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Mover-se de um ponto a outro da cidade, no exercício do direito de ir e vir, ganha contornos de história de suspense para os usuários do transporte público do Recife. O medo gera a insegurança que, por sua vez, se converte em insatisfação quanto ao serviço oferecido. De acordo com levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), mais de 80% dos entrevistados consideram como ruim ou péssima a segurança nas paradas e no interior dos veículos.
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Dos 624 moradores da capital escutados, 24,6% revelou já ter sido assaltado numa parada de ônibus, enquanto 63,1% conhece alguém que já sofreu alguma investida do tipo durante a espera pelo transporte. O número também é alarmante quando o cenário é o dos assaltos dentro dos ônibus: 63,4% conhecem alguém e 27,1 % já foram abordados por assaltantes no interior do veículo.
Funcionário de um shopping na Zona Sul, a atendente Adriana Maria da Conceição há dois meses perdeu seu celular numa das paradas de ônibus em frente à Estação Joana Bezerra. “Quando fui subir no ônibus, o ladrão veio e meteu a mão na minha bolsa. A segurança daqui é péssima”, criticou Adriana. O fiscal de coletivos Dayvson de Tarso diz que assaltos naquela região são frequentes. “Só no mês passado, soubemos de dois assaltos dentro dos ônibus, com os assaltantes levando toda a renda”.
Nos dias de jogos de futebol, o clima fica ainda mais obscuro. “No último jogo do Náutico, uma criança levou uma pedrada naquela parada em frente ao Fórum (Rodolfo Aureliano). Foi uma confusão terrível, até com policiais da ROCAM entrando de moto na estação, atrás do pessoal”, informou Dayvson. Há 21 anos usuário das paradas de ônibus em Joana Bezerra, o vigilante Carlos de Oliveira, que também conhece pessoas já assaltadas no local, garantiu que só há policiamento nos dias de jogos.
Se mesmo nas movimentadas paradas de Joana Bezerra a população sofre com roubos, alguns pontos de ônibus da Avenida Sul, no bairro de São José, são quase convites para assaltantes. “Mesmo em hora de pico, aqui é esquisito. Moro aqui perto e é sempre assim, vazio. O pior é que ainda tem motorista que queima a parada”, assegurou o judoca Marcus Gavey, que nunca viu policiamento na área.
Medidas e possíveis soluções- De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE), com relação aos pontos de ônibus mais escuros e inseguros, o órgão tem remetido relatórios à Prefeitura com a indicação dos pontos vulneráveis. Nas paradas onde há árvores que precisam de podação, as solicitações devem ser enviadas às secretarias responsáveis pela limpeza urbana e iluminação de cada município.
Dados da SDS mostram que de janeiro a novembro deste ano, foram registradas 2.026 ocorrências, 27% a menos que o mesmo período de 2012 (que teve 2.772 ocorrências). Sobre as operações realizadas para garantir a segurança dos cidadãos, a entidade apontou a Operação Transporte Seguro, através da qual guarnições têm metas de abordagem a ônibus e táxis.
Há em pauta um projeto piloto de ônibus e táxis que, além de serem rastreados, têm no interior dos veículos um botão de pânico. A Operação Corredores de Segurança disponibiliza viaturas para atendimento exclusivo de ocorrências nos principais corredores viários da região e, por fim, a SDS diz que mais mil câmeras são monitoradas 24 horas por dia, sendo 578 de responsabilidade da Secretaria e 432 particulares.