Tópicos | cães de guarda

Uma prática comum em diversos estabelecimentos comerciais, canteiros de obras e residências abandonadas é a utilização de cães de guarda para garantir maior segurança ao local. Na maior parte das vezes criados isolados, em condições que os transformam em armas prontas a serem usadas contra ''bandidos'' ou quem invadir a propriedade, os animais vivem em circunstâncias que têm causado indignação em parcela da sociedade. É crueldade ter um cachorro como guarda?

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ONGs e ativistas de defesa animal criticam fortemente o costume. No último dia 27, um animal da raça Pastor Alemão foi encontrado morto, num imóvel localizado próximo ao Mercado da Madalena, na Zona Oeste do Recife. Segundo os denunciantes, integrantes do SOS Quatro Patas, a Polícia Militar foi procurada, bem como o responsável pelo cão, mas não houve retorno. O caso é lembrado pela vereadora Isabella de Roldão, autora do Projeto de Lei 169 de 2014, que versa sobre a proibição de serviços de vigilância de cães de guarda, com fins lucrativos, no Recife.

"A dura realidade é a do abandono dos animais. Dentro de quatro paredes, não tem sequer abrigo, ficam na chuva e no sol. Não tem quem coloque água. A sociedade está fechando os olhos para esse atentado à vida", pontua. Segundo a vereadora, não tem como regulamentar uma atividade deste tipo, já que o Estado não tem "pernas para acompanhar" a situação dos animais.

"Como essas empresas vão lidar com os cães na velhice? Ou vão sacrificar ou vão pôr nas ruas. Então propomos que o aluguel de cães seja proibido no Recife e os animais encaminhados para abrigos ou para adoção". Dois anos após a proposição inicial, o PL recebeu um parecer contrário da Comissão de Legislação e Justiça da Câmara do Recife. 

Projetos semelhantes já se tornaram leis em outros estados brasileiros, como é o caso do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esta última, a Lei 16.863, foi promulgada pelo presidente da Assembleia Legislativa no início deste ano. No documento, os proprietários destas empresas têm até 60 dias para encerrar as atividades e encaminhar os animais para atendimento veterinário ou a abrigos, para posteriores adoções. 

Empresas do ramo faturam com cães de guarda

No Recife, algumas empresas oferecem o serviço de cães de guarda patrimonial. Os preços e as especificações das ofertas variam. A reportagem do Portal LeiaJá se passou por clientes interessados nos serviços. Numa empresa localizada na Zona Sul da capital, o proprietário aluga um rottweiler por R$ 1.200,00 mensais, mas oferece outras vantagens. "Além do animal, nós mesmos fazemos rondas de monitoramento no local, além de contar com a assessoria de policiais no serviço". 

Por sites de vendas online também é possível conseguir não só um cachorro de estimação, mas também cães criados como seguranças. "Tenho um cão extraordinário, um pitbull lindo, que já passou quase dois anos em um restaurante e ninguém nunca roubou o local", enaltece o dono do animal. Por mês, ele cobra R$ 700 se precisar ir buscar o animal diariamente. "R$ 600 se ele ficar lá direto. Eu garanto limpeza e comida, pode ficar tranquilo. Você não vai se arrepender", afirma. 

Quem passa pela calçada da Arquidiocese de Olinda e Recife precisa ter cuidado. É que o local, situado na Avenida Rui Barbosa, no bairro das Graças, possui três cães de guarda de grande porte que ficam soltos durante a noite e madrugada. E não há nenhuma proteção entre a grade da sede administrativa da Igreja Católica e a calçada. [Confira no vídeo abaixo]. 

“Os espaços na grade são muito grandes, os cães conseguem colocar o focinho do lado de fora. Se alguém colocar a mão, eles podem morder, assustando qualquer pessoa que passa pela calçada”, relata um morador do bairro.

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O diácono Mivacyr Meira, responsável pela administração do prédio da Arquidiocese, informou que- apesar das reclamações- manterá os animais no local. “Eles são adestrados. E quando tem evento na capela, prendemos. Mas as pessoas reclamam de tudo, um minuto que eles passam presos, já falam que eles estão latindo muito”, afirmou. 

Meira ainda diz que não sabe de relatos de ataques dos cães, mas confessa que precisou mandar colocar placas de alumínio no espaço entre a sede da Arquidiocese e a igreja de São José dos Manguinhos, situada ao lado do prédio. “Teve uma vez que a cerimônia de um casamento atrasou muito, não sabíamos, por isso mandamos soltar os cães. E uma equipe que retirava os geradores, quase foi atacada pelos animais. Depois desse fato, solicitei a instalação das placas para evitar casos assim”, contou.

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Sobre as instalações das placas também na fachada, o diácono descartou. “Posso tentar pedir ao Iphan e a Fundarpe a instalação de telas, não as das placas. Mas eles têm que autorizar, pois, tudo que temos que fazer nessa casa, preciso da autorização deles”, explica. 

O diácono ainda revela que é imprudência de quem passa colocar a mão nas grades do prédio.“Tem uma placa avisando sobre os cachorros, não tem necessidade das pessoas colocarem a mão. Veja o caso do menino que perdeu o braço após colocar a mão em uma jaula de um tigre. Não entendo quem vai passar aqui e fazer isso com os cachorros”, finaliza.  

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