Tópicos | desigualdade de renda

O Índice de Gini é um instrumento que mede o grau de concentração de renda em determinado grupo, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. A medida do índice vai de 1 a 0, sendo que quanto mais próximo o número for de 1, maior é a desigualdade de renda, e quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade.

Em uma análise dos últimos 10 anos, é possível perceber que de 2019 para 2020 ocorreu uma queda significativa no nível de desigualdade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso aconteceu devido aos benefícios dos programas emergenciais de transferência de renda. Já de 2020 a 2021 houve um aumento significativo na desigualdade no país, segundo o índice, refletindo a redução dos efeitos do Auxílio Emergencial e ausência de recuperação efetiva no mercado de trabalho.

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A Agência Tatu analisou os dados recém divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que apontam estados do Nordeste entre os que tiveram a maior alta do índice de Gini nos últimos 10 anos (de 2012 a 2021): Rio Grande do Norte teve um aumento de 15,6% e Paraíba de 8,6%. Em seguida, aparece Roraima, com aumento de 8,6% no mesmo período e que possui atualmente a maior desigualdade do país, quando o índice de cada estado é analisado isoladamente.

Contudo, não se pode dizer que um grupo é mais rico ou mais pobre que outro com base unicamente nos números do Índice de Gini, pois os dados medem apenas a distribuição de renda no território entre as pessoas que alí residem, conforme explica Luciana Caetano, economista, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).   

“O estado de Alagoas, por exemplo, que tem um Índice [de Gini] relativamente baixo, hoje concentra um dos maiores percentuais de pessoas em condição de pobreza e extrema pobreza. Então, quanto maior a desigualdade de renda e desigualdade social é em um país, mais você tem um percentual muito grande da população que passou sobreviver e depender da intervenção do estado, através de programas sociais e consequentemente de transferência de renda, para compensar exatamente a renda que não foi alcançada via inserção no mercado de trabalho”, diz Luciana Caetano.   

Outro dado importante apresentado na pesquisa é que os estados da região Sul e Centro-Oeste, exceto Distrito Federal, foram alguns dos que apresentaram os melhores números do Índice em 2021. A economista observa que a média desses estados têm se mantido baixa nos últimos 10 anos.

“Muito provavelmente isso está relacionado com o nível de renda que é gerado naquela economia. Existem, por exemplo, regiões em que grande parte dos salários está concentrada no setor público. E isso é possível, pois quanto mais próxima estiver a renda obtida pelas pessoas, menor tende a ser esse Índice de Gini. Isso é independente de a renda ser muito alta ou muito baixa, então o que significa para a gente é que a renda gerada nesses estados, em que se tem um índice de Gini mais baixo, está melhor distribuída”, afirma Caetano. 

“A renda não é o único elemento que influencia na desigualdade social, mas ela é um importante indicador, considerando que é através da renda que as pessoas têm acesso a bens e serviços essenciais, como habitação, saúde e educação. Então, a renda talvez seja o mais importante entre os indicadores que definem a desigualdade social no país”, completa a especialista.

*Da assessoria 

O Brasil fechou o ano passado com o índice de Gini, principal medida da desigualdade de renda, estável, com rendimento médio mensal real domiciliar de 0,549. O indicador subiu em todas as regiões, mesmo com variação pequena em 2017, com exceção do Sudeste, onde o índice recuou de 0,535 para 0,529.

Os dados foram divulgados hoje (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). O índice de Gini é o instrumento que mede o grau de concentração de renda da população, mostrando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. 

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De acordo com a pesquisa, "o país está em processo de avanço, mas a desigualdade ainda persiste devido à crise econômica". Nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul, os índices foram de 0,529, 0,567 e 0,477, respectivamente. Assim, a região Sudeste foi a única a reduzir o indicador que, em 2016, foi de 0,535. As demais regiões apresentaram indicadores maiores que no ano anterior. 

 

De acordo com o estudo divulgado hoje (11) pela equipe do instituto World Wealth and Income Database, na França, o crescimento da renda da população mais pobre do Brasil nos últimos 15 anos foi insuficiente para reduzir a desigualdade. A análise ainda diz que a maior parte do crescimento econômico neste século foi apropriada pelos 10% mais ricos da população.

De acordo com o estudo, conduzido pelo economista Thomas Piketty, a renda nacional dessa parcela da população passou de 54,3% para 55,3% de 2001 a 2015. No mesmo período, a participação da renda dos 50% mais pobres também subiu 1 ponto percentual (pp), passando de 11,3% para 12,3%. A renda nacional total cresceu 18,3% no período analisado, mas 60,7% desses ganhos foram apropriados pelos 10% mais ricos, contra 17,6% das camadas menos favorecidas.

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A expansão foi ocasionada pela classe média, que representa 40% da população brasileira, cuja participação na renda nacional caiu de 34,4% para 32,4% de 2001 a 2015. De acordo com o estudo, a queda se deve ao fato de que essa camada da população não se beneficiou diretamente das políticas sociais e trabalhistas dos últimos anos e não pôde tirar proveito dos ganhos de capital (como lucros, renda de imóveis e aplicações financeiras), restritos aos mais ricos. “Ao capturar pouco ou nenhuma parte da distribuição da renda de capital e ao não capturar muitos dos frutos da política social diretamente, a faixa intermediária poderia ser um produto das elites que a quer botar em competição com a faixa inferior de renda”, destacou o estudo, assinado pelo economista Piketty.

A análise classificou a manutenção da desigualdade no Brasil como “chocante”, principalmente se comparada com outros países desenvolvidos. “É digno de nota que a renda média dos 90% mais pobres no Brasil é comparável ao dos 20% mais pobres na França, o que apenas expressa a extensão da distorção na renda no Brasil e a falta de uma vasta classe média”, diz o levantamento. Em contrapartida, o 1% mais rico do Brasil ganha mais que o 1% mais rico no país europeu: US$ 541 mil (cerca de R$ 1,9 milhão) no Brasil, contra US$ 450 mil (R$ cerca de 1,6 milhão) na França.

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