Tópicos | Cinema da Fundaj

Um novo circuito de salas de cinema, com programação focada nos filmes de arte, está prestes a se formar no Recife. A capital, cuja relação com a sétima arte não comercial é de dar inveja a outras cidades do Brasil, deve ganhar três espaços de exibição até o fim do próximo. “Acredito que em 2015 teremos o melhor cenário de distribuição de filmes que Recife já teve. A rede daqui será melhor do que a de cidades como Belo Horizonte e Salvador”, explica Paulo Cunha, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e responsável pela implantação de um cinema no campus da UFPE, na Cidade Universitária.

Paulo Cunha tem motivos para tanto otimismo. Se em 2014 a capital pernambucana acolhe apenas dois equipamentos culturais do tipo - o Cinema São Luiz, na Boa Vista, e o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby -, a expectativa é que no ano que vem o Recife conte ao todo com cinco cinemas de arte. Além do Cinema da UFPE, na Cidade Universitária, as novidades são o Cinema do Museu, em Casa Forte, e o Cinema do Porto, no Bairro do Recife. Neste novo cenário, apenas a Zona Sul do Recife não será atendida diretamente por um cinema alternativo.

##RECOMENDA##

Sétima Arte no campus da universidade

O primeiro a ser instalado na Zona Oeste do Recife, o Cinema da UFPE é um projeto com mais de dois anos de existência e orçado em R$ 2 milhões. O equipamento será implantado num dos galpões do Centro de Convenções da UFPE, e a previsão é que seja inaugurado entre setembro e outubro deste ano. Além disso, a proposta é o valor das entradas ser abaixo do que cobram os cinemas comerciais.


De acordo com Paulo Cunha, o projeto já conta com a parte física, faltando apenas a instalação dos pisos, alguns ajustes na estrutura e a implantação dos equipamentos. “O prédio tem condições adequadas para receber um equipamento do porte, com boa altura, largura e tamanho e fundo da tela. O projeto surgiu de uma decisão, representada pelo reitor Anísio Brasileiro. A UFPE, que já ocupou um papel preponderante na cultura local, tem feito uma reformulação de suas políticas culturais”, ressalta o professor. 

O Cinema da UFPE contará com um café na entrada, equipamento de projeção DCP 4K, som Dolby 7.1, 230 poltronas e uma tela com 7m de largura. “O pé direito do Cine UFPE terá uma inclinação excelente, ou seja, as pessoas da frente não atrapalham as que estão atrás. Estamos também tendo cuidado com as questões de acessibilidade. Neste sentido, posso adiantar que teremos sessões com audiodescrição e sinalização em braile, entre outras coisas”, revela Paulo Cunha.

No que diz respeito à integração do equipamento neste novo circuito de cinema no Recife, a UFPE está em diálogo com outras instituições. “Já conversei tanto com o Luiz Joaquim como com o Kleber Mendonça, curadores do Cinema da Fundaj, para que possamos participar dos próximos festivais. Nada impede que façamos parte da Janela Internacional de Cinema, por exemplo. Mas também estamos em diálogo com o Governo do Estado, sobre o Cinema São Luiz, e com o Porto Digital, que vai implantar em breve uma sala do Portomídia. Futuramente, vamos conversar também com a Prefeitura de Olinda, a respeito do Cine Olinda”, explica o professor.

Ainda segundo o professor da UFPE, alguns detalhes da gestão do equipamento já foram resolvidos, mas ainda assim será necessário um investimento em profissionalização de mão de obra. “Teremos que realizar treinamento técnico de projeção, som, gestão financeira, cursos de curadoria. Vamos contratar curadores profissionais, mas também colocaremos pessoas novas para montar a programação. Vamos também treinar as pessoas daqui da universidade porque a mão de obra voltada para operacionalização de cinemas está bastante escassa”, adianta Cunha.

Cinema de arte em Casa Forte

Também integrante desta nova leva de cinemas no Recife, o Cinema do Museu, que está em construção do Museu do Homem do Nordeste, faz parte de uma iniciativa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) para dar vazão ao Cinema da Fundaj, instalado no Derby. Orçada em R$ 950 mil e com recursos do Ministério da Cultura, a obra no bairro de Casa Forte envolve compra de equipamentos e readequação do auditório do Museu do Homem do Nordeste para receber a telona. 

Segundo Luiz Joaquim, responsável pelo Cinema da Fundaj ao lado de Kleber Mendonça Filho, a inauguração deste equipamento cultural é uma das prioridades da Fundação Joaquim Nabuco. “A gente quer acreditar que a inauguração será realizada entre novembro e dezembro deste ano. A ideia é que a sala seja uma referência, e não digo apenas a nível estadual, mas uma referência em todo o Brasil”, comenta Luiz Joaquim, dando pistas de que haverá de fato uma rede colaborativa entre os cinemas alternativos do Recife. “Extraoficialmente houve uma conversa preliminar entre a UFPE e a Diretoria de Memória, Educação e Arte (MECA) da Fundaj. Agora é aguardar que os termos de colaboração sejam assinados”, revela.

[@#video#@]

A sala terá 180 poltronas, projetor DCP 4k, som Douby 7.1, projetor 33mm e possivelmente um projetor 16mm. “A inclinação obedece a legislação para auditórios de cinema e a tela será um pouco maior que a sala do Derby, que tem 6,5m de largura e 2,80m de altura” explica o responsável pelo equipamento. A cabine de projeção conta com um detalhe especial, um vidro que transparece o trabalho do projecionista – profissão pouco conhecida pelo público em geral. 

O modelo de gestão do Cinema do Museu é um tema em estudo pela Fundaj, mas possivelmente será o mesmo em uso no Derby, onde uma terceirizada é responsável pela operacionalização do espaço. Em relação à programação, o diferencial deste equipamento é a exibição de trabalhos voltados à memória e história, o que não o impede de receber outros títulos. 

Cinema high tech no Bairro do Recife

Como parte da estruturação do Portomídia, o Porto Digital vai implantar o Cinema do Porto no 16° andar do Edifício Vasco Rodrigues, um dos prédios do parque tecnológico no Bairro do Recife. Segundo Francisco Saboya, presidente do Porto Digital, os investimentos giram em torno de R$ 1,5 milhão, com recursos do FINEP, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério da Comunicação e Governo de Pernambuco. Além disso, a previsão é de que o espaço seja inaugurado no segundo semestre de 2015.

“Do nada ou do muito pouco criamos um circuito de cinema, excetuando a Zona Sul, que pra mim poderia ser atendida pelo Parque Dona Lindu. É transformar aquele teatro (Luiz Mendonça) em cinema para poder atender aquela região”, opina Saboya. “Estão acontecendo várias coisas que não envolvem ações do governo. Acho que a Prefeitura é moralmente obrigada a pegar um espaço como aquele e transformar em cinema”, conclui.

De acordo com o presidente do Porto Digital, a experiência de uso híbrido de equipamentos culturais já deu bons resultados. “O Teatro Ribeira, por exemplo, funcionava como cinema de arte durante boa parte da década de 90. Era onde se via filmes que não estavam no circuito comercial”, pontua Saboya. Segundo ele, o Cinema do Porto terá uso híbrido e poderá também ser utilizado como auditório. “Vamos utilizar a experiência do Teatro Ribeira aqui. Será definido posteriormente como será este calendário”, explica.

Da parte técnica, já está certo que o espaço terá 185 poltronas e um projetor DCP 4k. Em relação ao som, o Porto Digital contratou um consultor para saber qual o melhor equipamento a ser adquirido. O tamanho da tela também é outro detalhe que será definido posteriormente. Seguindo a linha das iniciativas do Porto Digital, não haverá venda física de ingressos. “A entrada será comprada através de um sistema eletrônico, por um site ou aplicativo”, revela Saboya.

[@#podcast#@]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

E o Cinema do Porto também vai buscar um diálogo com as outras novas salas de cinema não comerciais. “Já que o Recife passa a ter cinco cinemas, eles precisam conversar. O que eu vejo no mapa é que teremos um circuito de cinema que atende metade da cidade, faltando a Zona Sul. Vamos buscar a integração com as demais salas e nos esforçar pra ter um diálogo com a Fundaj, com a UFPE, com o Governo do Estado, para criar um circuito que compartilhe de uma programação minimamente consensuada”, comenta o presidente do Porto Digital.

No que diz respeito à profissionalização neste campo, o Portomídia continuará investindo em pós-produção. “Não vamos investir em operação. Uma coisa é ser um iluminador, e outra coisa é ser um corretor de cor. Nossos cursos são realmente muito avançados. Este é o papel que o Porto Digital trouxe pra si. Trazer coisas mais sofisticadas para ajudar a puxar o setor para cima. Em novembro, por exemplo, começamos a implantar um estúdio de produção que atenderá quatro áreas: Cinema e televisão, música (gravação), stop motion e motion capture”, conclui Saboya.

Voltado para o público com deficiência visual, o Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Cine-Fundaj), no Derby, exibirá o VerOuvindo, I Festival de Filmes com Audiodescrição do Recife. Com incentivo do Funcultura, o evento terá uma mostra competitiva com a participação de dez filmes, além da presença de profissionais da área. As exibições têm entrada gratuita e serão realizadas de sexta (4) a segunda (7), sempre às 14h.

O VerOuvindo teve curadoria de Karina Galindo, que dividiu a produção com Liliana Tavares, e foi idealizado com o objetivo de divulgar a audiodescrição e de torná-la uma categoria de premiação nos festivais de cinema. No sábado (7) será realizado a Mostra Competitiva, que traz filmes de estados como Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Ceará e São Paulo. Dos dez trabalhos selecionados dois são pernambucanos. E no final das exibições, o público elegerá os melhores trabalhos através de cédulas em braile que estarão à disposição.

##RECOMENDA##

No domingo (6) será a vez da exibição dos filmes Língua Mãe, de Fernando Weller e Leo Falcão, e Colegas, de Marcelo Galvão. Este último terá audiodescrição ao vivo feita por Márcia Caspary, do Rio Grande do Sul. Na segunda (7), três curtas fazem parte da programação, Café Aurora, de Pablo Polo, Viagem à Marte, de Toinho Castro, e Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho. Em seguida, será realizado um debate sobre a produção da audiodescrição para filmes entre os diretores, profissionais de área e o público. Ainda na segunda serão divulgados os premiados da mostra competitiva.

Serviço

VerOuvindo - I Festival de Filmes com Audiodescrição do Recife

Sexta (4) a segunda (7)

Cinema da Fundaj (Rua Henrique Dias, 609 – Derby)

Gratuito

(81) 3073 6689

Confira a programação completa: 

Sexta (4)

Abertura do festival

Mostra competitiva com os filmes:

Engano (RJ)

Terra a Gastar (BA)

Como atravessar a sala (RJ)

Visceral (PE)

Pérolas do Açúcar (PE)

A Ilha (RJ)

Ecos da Terra (BA)

Brancos Elefantes (CE)

Vírginia Menezes: cantora e professora de canto (RJ)

Seu Arlindo vai a loucura (SP)

Sábado (5)

Língua Mãe, de Fernando Weller e Leo Falcão, 81min. 

(Audiodescrição: Silvia Farias/ consultoria: Roberto Cabral) 

Crianças do Brasil, de Portugal e de Angola se encontram através da música. Um documentário sobre a preparação do um espetáculo de Naná Vasconcelos em comemoração aos 50 anos da capital brasileira.

Domingo (6)

Colegas, de Marcelo Galvão, 94min. 

(Audiodescrição: Márcia Caspary- RS, voice over) 

Colegas é uma divertida comédia que aborda de forma inocente e poética coisas simples da vida através do olhar de três jovens com síndrome de Down apaixonados por cinema. Um dia, inspirados pelo filme Thelma & Louise, eles resolvem fugir no Karmann-Ghia do jardineiro (Lima Duarte) em busca de seus sonhos: Stalone quer ver o mar, Marcio quer voar e Aninha busca um marido pra se casar. Eles partem do interior de São Paulo rumo à Buenos Aires. Nessa viagem, enquanto experimentam o sabor da liberdade, envolvem-se em inúmeras aventuras e confusões como se a vida não passasse de uma eterna brincadeira.

Segunda (7)

Exibição de três curtas seguidos de um debate sobre a produção da audiodescrição para filmes com os diretores e com os audiodescritores e o público.

Café Aurora – Pablo Polo, 19min30s

(Audiodescrição Andreza Nóbrega /consultoria: Roberto Cabral

Um especialista na preparação de cafés admira secretamente uma artista plástica. Ela, por sua vez, é cliente costumeira do Café Aurora. O encontro desses dois personagens nos leva a um mundo de sensações diferenciadas. Um mundo em que as palavras valem menos do que a percepção.

Viagem à Marte – Toinho Castro, 9min41s

(Audiodescrição: Gisele Silgom/ consultoria: Milton Carvalho)

Uma grande guerra, uma fuga para Marte, um novo mundo... 'Viagem a Marte' é uma narrativa de ficção cientí­fica construída a partir de outras narrativas. A proposta do filme é contar uma história nova a partir de imagens que já existem, imagens de arquivo. Velhos documentários sobre a corrida espacial e sobre a Segunda Grande Guerra são as fontes que alimentaram a história dessa viagem.

Recife Frio – Kleber Mendonça Filho, 24min. 

(Audiodescrição: Liliana Tavares/ consultoria: Milton Carvalho) 

Um documentário de uma TV estrangeira examina os efeitos da mudança em toda uma cultura que sempre viveu em clima quente e relata eventos inexplicáveis que transformaram a capital pernambucana numa cidade fria e chuvosa, revolucionando costumes de toda uma sociedade que surgiu tropical.

Divulgação dos premiados da mostra competitiva

O Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby, recebe neste domingo (8) a exibição de dois filmes recém estreados no cenário cinematográfico. Azul é a cor mais quente, de Abdellatif Kechiche, terá exibições às 16h10 e 19h40, e Tatuagem, de Hilton Lacerda, às 14h. Os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). A programação de filmes da semana do Cinema da Fundaj está disponível no site da instituição.

Azul é a cor mais quente conquistou o prêmio Palma de Ouro do Festival de Cannes 2013. O filme conta a história de uma garota de 15 anos que apaixona-se por Emma (Léa Seydoux), sua primeira paixão por outra mulher.

##RECOMENDA##

Tatuagem, que já foi exibido no Cinema da Fundaj, se passa no Recife de 1978. Clécio Wanderley (Irandhir Santos) é o líder da trupe teatral Chão de Estrelas, cuja principal estrela da equipe é Paulete (Rodrigo Garcia), com quem Clécio mantém um relacionamento. A trama faz um paralelo entre a vivência artística da época e a repressão existente plena ditadura militar. 

Serviço

Azul é a cor mais quente e Tatuagem no Cinema da Fundaj

Domingo (8) | 16h10 e 19h40; 14h

Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609 – Derby)

R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

(81) 3073 6689 | 3073 6712 | 3073 6651

O premiado filme Tatuagem, de Hilton Lacerda, terá pré-estreia no Recife neste sábado (9) no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby, com sessão às 20h30. Os ingressos custam R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira). O longa estreia nacionalmente no dia 15 de novembro.

O Cinema da Fundaj recebeu no mês passado uma exibição do longa metragem durante a 6ª Janela Internacional de Cinema do Recife

##RECOMENDA##

O roteiro do filme é do próprio Hilton, que conta no elenco com a participação de Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa, Rodrigo Garcia, Silvio Restiffe e Sylvia Prado. Tatuagem se passa no Recife em 1978 e fala dos confrontos e reflexões de uma geração vistos a partir da periferia. Ao mesmo tempo, acompanha o romance entre um soldado de 18 anos e um agitador cultural.

Serviço

Pré-estreia de Tatuagem no Cinema da Fundaj

Sábado (9) | 20h30

Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Rua Henrique Dias, 609 – Derby)

R$ 5 (meia) e R$ 10 (inteira) 

(81) 3073 6712

O pensamento de Paulo Freire é o mote para o documentário Os silenciados não mudam o mundo, de Alexandre Alencar. Nesta segunda (21), acontece a pré-estreia do filme, no Cinema da Fundação, localizado no bairro do Derby, área central do Recife.

Um dos mais revolucionários educadores da história, o pernambucano Paulo Freire é respeitado mundialmente e foi defensor de uma pedagogia baseada na interação dialética entre educador e educando. No filme, uma entrevista inédita do filósofo e educador serve de fio-condutor para a construção de dois personagens, um do sertão pernambucano e outro da capital Recife. 

##RECOMENDA##

Serviço
Pré-estreia de Os silenciados não mudam o mundo
Segunda (21), 20h
Cinema da Fundação (Rua Henrique Dias, 609 Derby)

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando