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O Ministério da Saúde acompanha o crescimento dos casos de dengue no Brasil, mas não deve oferecer imunizantes estrangeiros na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo sem data para autorização da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina Butantan-DV será priorizada pelo governo. 

Um dos principais eixos do Ministério da Saúde do governo Lula (PT) é o fortalecimento da indústria nacional de insumos hospitalares e medicamentos. Nessa política, a decisão é esperar a entrega do imunizante do Butantan, que é desenvolvido desde 2009 e deve ficar pronto em 2024, com expectativa de autorização para 2025, de acordo com O Globo

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O Brasil sofreu com o aumento de casos de dengue no primeiro semestre de 2023. De janeiro ao início de junho foram registrados 1,38 milhões de casos prováveis da doença, equivalente ao aumento de 22% em relação ao ano passado. Do total, 15.519 casos foram considerados graves e com sinais de alarme, enquanto 635 pessoas morreram pela arbovirose. 

Do Japão, o laboratório Takeda produziu a "Qdenga" e promete 80,2% de eficácia contra todos os sorotipos da dengue. A fabricante ainda indica que a vacina pode ser aplicada em crianças com mais de quatro anos e adultos até 60. 

A Qdenga já foi aprovada pela Anvisa, mas ainda não passou pela análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Ela deve ficar disponível para a compra do setor privado ano início deste mês, por valores entre R$ 400 e R$ 500.  

A vacina japonesa se junta ao imunizante Dengvaxia, produzido na França e comercializado no Brasil. Entretanto, ela é indicada apenas para quem já teve a doença e quer evitar a reinfecção. 

A aposta do governo brasileiro, a Butantan-DV, possui 79,6% de eficácia e pode ser aplicada no público entre 4 e 59 anos, tanto para já teve dengue quanto para quem nunca foi contaminado. Diferente da japonesa, ainda não há dados sofre sua eficácia para os sorotipos 3 e 4. 

Basta chegar um novo lote de vacinas em Pernambuco, que a Prefeitura do Recife se prontifica em anunciar a redução da faixa etária do grupo prioritário da Covid-19, atualmente em 60 anos. Contudo, mais da metade dos vacinados ainda aguarda pela segunda dose. A demora entre aplicações pode fortalecer o vírus e retardar ainda mais o retorno à normalidade, diz o biomédico Pablo Gualberto

Ao tentar marcar a segunda dose para a mãe, de 65 anos, no aplicativo Atende em Casa, a pedagoga Paula Silva percebeu que todas as vagas estavam esgotadas. Preocupada com o prazo entre doses, entrou em contato com o chat da plataforma para saber se poderia ir a um posto de saúde na data indicada a lápis no cartão de vacina, mesmo sem agendamento.

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"Ele disse que [o atraso] não teria problema, que poderia ser tomada depois. Mesmo que passasse o prazo, não tinha nada que comprovasse que, mesmo depois do prazo, a vacina perdia a eficácia. Eu questionei que não era essa a orientação do fabricante", contou.

A vacina de Oxford/AstraZeneca tem o prazo de até três meses entre aplicações, mas a idosa recebeu a Coranavac/Butantan, que estipula o intervalo de duas a quatro semanas. Enquanto o dia se aproximava e os grupos prioritários eram ampliados, nenhuma data estava disponível no aplicativo, lembra a pedagoga. 

Até o momento, o Recife recebeu 362.026 doses da Coronavac e 65.030 da Oxford/AstraZeneca, informa a Prefeitura, que destaca que segue as recomendações do Ministério da Saúde para definir os públicos prioritários no Recife.

Do total de 267.430 vacinados estimado pela gestão da capital, apenas 123.027 concluíram o ciclo de imunização, o que é um risco no enfrentamento à pandemia, afirma Gualberto.

"Se demorar muito, a gente pode perder a janela imunológica e aí cair a eficácia [...] tá só dando tempo para o vírus sofrer esses processos de mutação".

Ele explica que a 'resposta secundária' aumenta tanto a quantidade de células, quanto a especialização delas para defender nosso corpo.

"A situação que estamos vivendo agora não é decorrente de variantes. É o contrário. A situação que estamos vivendo favorece o surgimento de variantes. Então, quanto mais a gente facilita a disseminação do vírus, pelo fato dele se replicar no nosso corpo, ele consegue fazer mutações, que às vezes podem deixar ele muito mais potente", pontua, ao alertar que as orientações sanitárias de distanciamento, higienização das mãos e uso de máscara sejam mantidas mesmo após a vacina.

Apesar dos recordes diários de casos e óbitos da pandemia, para o biomédico, a situação no Brasil pode piorar pela 'falsa impressão' de imunidade.

"A gente ter uma parcela da população vacinada, que já está de certa forma imunizada, e quanto mais a gente vai espalhando o vírus, inclusive para essas pessoas, esse vírus pode acabar sofrendo um processo de seleção natural e acaba ficando mais potente, fugindo até mesmo da resposta imune causada pelas vacinas", adverte.

Enquanto a aposta do Ministério da Saúde é garantir o ciclo de imunização aos grupos prioritários, para Pablo, o ideal seria imunizar o máximo de pessoas, pois é necessário reduzir o número de contaminados e desafogar o sistema de saúde.

"A estratégia é interessante porque acaba vacinando muita gente, só que você precisa garantir que as novas doses cheguem. Aí é que tá o problema, a quantidade de demanda que a gente consegue entregar [...] Devido à situação da gente, em completa disseminação no país todo, eu acredito que seria melhor vacinar o máximo de pessoas", sinaliza.

O especialista também ressalta que é preciso esperar o tempo de resposta da vacina, que é de aproximadamente 15 dias. O que significa dizer que, mesmo vacinada, a pessoa ainda tem uma janela de possível contaminação. "Mesmo que você tome a vacina, possa ser que você pegue", reitera.

Na terça (13), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que 1,5 milhões de brasileiros estão com a segunda dose atrasada. Sobre o descumprimento do prazo, Pablo indica que, mesmo após expirado, é necessário o reforço e ressalta o resultado da fase 3 da Coronavac.

O estudo do Instituto Butantan comprovou que a eficácia do imunizante em casos sintomáticos é de 50,7% - superior aos 50,38% informados antes do resultado -, e que a vacina pode atingir 62,3% de eficácia em um intervalo de 28 dias.

Com poucas doses contra a Covid-19 disponíveis e uma iminente suspensão do Plano Nacional de Imunização, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), questionou a competência do Ministério da Saúde e disparou "chega de confusão". O Governo Federal troca acusações acerca dos pedidos de compra feitos junto ao Instituto Butantan, que esbarra na falta de insumos básicos para a produção da Coronavac.

A compra de lotes do imunizante de Oxford/AstraZeneca seria o meio para reverter a lentidão das aplicações. Contudo, o laboratório Serum ainda não entregou os kits, que seguem retidos na índia.

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Sem prazo para a chegada de novas doses, o maranhense criticou a logística traçada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. "Ontem foi anunciado um calendário nacional de vacinação. Hoje já mudou. Realmente assim é muito difícil. Precisamos de quantitativos e datas claras. Chega de confusão. O Brasil não merece isso", publicou nessa quinta (18).

Com a baixa no estoque, a pasta atrasou o calendário de vacinação, embora Pazuello tenha garantido tocar a campanha a passos largos e atender todos os brasileiros até o fim do ano. O The Times Of India indica que a liberação junto ao Serum deve ocorrer em duas semanas.

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Liberadas para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as duas vacinas administradas no Brasil contra a Covid-19 ainda dividem opiniões. Embora o Plano Nacional de Imunização siga lento, as etapas progridem e 783.135 pessoas já foram vacinadas, de acordo com o Ministério da Saúde. Para apontar as principais diferenças entre os imunizantes de Oxford/AstraZeneca e a Coronavac, o LeiaJá conversou com um representante do comitê de imunização de Pernambuco.

Distribuídas pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan, apenas a Coronavac é produzida no Brasil, mas ambas dependem de doses de reforço e confirmaram a eficácia na fase 3 de testagem. A de Oxford/AstraZeneca apresentou 70% de eficiência e a Coronavac apontou 50,39% no mesmo período, embora tenha registrado 100% de eficácia em pacientes acometidos por casos graves.

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Após a primeira aplicação, a Coronavac permite o intervalo da segunda dose entre 14 e 28 dias. Já o prazo da de Oxford/AstraZeneca é mais extenso e necessita de 4 a 12 semanas.

Presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco e integrante dos comitês de imunização contra a Covid-19 do Recife e do estado, o Dr. Eduardo Jorge pontuou sobre a diferença tecnológica entre os imunizantes. Enquanto a Coronavac utiliza o método tradicional do vírus inativado, a de Oxford/AstraZeneca se apoia em um vetor viral não-replicante para combater a doença.

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De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, o Brasil acumula 9.283.418 casos confirmados e 226.309 óbitos em razão da pandemia. Sem remédio contra o vírus, além das recomendações sanitárias, o único método de prevenção são as vacinas.

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