Nunca se viu na história do Recife cenas de depredação ao patrimônio público tão fortes quanto as da manifestação de quarta-feira passada. Ônibus queimado, letreiros do Cinema São Luiz destruídos, bicicletário danificado nas proximidades da Câmara de Vereadores, coquetel molotov jogado nas dependências do poder Legislativo, lixeiras incendiadas e destruídas, enfim, um rastro de horror.
Recife amanheceu, ontem, com uma espécie de ressaca, mas uma ressaca que não é moral, mas de lamento e tristeza. Lamento porque não se tratou de um protesto, mas de um ato de violência, de puro vandalismo. A sociedade brasileira amadureceu e sabe distinguir atos reivindicatórios de baderna.
Em junho, Recife deu um exemplo de civilidade ao País. Mais de 100 mil pessoas foram às ruas numa manifestação ordeira e belíssima, sem que fosse preciso incendiar um só ônibus para se chamar atenção da mídia.
Já a baderna de quarta-feira, comandada por uns gatos pingados mascarados, provavelmente por não terem coragem de mostrar a cara, chocou a sociedade, que repudia a violência como arma de protesto.
Se o recurso à baderna não combina em qualquer protesto democrático igualmente inaceitável foi o comportamento da Polícia, que não agiu, permitiu provocações, se rendeu à forma mais primitiva do vandalismo num ato de covardia quando deveria ter sido dura, impondo respeito e pondo fim a quebradeira.
Estranho que com um saldo tão danoso ao patrimônio público nenhum mascarado tenha sido preso. Afinal, a Polícia estava ali para reagir ou fazer graça? Pelo que se viu, fico com a segunda alternativa.
ANTES TARDE DO QUE NUNCA– Só ontem, o secretário de Defesa, Wilson Damázio, reagiu aos atos de vandalismo na cidade. Disse que não iria mais permitir baderna. Ora, só não explicou porque a Polícia não reprimiu os manifestantes, que pintaram e bordaram. Damázio fez recordar aquele velho ditado que o brasileiro só costuma fechar a porta depois de assaltado. É bom que fique de olho, desde já, na grande manifestação convocada pelas redes sociais para 7 de Setembro.
O escândalo da vassoura – Cenário do turismo religioso, por causa da estátua do Padre Cícero, Juazeiro do Norte (CE) virou manchete nacional, ontem, mais uma vez, após o prefeito se refugiar num agência bancária para não ser linchado. Desta feita, o escândalo é na Câmara de Vereadores: 4,2 mil vassouras, 1,2 mil quilos de açúcar, 2,5 mil quilos de sabão e 312 mil unidades de óleo de peroba. Que sujeira mais cara?
A versão de Asfora– O vereador Jaime Asfora, da bancada do PMDB na Câmara do Recife, diz que, em nenhum momento, agrediu verbalmente a colega Michele Collins. “Isso é um absurdo. Sempre trabalhei em defesa dos direitos da mulher. O que não posso concordar é com a forma antidemocrática como ela se comporta presidindo a Comissão de Direitos Humanos”, desabafou.
Irmãos Metralha– Associados ao Sindicato dos Cegonheiros se mobilizam para tirar o controle da entidade das mãos dos irmãos Silva, de Vertentes. Ex-vereador, o presidente Joseberto Silva e o irmão Emanoel Silva nunca transportaram um único passageiro, mas usam o sindicato em proveito, praticando desmandos condenados por todos os que pagam sua contribuição em dia.
Batendo cabeça – A ex-senadora Marina Silva se depara com uma luta inglória: o registro da sua Rede, partido pelo qual pretende concorrer ao Planalto. Os cartórios eleitorais certificaram apenas 250 mil assinaturas das 540 mil necessárias para formalizar a legenda. Ela comprou a briga e vai entregar 650 mil assinaturas diretamente ao Tribunal Superior Eleitoral.
CURTAS
VOZ CONTRA – O líder do PDT na Assembleia do Rio, Luiz Lima, trabalha contra o apoio do partido à candidatura de Eduardo ao Planalto. “O governador de Pernambuco ficou contra o Rio na Lei dos Royalties”, alega. Lima é um dos braços direitos do governador Sérgio Cabral (RJ) e combate também à candidatura de Miro Teixeira (PDT) a governador.
O JUDAS– O prefeito de Orobó, Cléber Chaparral (PSBD), traiu o deputado estadual José Maurício (PT) e assumiu compromisso com a reeleição de Isaltino Nascimento (PT), que nunca fez nada pelo município, sendo considerado um verdadeiro ET. A traição é prática recorrente na política!
Perguntar não ofende: Até quando vai se estender as enfadonhas sessões do STF para colocar na cadeia os 40 mensaleiros?