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O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, disse nesta quarta-feira, 27, que não tem disposição de deixar o cargo. Durante audiência na Câmara dos Deputados que já dura quase 5 horas, o ministro foi duramente criticado por parlamentares que consideraram as respostas vagas e pela falta de clareza na apresentação de programas da pasta.

Em sua defesa, o ministro disse que não cabe a ele saber "de cor e salteado" números que envolvam sua pasta. "Muitos pediram para eu sair, mas não vou sair. Por que é um passeio às ilhas gregas, não? O cargo é um abacaxi do tamanho de um bonde. Mas topei o convite porque quero devolver ao meu País o que ele fez por mim", disse Vélez.

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Em resposta ao deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que pediu sua renúncia durante audiência, Vélez afirmou: "Não renuncio, não faz sentido. Só apresentaria minha renúncia ao presidente da República. Ou ele me demite." O deputado do PSOL interrompeu a resposta do ministro e questionou: "Falta muito?" Parte dos presentes riu.

Mais cedo, Vélez atribuiu a saída do presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues, a uma reação à decisão de alterar unilateralmente medidas na área de educação básica. "Ele puxou o tapete. Mudou um acordo e não me consultou. Ele se alicerçou em pareceres técnicos que não foram debatidos", disse.

Integrantes do grupo do filósofo e escritor Olavo de Carvalho voltaram neste sábado, 9, a acusar nas redes sociais os militares de tentarem expurgá-los do Ministério da Educação para frear as investigações da "Lava Jato da Educação", um pente-fino anunciado pelo governo nos contratos firmados nas gestões passadas. Os "olavistas" dizem que os coronéis e generais da reserva com cargos na pasta isolaram o ministro Vélez Rodríguez e "sabotaram" ações no setor defendidas na campanha de Jair Bolsonaro.

Ainda na sexta-feira, Olavo usou as redes sociais para pedir a seus alunos a deixaram os cargos, depois que foi informado do expurgo. No Facebook, ele escreveu que oficiais militares induzem Vélez Rodriguez, a tomar "atitudes erradas" e lançam a culpa nos seus alunos. "São trapaceiros e covardes", acusou.

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Ligado ao filósofo, o assessor especial do MEC Silvio Grimaldo escreveu na manhã deste sábado no Facebook que foi um dos que sofreram rebaixamento de cargo por conta da pressão dos militares. O assessor ressaltou que o presidente Jair Bolsonaro poderia fazer um governo "alicerçado" em ativistas e intelectuais de direita, mas "preferiu" se cercar de "generais positivas".

Em outra postagem, Grimaldo associou os ataques ao grupo de Olavo dentro do MEC a demissão do diplomata Paulo Roberto de Almeida do comando do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais. No carnaval, Almeida foi exonerado depois de divulgar textos críticos à política externa e ao próprio ministro Ernesto Araújo. O diplomata disse que Olavo estava por trás de sua demissão. O escritor, porém, negou.

"Coronel" do MEC

Grimaldo escreveu em sua contas no Facebook que, durante a campanha de 2018, um certo "coronel" do MEC e eminência parda do ministro Vélez Rodríguez tentou emplacar Paulo Roberto de Almeida para o cargo de chanceler, mas a indicação, completou, ficou por conta de Olavo de Carvalho, que sugeriu Ernesto Araújo.

O coronel citado pelo assessor é Ricardo Wagner Roquetti, coronel-aviador da reserva da Aeronáutica que exerce cargo de diretor no MEC. "É no mínimo uma deliciosa coincidência que alguns dias depois do Paulo Roberto ser demitido do MRE e atribuído sua demissão ao Olavo, o coronel tenha organizado a desarticulação da influência do Olavo dentro do MEC", escreveu Grimaldo. Se não fosse uma simples coincidência, seu chamaria retaliação."

Ao longo do dia, os "olavistas" divulgaram ainda um texto em que relatam que o Roquetti atua como um "segurança" de Vélez Rodriguez e emplacou aliados de empresas contratadas pelo MEC em cargos influentes na pasta.

A Lava Jato da Educação, termo usado por Bolsonaro no Twitter, é um acordo para investigar indícios de corrupção especialmente nos contratos do Programa Universiade para Todos (ProUni) e no Programa de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A oposição reclama que o objetivo é atingir o petista Fernando Haddad, ex-ministro no governo Lula e candidato derrotado à Presidência.

O protocolo de intenções foi divulgado numa cerimônia, no último dia 15 de fevereiro, que contou com a presença de Vélez Rodríguez, do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, do ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, e do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

O jornal O Estado de São Paulo mostrou nesta sexta-feira, 8, que a disputa está relacionada também com o envio de uma carta de Vélez Rodríguez às escolas para a execução do hino nacional e o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido. Silvio Grimaldo usou também sua conta no Facebook para reclamar da versão de que a ideia da carta é atribuída aos "olavistas". "Pedi ao coronel Roquetti, que é quem toma decisões no MEC, que emitissem uma nota esclarecendo o fato e apontando os verdadeiros responsáveis pela trapalhada", relatou. "Mas parece que honra militar é uma coisa que só fica da porta do quartel pra dentro e preferiram deixar correr a versão que justifica a desolavisação do MEC."

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) anunciou na manhã desta quarta-feira, 6, que a oposição reuniu 176 assinaturas para apresentar um requerimento de convocação do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para que ele explique declarações supostamente pejorativas contra brasileiros.

Em entrevista à revista Veja, o ministro afirmou que "brasileiro viajando é um canibal". "Rouba coisas dos hotéis, rouba assentos salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola", disse.

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Para Molon, é inaceitável a postura do ministro. "São declarações inaceitáveis para um ministro da Educação. Alguém que nasceu em outro País e exerce um cargo tão alto no nosso não pode desferir um ataque tão grave à honra dos brasileiros", afirmou.

O requerimento precisará ser votado pela Câmara. Se for aprovado, o ministro é obrigado a comparecer a uma audiência com os deputados no plenário da Casa. Se ele não for, pode ser punido por crime de responsabilidade.

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