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O acordo assinado anteontem pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, para se livrar de uma acusação de caixa 2 deve levar a Procuradoria-Geral da República (PGR) a oferecer, a outros suspeitos de crimes eleitorais, o pagamento de multa para deixar de responder a um processo, na avaliação de juristas ouvidos pelo Estadão. Segundo esses analistas, porém, nem todos os réus podem usar o instrumento. Quem é acusado de mais de um crime além de caixa 2, como lavagem de dinheiro ou corrupção, por exemplo, deve ficar de fora.

Onyx reconheceu que recebeu R$ 300 mil em caixa 2 da empresa que controla o grupo JBS nas campanhas de 2012 e 2014 e se comprometeu a pagar multa de R$ 189 mil para encerrar a ação. Como efeito prático, Onyx se livra da possibilidade de virar ficha-suja, caso fosse condenado em segunda instância, o que o impediria de concorrer em eleições por oito anos.

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Chamado de acordo de não persecução penal, o dispositivo foi incluído na legislação brasileira ano passado por meio do pacote anticrime. O Ministério Público (MP) pode oferecer o acordo a qualquer réu que não seja reincidente, que tenha sido acusado de um crime sem violência e cuja pena mínima não seja maior do que quatro anos. Segundo o código eleitoral, deixar de declarar uma doação à campanha pode dar de dois a cinco anos de prisão, a depender do caso.

Se o MP atribuir outro crime ao réu, a pena mínima aumentaria e tornaria a realização de um acordo improvável, segundo a advogada Cecilia Mello, desembargadora aposentada do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). A corrupção, que pode acompanhar uma acusação de caixa 2 caso o réu tenha recebido algo em troca da doação não contabilizada, também prevê pena mínima de dois anos de prisão. Segundo Cecília, a PGR deve fazer acordos semelhantes ao do Onyx para crimes de "menor complexidade e valor não tão estrondoso".

Segundo Cecília, é possível até que casos que envolvam valores maiores de doações que não foram declaradas à Justiça Eleitoral inviabilizem um acordo. Na opinião dela, os procuradores podem entender que um valor muito alto pode causar ter causado interferência no processo eleitoral.

A advogada constitucionalista Vera Chemim avalia que, como se trata do primeiro acordo feito na seara eleitoral pela PGR, "não há dúvidas de que surgirão outros casos semelhantes que farão a mesma trilha". Segundo ela, é possível que outros réus pleiteiem o mesmo benefício dado a Onyx. "Imagine uma situação similar à do Onyx onde o Ministério Público fale: ‘Não vou propor acordo para caixa 2 de campanha’. Claro que ele vai pleitear e recorrer, mas a avaliação é sempre do Ministério Público", diz.

Valor

Para Vera, o acordo serve para resolver "de forma objetiva" e rápida uma ação penal. Ainda assim, segundo ela, é importante que o pagamento da multa seja calculado de forma satisfatória a ressarcir o Estado. "O que se questiona do ponto de vista penal é se esse tipo de acordo minimiza o cometimento de um crime relativamente grave desde que o agente devolva os recursos", afirma.

Uma das dificuldades nesse tipo de acordo é justamente calcular quanto o réu deve pagar para se livrar da acusação, diz Rodrigo Dall’Acqua, especialista em Direito Penal. "O delito previsto no art. 350 do Código Eleitoral ofende a lisura do processo eleitoral e gera um dano que não se traduz em termos pecuniários. Portanto, o valor recebido pelo político como caixa 2 não é necessariamente o valor do dano", afirma o advogado. No caso de Onyx, por exemplo, a multa é menor do que o valor do caixa 2. Segundo Dall’Acqua, o Código Penal estabelece para calcular a multa.

O criminalista André Damiani acrescenta que, ao propor esse tipo de acordo, o promotor leva em conta que o Estado vai deixar de gastar com um processo longo. "O valor da multa (a Onyx) foi livremente negociado entre as partes e, uma vez que estas deram-se por satisfeitas, devemos presumir que estamos diante de um valor justo. Vale lembrar que a PGR, titular da ação penal, no momento de firmar um acordo de não persecução penal deve ter em conta não apenas o montante atualizado da eventual doação ilegal, mas também o alto custo para o erário público que envolve um longo processo penal cujo resultado é incerto."

O criminalista Diego Henrique destaca que o acordo "consolidou a adoção das soluções consensuais no sistema criminal brasileiro", cujo objetivo é conferir celeridade à resolução do conflito.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (3), um acordo sigiloso assinado com o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, em que o político confessa ter cometido o crime de caixa 2. Ele se comprometeu a pagar R$ 189.145,00 como multa para que a investigação seja encerrada.

O acordo de não-persecução penal (ANPP) ainda precisa ser analisado pelo relator do caso no Supremo, ministro Marco Aurélio Mello, para ter sua validade confirmada. Se homologado, impedirá Onyx de ser punido e enquadrado na Lei da Ficha Limpa, a qual estaria sujeito caso a investigação resultasse em condenação.

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Trata-se da primeira vez que a PGR assina um acordo deste tipo, que foi introduzido na legislação brasileira após a sanção do chamado pacote anticrime, proposto pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro no ano passado. O modelo aprovado pelo Congresso, no entanto, é baseado numa proposta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

Pela lei, esse encaminhamento jurídico é permitido em certos tipos de crimes quando a pena mínima é inferior a quatro anos, "desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime".

Onyx Lorenzoni admitiu ter recebido doações não contabilizadas do grupo que controla a empresa JBS em valores somados de R$ 300 mil, sendo R$ 100 mil nas eleições de 2012 e R$ 200 mil nas eleições de 2014. O caixa 2 foi revelado nos acordos de colaboração premiada de delatores da JBS.

Logo após a delação da JBS sair, em maio de 2017, Onyx Lorenzoni admitiu ter recebido apenas um dos dois pagamentos, o de R$ 100 mil, e negou o outro. Na ocasião, ainda deputado federal, ele pediu desculpas. O fato foi lembrado por Moro, ex-juiz da Lava Jato, pouco após ter sido convidado para o cargo, quando foi questionado sobre a delação que atingia o futuro colega de ministério. "Ele já admitiu e pediu desculpas", disse na ocasião.

A investigação sobre o caso estavam em um impasse, uma vez que faltava o Supremo decidir sobre um recurso da defesa que buscava impedir o envio do caso à primeira instância.

Os R$ 189 mil correspondem a nove salários líquidos do político. A Procuradoria-Geral da República não informou como se chegou a esse valor de multa.

Nos bastidores da PGR, o caso é descrito como importante e pode ser o primeiro de outros acordos de não-persecução penal que o órgão espera firmar.

Daniel Bialski, advogado de Onyx Lorenzoni, disse que aguarda a confirmação do acordo pelo Supremo. O advogado afirmou que o ministro da Cidadania utilizará um empréstimo para fazer o pagamento, aguardando por enquanto a decisão do relator na Corte, ministro Marco Aurélio Mello.

"Diante da nova legislação processual e com a intenção do ministro em solucionar isso de uma vez por todas, foi postulado junto à PGR o acordo de não-persecução penal. Agora esperamos que o Supremo homologue o acordo e a causa seja extinta", disse o advogado de Onyx.

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) virou réu, nessa quinta-feira (30), por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) após o juiz Marco Antonio Martin Vargas aceitar denuncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral na última quinta (23). Com a decisão, o tucano passa a responder a ação penal eleitoral por suposto caixa dois de R$ 11,9 milhões pagos pela Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014.

A decisão também coloca no banco dos réus o então tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014, Marcos Monteiro, e o ex-assessor do governo Sebastião Eduardo Alves de Castro. Ambos teriam recebido os repasses ilegais da empreiteira em nome do tucano.

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De acordo com o juiz eleitoral, o Ministério Público Eleitoral apresentou indícios suficientes de materialidade dos crimes supostamente cometidos pelo tucano.

Entre as provas listadas pela Promotoria, no que ficou conhecido como "Lava Jato Eleitoral", estão depoimentos de delatores da Odebrecht, registros de pagamentos, e-mails e planilhas com codinomes relacionados à Marcos Monteiro ("M&M") e até mensagens trocadas por funcionários do doleiro Alvaro José Gallies Novis, que teria operacionalizado o pagamento de R$ 9,3 milhões em propinas a Sebastião Alves de Castro, o "senhor Eduardo Castro".

O cunhado do ex-governador, Adhemar Ribeiro, o "Belém" do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, teria recebido R$ 2 milhões em 2010, mas o Ministério Público apontou que os crimes já prescreveram - entendimento mantido pela Justiça Eleitoral.

"Os depoimentos dos colaboradores e das testemunhas, somados aos elementos de corroboração acostados nos autos, em tese, perfazem conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvido dos denunciados no complexo esquema de solicitação e recebimento de vantagens indevidas em razão de função política, omissão de dados à Justiça Eleitoral e lavagem de capitais, supostamente erigido para dissimular os fins ilícitos dos grupos políticos e empresariais apontados", afirmou o juiz Marco Antonio Martin Vargas.

O magistrado também autorizou o compartilhamento dos autos da ação contra o tucano com a 9ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, que move ação de improbidade administrativa contra Alckmin pelo mesmo episódio.

A defesa do ex-governador poderá apresentar defesa nos autos em até dez dias.

Denúncia

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Alckmin recebeu caixa dois de R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 e R$ 9,3 milhões em 2014, quando disputou e se reelegeu governador de São Paulo. Uma semana antes da denúncia, a Polícia Federal indiciou o tucano no caso.

O primeiro repasse, em 2010, foi efetuado por intermédio de Adhemar Ribeiro, cunhado do tucano. Os pagamentos teriam sido feitos ao escritório de Ribeiro e apareciam nas planilhas do Departamento de Operações Estruturadas, responsável pela contabilidade das propinas, sob o codinome ‘Belém’.

Em 2014, o esquema teria contado com a participação do então tesoureiro de campanha Marcos Monteiro, que teria atuado ao lado da Odebrecht na autorização, planejamento e execução dos pagamentos da propina. Os repasses foram feitos em 11 parcelas, totalizando R$ 9,3 milhões, e entregues pela Transnacional, empresa do doleiro Alvaro Novis, ao "senhor Eduardo Castro", o assessor Sebastião Eduardo Alves de Castro, conforme registram mensagens obtidas pelo Ministério Público.

O endereço de Sebastião Castro no Brooklin consta em diversas mensagens trocadas por funcionários do doleiro como local de entrega de propina. Em uma ocasião, ele teria atendido um telefone para receber a entrega da propina. Além disso, os pagamentos foram lançados na planilha sob o codinome "M&M", atribuído a Marcos Monteiro.

"Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do emprego de métodos ilícitos como uso de 'doleiros', com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar a possibilidade de seu rastreio (lavagem de dinheiro). Esses recursos destinavam-se, num primeiro momento, ao financiamento eleitoral indevido (não declarado) e, num momento seguinte, pós eleições, à manutenção da influência do grupo empresarial junto ao governo", afirmou a Promotoria.

A denúncia foi apresentada na última quinta, 23, e teve base nos 77 acordos de delação premiada firmados por executivos e funcionários da Odebrecht com a Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. Após o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a competência da Justiça Eleitoral para julgar casos de corrupção conexos a crimes eleitorais, os autos do inquérito contra o tucano foram remetidos à Justiça Eleitoral de São Paulo.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN

"A denúncia ora recebida pelo Poder Judiciário dará a oportunidade que foi até agora negada ao ex-governador Geraldo Alckmin de se defender e de contraditar as falsas e injustas acusações de que está sendo vítima e, principalmente, de provar a sua improcedência.

Por esta nota, em respeito à opinião pública e à confiança da sociedade, de que sempre foi merecedor, lamenta essa injusta e indevida exposição, confiante de que, ao final do processo, a verdade e a justiça prevalecerão, pois nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados nos termos da legislação vigente, nem tampouco praticou qualquer ato de corrupção, como, aliás, nunca fez durante mais de 40 anos de vida pública.

José Eduardo Rangel de Alckmin

OAB/DF 2977

Marcelo Martins de Oliveira

OAB/SP 81.138"

COM A PALAVRA, O PSDB

"O Diretório Estadual do PSDB-SP reitera sua confiança na idoneidade do ex-governador Geraldo Alckmin. Em seus mais de 40 anos de vida pública, Alckmin manteve uma postura de retidão e respeito à lei sem jamais abrir mão dos princípios éticos e de seu compromisso em servir ao setor público e ao cidadão.

Acreditamos na Justiça e temos convicção de que, ao final do processo, os fatos serão devidamente esclarecidos.

Marco Vinholi - Presidente Estadual do PSDB-SP"

COM A PALAVRA, OS DEMAIS DENUNCIADOS

A reportagem busca contato com a defesa dos demais denunciados. O espaço está aberto a manifestações

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) virou réu nesta quinta, 30, por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) após o juiz Marco Antonio Martin Vargas aceitar denuncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral na última quinta, 23. Com a decisão, o tucano passa a responder a ação penal eleitoral por suposto caixa dois de R$ 11,9 milhões pagos pela Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014.

A decisão também coloca no banco dos réus o então tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014, Marcos Monteiro, e o ex-assessor do governo Sebastião Eduardo Alves de Castro. Ambos teriam recebido os repasses ilegais da empreiteira em nome do tucano.

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De acordo com o juiz eleitoral, o Ministério Público Eleitoral apresentou indícios suficientes de materialidade dos crimes supostamente cometidos pelo tucano.

Entre as provas listadas pela Promotoria, no que ficou conhecido como 'Lava Jato Eleitoral', estão depoimentos de delatores da Odebrecht, registros de pagamentos, e-mails e planilhas com codinomes relacionados à Marcos Monteiro ('M&M') e até mensagens trocadas por funcionários do doleiro Alvaro José Gallies Novis, que teria operacionalizado o pagamento de R$ 9,3 milhões em propinas a Sebastião Alves de Castro, o 'senhor Eduardo Castro'.

O cunhado do ex-governador, Adhemar Ribeiro, o 'Belém' do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, teria recebido R$ 2 milhões em 2010, mas o Ministério Público apontou que os crimes já prescreveram.

"Os depoimentos dos colaboradores e das testemunhas, somados aos elementos de corroboração acostados nos autos, em tese, perfazem conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvido dos denunciados no complexo esquema de solicitação e recebimento de vantagens indevidas em razão de função política, omissão de dados à Justiça Eleitoral e lavagem de capitais, supostamente erigido para dissimular os fins ilícitos dos grupos políticos e empresariais apontados", afirmou o juiz Marco Antonio Martin Vargas.

O magistrado também autorizou o compartilhamento dos autos da ação contra o tucano com a 9ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de São Paulo, que move ação de improbidade administrativa contra Alckmin pelo mesmo episódio.

A defesa do ex-governador poderá apresentar defesa nos autos em até dez dias.

Denúncia

De acordo com o Ministério Público Eleitoral, Alckmin recebeu R$ 2 milhões da Odebrecht em 2010 e R$ 9,3 milhões em 2014, quando disputou e se reelegeu governador de São Paulo. Uma semana antes da denúncia, a Polícia Federal indiciou o tucano no caso.

O primeiro repasse, em 2010, foi efetuado por intermédio de Adhemar Ribeiro, cunhado do tucano. Os pagamentos teriam sido feitos ao escritório de Ribeiro e apareciam nas planilhas do Departamento de Operações Estruturadas sob o codinome 'Belém'.

Em 2014, o esquema teria contado com a participação do então tesoureiro de campanha Marcos Monteiro, que teria atuado ao lado da Odebrecht na autorização, planejamento e execução dos pagamentos da propina. Os repasses foram feitos em 11 parcelas, totalizando R$ 9,3 milhões, e entregues pela Transnacional, empresa do doleiro Alvaro Novis, ao 'senhor Eduardo Castro', o assessor Sebastião Eduardo Alves de Castro, conforme registram mensagens obtidas pelo Ministério Público.

O endereço de Sebastião Castro consta em diversas mensagens trocadas por funcionários do doleiro como local de entrega de propina. Além disso, os pagamentos foram lançados na planilha sob o codinome 'M&M', de Marcos Monteiro.

"Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do emprego de métodos ilícitos como uso de 'doleiros', com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar a possibilidade de seu rastreio (lavagem de dinheiro). Esses recursos destinavam-se, num primeiro momento, ao financiamento eleitoral indevido (não declarado) e, num momento seguinte, pós eleições, à manutenção da influência do grupo empresarial junto ao governo", afirmou a Promotoria.

COM A PALAVRA, O EX-GOVERNADOR GERALDO ALCKMIN

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com o ex-governador Geraldo Alckmin. O espaço permanece aberto a manifestações.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, deferiu liminar nesta quarta, 29, para suspender "toda a investigação deflagrada" pela 6ª Vara Criminal de São Paulo contra o senador José Serra (PSDB-SP), alvo da Operação Revoada da Lava Jato São Paulo por propinas da Odebrecht nas obras do Rodoanel Sul. O tucano e sua filha, Verônica Serra, se tornaram réus no caso nesta mesma quarta.

"Defiro a liminar para suspender, até a análise do caso pelo eminente relator, toda a investigação deflagrada em trâmite no Juízo Federal da 6ª Vara Criminal da 1ª Subseção Judiciária de São Paulo", anotou Toffoli. "Por consequência, todos os bens e documentos apreendidos deverão ser lacrados e imediatamente acautelados, juntamente com eventuais espelhamentos ou cópia de seu conteúdo, caso tenham sido realizados".

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A liminar é válida até o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, analisar o caso. O recesso do Judiciário termina nesta semana.

A decisão do ministro foi deferida às 16h56. Por volta das 18h, o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e colocou Serra e sua filha, Verônica, no banco dos réus da Lava Jato por lavagem de propinas da Odebrecht em obras do Rodoanel Sul.

Uma fonte ouvida reservadamente pelo Estadão acredita que a decisão do presidente do Supremo não deverá atingir a denúncia da Lava Jato contra o tucano, e sim os autos da Operação Revoada, que buscava aprofundar as apurações sobre suposta lavagem de dinheiro cometida por Serra e sua filha. A denúncia foi apresentada no mesmo dia em que a Revoada foi deflagrada, e se baseou em provas já colhidas pelo Ministério Público Federal.

Toffoli atendeu pedido da defesa de Serra, que argumentou violação da prerrogativa de foro privilegiado. Segundo os advogados do tucano, o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal, teria violado a prerrogativa de foro privilegiado ao autorizar a coleta de material relacionado ao mandato atual do senador. Apesar de não ter mirado o gabinete do tucano, os advogados alegam que as buscas na residência de Serra poderiam ter coletados documentos protegidos por foro.

Uma das medidas autorizadas pelo magistrado e questionada pela defesa foi a quebra de sigilo do tucano no período de 2006 a 2020. Segundo o presidente do Supremo, a medida "eleva, sobremaneira, o potencial risco" de acesso a documentos e informações relacionadas ao atual mandato de Serra. Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro, parte deles em endereços ligados ao senador.

"Não obstante a medida cautelar tenha sido determinada pela autoridade reclamada com escopo de coletar provas referentes a tais fatos, a extrema amplitude da ordem de busca e apreensão, cujo objeto abrange agendas manuscritas, mídias digitais, computadores, telefones celulares, pendrives, entre outros dispositivos de armazenamento eletrônico, impossibilita de antemão, a delimitação de documentos e objetos que seriam diretamente ligados ao desempenho da atividade típica do atual mandato do Senador da República", afirmou.

Toffoli também travou as investigações da Paralelo 23, operação da "Lava Jato Eleitoral", que mira caixa dois de R$ 5 milhões que teriam turbinado a campanha do tucano em 2014. O presidente do Supremo utilizou os mesmos argumentos, destacando que a decisão da justiça eleitoral feria a prerrogativa de foro.

Réu. Pouco mais de uma hora depois da decisão de Toffoli, deferida em reclamações em segredo de Justiça, José e Verônica Serra se tornaram réus na Operação Lava Jato após o juiz Diego Paes Moreira, da 6ª Vara Criminal Federal, aceitar denúncia apresentada pela força-tarefa bandeirante no último dia 3.

O tucano é acusado de receber propinas da Odebrecht entre 2006 e 2007 em troca de benefícios para a empreiteira nas obras do Rodoanel Sul. A Lava Jato SP apontou que os pagamentos foram ocultados por meio de transações financeiras envolvendo offshores constituídas por Verônica Serra e o empresário José Amaro Ramos, apontado como operador do esquema.

"José Serra e Verônica Allende Serra, entre 2006 e, ao menos, 2014, ocultaram e dissimularam, por meio de numerosas operações bancárias, a natureza, a origem, a localização e a propriedade de valores sabidamente provenientes de crimes, notadamente de corrupção passiva e ativa, de fraudes à licitação e de cartel, praticando, assim, atos de lavagem de capitais", resumem os procuradores da Lava Jato na denúncia.

Os procuradores apontam que Serra solicitou o pagamento de propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante no exterior, por meio de offshore da José Amaro Ramos. A empreiteira efetivou a solicitação do tucano e realizou, entre 2006 e 2007, ‘numeras transferências’ no total de 1.564.891,78 euros para a empresa do operador . Do total, 936 mil euros chegaram à Dortmund International Inc, offshore que, segundo a Lava Jato, era controlada por Verônica Serra.

Registros das transações ao tucano foram registradas em planilhas do Setor de Operações Estruturadas sob o codinome ‘vizinho’, em referência ao fato de Serra morar próximo do doleiro Alvaro Novis, que transportava propinas para a Odebrecht. A denúncia da Lava Jato indica ainda que o valor foi pago pela empreiteira ‘supostamente para fazer frente a gastos de suas campanhas ao governo do estado de São Paulo’.

Segundo a Lava Jato, o esquema de ocultação dos valores de propina foi realizado em três etapas: a primeira eram as transferências das contas da Odebrecht para offshores controladas pela empreiteira. A segunda consistia nos repasses desses valores para offshores de José Amaro Ramos que, em sua última etapa, encaminhava os valores para as empresas de Verônica Serra.

Com a palavra, a defesa de Serra

"O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, suspendeu, na tarde desta quarta-feira (29), as duas investigações decorrentes da força-tarefa da Lava Jato e do Ministério Público Eleitoral, que culminaram em abusos inaceitáveis contra o senador José Serra.

Em ambas as esferas, era evidente o excesso e ilegalidade das medidas determinadas contra o senador da República, em clara violação à competência do Supremo Tribunal Federal e em inegável tentativa de criar fantasias relacionadas a seu mandato parlamentar.

O recebimento da denúncia pela Justiça Federal, ocorrido após a decisão emanada da Suprema Corte, só confirma, outra vez mais, o desapego à Lei e a Constituição Federal por quem haveria de protegê-las.

Flávia Rahal e Sepúlveda Pertence

Defesa de José Serra"

O senador José Serra (PSDB-SP) apresentou reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender as investigações da "Lava Jato Eleitoral", que miram em repasses de R$ 5 milhões em caixa dois para a campanha do tucano. Segundo a defesa do parlamentar, as investigações citam fatos relacionados ao seu atual mandato - o que viola a prerrogativa de foro privilegiado.

Serra foi alvo da Operação Paralelo 23, deflagrada pela Polícia Federal na terça-feira (21). As investigações tiveram como base a delação de Elon Gomes, empresário ligado à Qualicorp, que relatou repasses milionários para turbinar a campanha do tucano ao Senado em 2014. O fundador do conglomerado de saúde, José Seripieri Filho, foi preso.

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A defesa de Serra alega que a Justiça Eleitoral autorizou medidas que atingem fatos e acontecimentos posteriores às eleições de 2014. Como exemplo, os advogados listam que a Promotoria e a PF apresentaram projetos de lei e requerimentos ligados à área da saúde apresentados entre 2015 a 2020 ao pedir a aprovação para a operação.

"O real propósito daquela apuração é investigar o parlamentar por crimes supostamente praticados no desempenho de sua atividade como congressista e diretamente relacionados à fundação parlamentar", afirmaram os advogados do tucano.

A reclamação de Serra está sob relatoria do ministro Gilmar Mendes. A defesa do tucano pede que as investigações sejam suspensas e o caso remetido ao STF.

A prerrogativa de foro privilegiada foi usada pelo presidente do STF, Dias Toffoli, ao barrar buscas da PF no gabinete de Serra, em Brasília, durante a operação. O ministro considerou a diligência ampla demais, com risco de atingir documentos e informações relativas à atuação de Serra como senador.

O entendimento do Supremo delimitou o foro privilegiado a somente crimes cometidos por autoridades no exercício do mandato e em função do cargo - o que não é o caso do tucano, cujas apurações miram a campanha de 2014, segundo a Promotoria Eleitoral.

Caixa dois

As investigações contra Serra tiveram base na delação do empresário Elon Gomes de Almeida, que delatou repasses de R$ 5 milhões para o tucano via caixa dois e sob demanda de José Seripieri Filho, o Júnior da Qualicorp. Segundo Elon, os pagamentos foram mascarados por meio de contrato de licença de software e serviços gráficos jamais prestados.

Além do depoimento, foram apresentados aos investigadores "contundente e robusto conjunto de elementos", conforme anotou o juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas, que autorizou as buscas contra o tucano. O material inclui notas fiscais, contratos fictícios e comprovantes de transações financeiras envolvendo os investigados. Seripieri Filho foi chamado pela Justiça de "mentor intelectual do esquema" que beneficiou Serra.

Defesas

Após a deflagração da Paralelo 23, o senador José Serra lamentou o que chamou de espetacularização" da operação da PF e negou ter recebido caixa dois. "É ilegal, abusiva e acintosa a atuação dos órgãos de investigação no presente caso, ao tratar de fatos antigos, para gerar investigações sigilosas e desconhecidas do Senador e de sua Defesa e nas quais ele nunca teve a oportunidade de ser ouvido", afirmaram os advogados Sepúlveda Pertence e Flávia Rahal, que defendem o tucano.

Em nota, a Qualicorp afirmou que adotará "as medidas necessárias para apuração completa dos fatos". A defesa de José Seripieri Filho disse que os colaboradores não acusaram o empresário de ter feito caixa dois e que a decisão de fazer a doação dessa forma foi "de um dos colaboradores". "Portanto, não há qualquer razão ou fato, ainda que se considere a delação como prova (o que os Tribunais já rechaçaram inúmeras vezes), que justifique medidas tão graves", apontou o advogado Celso Vilardi.

Também por meio de nota, o PSDB de São Paulo disse que "reitera sua confiança no senador José Serra, pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta. Mantemos nossa confiança no poder judiciário e no esclarecimento dos fatos".

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou, na quinta-feira (23), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) sob a acusação de ter recebido R$ 11,3 milhões da Odebrecht de forma irregular para financiar suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Após a divulgação da denúncia, o ex-governador paulista deixou o posto de coordenador do plano de governo da pré-campanha do prefeito Bruno Covas (PSDB) à reeleição.

Alckmin nega ter cometido qualquer ato ilícito, afirmou que o pedido da Promotoria é "infundado" e que não foi ouvido. A denúncia será, agora, analisada pela Justiça. Se for aceita, o ex-governador vira réu e passa a responder a um processo.

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Alckmin e Covas conversaram pela manhã, logo após a confirmação de que a denúncia havia sido protocolada. "Ele mesmo pediu para se afastar da campanha para que possa focar na sua defesa. Tenho certeza que ele vai comprovar sua inocência", afirmou o prefeito, no fim da manhã, durante visita a obras de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona sul da capital paulista. "Depois de 42 anos de vida pública, Alckmin tem um patrimônio menor do que quando começou suas atividades", disse Covas.

A denúncia contra Alckmin acontece 20 dias após o senador José Serra (PSDB-SP) ser acusado formalmente pelo Ministério Público por ter recebido dinheiro da Odebrecht de forma irregular quando foi governador, entre 2006 e 2007. Serra nega as acusações. As investigações contra os tucanos deram ânimo para o grupo ligado ao governador João Doria (PSDB) voltar a pedir o afastamento da sigla dos quadros mais antigos e a construção de um novo "PSDB".

Crimes

Para o MP-SP, Alckmin cometeu os crimes de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao receber, da Odebrecht, R$ 2 milhões para a campanha de 2010 em dinheiro vivo e R$ 9,3 milhões para a reeleição. "Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do uso de ‘doleiros’, com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar seu rastreio (lavagem de dinheiro)", afirmou a Promotoria em nota.

Segundo os promotores, a construtora pretendia, em troca manter influência junto ao governo do Estado. Nos dois anos em que teriam ocorrido as doações, a Odebrecht não poderia enviar dinheiro para as campanhas eleitorais, pois tinha contratos vigentes com o governo do Estado: a companhia controla a concessionária que administra a Rodovia Dom Pedro I e participou do consórcio da linha 6-Laranja do Metrô.

Também foram denunciados ontem o tesoureiro da campanha de 2014, Marcos Antônio Monteiro, e o ex-assessor da Secretaria de Planejamento, Sebastião Eduardo Alves de Castro. Ambos foram acusados de fazer a ponte entre a campanha e a empreiteira. Quatro anos antes, o papel coube, segundo a denúncia, a Adhemar César Ribeiro, cunhado do ex-governador.

Ele não foi alvo da ação penal porque tem mais de 70 anos e os crimes prescreveram. A defesa de Castro informou que a denúncia é "fruto de um trabalho de investigação atabalhoado e com conclusões prematuras". Os advogados de Monteiro e Ribeiro não foram localizadas.

Outros sete denunciados são delatores: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Luiz Antônio Bueno Júnior, Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, Maria Lúcia Guimarães Tavares, Fernando Migliaccio da Silva e Luiz Eduardo da Rocha Soares, todos da Odebrecht, - e o doleiro Álvaro Novis. Além das delações, os promotores citaram, como evidências de crime, planilhas com a programação de pagamentos da Odebrecht, trocas de mensagens e quebra de sigilo. Na planilha da Odebrecht, o dinheiro destinado a Alckmin foi relacionado com os apelidos "Belém", "colônia", "pastel" e "presépio", de acordo com o MP-SP.

O ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) foi absolvido pela Justiça Eleitoral no Estado da acusação de caixa 2 na campanha de 2010, quando disputou vaga ao Senado. O petista não se elegeu. Na sentença, publicada na quarta-feira, 22, o juiz Michel Curi e Silva, da 32ª Zona Eleitoral do Estado, que julgou improcedente a denúncia, afirmou não haver provas suficientes para a condenação. O processo tem como autor o Ministério Público Eleitoral.

Conforme a denúncia, Pimentel teria arrecadado R$ 1,5 milhão de pessoas jurídicas e omitido, do total, R$ 1,420 milhão na prestação de contas à Justiça Eleitoral.

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O esquema teria contado com a participação da empresa de comunicação Pepper, que, conforme a denúncia, emitiu notas fiscais frias para acobertar o caixa 2.

O juiz, na sentença, afirma, no entanto, que "não há como negar que as provas produzidas não são suficientes para se afirmar a existências de doações eleitorais não contabilizadas na prestação de contas de campanha do réu ao Senado Federal".

O magistrado aponta ainda que "como tenho dito, impõe-se o dever em face da dúvida, porquanto infinitamente mais odioso que absolver alguém que pode ser culpado é condenar alguém que pode ser inocente".

Pontuou também que "apesar dos indícios existentes no corpo probatório dos autos, é forçoso admitir que os pontos centrais da denúncia não restaram cabalmente demonstrados, não tendo sido as provas colhidas nos autos suficientes para a formação do juízo de certeza deste julgador para a condenação".

O advogado de Fernando Pimentel, Eugênio Pacelli, divulgou a seguinte nota: "Digna de registro a independência do douto magistrado. Seguiu a lei e o devido processo legal. Decisões judiciais devem fazer a justiça do processo, não a das vontades pessoais."

A reportagem entrou em contato com o Ministério Público Eleitoral para posicionamento em relação à decisão e aguarda retorno.

Os investigadores da Polícia Federal apontaram indícios de que a Qualicorp tenha fraudado contratos para dissimular repasses à campanha de José Serra (PSDB-SP) ao Senado Federal em 2014. O delegado Milton Fornazari Júnior, responsável pela operação que prendeu nesta terça, 21, o fundador do conglomerado de planos de saúde, José Seripieri Junior, afirmou que o empresário montou uma 'estrutura financeira e societária' para ocultar a transferência do dinheiro da Justiça Eleitoral.

"Houve por parte do controlador desse conglomerado empresarial da área de Saúde uma solicitação para uma pessoa que era sócia dele em uma empresa para que criasse toda essa estrutura que tinha por objetivo a transferência de recursos para o candidato investigado", afirmou o delegado.

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Ainda segundo Fornazari, os recursos foram repassados a um grupo que se encarregou da simulação de negócios jurídicos e contratos de compra e prestação de serviços para 'justificar os repasses' que teriam como destinatário final o tucano. De acordo com a PF, Serra teria recebido R$ 5 milhões, em três parcelas - duas de R$ 1 milhão e outra de R$ 3 milhões.

"Foi criada assim uma estrutura financeira autônoma e profissional ali para que os recursos fossem repassados de maneira dissimulada visando impedir que as autoridades estatais tivessem o conhecimento daquela fraude", explicou Fornazari.

A PF apontou indícios de fraudes em pelo menos duas frentes: na aquisição de licença de software e na contratação de serviços gráficos.

Além disso, os investigadores apuram a ligação do senador com uma empresa produtora de eventos de fórmula 1, que comercializa camarotes para corridas na capital paulista.

"Nas investigações em relação a essa empresa, que supostamente comercializava camarotes de Fórmula 1, nós identificamos uma elevada troca de valores com o partido do então candidato nas eleições de 2010. Nós identificamos também na busca de hoje a existência de contratos entre um dos sócios da empresa e o partido do então candidato. Nós conseguimos identificar robustos indícios da existência de vínculos entre os donos dessa empresa, que recebeu esses repasses por meio da criação de uma sociedade por conta de participação, e o candidato", disse o delegado.

Caixa 2 eleitoral

A Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral de São Paulo deflagraram na manhã de hoje a operação Paralelo 23 - a terceira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo - para investigar o suposto caixa dois na campanha de Serra.

Os agentes cumpriram três mandados de prisão temporária e outros 15 de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. Entre os alvos das buscas na capital federal estava o gabinete de Serra. No entanto, a entrada dos policiais no Senado foi barrada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre, que acionou o Supremo Tribunal Federal e obteve parecer favorável do ministro Dias Toffoli para suspensão das buscas.

A PF busca provas que demonstrem se a Qualicorp pagou o tucano em troca de uma atuação favorável no mandato como senador. "Nós vamos aprofundar a investigação agora na fase ostensiva para identificar se eventualmente o repasse desses valores foi uma doação eleitoral apenas ou se foi uma doação eleitoral não contabilizada visando uma contrapartida desse candidato, dada a atuação dele na área da Saúde, que poderia favorecer a empresa do investigado que efetuou esses pagamentos de maneira dissimulada", adiantou delegado Fornazari.

COM A PALAVRA, SENADOR JOSÉ SERRA

O senador José Serra foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa, na qual, ressalte-se, José Serra jamais foi ouvido.

José Serra lamenta a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país, reforça que jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos. Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

Serra mantém sua confiança no Poder Judiciário e espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível, para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra.

COM A PALAVRA, A QUALICORP

"A nova administração da Companhia informa que adotará as medidas necessárias para apuração completa dos fatos narrados nas notícias divulgadas nesta manhã na imprensa, bem como colaborará com as autoridades públicas competentes".

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA CELSO VILARDI, QUE DEFENDE O FUNDADOR DA QUALICORP

O advogado Celso Vilardi, que defende o empresário José Seripieri, irá se manifestar assim que tiver acesso aos autos.

COM A PALAVRA, FLÁVIA RAHAL, ADVOGADA DE SERRA

A reportagem fez contato com a criminalista Flávia Rahal, que defende o senador José Serra. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, O PSDB

O PSDB de São Paulo reitera sua confiança no senador José Serra, pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta. Mantemos nossa confiança no poder judiciário e no esclarecimento dos fatos.

O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o mandado de busca e apreensão que seria cumprido na manhã desta terça-feira (21), no gabinete do senador José Serra (PSDB), alvo de investigação sobre suposto caixa 2 de R$ 5 milhões na campanha de 2014. A decisão atende a pedido da mesa diretora do Senado, presidida por Davi Alcolumbre (DEM-AP), que argumentou que a ordem expedida pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo "retirava a eficácia das prerrogativas constitucionais do Poder Legislativo e constitui flagrante violação à hierarquia do Poder Judiciário".

Mais cedo, Alcolumbre impediu a entrada da Polícia Federal no gabinete do tucano e mobilizou os advogados da Casa para acionar o STF no caso.

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A Operação Paralelo - a terceira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo - foi desencadeada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Eleitoral de São Paulo. A ofensiva foi aberta por ordem da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que também determinou o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados.

Um dos principais alvos da ofensiva da PF é o empresário José Seripieri Junior, fundador e ex-presidente da Qualicorp, preso temporariamente no âmbito da operação. Segundo a Ministério Público Eleitoral, supostas doações de R$ 5 milhões não contabilizadas à Serra em 2014 teriam sido feitas a mando de "Junior".

A Polícia Federal apontou ainda que a investigação identificou outros pagamentos, "em quantias também elevadas e efetuados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil, todos destinados a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação do recebimento das doações".

Defesas

Em nota, a assessoria do tucano afirma que "o senador José Serra foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa, na qual, ressalte-se, José Serra jamais foi ouvido".

"José Serra lamenta a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país, reforça que jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos. Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Serra mantém sua confiança no Poder Judiciário e espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível, para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra", finaliza a nota.

A Qualicorp também se manifestou: "a nova administração da Companhia informa que adotará as medidas necessárias para apuração completa dos fatos narrados nas notícias divulgadas nesta manhã na imprensa, bem como colaborará com as autoridades públicas competentes".

O advogado Celso Vilardi, que defende o empresário José Seripieri, disse que irá se manifestar assim que tiver acesso aos autos. A reportagem também fez contato com a criminalista Flávia Rahal, que defende o senador José Serra. O espaço está aberto para manifestação.

O PSDB de São Paulo também publicou nota, na qual "reitera sua confiança no senador José Serra, pautada nos mais de 40 anos de uma vida pública conduzida de forma proba e correta. Mantemos nossa confiança no poder judiciário e no esclarecimento dos fatos", diz o texto.

O senador José Serra (PSDB-SP) se manifestou sobre a Operação Paralelo, deflagrada nesta terça-feira (21), pela Polícia Federal e o Ministério Público Eleitoral. Trata-se da terceira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo para investigar suposto caixa dois de R$ 5 milhões na campanha do senador tucano. O principal alvo da ação é o empresário José Seripieri Junior, fundador e ex-presidente da Qualicorp, que teve mandado de prisão temporária expedido.

A assessoria de Serra afirma, em nota, que o senador "foi surpreendido esta manhã com nova e abusiva operação de busca e apreensão em seus endereços, dois dos quais já haviam sido vasculhados há menos de 20 dias pela Polícia Federal. A decisão da Justiça Eleitoral é baseada em fatos antigos e em investigação até então desconhecida do senador e de sua defesa, na qual, ressalte-se, José Serra jamais foi ouvido".

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"José Serra lamenta a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país, reforça que jamais recebeu vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública e sempre pautou sua carreira política na lisura e austeridade em relação aos gastos públicos. Importante reforçar que todas as contas de sua campanha, sempre a cargo do partido, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral. Serra mantém sua confiança no Poder Judiciário e espera que esse caso seja esclarecido da melhor forma possível, para evitar que prosperem acusações falsas que atinjam sua honra", finaliza a nota.

A Polícia Federal (PF) de o Ministério Público Eleitoral de São Paulo deflagraram, na manhã desta terça-feira (21), a operação Paralelo - a terceira fase da operação Lava Jato junto à Justiça Eleitoral de São Paulo - para investigar suposto caixa dois de R$ 5 milhões ao ex-governador José Serra (PSDB) na campanha de 2014, quando foi eleito ao cargo que ocupa hoje no Senado Federal. O principal alvo da ação é o empresário José Seripieri Jr., fundador e ex-presidente da Qualicorp.

Agentes cumprem quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Itatiba e Itu (SP) e em Brasília. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que também determinou o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados

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Segundo a Promotoria, o inquérito foi remetido à primeira instância da Justiça Eleitoral de São Paulo pelo Supremo Tribunal Federal em 2019, com a colaboração espontânea de pessoas que teriam sido contratadas em 2014 para estruturar e operacionalizar os pagamentos de caixa dois - "efetuados supostamente a mando de acionista controlador de importante grupo empresarial do ramo da comercialização de planos de saúde".

"Após a formalização de acordos de colaboração premiada, foram desenvolvidas medidas investigativas diversas, como a quebra do sigilo bancário, intercâmbio de informações com o COAF e os testemunhos de pessoas relacionadas aos fatos, tendo sido constatada a existência de fundados indícios do recebimento por José Serra de doações eleitorais não contabilizadas, repassadas por meio de operações financeiras e societárias simuladas, visando assim a ocultar a origem ilícita dos valores recebidos, cujo montante correspondeu à quantia de R$ 5 milhões", indicou o MP-SP em nota.

A Polícia Federal apontou ainda que a investigação identificou outros pagamentos, "em quantias também elevadas e efetuados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil, todos destinados a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação do recebimento das doações". "Tais fatos ocorreram também perto das eleições de 2014 e serão objeto de aprofundamento na fase ostensiva das investigações", afirmou a corporação.

De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.

Lavagem de dinheiro

No início do mês, o senador José Serra foi alvo de outra operação da Polícia Federal, a Operação Revoada, para investigar suposto esquema de lavagem de dinheiro que teria beneficiado o ex-governador de São Paulo e atual senador. Simultaneamente, o Ministério Público Federal denunciou o tucano e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. Segundo a denúncia, Serra, entre 2006 e 2007, "valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul".

Segundo a Procuradoria, Serra solicitou, no fim de 2006, propina de R$ 4,5 milhões da Odebrecht e indicou que gostaria de receber o montante não no Brasil, mas no exterior, por meio de offshore disponibilizada pelo empresário José Amaro Pinto Ramos, "com quem mantinha amizade há anos". Nas planilhas do famoso Setor de Operações Estruturadas, Serra tinha o codinome "vizinho", em referência ao fato de o ex-governador morar próximo de seu principal contato na companhia, Pedro Novis.

A denúncia aponta ainda que a Odebrecht pagou R$ 27,8 milhões ao ex-governador, em valores não atualizados. O montante diz respeito aos R$ 4,5 milhões pagos entre 2006 e 2007, "supostamente para fazer frente a gastos de suas campanhas ao governo do Estado de São Paulo, e ainda a R$ 23,3 milhões, entre 2009 e 2010, em contrapartida à liberação de créditos junto à Dersa.

Lava Jato Eleitoral

A Polícia Federal destacou que a ofensiva realizada na manhã desta terça trata-se da terceira fase da operação Lava Jato desde o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal em 2019, que reafirmou a competência da Justiça Eleitoral para avaliar os crimes conexos aos crimes eleitorais.

A primeira fase da operação nessa linha foi realizada no último dia 14 e mirou o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade) por suposto caixa 2 de R$ 1,7 milhão e lavagem de dinheiro. Já a segunda etapa da "Lava Jato Eleitoral" em São Paulo resultou no indiciamento do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, o ex-assessor da Secretaria de Planejamento do tucano, Sebastião Eduardo Alves de Castro e o ex-tesoureiro de campanha Marcos Monteiro por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.

Defesa

A reportagem fez contato com a criminalista Flávia Rahal, que defende o senador José Serra. O espaço está aberto para manifestação da defesa.

O indiciamento do ex-governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin pela Polícia Federal por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro ocorreu no momento em que a cúpula do PSDB paulista se preparava para anunciar que o tucano seria o coordenador do plano de governo da candidatura do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), à reeleição.

Nos bastidores, o grupo ligado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já resistia ao nome de Alckmin antes do indiciamento nessa quinta-feira (16). Agora, a expectativa até entre interlocutores e auxiliares do prefeito é de que o ex-governador tome a iniciativa de desistir do posto.

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Procurado, Alckmin não respondeu até o fechamento desta reportagem. Na quinta-feira, a defesa do ex-governador classificou o indiciamento de "injustificável" e "precipitado".

Os desdobramentos das investigações no âmbito da Operação Lava Jato sobre Alckmin e o senador José Serra (PSDB), denunciado pelo Ministério Público Federal no começo de julho, juntamente com a filha, Verônica, por lavagem de dinheiro transnacional, deixaram tucanos apreensivos. O temor é de que as acusações tenham impacto nas campanhas do PSDB para prefeituras em todo o Estado.

Diferentemente do que ocorreu com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de um pedido de expulsão do partido pelos diretórios municipal e estadual após ser flagrado em um áudio pedindo dinheiro emprestado aos empresários da JBS, Serra e Alckmin têm sido poupados pela burocracia da legenda.

"Isso é a tentativa permanente de criminalizar a política feita por órgãos do Estado. É o mesmo padrão lavajatista, mas agora feito pelo aparelho do Estado. Nunca vão incriminar o Geraldo", disse José Aníbal, ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em nota, o Diretório Estadual do PSDB disse que tem "absoluta confiança" na idoneidade do ex-governador. "A história do governador Geraldo Alckmin não deixa dúvidas sobre a sua postura de retidão, coerência e compromisso com o rigor da lei."

Sobre Serra, o partido afirmou: "O PSDB acredita no sistema judicial do País e defende as apurações na utilização de recursos públicos, ao mesmo tempo em que confia na história do senador José Serra e nos devidos esclarecimentos dos fatos."

Nas trincheiras de Doria, no entanto, a estratégia é isolar Alckmin e Serra e classificá-los como a "velha guarda" da sigla.

O discurso de um "novo" PSDB virou a palavra de ordem do governador e símbolo do partido estampado em banners e bandeiras na sede da legenda na Rua Estados Unidos, nos Jardins.

Doria chegou a defender até a mudança do nome do partido, mas a ideia não prosperou.

A Polícia Federal indiciou nesta quinta, 16, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, o ex-secretário de Planejamento do tucano, Sebastião Eduardo Alves de Castro e o ex-tesoureiro de campanha Marco Monteiro por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. As investigações foram conduzidas pela Lava Jato a partir de delações do grupo Odebrecht.

Além das colaborações, a PF obteve cópia do sistema de informática da empreiteira, análise de extratos telefônicos, obtenção de conversas por Skype e ligações telefônicas de Mesa de Operações e documentos que indicariam a prática de cartel no Metrô de São Paulo e no Rodoanel, além de oitivas de testemunhas.

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O Ministério Público Eleitoral em São Paulo denunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (MDB), por R$ 5,1 milhões em propinas e caixa dois da Odebrecht, durante a campanha de 2014, ao governo do Estado. Também são acusados o marqueteiro de campanhas Duda Mendonça, seu filho, Alexandre Mendonça e Paulo Luciano Tenuto Rossi, o "Palu", o doleiro Álvaro José Novis, o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e três ex-executivos ligados à construtora.

A denúncia é assinada pelos promotores da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Fábio Ramazzini Bechara, Everton Luiz Zanella, Luiz Ambra Neto e João Santa Terra Júnior. Eles também imputam aos acusados os crimes de lavagem de dinheiro.

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"Esquema deliberadamente voltado ao trato de dinheiro marginal, o que serve a necessidade de desassociá-lo de sua origem espúria, conferindo-lhe, por sua própria fungibilidade, aptidão a s mais amplas possibilidades de fruição, inclusive em campanhas eleitorais, e que apesar das evidencias quanto ao recebimento de vultosas quantias em espécie, inexiste qualquer sinalização sobre o real emprego desses valores, o que atesta a eficácia do propósito de ocultação", dizem os promotores.

Além da delação da empreiteira, a denúncia conta com diversas conversas entre agentes da Transnacional, responsável pela entrega do dinheiro, e também do doleiro Álvaro Novis. São mensagens internas em que os funcionários da corretora e da transportadora conversavam sobre senhas, datas, endereços, e codinomes, nomes dos intermediários da propina, e até mesmo seus celulares telefones.

Os pagamentos a Skaf, segundo a empreiteira, teriam sido feitos sob os codinomes "Kibe" e "Tabule". Em uma das entregas registradas pela empreiteira, e pela transportadora, no dia 21 de agosto de 2014, teria sido na Avenida Ibirapuera, 2927, onde fica o Hotel Bourbon.

Defesa

A defesa do presidente da Fiesp afirma que "não tem qualquer conhecimento ou informação acerca de denúncia ou acusação oferecida contra Paulo Skaf ou qualquer pessoa que integrou sua campanha. Todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas".

O ex-governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), foi condenado a 10 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A condenação contou com um agravante de abuso de poder porque o petista teria usado o cargo de ministro do Desenvolvimento,  Indústria e Comércio de 2011 a 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O inquérito apurou denúncias de caixa 2 de Pimentel durante o período. 

Na sentença, a juíza da 32ª Zona Eleitoral de Belo Horizonte, Luzia Divina Peixoto, também cassa os direitos políticos do ex-governador. “Nos termos dos artigos 69 e 72, ambos do Código Penal, concretizo as penas finais em 10 anos e seis meses de reclusão e 46 dias-multa. Considerando a dimensão do crime e, especialmente, a capacidade econômica do réu, fixo o dia multa em 10 salários mínimos”, decidiu a magistrada.

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O empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, conhecido como "Bene", que teria prestado serviços para a campanha do petista em 2014 e colaborado com o esquema, também foi condenado, mas a 8 anos de prisão.

"Valendo-se de uma das atribuições da pasta, teve acesso a discussões sobre investimentos privados realizados no país. Nessa condição, juntamente com Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, praticou o tráfico de influência, conduta incursionada no artigo 332, caput, do CP. Para tanto, conforme a denúncia, em agosto de 2011 o então Ministro recebeu o empresário do ramo imobiliário José Auriemo Neto, interessado na operação de aeroportos regionais no país. Embora não fosse esse um assunto diretamente relacionado às atribuições do MDCI, Fernando Damata Pimentel indicou que levantaria informações junto às instâncias decisórias do Governo sobre a temática", diz trecho da decisão.

Em sua defesa, Pimentel disse que a sentença é frágil e será revista. O petista pode recorrer da condenação em liberdade.

Veja a nota do ex-governador na íntegra:

"Antes de tudo, quero ressaltar que a juíza é inquestionável do ponto de vista de sua reconhecida seriedade e independência.

Estudo direito penal e processo penal há mais de 25 anos. Confesso que nunca vi nada assim ao longo desses anos!

Divergência entre ideias e concepções jurídicas faz parte do dia a dia forense. E temos todos o dever de urbanidade e de respeito aos membros do Judiciário e do Ministério Público. Respeito a todos, como sempre demonstrei.

Mas essa condenação ultrapassou qualquer limite do razoável. Nunca vi nada tão despropositado e tão contrário à prova dos autos. Colaboradores mudando versões, fatos claramente inventados na polícia e em juízo, e desvendados em audiência. E acolhidos como verdade!

Uma coisa é certa. O Direito Penal passou longe da decisão! Muito longe! Mas confiamos nos Tribunais do país. Ainda temos juízes em Berlim e também em terrae brasilis.

Essa sentença, de fragilidade surpreendente, será inteiramente revista em recurso".

<p>Nesta segunda-feira (07), o cientista político Adriano Oliveira analisa a declaração feita pelo Ministro da Justiça, Sérgio Moro, que defendeu o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ontem, via rede social, acerca de uma acusação do uso de laranjas na campanha de 2018. Adriano não critica o presidente quanto à atuação mas questiona se o Ministro deveria defendê-lo imediatamente, antes mesmo do final das investigações pelos órgão competentes.</p><p>Moro dá a entender que tem conhecimento da investigação sigilosa da Polícia Federal (dado ao qual ele não deveria ter acesso), deixando claro que ele diverge da figura que teve quando juiz, quando tinha uma reputação de ser linha dura. Se continuar nesse mesmo ritmo, ele provará que é mais funcionário do governo do que aquele perfil que mostrava quando magistrado, perfil que para a opinião pública era corajoso e impessoal. Isso pode diminuir a popularidade do Ministro para 2020.</p><p>O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.&nbsp;</p><p>Confira mais uma análise a seguir:</p><p>
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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) reagiu a uma denúncia feita em reportagem do jornal Folha de São Paulo apontando que a campanha dele e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que concorreu à Câmara dos Deputados em 2018, teriam sido beneficiadas com o esquema de candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais. 

A informação foi publicada nesse domingo (6). De acordo com a reportagem, um depoimento do ex-assessor parlamentar de Álvaro Antonio, Haissander Souza de Paula, dado à Polícia Federal (PF) e uma planilha apreendida em uma gráfica sugerem o suposto desvio. Haissander, que ficou preso por cinco dias, disse à PF que "acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro".

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Já sobre a planilha, o jornal observa que uma nomeada como "MarceloAlvaro.xlsx", há referência ao fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão "out", o que significa, segundo os investigadores, pagamento "por fora".

O presidente negou as acusações e disse que a Folha de São Paulo “avançou a todos os limites, transformou-se num panfleto ordinário às causas dos canalhas” e “com mentiras, já habituais, conseguiram descer às profundezas do esgoto”.

“Não usei dinheiro do fundo partidário. Foram R$ 1,7 bi distribuídos aos partidos. Arrecadei na internet R$ 4 milhões e usei apenas a metade. Tentei doar a sobra de R$ 2 milhões para a Santa Casa de Juiz de Fora, mas a legislação não permitiu”, explicou em publicação nas redes sociais. 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também usou o Twitter para defender o presidente. “O presidente Jair Bolsonaro fez a campanha presidencial mais barata da história. Manchete da Folha de São Paulo de hoje não reflete a realidade. Nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o presidente neste inquérito de Minas. Estes são os fatos”, escreveu.

Ainda de acordo com a Folha, a PF sugeriu a abertura de uma segunda investigação sobre as candidatas laranjas do PSL, agora especificamente sobre as contas de campanha do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. O auxiliar do presidente foi indiciado, na semana passada, sob a suspeita dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa.

Proposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, o projeto de lei que criminaliza o caixa 2 eleitoral, aprovado há dois meses no Senado, está parado no gabinete do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Falta apenas uma assinatura do senador para que o texto seja enviado para votação na Câmara.

O projeto faz parte do chamado "pacote anticrime" apresentado por Moro originalmente na Câmara, em fevereiro. A lentidão na tramitação motivou um grupo de senadores aliados ao ministro a apresentarem uma cópia dos projetos no Senado para dar celeridade. O do caixa 2 foi o primeiro a passar, ainda em julho, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Como tem caráter terminativo - ou seja, não precisa passar pelo plenário -, já poderia ter ido para a análise dos deputados em seguida.

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O relator da proposta aprovada pelo Senado, Marcio Bittar (MDB-AC), classifica como "injustificável" a ausência do envio do projeto à Câmara. "Não acho que o Davi Alcolumbre escolheu não assinar esta matéria específica. Mas, de maneira geral, percebo que há uma falta de sintonia entre o Congresso Nacional e o que deseja a população. Não há na prática priorização da pauta de segurança pública e combate à corrupção. Nesse caso específico entendo que quem está errado é o Senado", disse à reportagem.

O Senado Federal, diante de questionamento da reportagem, afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que a razão para não ter havido o envio é que "o projeto está em fase de coleta de autógrafos para envio à Câmara dos Deputados, juntamente com outras 104 matérias". Não foi informado um prazo para o envio.

Apesar de já aprovado o caixa 2 no Senado, as outras partes do pacote devem demorar para avançar na Casa. A reportagem apurou que Alcolumbre pediu aos relatores da proposta no Senado para diminuir a velocidade da discussão com o objetivo, também, de não contaminar as discussões econômicas em andamento na Casa, que discute a reforma da Previdência.

Câmara

Na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também não tem priorizado o pacote anticrime. O grupo de trabalho criado em março por Maia para analisar a proposta, com prazo inicial de 90 dias, completará seis meses nesta semana. Várias propostas de Moro já foram retiradas do texto, como a que estabelece como regra a prisão de condenados em segunda instância.

Em entrevista em São Paulo nesta segunda-feira, 16, Maia disse que sua expectativa é de votar o pacote de Moro nas próximas semanas. No entanto, de acordo com o deputado, o pacote não é definitivo na questão da solução dos problemas relacionados à segurança porque "não é uma reforma do sistema penitenciário global, mas são pontos que vão ajudar o trabalho da investigação seja do ponto de vista penal, seja do ponto de vista da corrupção", disse.

A Justiça de São Paulo bloqueou nessa segunda-feira (15) bens, contas bancárias e veículos em nome do ex-governador Geraldo Alckmin, e de quatro executivos ligados a empreiteira Odebrecht. Na decisão, do juiz da 13ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, Alberto Alonso Munoz, é requerido o bloqueio até o limite de R$ 39,7 milhões. 

“[Determino] o bloqueio de todos os veículos licenciados em nome dos demandados, por intermédio do Sistema Renajud; o bloqueio de todas as contas-correntes e aplicações financeiras dos demandados, por intermédio do sistema Bacenjud, até o total de R$ 39.749.874,00”, diz trecho da decisão. 

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Na ação do Ministério Público de São Paulo que pediu o bloqueio dos bens, Alckmin é acusado do recebimento de R$ 7,8 milhões da Construtora Odebrecht em doações não declaradas à Justiça Eleitoral para a campanha ao governo estadual em 2014. O valor não está corrigido.

A própria Odebrecht também é acusada na ação de praticar atos de corrupção. De acordo com a ação, foram feitos nove pagamentos em dinheiro vivo de abril a outubro de 2014. Os recursos eram repassados em um hotel a um emissário do responsável pelas finanças da campanha de Alckmin.

A ação, segundo o MP, foi baseada nas provas colhidas pela Operação Lava Jato na Justiça Federal. “Da análise dessa prova compartilhada pelo juízo da 9ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo também se percebe, com absoluta facilidade, que este esquema ilícito perdurou por quase uma década, tendo como destinatários das vantagens indevidas agentes públicos e candidatos a cargos nas administrações municipais, estaduais e federal”, disse o promotor e autor da ação, Ricardo Manuel Castro, em setembro do ano passado, quando a ação foi proposta.

A Odebrecht foi procurada, mas ainda não respondeu. A reportagem não conseguiu contato com a assessoria do ex-governador. Quando a ação foi proposta pelo Ministério Público, em setembro de 2018, a defesa de Alckmin contestou o embasamento da ação. “Não há fato novo, apenas uma conclusão equivocada e um comportamento inusual. O promotor, inexplicavelmente, sugere algo que não existe e que jamais alguém tenha sequer cogitado”.

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