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Você pode até não gostar de ‘sofrência’ e da nova estética do sertanejo contemporâneo, mas é inegável a relevância uma das maiores responsáveis pelo surgimento de tais novidades, a cantora Marília Mendonça, para a música brasileira como um todo. Desde que começou a compor, do ‘alto’ dos seus meros 12 anos de idade, até o momento em que decidiu subir aos palcos e assumir os microfones, a artista goiana promoveu uma revolução na indústria musical, garantindo números impressionantes, abrindo caminho para outras mulheres em um segmento até então dominado pelos homens e, sobretudo, jogando luz à figura da mulher compositora.  

Marília Mendonça, obviamente, não foi a primeira mulher a cantar sertanejo no país. Antes dela, outras figuras emblemáticas como as Irmãs Galvão, Inezita Barroso, as duplas As Marcianas e As Mineirinhas, e Roberta Miranda, entre outras, já haviam furado a ‘bolha’ de uma cena na qual os homens eram a grande maioria. No entanto, a chegada de Marília, ainda criança, compondo aos 12 anos seu primeiro sucesso, ‘Minha Herança’, provocou uma transformação no segmento. 

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A menina que escrevia como gente grande sobre coisas de amor, traição e diversão, chamou atenção e, rapidamente, tornou-se uma das compositoras mais requisitadas do mercado goiano, o maior do sertanejo nacional. Mendonça compôs inúmeros sucessos para artistas como Jorge e Mateus (Calma), Henrique e Juliano (Cuida bem dela), Cristiano Araújo (É com ela que estou), João Neto e Frederico (Minha Herança), e Matheus e Kauan (Incerteza). Aliás, esses são só alguns entre os vários nomes que gravaram composições assinadas por ela. 

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Pouco mais de uma década após o início dessa caminhada, era inevitável que a compositora assumisse os microfones e subisse aos palcos. Assim ela o fez e, em 2016, estourou em todo o país com ‘Infiel’, uma música que trazia o adultério pela perspectiva feminina. Era o início de uma nova era na música popular brasileira, batizada de ‘feminejo’ e que rapidamente ganhou outros nomes de destaque como Maiara e Maraisa, Naiara Azevedo, e Simone e Simaria, por exemplo. Mulheres que estão  ajudando a derrubar o domínio masculino no segmento e que, cantando sobre traições, cachaça e baladas de um jeito muito próprio, estão desempenhando um importante papel na luta pelo empoderamento feminino e equidade de gênero.  

O talento de Marília para a composição, sua desenvoltura nos palcos e seu enorme carisma a fizeram uma das artistas mais bem sucedidas da atualidade no Brasil. Nos dois últimos anos, em 2019 e 2020, ela foi a cantora brasileira mais ouvida nas plataformas digitais. Em 2020, teve o clipe mais exibido do YouTube, o da canção Graveto. Tanto destaque chamou atenção de artistas de outros segmentos também e a sertaneja acabou circulando, com facilidade, em diversas searas firmando parcerias com Anitta,Thiaguinho, Wesley Safadão, Luisa Sonza e até Gal Costa, que gravou ‘Cuidando de Longe’, composta por Marília, em seu álbum ‘A pele do futuro’. 

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--> Os cinco maiores sucessos de Marília Mendonça

Uma carreira meteórica, relativamente curta, e interrompida pelo trágico acidente aéreo que, na última sexta (5), ceifou tão precocemente a vida da artista. Sua partida gerou uma verdadeira comoção em todo o país e até mesmo a imprensa internacional repercutiu a morte da cantora brasileira. As redes sociais também ficaram tomadas por manifestações de fãs, do público em geral e de artistas e personalidades dos mais diversos segmentos, como Caetano Veloso, Ludmilla, o rapper Mano Brown e o jogador Neymar.

Fica agora o legado deixado pela artista, que estava prestes a iniciar um nova turnê com as amigas Maiara e Maraisa, intitulada ‘As Patroas’: segundo o Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (Ecad), Marília parte com 324 canções registradas em seu nome e um total de 391 gravações dela ou de outros artistas. Além disso, ficam eternizados o talento, a postura e a coragem da mulher que mergulhou na música em que acreditava e eternizou-se não só como a ‘Rainha da Sofrência’ mas, também, uma rainha da composição. 

A caminho do lançamento de seu novo disco, Dani Carmesim libera mais uma prévia para o seu público. Nesta sexta (27), a roqueira pernambucana lança o single De dentro pra fora, segunda música do próximo álbum da artista. Os interessados já podem fazer um pré-save da canção através da internet.

De dentro pra fora traz uma reflexão sobre o dilema entre adequar-se ao status quo ou ter a liberdade de ser quem verdadeiramente deseja. A música tem pegada disco-funk moderna bebendo em referências como Talking Heads e Tame Impala. No instrumental, Carmesim contou com o reforço de Fernando S., nas guitarras e sintetizadores; André Insurgente no baixo; e Tiago Marditu na bateria. A arte da capa do single foi assinada e protagonizada pelo artista plástico Vinicius (@vinicius65). 

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Dani Carmesim é cantora e compositora com uma trajetória de quase 10 anos fazendo música autoral. Ela trabalha de forma independente e seu objetivo é usar a música como ferramenta de representatividade, estimulando a valorização da mulher negra dentro do mercado fonográfico, principalmente no segmento do rock.  

No mês em que se é celebrado o Dia Internacional da Mulher, um número impressiona pelo desequilíbrio de gênero no cenário musical. Uma pesquisa elaborada pela União Brasileira de Compositores (UBC) mostra que, no ano de 2019, apenas dez mulheres estão entre os 100 maiores artistas que arrecadaram direitos autorais no Brasil. Ainda de acordo com a UBC, do total dos associados da organização, só 15% são do sexo feminino.

O relatório é parte da terceira edição do estudo "Por Elas que Fazem a Música", que apresenta um mapeamento do papel e da representatividade feminina na música brasileira. Mesmo com elevação de 56% no quadro de associadas da UBC em comparação ao ano de 2018, o estudo mostra que, em 2019, as mulheres receberam somente 9% do total distribuído em direitos autorais.

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Mesmo com a disparidade, o levantamento de 2019 apresentou elevação no percentual de mulheres participantes em quatro categorias da produção fonográfica. A pesquisa mostra que, em relação a 2018, o registro de intérpretes foi 9% maior. Entre as autoras, a elevação foi de 11%, mesmo porcentual da função de musicista executante. Já entre as produtoras fonográficas, o aumento foi de 15%.

Ganhos como intérprete eleva a renda das mulheres

Outro ponto do levantamento da UBC mostra a origem dos rendimentos na carreira musical. Entre as mulheres intérpretes, 27% da renda são fruto das apresentações como cantora. O porcentual é 13% maior que os ganhos dos homens. Já entre os compositores, 76% dos homens têm lucro vindo de suas autorias. Das compositoras, o total arrecadado de composições próprias é de 66%.

O Festival Internacional de Compositoras realiza sua 3° edição nesta sexta-feira (25) e sábado (26) em Olinda, no Mercado da Ribeira. O evento recebeu até 1° de outubro inscrições para apresentação de artistas e projetos autoriais.

O festival, que já passou por Portugal, Irlanda, Espanha, Argentina e Uruguai, nasceu por iniciativa da musicista Deh Mussulini e busca fomentar a inserção feminina na indústria da música. Deh Mussulini observou um grande número de compositoras sem reconhecimento e espaço devidos no meio musical e propagou a hashtag #mulherescriando, unindo-se a outras mulheres que criam sua própria arte sonora para promover o festival.

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O evento é coordenado por Mara Rúbia e o Coletivo mulheres. A entrada é gratuita.

Confira a programação:

BIBLIOTECA PÚBLICA DE OLINDA

Dia 25 - Oficina de Musicalidade para crianças, com o Projeto Jardim da Flor ( mediadoras: Joanah Flor e Cíntia Gondim)  

De 24 a 31 | 10h às 20h - Exposição "GRITO" de Amanda Dias e Nanda Rêgo

PRAÇA LAURA NIGRO - OLINDA

Dias 25 e 26 | 14h às 20h - Feira de artesãs

 MERCADO DA RIBEIRA - OLINDA

Dia 26 | 17h às 00h

-- 17H - Abertura DJ PAX

-- 18H30 - Debate: “ O FEMININO ALÉM DO RG”. 

Participantes: Amanda dias ( Amora Filmes); Maria do Céu ( produtora cultural); Adriana Pax (DJ residente da Metrópole); Luiza Caspary (SP), Cantora e compositora com trabalho voltado para acessibilidade; Aurora Jamelo ( auto declarada travesti, periférica, artista, designer)

19 h - VAI DE GLITTER!

20h - Show Luiza Caspary ( SP) part. intérprete de libras. ( parceria Com.acessibilidade)

20h30 Grupo dança Danz África Mandén

 21h Jana Figarella

 21h30 Laura Canabrava ( RJ)

22h Suzi Mariana

 22h30 Siba Carvalho

23h Thalita

23h30 Joanah Flor e banda - Part. Especial Ylana Queiroga

00h encerramento

Com inscrições abertas até o dia 1º de outubro o Sonora: Festival Internacional de Compositoras, realiza sua terceira edição em Olinda. O festival, que já passou por Portugal, Irlanda, Espanha, Argentina e Uruguai, nasceu por iniciativa da musicista Deh Mussulini e busca fomentar a inserção feminina na indústria da música.

A musicista observou um grande número de compositoras sem reconhecimento e espaço devidos no meio musical e propagou a hashtag #mulherescriando, unindo-se a outras mulheres que criam sua própria arte sonora para promover o festival.

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O Sonora abre as portas para que artistas iniciantes e já estabelecidas se apresentem e troquem experiências. Serão aceitas inscrições apenas de mulheres, cis ou trans, e projetos autorais. No entanto, as artistas podem contar com a presença de integrantes de outros gêneros em suas bandas.

Em 2019 o Festival vem com uma nova proposta. Dessa vez a produção resolveu descentralizar o evento, que será realizado em dois pontos da cidade de Olinda. Os locais ainda não foram divulgados.

As inscrições são feitas no site do Sonora e mais informações sobre o evento estão disponibilizadas no perfil do festival no Instagram ou no Facebook. É possível entrar em contato também por telefone: (81) 99783 2053.

A sexta edição do projeto Noites Recife Lo-Fi acontece na próxima sexta (12), fomentando a produção local autoral feminina. As convidadas da noite são Sam Silva e Carina Mayara, que vão mostrar o seu trabalho no palco do Terra Café.

Carina Mayara é cantoura e instrumentista e coloca em sua sonoridade influências de folk e música brasileira, além de compor sobre temas que retratam a vida, força e sutilezas do cotidiano feminino. Sam Silva, cantora, compositora, multi-instrumentista e produtora cultural, vem se dedicando à carreira solo, após sua estreia, em 2005, como baterista.

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Além de Carina e Sam, a sexta edição do Noites Recife Lo-Fi também vai receber as participações de Fernandes e Lucas Torres. O evento foi criado pelo programa Recife Lo-Fi, da rádio Frei Caneca FM, e tem como objetivo ser mais um espaço para a cena autoral da música recifense.

O Brasil tem uma forte tradição de grandes cantoras. Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Angela Ro Ro são mulheres que integram o rol de elite das vozes femininas brasileiras. Porém, as mulheres estão querendo mostrar mais que suas belas vozes ao chegar ao microfone. A necessidade de cantar o que se vive e sente tem feito o número de compositoras crescer de maneira exponencial. Em Pernambuco, o momento é de explosão nesse segmento e a música autoral feita por elas tem movimentado cenas que vão da música popular ao Hip Hop.

Conhecido como berço de grandes músicos, o estado também tem se revelado um celeiro de compositoras; mulheres que através de sua musicalidade, independente de estilo, estão expressando não só suas próprias verdades e anseios como, também, os de tantas outras. Um exemplo disso é Mayara Pera (@mayarapera); com passagem pela banda Lulu Champanhe, mãe de Dom e Martin, e que desde 2017 vem se dedicando intensamente ao seu trabalho autoral, tendo passado já por importantes palcos como o do Carnaval do Recife em 2019.

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Mayara vai lá atrás para falar sobre mulheres que, assim como ela, compõe: “Quando se fala nas mulheres compositoras e intérpretes de suas próprias obras como algo recém aquecido me vem à cabeça citar Chiquinha Gonzaga, com sua chama musical lá em 1877. Sempre teve mulher compondo e criando, só que esse era um espaço às vezes tido como se não fosse nosso, ele sempre foi, hoje não é uma novidade”. Para ela, essas mulheres, de ontem e de agora, estão fazendo “história” e que talvez estejam se multiplicando pelo momento atual que o mundo atravessa: “Acredito que esse aquecimento tem muito mais a ver com um aquecimento de militância feminista, de compor o que se luta e se acredita, do que de fato compor ao que lhe é conveniente”.

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Olhar para trás, ou ainda para os lados, e espelhar-se em quem já trilhou ou está trilhando o caminho das pedras é algo que faz diferença. Sobre isso, Dani Carmesim (@danicarmesim), roqueira pernambucana com um disco lançado em 2014 e outro na agulha, para este ano, entende bem. No início da carreira, em 2004, ela temia se jogar na cena por não encontrar outras mulheres. Só em 2011 é que ela se sentiu à vontade para assumir a carreira e colocar seu nome ‘na roda’: “Descobri que tinham muitas meninas que passavam pelo mesmo que eu, tinham medo de sofrer machismo. Agora com esse ‘boom’ feminino de não querer se calar, de querer mostrar que a mulher pode fazer tudo, a gente se sentiu mais encorajada”.

A onda feminista que vem tomando o mundo, nos mais diversos contextos, também é citada como ‘culpada’ pela proliferação de compositoras por Lady Laay e Sam Silva (@silvasam_). A primeira, MC, Bgirl, grafiteira, analista de sistemas e programadora, fazendo música desde 2012. A segunda, baterista, cantora e compositora da cidade de Goiana, no interior pernambucano, ‘correndo atrás’ desde 2009 e prestes a gravar seu primeiro EP solo. Sam também volta ao passado para justificar o presente, e relembra das muitas mulheres que se escondiam atrás de pseudônimos para compôr sem serem descobertas. Hoje, diante desse novo cenário, a liberdade de escrever se tornou algo real e está se multiplicando: “Eu atribuo isso a uma questão de empoderamento mesmo que vem acontecendo no contexto geral das coisas mas principalmente na música. A gente está se sentindo mais à vontade de botar a cara à tapa”

Já Lady Laay (@ladylaaine_elaine), que precisou garantir seu espaço em meio à cena Hip Hop, durante muito tempo dominada exclusivamente por homens, entende que este é um momento em que não é mais preciso para as mulheres ‘pedir permissão’: “A mulher no rap passa por algumas fases: na primeira, a gente tenta se inserir, mostrar que é capaz, mas sempre muito angustiadas com essa falta de espaço, tem meio que pedir licença pra entrar; na segunda fase é o enfrentamento, mas depois a gente já sabe que ali é nosso lugar e não vamos mais pedir licença. Ou fazemos nosso próprio espaço ou a gente arromba as portas, quer eles queiram quer não. Eu não tenho mais paciência de provar minha capacidade”.

Música 'de Mulher'

O momento favorável à composição feminina não exime as mulheres que escolhem esse caminho dos desafios de se inserir no mundo musical. A necessidade de provar sua capacidade, lidar com o descrédito, olhares tortos e, muitas vezes, boicote por parte dos outros, ainda é uma constante na labuta diária. A estereotipação do trabalho dessas mulheres também é algo que precisa ser combatido por elas.

Sam Silva relembra o início da carreira quando se deparou com esse tipo de barreira pela primeira vez: "Comecei como baterista, na banda Vênus em Fúria, e eu lembro dos olhares que eu recebia ou da cara de surpresa ou de desprezo por me verem na bateria. Quando eu fui pro violão as coisas mudaram um pouco, mas também tem o estereótipo de você ser lésbica e as pessoas acharem que a mulher lésbica tocando violão combina só com MPB".

A artista goianense diz que lutar pela quebra desses estereótipos é uma tarefa diária mas, apesar de parecer difícil, é possível: "Sempre há a especulação da imagem quando você vê, mas a gente vai tentando quebrar devagar, não só comigo mas com várias compositoras que eu observo, como Flaira Ferro (@falira_ferro), Mayra Clara (@cantoramayraclara), Sofia Freire (@sofia_freire). A gente tem os exemplos  delas que fazem um som totalmente novo, isso é importante".

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Dani Carmesim vai além quanto ao assunto revelando que esta não é uma exclusividade do mundo musical: "É uma realidade, tudo que a mulher faz, não só na música, é sempre uma coisa 'da mulher'. Infelizmente é como se a mulher sempre tivesse que provar pra sociedade, pros homens, que ela é capaz de fazer as coisas; e o que ela faz é igual e até melhor do que um homem faz". A compositora dá a receita para driblar o que poderia ser um empecilho: "A gente consegue se desvencilhar disso trabalhando, fazendo mais música, nao baixando a cabeça, não calando a boca, não aceitando que sejam impostas regras ou limites. Ninguém tem que passar por isso. Dessa maneira a gente mostra que nada precisa ser dividido".

Já Mayara Pera tem uma visão um pouco mais diluída sobre o assunto."Essa expressão 'rock de menina' eu já ouvi vagamente, mas nunca dei muita importância. É uma expressão que só se dói quem se encaixa, por isso nunca dei importância; é uma expressão que não existe onde eu ando. Pra mim rock é rock. Não faço a menor ideia do que seja 'rock de menina'". Demonstrando já estar calejada, a compositora parece acreditar que alimentar certas 'pilhas' é algo dispensável: "Nunca liguei em fugir de estereótipos, aliás fugir de nada. Eu tô fazendo meu som, cantando minhas histórias. As interpretações são todas bem vindas. A mulher que se conhece e sabe o que tá fazendo não liga para rótulos, ela vai lá e faz. E ponto final”.

Cota no mercado

As mulheres estão mais disponíveis e dispostas a compor e fazer sua música acontecer e o mercado parece estar abrindo os olhos para o trabalho delas. Porém, ainda não o suficiente. Para Lady Laay, a repercussão que as lutas feministas vêm ganhando na mídia estão contribuindo para que haja uma abertura: "Esses discursos têm tido mais espaço porém, ainda é um desafio. Ainda mais quando a gente vê o quanto as mulheres ainda ficam de lado comparadas aos homens. A gente já avançou bastante, mas ainda tem que avançar mais. Ainda é um protagonismo meio autorizado".

Mayara também não acredita que o mercado tenha "abraçado a causa" de fato, e comenta que recebe mais propostas durante Março, quando é celebrado o mês da mulher. "No resto do ano, canso de ver festivais onde tem quatro bandas compostas exclusivamente por homens e uma por mulher, pra não dizer que não colocaram as minas. É como se a gente tivesse uma 'cota' feminina de adentrar em um espaço que é nosso, que sempre foi nosso como citei anteriormente, desde 1887".

Já Dani faz uma ressalva quanto ao cenário recifense: "Aqui não há muita oportunidade para o novo, ainda tem muitas cartas marcadas que meio que controlam o que vai dominar nos palcos. Além de haver poucos espaços para a música autoral. A gente tenta quebrar isso ao máximo, a gente tenta diminuir o preço das entradas, fazer sorteios, mas o pessoal ainda é meio travado nessa parte de colaborar".

Juntas

Para além do mercado, uma outra fonte de apoio primordial para essas mulheres vem do público. Este precisa estar presente, compartilhando, indo aos shows e repercutindo os trabalhos que por vezes, ou sempre, se confundem com luta. Lady Laay lamenta: "As mulheres ainda não estão consumindo o produto de outras mulheres, existe muito apoio verbal, mas às vezes, o apoio real, que move as coisas, ainda não vem tanto".

Para Dani, essa necessidade transformou-se em campanha. Ela tira um dia da semana para publicar lançamentos e trabalhos de outras artistas locais nos seus stories do Instagram, com a hashtag #euindico. A cantora acredita que dessa forma, além de estimular o público, ela também coopera para que o seu próprio som tenha um maior alcance. "Se eu quero que as pessoas me escutem, e outros artistas também, eu  tenho que dar o exemplo. Tanto eu ajudo as outras meninas como eu também de certa forma me ajudo como artista, porque ao divulgar outras mulheres eu tô incluída nessa rede, essa rede também vai se expandir pra mim. A gente tem que se ajudar, a gente não pode ficar esperando. Acho que todo artista deveria pensar nisso e nao ter esse sentimento de competição e isso se quebra com luta".

‘Escute as mulheres’

O LeiaJá preparou uma lista de indicações de mulheres compositoras que estão movimentando a cena musical pernambucana. Confira o trabalho dessas minas.

Marília Parente - @mariliaparente

Doralyce Gonzaga - @doralyceg

Isabella Moraes - @isaisabelamoraes

Siba Carvaho - @sibacarvalho

Carol Ribeiro - @carolribeiromusic

Arrete (Ya Juste, Nina Rodrigues e Weedja Lins) - @oarrete

Una Martins - @unamartins

Joanah Flor - @joanahflor

Jessica Caitano - @jessica.caitano

Gabi da Pele Preta - @gabidapelepreta

Joana Terra - @joana.terra

Joana Knobbe - @joana.knobbe

Maria Flor - @mariaflor_multiartistalarissalisboamusic

Carina Maiara - @carinamayaraoficial

Luiza Fittipaldi - @luizafittipaldi

Laís Xavier - @laisxavierf

Fotos Mayara Pera: André Sidarta e Deyvid Saborido

Fotos Lady Laay e Dani Carmesim: Reprodução/Instagram

Foto Sam Silva: Divulgação

Mulheres profissionais do setor da música, entre elas cantoras, compositoras, poetisas, técnicas e produtoras, estarão reunidas, em Olinda, para debates e apresentações, no Sonora - Ciclo Internacional de Compositoras. A cidade histórica recebe o evento pela primeira vez, nos dias 15 e 16 de setembro, no Solar da Marquesa. Os ingressos custam R$ 10.

O propósito do evento é dar visibilidade e legitimar a presença feminina no meio musical. Para isso, a programação vai reunir profissionais experientes em diversas atividades como iluminadoras de palco, roadies, produtoras de eventos, instrumentistas e intérpretes. Entre os nomes convidados estão a cantra Isaar, a multiartista e produtora Maria Flor e a produtora do Abril pro Rock, Renata farias.

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As rodas de diálogos começam a partir das 19h e seguem até às 20h. Entre os assuntos debatidos estarão a atuação das mulheres na música. Em seguida, ocorrem os shows em formato pocket, totalizando seis apresentações por noite. O Sonora é produzido de forma colaborativa e independente e já passou por São Paulo, Brasília, Buenos Aires, Dublin e Lisboa.

Programação completa

Sexta (15)

18h - Abertura da casa
19h - Roda de diálogos

Convidadas:
-Paloma Granjeiro (Produtora MEPE)
-Paula Caal (Produtora Isaar)
-Isaar (cantora e compositora)
-Renata Farias (produtora Abril pro Rock)
-Mariana Brito (Produtoraq BoiKOT)
-Maria Flor (Multiartista e produtora)

19h40 - Performance
20h - Abertura Part. Especial Maria Flor
20h40- Nira Santos
21h20- Sam Silva
22h- Darc Cintra
22h40- Encerramento Part. Especial ISAAR

Sábado (16)

18h - Abertura da casa
19h - Roda de diálogos

Convidadas:

-Marileide Alves (Produtora Grupo Bongar)
-Catarina Dee Jah (Produtora e agitadora cultural)
-Flaira Ferro (Cantora e compositora)
-Luna Vitrolira (Poetisa)
-Natalie Revoredo (Iluminadora Ateliê Farol de Luz)

19h40- Performance Luna Vitrolira
20h-Abertura Pocket show Part. Especial Flaira Ferro
20h40- Carina Mayara
21h20- Lu Rabelo
22h- Projeto Arrete
22h40- Encerramento part. Especial -  MC RIRICA (Catarina Dee Jah)

Serviço

Sonora - Ciclo Internacional de Compositoras

Sexta (15) e Sábado (16) | 18h

Solar da Marquesa (Av. Joaquim Nabuco - Varadouro, Olinda)

R$ 10

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