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No Brasil, 2,9 milhões de pessoas de 18 anos ou mais se declaram lésbicas, gays ou bissexuais. Os dados são da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação sexual autoidentificada da população adulta, divulgada nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a primeira vez que esse dado é coletado entre a população brasileira e, na avaliação do instituto, ainda pode estar subnotificado.

Os dados, coletados em 2019, mostram que 94,8% da população, o que equivale a 150,8 milhões de pessoas, identificam-se como heterossexuais, ou seja, têm atração sexual ou afetiva por pessoas do sexo oposto; 1,2%, ou 1,8 milhão, declaram-se homossexual, tem atração por pessoas do mesmo sexo ou gênero; e, 0,7%, ou 1,1 milhão, declara-se bissexual, tem atração por mais de um gênero ou sexo binário.

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A pesquisa mostra ainda que 1,1% da população, o que equivale a 1,7 milhão de pessoas, disse não saber responder à questão e 2,3%, ou 3,6 milhões, recusaram-se a responder. Uma minoria, 0,1%, ou 100 mil, disse se identificar com outras orientações. Segundo o IBGE, quando perguntadas qual, a maioria respondeu se identificar como pansexual – pessoa cujo gênero e sexo não são fatores determinantes na atração; ou assexual – pessoa que não tem atração sexual.

Idade, escolaridade e região 

De acordo com o IBGE, a população de homossexuais ou bissexuais é maior entre os que têm nível superior (3,2%), maior renda (3,5%) e idade entre 18 e 29 anos (4,8%).

Em relação às regiões, o Sudeste registra o maior percentual, 2,1%, enquanto o Nordeste tem a menor, 1,5%.

Consideradas apenas as mulheres brasileiras, 0,9% declara-se lésbica e 0,8%, bissexual. Considerados apenas os homens, 1,4% declaram-se gays e 0,5%, bissexuais. Tanto entre homens quanto entre mulheres, 1,1% disseram não saber e 2,3% recusaram-se a responder. A maioria, em ambos os grupos, declara-se heterossexual.   

O resultado brasileiro foi, segundo o estudo, semelhante ao de outros outros países. Na Colômbia, por exemplo, 1,2% da população se autodeclara homossexual ou bissexual; no Chile, essa proporção chega a 1,8% - semelhante à do Brasil; nos Estados Unidos, a 2,9%; e, no Canadá, a 3,3%.

Subnotificação

Segundo o IBGE, o número de lésbicas, gays e bissexuais registrado na pesquisa pode estar subnotificado. O instituto aponta principalmente o estigma e o preconceito por parte da sociedade como fatores que podem fazer com que as pessoas não se sintam seguras em declarar a própria orientação sexual. As pesquisadoras responsáveis pelo estudo destacam que em cerca de 70 países a homossexualidade é crime, como mostra levantamento feito pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais (Ilga). 

“A gente não está afirmando que existem 2,9 milhões de homossexuais ou bissexuais no Brasil. A gente está afirmando que 2,9 milhões de homossexuais e bissexuais se sentiram confortáveis para se autoidentificar ao IBGE como tal”, diz a analista da PNS Nayara Gomes. 

Outro fator apontado para a subnotificação é a falta de familiaridade com os termos usados na pesquisa. “A gente ainda precisa percorrer um caminho com várias iniciativas de campanha, de sensibilização. Quanto mais perguntarmos, mais as pessoas vão se acostumar e é esse caminho que a gente pretende seguir. Temos alguns desafios”, complementa Nayara.

No Brasil, a homofobia segue como questão a ser discutida. De acordo com o Relatório de Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil ocorridas em 2021, do Grupo Gay da Bahia, 300 LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, entre outros) sofreram morte violenta no país em 2021, número que representa 8% a mais do que no ano anterior, sendo 276 homicídios e 24 suicídios.

Caráter experimental

Os resultados foram divulgados em caráter experimental. Isso significa que a questão ainda pode ter mudanças. Uma delas, sugerida no relatório divulgado pelo instituto, é o uso dos termos lésbica e gay, mais familiares à população em geral, em vez de homossexual.

“Foi uma experiência muito enriquecedora para a gente estudar o tema e olhar os dados”, diz a coordenadora da PNS, Maria Lucia Vieira. “É um tema que vem de demanda muito forte de tornar estatisticamente visível essa população para a sociedade. É tema bastante relevante e também delicado”, complementa. 

Ela esclarece que, nesta edição, foi abordada apenas a orientação sexual. A PNS não coletou dados sobre identidade de gênero, que ajudariam a identificar, por exemplo, o número de pessoas trans no Brasil. O IBGE, no entanto, informa que estuda uma metodologia para incluir esse tema em suas pesquisas.

Questionada por jornalistas sobre a inclusão de perguntas envolvendo orientação sexual e identidade de gênero no Censo Demográfico de 2022, Maria Lucia explica que, além de ser uma recomendação internacional que essa informação seja coletada no âmbito de questionários de saúde, a metodologia da PNS favorece a coleta.

Enquanto o Censo entrevista apenas uma pessoa de cada domicílio, que responde pelas demais, na PNS é possível que cada indivíduo responda por si. “Não são muitos os países que fazem essa pergunta, mas em muitos dos que fazem, a opção é incluir pesquisa cuja temática principal seja saúde”, explica Maria Lucia.

Pesquisa Nacional de Saúde

A PNS foi realizada em 2019. Ao todo, foram visitados 108.525 domicílios e realizadas 94.114 entrevistas. Os dados representam 159,2 milhões de brasileiros. Pela primeira vez, a pergunta Qual é a sua orientação sexual? foi feita aos entrevistados.

A pergunta faz parte de um bloco de questões consideradas sensíveis, incluindo perguntas sobre violência física e sexual e atividade sexual, entre outras. As respostas são anônimas e na hora da entrevista, os pesquisadores buscam garantir a privacidade de quem está respondendo para que não se sintam desconfortáveis diante dos demais moradores do domicílio.

O objetivo da PNS é produzir dados em âmbito nacional sobre a situação de saúde e os estilos de vida da população brasileira. A pesquisa trata também do acesso e uso dos serviços de saúde, de ações preventivas e continuidade dos cuidados e do financiamento da assistência.

Segundo o relatório divulgado pelo IBGE, a coleta de dados sobre orientação sexual permite a avaliação de possíveis desigualdades existentes na população nesse aspecto, além de, ainda que com limitações, dar visibilidade à população de homossexuais, bissexuais e outras orientações sexuais.

Os direitos de lésbicas, gays e bissexuais avançaram em 2020, mas ainda há 69 países que criminalizam as relações sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo - informou a Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexuais.

A lista tem um país a menos em relação ao ano passado, o Gabão, que revogou uma lei aprovada em 2019, "a de menor duração de seu tipo na história moderna", disse o advogado argentino Lucas Ramón Mendos, coordenador de pesquisa da ILGA World e principal autor do relatório anual, divulgado nesta terça-feira (15).

"Além disso, na semana passada, o Parlamento do Butão aprovou um projeto de lei" para descriminalizar as relações consensuais entre pessoas do mesmo sexo, que poderá ser promulgado em breve", acrescentou.

Segundo a associação, pelo menos 34 Estados-membros da ONU, mais da metade daqueles com leis criminalizadoras, aplicaram-nas nos últimos cinco anos, embora o número seja "talvez muito maior".

"Onde quer que existam essas disposições", explica Lucas Ramón Mendos, "as pessoas podem ser denunciadas e detidas a qualquer momento, mesmo que sejam apenas suspeitas de ter relações sexuais com uma pessoa do mesmo sexo. Os tribunais as perseguem ativamente e as condenam à prisão, açoitamento em público e até a morte".

A pandemia da Covid-19 também teve efeitos prejudiciais. "Em muitos lugares onde as leis já eram a causa da desigualdade, as coisas pioraram", acusou a diretora dos programas da ILGA World, a alemã Julia Ehrt.

Ela cita como exemplo a proliferação de "zonas livres de LGBT" na Polônia, a tentativa da Indonésia de promover as chamadas "terapias de conversão" e a revogação de duas proibições dessas práticas na Flórida, nos Estados Unidos.

Supostamente, essas "terapias" mudam a orientação sexual. Elas são muito polêmicas, devido a seus riscos psicológicos e à falta de evidências de que sejam eficazes.

- As boas notícias -

A ILGA World também encontrou desenvolvimentos positivos em 2020, segundo ela, "contrariando todos os prognósticos".

A organização destaca que, em julho de 2020, o Sudão derrogou a pena de morte para atos sexuais consensuais entre pessoas do mesmo sexo. A Alemanha é, agora, um dos quatro Estados-membros da ONU que proibiram as "terapias de conversão" em nível nacional, e "outras jurisdições na Austrália, Canadá, México e Estados Unidos seguiram seu exemplo".

A ILGA World celebra ainda que o casamento entre pessoas do mesmo sexo "seja agora uma realidade em 28 Estados-membros das Nações Unidas".

A Costa Rica se tornou o primeiro país da América Central a autorizar o casamento igualitário, e "34 países-membros das Nações Unidas oferecem formas de reconhecimento para casais do mesmo sexo", destaca a organização sediada em Genebra.

Em dezembro de 2020, 81 Estados-membros da ONU contam com leis que protegem contra a discriminação no trabalho baseada na orientação sexual.

"Há 20 anos, eram 15", lembra a ILGA World.

"Bissexuais só estão confusos", "os bi estão sempre em cima do muro", "vocês precisam decidir um lado. São indecisos". Frases como essas são direcionadas com frequência aos bissexuais e criam, muitas vezes, um estigma negativo do segmento, que integra a sigla LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros, intersexuais). No Brasil, o grupo ainda luta pelo reconhecimento da orientação sexual independente e por isso, neste domingo, dia 23 de setembro,  celebram o Dia Internacional da Visibilidade Bissexual.

Os bissexuais são pessoas que podem se atrair por outras do mesmo gênero, do gênero oposto e até por quem se identifica como sendo não-binário, nem homem e nem mulher. A data foi criada no ano de 1999 por três ativistas norte-americanos bissexuais, Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, justamente porque as demandas da população bissexual eram ignoradas pela sociedade. Em 2018, a data completa 19 anos, mas a bissexualidade continua alvo de preconceito e as pessoas ainda entendem a categoria como sendo alguém metade homossexual e metade heterossexual.

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Preconceito em dobro

Mulheres bissexuais sofrem com um tipo mais constante de violência psicológica por parte de parceiros e também de parceiras. Em 2015, um estudo realizado pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres publicado na revista científica “Journal of Public Health” atestou que as mulheres bissexuais sofrem mais problemas de saúde mental do que as mulheres lésbicas. O estudo mostrou que as bissexuais são mais marginalizadas, inclusive na comunidade LGBTI+. De acordo com a pesquisa, as bissexuais têm 64% mais chance de enfrentar distúrbios alimentares do que as lésbicas; 37% a mais de chance de praticarem automutilação; e são 26% mais propensas a sofrer com quadros de depressão.

O estudo concluiu que apesar das mulheres bissexuais não “apanharem na rua” pela sexualidade, acabam comunicando menos sua orientação sexual a amigos, familiares e companheiros e podem permanecer “no armário” por muito mais tempo do que gays e lésbicas. “Bissexuais têm um risco maior de serem marginalizadas nas comunidades gays, assim como no resto da sociedade”, indicou Ford Hickson, principal autor do artigo científico. Segundo ele, apesar de as bissexuais do estudo sofrerem menos discriminação, elas tinham mais problemas relacionados à saúde mental. Lisa Colledge, coautora da análise, afirma que os resultados são semelhantes ao de outros trabalhos que traçaram as diferenças entre bissexuais e homossexuais.

Registro da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, em Portugal. Foto: Mafalda Esteves/Coletivo Pela Visibilidade Bissexual

Um outro estudo, realizado nos Estados Unidos, o BiNetUSA, Bisexual Resource Center e Movement Advancement Project (MAP) revelou que pessoas bissexuais têm até seis vezes mais chance de esconder sua orientação sexual em relação a gays e lésbicas. De acordo com o levantamento,  apenas 28% das e dos bissexuais afirmaram que as pessoas mais próximas sabiam sobre sua orientação sexual. Em comparação com 77% para homens gays e 71% para lésbicas.

Mulheres bissexuais o tímido “B” na sigla LGBTI+

Em entrevista ao LeiaJá, a estudante Sara Fogo, 26, contou que sua descoberta enquanto mulher bissexual foi tranquila porque a família trabalha no ramo da arte e já tinham um maior desprendimento das normas sociais. Ela aponta que na sociedade as pessoas estão acostumadas a pensar dentro de uma caixinha e são ensinadas a gostar ou de homem ou de mulher. “Um dia, o meu marido falou para mim que também gostava de meninos e eu fiquei pensando sobre isso. Pouco tempo depois, comecei a conhecer mulheres e a gente lida bem com isso”, explicou a estudante.

Sara destaca, no entanto, que apesar do casal ter uma percepção boa sobre a sexualidade do outro, a sociedade ainda precisa evoluir muito na tolerância as diferenças. “Sofremos muito preconceito, principalmente da comunidade LGBT que no geral são muito machistas. Os bissexuais lutam pela libertação tanto do homossexual, da mulher lésbica, da heteronormatividade. O que parece é que as pessoas esquecem o “b” da sigla LGBT, muitas vezes nem mencionam.  As pessoas sempre falam as mesmas coisas, sobre a nossa decisão, se gosta de homem ou de mulher, é um dualismo que torna até mais difícil a nossa própria compreensão diante de tantas barreiras”, afirmou a estudante.

Sara Fogo ao lado do marido José Terceiro durante a Parada da Diversidade, na orla da Praia de Boa Viagem. Foto: Arquivo Pessoal

A pesquisadora Mafalda Esteves, que participa do Projeto de investigação: “Sexualidades invisíveis: Cidadania Íntima e bem-estar psicossocial na Bissexualidade", afirma que a bissexualidade tem ocupado um lugar precário, sendo percebida quer como uma sexualidade “invisível” que dificulta a possibilidade de a imaginar. "Ao pensar nos estereótipos sociais negativos em torno das pessoas que se definem como bissexuais, vários estudos mostram que é comum estarem associadas a um conjunto de ideias: são pessoas “promíscuas”, são “sexualmente insatisfeitas”, “obcecadas sexualmente”, incapazes de se comprometer em relacionamentos, o que significa que são frequentemente vistas como uma opção de parceiro não confiável e instável, de alguém que não sabe exatamente o que quer", publicou.

De acordo com Mafalda, a bifobia, termo usado para descrever o medo de, aversão à, ou discriminação contra bissexualidade, recebe menos atenção do que a homofobia. Para Sara Fogo, as pessoas cobram que se alguém tiver em um relacionamento com um homem é porque é hétero e isso exclui a bissexualidade. “Como eu e meu marido somos bissexuais, as pessoas acham que é casamento de fachada, como se ele fosse viado e eu lésbica. A gente se ama e tem um carinho e podemos gostar fisicamente de outra pessoa. No meio LGBT ainda rola muita repressão não só em relação a cor, feminilidade. É muita invisibilidade, as pessoas não não te dão voz, ninguém quer te escutar justamente pelo que você é”, pontuou.

Sara percebe que bissexuais sofrem uma invalidação constante de suas preferências, desejos e anseios. “Somos alvo de uma  sexualização muito grande a partir dos homens, para eles é um fetiche se relacionar com uma mulher bissexual. Parece que a gente tem que fazer tudo porque somos bi. Não é bem assim”, lamentou.

Michael Page criou a bandeira bissexual, hoje conhecida apenas como a bandeira bi, em 1998. O símbolo é composto de três faixas horizontais, a de cima é rosa escura, a do meio é roxa, e a de baixo é azul.

A gerente de um café, de 28 anos, que preferiu não ser identificada, conta que aos 22 anos passou pela descoberta de que era bissexual. Apesar de não se declarar ativista da luta LGBTI+, ela conta que a invisibilidade do bissexual é uma realidade. “Vejo muito preconceito do segmento homoafetivo, principalmente das lésbicas. Já rolou interesse de mulheres gays, mas quando souberam que sou bi, fugiram e não quiseram se relacionar comigo. Tenho preguiça de pessoas assim, eu acho que isso passa pela intolerância, da mesma forma como o segmento heterossexual. Muitas vezes evito frequentar locais declaradamente LGBTs porque ainda há muitas barreiras porque eu sei que não estarei incluída”, contou.

De acordo com a psicóloga Verônica Morais, que atualmente trabalha no Instituto Boa Vista, dentro do segmento ainda é existe o preconceito porque o bissexual é visto como indeciso, de quem não tem coragem de assumir o lado que gosta. Apesar disso, ela é otimista com o futuro. “Acho que hoje em dia há uma mudança no posicionamento das pessoa. A sexualidade está se expandido muito, as letras da sigla estão aumentando e há mais liberdade. Produtos culturais como novelas, filmes ajudam a partir do momento em que chegam para a população tratando da temática", afirmou.

Nas redes sociais, a categoria também se une para lutar contra o preconceito. No Facebook, o coletivo Bi-sides é voltado a pessoas que sentem atração por mais de um gênero. Uma outra página é a "Bissexuais Existem", com 140 mil curtidas e procura sempre publicar mensagem para esclarecer as questões do segmento e relatar casos de preconceito. 

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É cada vez mais comum vermos artistas assumindo sua sexualidade. Como um ato contra a discriminação e o preconceito ou simplesmente pela necessidade de se libertar dos próprios questionamentos. Deste grupo, muitas são as celebridades que se assumiram bissexuais. Já existe até um dia específico para sensibilizar a sociedade a respeito desta opção, o Dia da Celebração Bissexual, comemorado em 23 de setembro. Confira no vídeo alguns famosos internacionais que já revelaram gostar dos dois sexos. 

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Tem início nesta terça-feira (11) o 2º Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual. O evento conta com a exibição de 30 filmes de 10 países e promove o debate da temática LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). A mostra cinematográfica segue com a programação até o próximo sábado (15) e será realizada no Cinema São Luiz, centro do Recife. Além de filmes e curtas, o Recifest fomenta o debate da temática, oficinas e homenagens. 

O artista Aslan Cabral e a promoter Maria do Céu serão os mestres de cerimônia do evento. A curadoria das mostras competitivas é do diretor e roteirista Hilton Lacerda e da professora e diretora Alice Gouveia. 

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Nesta terça-feira (11), a cerimônia de abertura contará com um concerto da Orquestra de Sinos - Grupo Txaimus, do Departamento de Música da UFPE, regida por Flávio Medeiros. Logo após, será exibido o longa São Paulo em Hi Fi (Brasil, 2013), de Lufe Steffen, que resgata a era de ouro da noite gay paulistana, nas décadas de 1960, 70 e 80. Em agosto de 2014, o longa São Paulo em Hi Fi foi o vencedor da categoria documentário na 16ª edição do Queer Lisboa, festival de temática gay.

Competição

Ao todo, 25 curtas nacionais e pernambucanos concorrem ao Troféu Rutílio de Oliveira. Também será entregue o Troféu Frida, concedido por alunos do curso de direito, aos filmes que levarem os prêmios ABD/Apeci e da Fepec (Federação Pernambucana de Cineclubes), além do vencedor do 2º Prêmio Estadual 7ª Arte e Direitos Humanos, concedido pela Secretaria executiva de Direitos Humanos/Centro Estadual de Combate à Homofobia.

Família

O movimento Mães Pela Igualdade recebe uma homenagem na segunda edição do festival. Há também uma exposição de fotos no mezanino do Cinema São Luiz e um debate na quinta-feira (13), às 9h30, com as professoras de direito Carolina Ferraz e Maria Rita Holanda, os diretores argentinos Rodolfo Moro e Marcos Duszczak, um representante do Ministério Público de Pernambuco e Dona Eleonora Pereira (Mães Pela Igualdade). 

Mostras Especiais 

O Festival Diversidade em Animação – DIV apresenta nove curtas em diversas técnicas, de seis países, que vão desde o stop motion ao 3D. No mesmo dia é exibida uma mostra de quatro curtas estrangeiros, em parceria com o Rio Gay Festival. A seleção é do curador dos festivais, Alexander Mello.

Oficinas

O Recifest 2014 oferece duas oficinas gratuitas, que tiveram início na segunda (10). O Drag Queen Curso é ministrado pelo ator Zecarlos Gomes no Café Castro Alves (Santo Amaro). Já a oficina de Figurino com Beto Normal é realizada no Memorial de Medicina de Pernambuco (Derby). Nela, os participantes criam figurinos para um roteiro sugerido pelo professor. O trabalho começa com leitura e decupagem de um roteiro, passando pela gênese dos personagens, orçamento, até chegar à criação e cartela de cores. As oficinas serão realizadas das 9h às 13h.

No encerramento do Festival será exibido o documentário argentino Famílias por igual, com a presença dos diretores Rodolfo Moro e Marcos Duszczak. O download da programação completa do evento pode ser feito abaixo.

Mostra competitiva de curtas nacionais 

ANTES DE PALAVRAS (SP, 13’), de Diego Carvalho

CANCHA - ANTIGAMENTE ERA MAIS MODERNO (PB, 18’), de Luciano Mariz

DELIRIUM (SP, 16’), de Victor Reis

DENTRO (SP, 15’), de Bruno Autran

MERINTHO (GO, 7’), de Cristiano Sousa

O CLUBE (RJ, 17’), de Allan Ribeiro

O CORAÇAO DO PRÍNCIPE (SP, 14’), de Caio Ryuichi Yossimi

OVO DE COLOMBO (RS, 15’), de Guilherme Mendonça e Marcos Haas

SAILOR (RN, 13’27’’), de Victor Ciriaco

SEM TÍTULOS (BA, 3’), de Leticia Ribeiro e Ronne Portela

SOBRE A PELE E A PAREDE (RS, 11’), de Laura Kleinpaul e Henrique Larré

TODAS AS COISAS QUE EU NÃO TE DISSE (PB, 16’), de Carolline Taveira

 

 

 

Serviço

2º Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual

Terça (11) a sábado (15)

Cinema São Luiz (Rua da Aurora 175 – Boa Vista)

Gratuito

Começa nesta terça-feira (22) o Festival de Cinema da Diversidade Sexual, primeiro evento local dedicado à temática LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). A abertura acontece nesta terça (22), às 19h30, no Cinema São Luiz, onde o festival acontece até o próximo sábado (26). A programação completa, com competição de curtas, oficinas, palestras, debates e exibição de longas-metragens, pode ser conferida no site do festival. A entrada é gratuita.

O diretor André Brasileiro e a atriz Hermila Guedes conduzem a cerimônia de abertura do festival, que homenageia este ano Rutílio de Oliveira (1959-2012), idealizador do Recifest, e o coletivo Angu de Teatro, que completa dez anos. Ao todo, 47 curtas e dois longas-metragens serão exibidos no Cinema São Luiz, que terá seu primeiro andar ocupado por um louge da boate Metrópole, e exposições de objetos da artista Xuruca Pacheco e da grife Rogay Por Nós, de Mauro Lira.

Durante a abertura terá uma mostra do longa-metragem Tudo o que Deus criou, produção paraibana cujo roteiro gira em torno de um jovem de 23 anos que precisa assumir uma família enquanto passa por um conflito de identidade. Fazem parte do elenco, nomes como: Letícia Spiller, Guta Stresser, Maria Gladys e Cláudio Jaborandi. O diretor André Costa Pinto estará presente para apresentar o filme.

A partir da próxima quarta (23) começam a ser exibidos os curtas internacionais, inéditos na América do Sul. Já a competição oficial está dividida em nacional e pernambucana e será exibida nos dias 24 e 25. Os filmes serão julgados por uma comissão formada pelos cineastas Kátia Mesel (PE), Alexander Mello (RJ), Beto Normal (PE), Quiá Rodrigues (RJ) e Uirá dos Reis (CE).

Serviço:

Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual

22 a 26 de outubro

Cinema São Luiz (Rua da Aurora 175 – Boa Vista)

Entrada gratuita

(81) 3031-0352

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Entre os dias 22 e 26 de outubro será realizado o Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual, primeiro evento local dedicado a filmes de temática LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). O festival, que acontecerá no Cinema São Luiz, vai ter sua programação completa anunciada na próxima terça-feira (15).

Para esta primeira edição, a curadoria formada pelo diretor Ricky Mastro e pelo produtor Alexandre Taquary selecionou títulos nacionais e estrangeiros. Haverá também competição de mostras, e os melhores filmes vão receber troféus confeccionados pela estilista Xuruca Pacheco. A programação do festival vai contar também com premiações e oficinas e debates sobre o assunto.

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Duas obras de ficção estão confirmadas para a abertura e encerramento do festival, com a presença dos realizadores. O filme paraibano Tudo o que Deus criou, de André Costa Pinto, trata da história de um jovem que precisa assumir uma família enquanto passa por um conflito de identidade. A outra obra é dos cearenses Guto Parente e Uirá dos Reis, intitulada Doce Amianto, que conta a história de uma travesti que sente-se abandonada por seu amor.

Realizado pela Associação Cultural Bondosa Terra, o Recifest conta com o patrocínio da Fundarpe/Governo de Pernambuco, através do edital de fomento do Funcultura Audiovisual, e tem como homenageados o ator e produtor Rutílio de Oliveira (1959-2012), idealizador do Recifest, e o coletivo Angu de Teatro, que completa dez anos e fará o cerimonial do evento.

Quando o assunto é idade, grau de escolaridade e cor, os homossexuais formam casais mais diversificados do que os heterossexuais. Entre lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, que hoje realizam a 17ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, as barreiras sociais que separam os parceiros são menores, revela estudo demográfico realizado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com base nos dados do último Censo.

Uniões de pessoas do mesmo sexo registram mais variações de idade - mais da metade delas (58,59%) são formadas por parceiros de outra faixa etária. Nos casais formados por homem e mulher, a proporção é menor (45,96%). Outra característica é a do chefe de família, o responsável pela casa, que tende a ser mais jovem entre homossexuais (de 25 a 34 anos), ao passo que entre os heterossexuais são mais velhos (de 34 a 44 anos).

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"Os casais gays, em razão de suas características de associação de cor e escolaridade, contribuem menos para a transmissão de desigualdades na estrutura social", diz a economista Fernanda Fortes de Lena, responsável pelo estudo da UFMG. Em 2010, ela também trabalhou no Censo, que identificou 34,4 milhões de casais heterossexuais e que, pela primeira vez, mapeou 60 mil uniões gays.

Especialista em relações homoafetivas, a psicóloga Adriana Nunan aposta em duas causas para a mistura maior entre gays: a população reduzida dos homossexuais que limita a escolha e a flexibilidade de quem está fora dos padrões de comportamento. "Os gays não precisam copiar o modelo dos heterossexuais. Eles criam suas próprias regras."

Regina Facchini, antropóloga do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apresenta outra interpretação: "Há a preponderância da valorização da diferença no universo homossexual, e não falta de escolha. Entre os heterossexuais existe um ideal romântico, no qual o homem deve ser um pouco mais velho e as uniões devem obedecer certos padrões", avalia. "Existem orientações culturais, como se fossem fantasias coletivas."

Cícero Rodrigues, de 56 anos, e José Itoiz Sanches, de 84, formam um desses casais gays diversificados - e Rodrigues é o chefe da família. "Sempre gostei de coroas", diz ele, que há 12 anos é dono do bar Caneca de Prata, na região central de São Paulo, onde, em 1986, conheceu o marido. O local reúne homens de 18 a 90 anos de idade. "Jovem que gosta de coroa vem ao Caneca. A maioria não sente atração por pessoas mais jovens", diz Rodrigues.

Mais diversidade. Lula Ramires, de 53 anos, e Guilherme Nunes, de 27, não são apenas de gerações diferentes como têm graus de escolaridade distintos. O mais velho é doutor em Educação e o mais jovem, formando em Gestão de Sistemas. Em 2011, tiveram o primeiro pedido de conversão de união em casamento negado. "Só conseguimos celebrar a união em março de 2012, em um cartório de Osasco", diz Ramires.

A integração de cor também é maior entre homossexuais - 6,88% deles têm uniões de preto com branco, contra 3,88% dos heterossexuais. "Todos os meus ex-namorados eram negros. Não é que apenas negros me atraiam, mas não tenho problema com questão racial", diz o professor José Aniervson dos Santos, de 26 anos, que é branco e namora o designer Shabaaka Piankhi Smalls, de 23, negro e americano.

"Há diferenças culturais entre negros e brancos. Se há amor e respeito, as diferenças são mínimas", diz Smalls. As diferenças são tão pequenas que o casal, que se conheceu há 9 meses em Atlanta, nos Estados Unidos, já pensa grande. "Chegaremos ao Brasil no dia 19 deste mês e vamos nos casar no fim de agosto ou início de setembro", conta Santos. Ele e Smalls, que estão de malas prontas para viver em Pernambuco, vão aumentar ainda mais as estatísticas descortinadas pelo estudo da UFMG. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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