Tópicos | Um ano sem Eduardo Campos

A ousadia de Eduardo Campos em deixar o Governo de Pernambuco para disputar a presidência da República foi lembrada, nesta quinta-feira (13), durante a cerimônia que concedeu ao Instituto Estadual de Gestão o nome dele. No evento, a trajetória de Campos como gestor e a forma com que conduziu a máquina pública estadual foram exaltadas nos discursos dos aliados. 

“Eduardo além de sua capacidade de diálogo, de construir pontes, do seu aguçado tirocínio político, ele apostou e ousou, como nunca antes neste Estado, em gestão política, gestão esta alicerçada no tripé eficiência, transparência e mérito”, destacou o governador Paulo Câmara (PSB), que além de assinar o decreto nominando o órgão estadual descerrou uma placa no hall do Palácio do Campo das Princesas, explicando que Eduardo Campos se desincompatibilizou do governo em abril de 2014 para concorrer ao Palácio do Planalto. 

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Candidatura esta que, segundo o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), foi à pedido do povo. “Eduardo conseguiu unir Pernambuco e transformar o estado. Sou testemunha que ele foi candidato [à Presidência] por acreditar que podia mudar a realidade do Brasil. Muita gente neste país pediu a ele para que fosse candidato. Vi muitos políticos, líderes de movimentos e muitos brasileiros pedirem a ele para que cuidasse deste país. Eduardo era a pessoa certa para fazer isso”, revelou.

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Contando que hoje a saudade estava mais aguçada, por fazer exatamente um ano do acidente que matou o pai e mais seis pessoas no litoral de São Paulo, João Campos foi quem representou a família nos discursos proferidos no ato. O estudante de engenharia afirmou que estava relutando em falar pela emoção da data, mas decidiu agradecer a homenagem e lembrar o exemplo que o bisavô, Miguel Arraes, deixou para o pai. 

“Ele [Eduardo Campos] aprendeu com doutor Arraes a fazer política, a sentir o prazer em andar pelo interior e apertar a mão de um trabalhador rural, dar um abraço em uma professora no primário e sentir o cheiro de povo”, observou. “Graças ao exemplo de doutor Arraes, ele se tornou uma grande liderança política brasileira”, acrescentou o estudante de engenharia. 

Pontuando que o pai foi alguém com a vida curta, mas de grande largueza, João Campos também enalteceu a ousadia de Eduardo. “Foi um jovem que teve a ousadia e a coragem de sair deste estado pobre, mas que tem um povo com a determinação muito grande, para carregar o sonho de muita gente. Se hoje sentimos muita saudade de doutor Arraes e Eduardo é porque os dois fizeram a diferença em nossas vidas e na vida de muita gente. Embalados nessa saudade, fica a mensagem de que nós também devemos fazer a diferença na vida de tanta gente”, argumentou.

O Ícaro pernambucano

Amigo de Campos, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) esteve em Pernambuco nesta quinta para prestar homenagens ao ex-governador. Ao discursar no Palácio do Campo das Princesas, o tucano comparou o líder socialista a Ícaro, um ícone da mitologia grega que foi preso com o pai, mas recebeu asas para deixar o cárcere voando.  

“Eduardo é o Ícaro de Pernambuco que morreu, talvez, como tivesse ter morrido. Voando por um Brasil melhor, pelos seus sonhos, suas esperanças, suas convicções. Que nós possamos ser guardiões deste voo muito alto que um pernambucano fez por Pernambuco e pelo Brasil”, convocou.

Lembrando que não entrava na sede do governo estadual há exatamente um ano, Cunha Lima pontuou que estava ali “por um gesto de amizade” e enalteceu as qualidades de Campos. “Não se pode medir a vida de Eduardo Campos pelos dias vividos. Ele viveu mais do que seus 49 anos. Disse hoje no Senado que o poder não dá nem tira o caráter de ninguém, o poder revela o caráter das pessoas. Com ou sem poder Eduardo, sempre foi o mesmo”, finalizou o parlamentar.

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O túmulo onde estão enterrados os ex-governadores Eduardo Campos e Miguel Arraes tem sido o foco das atenções nesta quinta-feira (13), no cemitério de Santo Amaro, em bairro homônimo, no Recife. A data tem sido de homenagens por marcar o primeiro ano do falecimento de Campos, após um acidente aéreo no litoral de São Paulo, e dez anos da morte do seu avô. 

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Além dos líderes políticos e personalidades conhecidas, populares que admiravam os dois se revezam diante dos túmulos. “Perdi um filho quase na idade dele [de Eduardo Campos] e a morte dele me doeu igualmente. A mãe é quem sente mais do que qualquer pessoa”, frisou a aposentada Maria Moura, de 81 anos. Ela mora no Alto Santa Terezinha e disse ter ido ao cemitério escondido dos familiares só para visitar o local. 

>> Da tragédia ao recomeço: um ano sem Eduardo Campos

Alunos da Escola Estadual Ginásio Pernambucano também aproveitaram o dia para homenagear Eduardo Campos, com a banda marcial da unidade que tocou o hino nacional em frente ao túmulo do ex-governador. “Nada mais justo do que a gente vir aqui hoje. Eduardo foi um dos governadores que mais investiu em educação e um grande propulsor da música nas escolas”, disse o regente do grupo e professor de música, Waldirei Rodrigues. 

“Uma vez, quando estávamos na inauguração de uma EREM pouco antes dele deixar o governo, ele perguntou se a tuba era um instrumento pesado e pediu para tocar. Nós deixamos. Foi engraçado, ele não aguentou muito o peso”, acrescentou o professor, integrante do Ginásio Pernambucano desde 1990. 

Sempre rodeado de pessoas, mas sem tumulto, o túmulo onde Campos e Arraes estão enterrados está repleto de flores. Desde as coroas grandes, até uma singela rosa depositada unicamente no local. Fotografias e cartazes com uma das últimas frases dita pelo líder socialista: “Não vamos desistir do Brasil”. 

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