o público que acompanhava a solenidade. O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não conteve a gargalhada.

Além de celebrar o aniversário do Porto de Santos, o evento também marcou a assinatura de um termo de cooperação técnica para a execução de obras de um túnel que ligará Santos ao Guarujá. A intervenção ocorreu durante o discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, no momento em que o presidente relembrava o passado do chefe do Executivo paulista durante as gestões petistas.

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Tarcísio já integrou governo do PT

Tarcísio nunca foi filiado ao Partido dos Trabalhadores, mas já integrou a gestão de Dilma Rousseff. No governo da petista, ele foi nomeado para a cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Além de relembrar a passagem de Tarcísio pelo Dnit, Lula afirmou que, em seu primeiro mandato, entre 2003 e 2006, havia conhecido Tarcísio quando o então engenheiro do Exército se envolvia nas obras do gasoduto Coari-Manaus.

O presidente, em seguida, disse que "estranhou" a aproximação de Tarcísio com o ex-presidente Jair Bolsonaro, do qual integrou o primeiro escalão, como ministro da Infraestrutura. "Estranhei vendo ele trabalhar com o Bolsonaro. Mas, paciência, é opção dele", disse.

Tarcísio é um dos nomes cotados para disputar a Presidência em 2026 - Bolsonaro, padrinho político do governador, está inelegível. "Vou me preparar para te derrotar nas próximas eleições, mas, da minha parte, não faltará respeito ao papel que você exerce em São Paulo. Eu e o (Geraldo) Alckmin éramos adversários, mas estamos casadinhos agora", brincou Lula sobre o atual vice-presidente.

Clima amistoso

Lula e Tarcísio chegaram a um acordo para a execução das obras do túnel e, na cerimônia desta sexta-feira, demonstraram sinais mútuos de convivência amistosa. Ao subir no púlpito, o governador chegou a ser vaiado, mas Lula, que discursou em seguida, defendeu o chefe do Executivo paulista.

O petista disse que Tarcísio "merece ser tratado com muito respeito" e que, diante de uma derrota nas urnas, como a do ministro da Fazenda Fernando Haddad contra Tarcísio, pelo governo paulista, em 2022, restava acatar o resultado eleitoral.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou não poder "querer dar um golpe" em São Paulo, diante dos atritos com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em aceno ao gestor estadual, Lula afirmou que Tarcísio terá da presidência da República "tudo aquilo que for necessário" e destacou que os investimentos no Estado têm como foco a população paulista, não o governador.

"Disputamos as eleições estaduais de 2022 com Tarcísio e perdemos as eleições. Não dá para querer dar um golpe de São Paulo, invadir prédio de São Paulo. É voltar para casa, se preparar e disputar outra vez, e respeitar o direito do exercício da função de quem ganhou as eleições, senão a democracia fica capenga", declarou o presidente no final da manhã desta sexta-feira (2), em cerimônia em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos e Anúncio de Investimentos no Túnel Submerso Santos-Guarujá. O evento ocorre em Santos, no litoral paulista.

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Lula afirmou que o ato representa mais do que anúncio de investimentos, mas a necessidade de "restaurar a normalidade". "E a normalidade é a gente respeitar o direito às diferenças."

"É a gente aprender a conviver com quem não gostamos, mas respeitamos o direito da pessoa até não gostar da gente", comentou.

O chefe do Executivo Federal contou que, em seus primeiros mandatos à frente da Presidência, tinha como governadores de São Paulo pessoas que não eram filiadas ao PT e, mesmo assim, "nunca" tratou o Estado de forma diferente.

"Quero te dizer, Tarcísio, você terá da Presidência da República tudo aquilo que for necessário, porque não estou beneficiando o governador, estou beneficiando o Estado mais importante da Federação", afirmou.

De acordo com o presidente, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 1,350 bilhão para o Estado de São Paulo para o eixo Norte do Rodoanel. O presidente afirmou, ainda, que o governo federal fará 12 institutos federais e que Santos e a cidade vizinha São Vicente serão beneficiadas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, publicou nesta terça-feira, 30, fotos com o governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os dois tiveram uma reunião mais cedo e chegaram a um acordo sobre a construção do túnel Santos-Guarujá. Trata-se de uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, e um assunto sensível no Estado de São Paulo.

"Conversamos sobre a parceria para transformar em realidade um sonho de 100 anos: a obra do túnel Santos-Guarujá, integrando a Baixada Santista. Um grande projeto de R$ 6 bilhões", disse Lula em seu perfil no X, antigo Twitter. "Também falamos de outros projetos, como o trem São Paulo-Campinas e a expansão de Institutos Federais no Estado de São Paulo. Queremos construir 100 novos IFs em todo o Brasil ainda no nosso mandato", afirmou o presidente da República.

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As fotos dos dois políticos foram publicadas na mesma postagem em que Lula deu as declarações.

Também estão nas imagens os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Um mês após cancelar a licitação do túnel Santos-Guarujá, no litoral sul paulista, por causa de um revés no financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), estatal responsável pela obra, aumentou em R$ 688 milhões o custo total do empreendimento, cujo início da construção foi adiado para janeiro de 2015. A conclusão está prevista para agosto de 2018.

No projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa na semana passada, solicitando aval para um novo financiamento para o projeto pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo Geraldo Alckmin (PSDB) informa que o preço final do túnel saltou de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,2 bilhões, alta de 27%.

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Segundo o presidente da Dersa, Laurence Casagrande, a maior parte do aumento se deve a uma atualização do custo pela inflação. "Quase tudo é custo inflacionário. A data-base do projeto anterior era setembro de 2012. Nós atualizamos para junho de 2014. Além disso, incluímos a estimativa de reajustes futuros, com uma inflação anual de 6% até a conclusão da obra, em 2018, porque agora o financiamento do BNDES é em real. Antes nós estávamos protegidos desse efeito inflacionário porque os recursos do BID eram em dólar", disse.

O banco estrangeiro financiaria 42% do túnel, mas acabou cancelando o empréstimo por discordar de uma cláusula do edital que exigia a participação de ao menos duas empresas brasileiras no consórcio vencedor. Agora, o BNDES financiará 72,6% do túnel e a Dersa teve de adequar a nova licitação à legislação brasileira. Só de reajustes futuros, a obra deve encarecer em R$ 384 milhões. Outra parcela do aumento se deve a "ajustes de projeto". De acordo com Casagrande, um levantamento mais minucioso mostrou que o número de famílias que serão desapropriadas e precisarão ser reassentadas pela Dersa subiu de 1.190 para 1.446, elevando o custo em R$ 137 milhões.

Ponte

Só o acréscimo no custo do túnel equivale ao valor total que o próprio governo paulista estimava gastar na construção de uma ponte estaiada ligando as duas cidades litorâneas: R$ 700 milhões. O ex-governador José Serra (PSDB) chegou a gastar R$ 1,3 milhão no projeto básico da ponte e a apresentar uma maquete da obra em março de 2010, quando era pré-candidato à Presidência. A promessa era inaugurá-la em 2012.

Em seu primeiro ano de governo, em 2011, Alckmin abortou a ponte e anunciou a construção de um túnel que custaria R$ 1,3 bilhão. "A ponte não era consenso e apresentava alguns problemas técnicos. O projeto previa altura de 70 metros, quando se exige hoje o mínimo de 85 metros. Ela criaria um gargalo na zona portuária", explicou Casagrande.

O salto para os R$ 2,5 bilhões aconteceu, segundo o governo, por causa da ampliação das obras viárias de acesso e do uso de tecnologia inédita no País para a construção submersa, que usará estrutura pré-moldada. Segundo a Dersa, o custo específico do túnel, que terá 762 metros e pistas exclusivas para transporte coletivo e bicicletas, é de R$ 596 milhões.

A promessa é reduzir de 20 minutos para 1 minuto e 42 segundos o tempo médio de viagem entre Santos e Guarujá. Hoje, para ir de uma cidade a outra é preciso percorrer cerca de 40 quilômetros pela rodovia ou fazer a travessia do canal por oito balsas que têm capacidade para, no máximo, 40 veículos de pequeno porte. A limitação desse transporte chega a provocar mais de um quilômetro de fila de veículos durante a temporada de verão, quando a viagem demora mais de um hora.

História

A ligação seca entre Santos e Guarujá é uma demanda antiga e já foi projetada de diferentes formas nas últimas oito décadas. Segundo levantamento feito pela Dersa, o primeiro projeto, que previa a construção de um túnel no canal, foi feito por um engenheiro italiano em 1927. Vinte anos depois, o engenheiro Prestes Maia, ex-prefeito de São Paulo, elaborou três ligações no Plano Diretor de Santos concluído em 1947: duas pontes e um túnel.

Entre idas e vindas, o projeto atual parece ser o plano definitivo. De todas as obras propostas, é a única que chegou a obter licença ambiental prévia e iniciar licitação. Para o presidente da Dersa, o túnel é a obra mais moderna do Estado desde a inauguração da Rodovia dos Imigrantes, na década de 1970. O custo de R$ 3,2 bilhões equivale aos 43 quilômetros do Trecho Leste do Rodoanel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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