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Brasília - Em depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, os procuradores do Ministério Público Federal de Goiás, Léa Batista de Oliveira e Daniel Rezende Salgado, deixaram claro que a organização criminosa comandada pelo contraventor continua em atividade. Eles são responsáveis pelo inquérito decorrente das operações Monte Carlo e Vegas, da Polícia Federal.

“Enquanto não conseguirmos sufocar essa organização, em termos financeiros, ela vai continuar atuando, independentemente de o chefe estar preso ou não”, frisou Léa Batista, que também ressaltou a estratégia usado pelos acusados de permanecer em silêncio na comissão e pelas ameaças a autoridades. Salgado afirmou que o Estado faz um trabalho meramente paliativo. “Você fecha uma casa de jogos e ela logo migra para outra cidade”, salientou.

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Ameaças
A procuradora informou que chegou a receber dois e-mails ameaçadores, com procedência de Anápolis (GO), é “reduto” da família de Cachoeira. Ela também disse uma mulher não identificada tentou fazer uma visita ao prédio onde mora, às 5h45 da madrugada, mas não teve êxito. A equipe de segurança dela foi abordada por policiais militares e o carro dela chegou a ser marcado.

Histórico
Segundo Lea Batista, as primeiras irregularidades relacionadas com o esquema de Cachoeira foram detectadas em 2006. Dois anos depois, foi iniciada a Operação Vegas. As investigações da Operação Monte Carlo foram iniciadas em 2010, em Valparaíso de Goiás – cidade localizada no entorno do Distrito Federal – que resultou na prisão do contraventor em fevereiro deste ano.

A procuradora lembrou ainda que, no início deste ano, as escutas telefônicas mostraram que integrantes da quadrilha haviam descoberto que estavam sendo investigados. Sabiam o nome da operação da PF e a Vara Federal responsável pelas investigações, por isso foi preciso antecipar a deflagração da operação Monte Carlo. “O juiz responsável pelo caso ficou vulnerável e, por isso, tivemos de deflagar a operação antes da hora”, afirmou.

De acordo com Daniel Rezende, as investigações do Ministério Público Federal ficaram restritas à exploração de jogos pela organização de Cachoeira. "A antecipação da Operação Monte Carlo, em razão do vazamento de informações, fez com que deixássemos de investigar outras áreas. Tinha uma parte empresarial do grupo criminoso e não conseguimos investigar. Temos um material bruto que precisa ser submetido a análise", disse.
Salgado também falou das dificuldades em investigar por causa da presença de policiais militares, civis e federais na organização criminosa. "Como era difícil o trabalho de campo, tivemos de usar as interceptações telefônicas", explicou.

Lea Batista afirmou que o grupo de Cachoeira atua como uma máfia organizada. “É uma organização criminosa armada, sofisticada, complexa e ousada com código de silêncio orquestrado”, destacou.

Com informações da Agência Câmara.

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado deverá voltar, nesta segunda-feira (25), o relatório do processo disciplinar aberto contra Demóstenes Torres (sem partido-GO), acusado de usar o mandato para beneficiar os negócios do bicheiro Carlos Cachoeira, preso em fevereiro, durante a Operação Monte Carlos da Polícia Federal.

A votação deveria ter acontecido na semana passada, mas a ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli determinou o adiamento da deliberação, devido a um mandado de segurança impetrado pelos advogados do senador. Na segunda passada (18), o relator do caso, o senador Humberto Costa (PT-PE), fez a leitura da parte expositiva do relatório. O voto do relator será conhecido hoje. A punição para Demóstenes pode ser de advertência até a cassação do mandato.

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Antes da votação, Demóstenes terá direito a defesa, que poderá ser feita por ele mesmo ou por um advogado, já que a presença do senador durante a votação ainda não foi confirmada. O código do conselho permite que ele não compareça.

Todos os membros do conselho (formado por 15 senadores) poderão votar, com quórum mínimo de 9. O corregedor do Senado, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), também tem direito a voto. O presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), votará em caso de empate. O voto é aberto e não precisa ser justificado.

Caso o relator recomende a cassação de Demóstenes, o parecer será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para que sejam examinados os aspectos constitucional, legal e jurídico, o que deverá ser feito no prazo de cinco sessões ordinárias. Em seguida, o documento segue para votação secreta no plenário. A expectativa é de que isso aconteça antes do recesso parlamentar, marcado para 17 de julho.

Defesa – O advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, vai reafirmar os argumentos de que houve falhas processuais no Conselho de Ética. Segundo ele, a decisão de rejeitar o pedido da defesa de realizar perícia técnica nas gravações telefônicas captadas pela Polícia Federal foi tomada sem o quorum mínimo previsto no regimento do conselho. A defesa afirma, ainda, que as gravações foram manipuladas, além de serem ilegais, por terem sido feitas sem a autorização do STF.

Veja o histórico do processo contra Demóstenes:

29 de fevereiro:
- Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é preso na operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

6 de março:
- Demóstenes Torres vai à tribuna do Plenário se explicar de acusações publicadas pela imprensa de que por mais de 300 vezes manteve contato telefônico direto com Cachoeira. O senador nega qualquer irregularidade, pede investigações sobre si mesmo e recebe o apoio de dezenas de colegas.

11 de março:
- Revista Época denuncia que Cachoeira habilitou 15 aparelhos Nextel nos EUA para fugir de grampos da PF. Demóstenes recebeu um dos rádios.

27 de março:
- Pressionado, Demóstenes Torres deixa liderança do DEM.

28 de março:
- PSOL representa contra Demóstenes no Conselho de Ética do Senado, e começam negociações sobre quem assumirá a presidência do Conselho, que estava vaga na ocasião.

3 de abril:
- Demóstenes se desfilia do DEM para evitar expulsão, e partido fica com quatro senadores.

10 de abril:
- No mesmo dia em que é escolhido presidente interino do Conselho de Ética, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) acata a representação do PSOL contra Demóstenes Torres.

12 de abril:
- Conselho de Ética finalmente decide, por sorteio, o relator. Tarefa fica a cargo de Humberto Costa (PT-PE), depois que cinco senadores declinaram da missão: Lobão Filho (PMDB-MA), Gim Argello (PTB-DF), Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL). Na mesma reunião, Antonio Carlos Valadares é confirmado na presidência do Conselho por votação secreta.

O Conselho de Ética do Senado Federal decidiu, por unanimidade, na manhã desta terça-feira (8) abrir processo disciplinar contra Demóstenes Torres (sem partido - GO) por quebra de decoro parlamentar. Os 15 integrantes do Conselho decidiram acatar o relatório preliminar do senador e relator, Humberto Costa (PT-PE).

Demóstenes Torres é acusado de envolvimento com o contraventor, Carlos Cachoeira, que teve a prisão decretada em meio às investigações da Polícia Federal na Operação Monte Carlo. De acordo com o relator do Conselho de Ética, Demóstenes “faltou com a verdade”, o que configura quebra de decoro, ao afirmar que militou contra a legalização dos jogos de azar no país e só mantinha relações pessoais com Cachoeira, em discurso no dia seis de março deste ano, no plenário do Senado.

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Humberto Costa durante sua defesa da abertura do processo, disse que o senado precisa dar uma resposta a sociedade sobre o envolvimento de Demóstenes com o bicheiro Carlinhos Cachoiera. Durante a sessão, o presidente do Conselho, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) negou o pedido feito pelo advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, para ter acesso em um prazo de dez dias para analisar o relatório preliminar.



Um primeiro passo para a perda de mandato de cinco deputados investigados no inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira é esperado para a terça-feira. Até agora, estão envolvidos no esquema de exploração ilegal de jogos de azar em Goiás os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT ) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ).

O presidente da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, deputado Francisco Praciano (PT-AM), e o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), reúnem-se com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para avaliar as denúncias contra deputados que manteriam ligações com o contraventor Carlos Alberto Ramos. Por ora, não há um entendimento sobre como lidar com os casos.

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"É um escândalo, as águas sujas da cachoeira respingaram na Câmara", disse Chico Alencar. Integrante da Frente Parlamentar, ele defende que os deputados citados no inquérito se expliquem à Corregedoria Geral da Câmara. Segundo o socialista, a meta é examinar caso a caso, e, havendo indícios veementes de quebra de decoro, é dever dos partidos representarem contra o parlamentar no Conselho de Ética.

Neste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o deputado Carlos Alberto Leréia, aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), recebeu R$ 100 mil de Cachoeira, além de ser sócio dele em um terreno avaliado em R$ 800 mil em um condomínio de luxo em Goiânia. Assim como o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o tucano usava um telefone da marca Nextel, cedido por Cachoeira e habilitado nos Estados Unidos, para dificultar grampos nas comunicações do grupo.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), pediu um tempo para que o tucano possa se explicar. "Não prejulgamos ninguém, mas desejamos esclarecimentos". Na mesma linha, o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), disse, por meio de sua assessoria, que não fará "qualquer juízo de valor neste momento" e assegurará a Leréia o pleno direito de defesa.

O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), sugere que Leréia e os demais citados no inquérito se licenciem dos mandatos para prestar esclarecimentos à Câmara. "Nós cobramos de todos, a começar dos nossos", diz Bueno. O deputado do partido Stepan Nercessian (RJ) pediu licença temporária do partido e dos cargos que ocupa na Câmara, mas não do mandato. Nercessian confirmou ter recebido R$ 175 mil de Cachoeira.

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, revelam que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) também negociava com a organização comandada pelo contraventor Carlos Alberto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O tucano, segundo as investigações, recebeu depósitos bancários e bens - inclusive imóveis - obtidos com atividades ilícitas.

Leréia é aliado do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e, a exemplo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também usava um telefone da marca Nextel, habilitado nos Estados Unidos, cedido por Cachoeira para dificultar grampos nas comunicações do grupo.

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Ele é um dos seis parlamentares relacionados até agora como alvos do inquérito criminal aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República. Os outros são os deputados Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT) e Sandes Júnior (PP), todos de Goiás, além de Stepan Nercessian (PPS-RJ), que confirmou ter recebido R$ 175 mil de Cachoeira, segundo a edição de ontem do jornal Folha de S. Paulo. Ainda ontem Stepan pediu, por meio de nota, licença temporária do PPS e de todos os cargos e funções que ocupa no partido.

Entre os valores destinados ao deputado tucano e já rastreados estão um depósito de R$ 100 mil, feito na conta de uma empresa comandada supostamente por laranjas - a Linkmidia Tecnologia da Informação e Editoração Ltda - e uma sociedade com Cachoeira em terreno avaliado em R$ 800 mil, em um condomínio de luxo em Goiânia.

Leréia informou pela assessoria que só vai se manifestar sobre as acusações depois que tiver pleno acesso aos autos do inquérito.

A empresa Linkmidia fica em Formosa (GO), a 80 quilômetros de Brasília, e está registrada em nome de Hugo Teixeira, mas pertence de fato ao pai, Leônidas Teixeira, segundo apurou a PF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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