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Um time de cientistas chineses conseguiu clonar um macaco rhesus chamado Retro, de dois anos de idade e com boa saúde, aprimorando a técnica que permitiu o nascimento da ovelha Dolly em 1996, revelou um estudo publicado nesta terça-feira (16).

Primatas são muito difíceis de clonar, então os cientistas enfrentaram anos de fracassos antes de obter sucesso. Agora, esperam que o procedimento, que utiliza a placenta, possa permitir a criação de macacos rhesus idênticos para estudos médicos.

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Desde a clonagem de Dolly, em 1996, mais de 20 tipos de mamíferos - cães, gatos, porcos, bovinos - foram criados com a técnica de Transferência Nuclear de Células Somáticas (SCNT).

Porém, só mais de duas décadas depois os cientistas conseguiram clonar o primeiro primata. Um casal de macacos-caranguejeiros geneticamente idênticos, chamados Hua Hua e Zhong Zhong, nasceu por meio do método SCNT em 2018 no Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai, dirigido por Qiang Sun, autor principal do estudo publicado na Nature Communications.

Foi um avanço científico, ainda que menos de 2% dos macacos-caranguejeiros tenham nascido vivos. Todas as tentativas anteriores de clonar macacos rhesus, espécie que deu nome ao sistema de grupos sanguíneos (fator RH), haviam falhado.

- Clonagem humana “seria muito difícil” -

A equipe do instituto chinês investigou as causas desse fracasso e identificou o motivo principal: as placentas que fornecem os nutrientes necessários para o crescimento dos embriões clonados apresentavam anomalias em comparação com as placentas provenientes da fertilização in vitro de macacos não clonados.

Os pesquisadores substituíram então as células da futura placenta, chamadas trofoblasto, por células de um embrião saudável e não clonado.

Essa técnica "melhorou consideravelmente a taxa de sucesso da clonagem por meio da SCNT" e resultou no nascimento de um macaco rhesus clonado batizado como Retro, que agora tem dois anos, disse Qiang Sun à AFP.

O problema é que apenas um dos 113 embriões sobreviveu, ou seja, a taxa de sucesso é inferior a 1%, destacou Lluis Montoliu, do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha, que não participou das pesquisas.

Se o ser humano for clonado um dia, um grande temor no campo da pesquisa, seria necessário antes conseguir clonar outras espécies de primatas, apontou este cientista no Science Media Centre (SMC).

A baixa taxa de êxito dessas pesquisas "confirma que não apenas a clonagem de humanos é inútil e discutível, mas se fosse tentada, seria muito difícil e eticamente injustificada", comentou Montoliu.

Uma opinião compartilhada por Qiang Sun, que considera a clonagem de um ser humano algo "inaceitável" em qualquer circunstância.

A técnica de clonagem reprodutiva por meio do método SCNT consiste em produzir uma cópia genética de um animal, substituindo o núcleo de um óvulo não fecundado por uma célula do corpo do animal doador, formando um embrião que pode ser transferido para o útero de uma fêmea para gestação.

Um macaco rhesus chamado Tetra já havia sido clonado em 1999 com outra técnica, usando a divisão de embriões. Esse procedimento é mais simples, mas só pode produzir quatro clones simultaneamente.

Os cientistas, portanto, se concentraram na SCNT em parte porque permite criar muito mais clones, com o objetivo de reproduzir macacos geneticamente idênticos para estudar algumas doenças e testar medicamentos.

Pode até não parecer, mas já faz um quarto de século que o mundo se espantou com um dos maiores passos já dados pela ciência: a primeira clonagem de um mamífero, a partir de uma célula adulta - a ovelha Dolly, que se estivesse viva completaria 25 anos neste 5 de julho.

O experimento foi um divisor de águas não apenas para a ciência. A partir dele, teve início em todo o mundo uma série de debates sobre a relação entre ética, ciência e legislação.

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Produzida operacionalmente a partir de julho de 1996 nos laboratórios do Roslin Institute, da Universidade de Edimburgo (Escócia), sob a coordenação do pesquisador Ian Wilmuth, a ovelha Dolly teve seu nascimento anunciado na revista Nature em 27 de fevereiro de 1997. O artigo científico "imediatamente gerou enormes discussões após ganhar as páginas dos principais meios de comunicação do mundo”, lembra o professor de pós graduação em Bioética da Universidade de Brasília (UnB), Volnei Garrafa.

Em 1999, um estudo mostrou a tendência da ovelha de desenvolver formas de envelhecimento precoce. Três anos depois, em 2002, foi anunciado que Dolly estaria com uma doença pulmonar progressiva que, segundo alguns cientistas, seria um sinal de envelhecimento.

Em fevereiro de 2003, aos 6 anos, Dolly foi abatida, de forma a evitar que fosse acometida de uma morte sofrida por causa de infecção pulmonar incurável. Seu corpo foi empalhado e encontra-se exposto no Museu Real da Escócia, localizado em Edimburgo.

Tentativas

Volnei Garrafa explica que Dolly foi o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula somática, já diferenciada, retirada da glândula mamária de uma ovelha adulta. Dolly foi o único exemplo de sucesso entre 277 tentativas fracassadas de obtenção de um “clone aparentemente normal”, uma vez que as demais tentativas geraram embriões com aberrações.

“Em termos biológicos, foi retirado o núcleo de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta e colocado no espaço nuclear de outra célula também adulta; sob estímulos, essa célula reproduziu-se dando origem a um embrião que foi colocado no útero da ovelha doadora”, detalha o professor que é também presidente da Associação Internacional de Ensino da Ética (IAEE, sigla em inglês) e diretor de Assuntos Internacionais da Rede Latino-Americana e do Caribe de Bioética da Unesco (Redbioética).

Ele lembra que a repercussão desse fato “foi extraordinária no mundo todo”, especialmente com críticas à interpretação de que o ser humano estava “brincando de Deus”.

Avanços

O pesquisador explica que existem dois tipos de clonagem, fato geralmente desconhecido pelo público leigo e que muda completamente a percepção sobre a palavra, o que costuma gerar desconfiança de modo geral.

“Além da clonagem reprodutiva, há a clonagem terapêutica, que consiste no desenvolvimento da mesma técnica, mas cujo embrião resultante não irá ser colocado no útero de um animal (ou de uma mulher) para gerar uma cópia genética similar, mas em um meio de cultura de laboratório”, disse ele à Agência Brasil.

“Nesse meio, ocorrerá o desenvolvimento do embrião (no caso denominado de quimera) até um determinado momento – em geral até o 8º dia, quando leva o nome de blastômero, estrutura embriológica com 80 a 100 células chamadas de tronco-embrionárias. Essas células jovens têm a característica de ainda serem indiferenciadas, o que significa que, se utilizadas em transplantes celulares bem conduzidos cientificamente, poderão se adaptar e se transformar em qualquer outro tipo de tecido do organismo animal ou humano”, afirma.

Garrafa acrescenta que, atualmente, existem “incontáveis linhas de pesquisa” que utilizam a clonagem terapêutica para o desenvolvimento de estudos relacionados a diferentes tipos de doenças, a partir da utilização de células tronco-embrionárias originárias da técnica de clonagem terapêutica.

“Além disso, para o futuro, a partir do controle biológico e ético seguro das técnicas pode-se prever até mesmo a criação de órgãos para transplantes, embora os órgãos sejam estruturas formadas por vários tecidos (epitelial, conjuntivo, muscular) o que gera maior complexidade técnica até que se logre alcançar seu controle adequado”, diz o professor, ao comentar que já foram desenvolvidas técnicas para a criação em laboratório de tecidos, como o do músculo cardíaco.

Clonagem humana

Entre as grandes preocupações que se tem, relativas ao uso de técnicas de clonagem, está a possibilidade de ela ser utilizada para reprodução humana. Garrafa explica que “o rechaço ético-moral” é quase unânime nesse caso.

“Não existe até hoje segurança técnica de que um pesquisador interessado na clonagem reprodutiva humana não vá criar aberrações biológicas. Mas minha reflexão vai muito além da simples estética do ser produzido mas, especificamente, à manipulação da intimidade da vida humana, ao próprio genoma da espécie, à organização das nossas cerca de 30 mil cadeias decifradas e harmônicas de DNA, fragilizando-nos como espécie com vistas ao futuro”.

Com isso, as pesquisas têm se restringido a algumas espécies animais. “Nesse sentido, já são muitos – e com bons resultados – os estudos desenvolvidos, por exemplo, com gado, onde a clonagem constitui hoje uma técnica já incorporada em vários lugares”.

No Brasil, acrescenta o pesquisador, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolve há cerca de 20 anos esse tipo de trabalho, “inclusive no sentido do melhoramento genético animal para consumo humano”.

Ética

Volnei Garrafa lembra que na semana imediata à notícia da existência de Dolly, em fevereiro de 1997, sem noção sequer da existência de dois tipos básicos de uso da clonagem (reprodutiva e terapêutica), nove projetos de lei contrários a toda e qualquer iniciativa de clonagem foram registrados no Congresso Nacional, bloqueando ou atrasando pesquisas éticas que já vinham sendo desenvolvidas, especialmente no campo da genética, em universidades do país.

“Se a ciência e a tecnologia, por um lado, não devem ser academicamente dominadoras, por outro não podem ser eticamente submissas de modo a aceitar proibições desmedidas. A ciência é a busca do conhecimento e o seu desenvolvimento - desde que feito dentro de referenciais éticos societariamente aceitos. Já a aplicação prática das descobertas, a tecnologia, essa sim deve ser controlada por meio de comitês especializados de ética e bioética”, defende o professor.

Legislação

“O Congresso tem um quadro muito qualificado de assessores legislativos nas mais diferentes áreas que devem ser melhor utilizados. O que se vê, em geral, com relação às proposições legislativas no campo biomédico, e muito especialmente no campo da vida e da própria reprodução humana, é uma  mistura conservadora entre ciência e religião". 

Segundo Garrafa, nas democracias participativas modernas se requer que as legislações sejam construídas positivamente, afirmativamente, proporcionando o direito à decisão autônoma de cidadãos e cidadãs com relação ao que desejam ou não para suas vidas.

De acordo com o professor de bioética, a última lei que o Congresso Nacional aprovou com relação ao campo biotecnocientífico foi a Lei de Biossegurança, em 2005.

“Apesar de ter proporcionado avanços, [a Lei de Biossegurança] mistura três temas diversos: o controle e uso de organismos geneticamente modificados, incluindo as células tronco-embrionárias para pesquisas [objeto dessa nossa entrevista e seu uso nas pesquisas com clonagem terapêutica], a criação do Conselho Nacional de Biossegurança e a reestruturação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança”, disse o pesquisador.

Acusada de sonegar R$ 4 bilhões em impostos, a empresa de bebidas Dolly informou nesta segunda-feira, 18, o fechamento de uma de suas três fábricas, localizada nas cidade de Tatuí, no interior de São Paulo.

A unidade empregava 700 funcionários, de um total de 2 mil trabalhadores. Além da fábrica de Tatuí, Dolly mantém parques industriais em São Bernardo do Campo e em Diadema, na Grande São Paulo.

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Segundo a assessoria de imprensa de Dolly, o motivo para o fechamento da fábrica é a impossibilidade de acessar o caixa da empresa. A Justiça bloqueou as contas bancárias relacionada à empresa e ao empresário Laerte Codonho, dono da Dolly. Ele teve prisão preventiva decretada em maio como decorrência de uma ação conjunta entre o Ministério Público do Estado de São Paulo, a Procuradoria da Fazenda e a polícia. As autoridades justificaram a prisão para evitar a destruição de provas.

Codonho passou oito dias preso temporariamente no 77º DP (Distrito Policial) de Santa Cecília, região central de São Paulo. Foi preso no dia 18 de maio. O executivo é suspeito dos crimes de fraude fiscal continuada, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Investigadores estimam que as fraudes praticadas pelo empresário tenham gerado um prejuízo de R$ 4 bilhões ao longo de 20 anos.

Conhecido por criticar abertamente a Coca-Cola, fabricante de refrigerantes líder de mercado do País, ele aproveitou o momento da prisão para mostrar às câmeras um cartaz "Preso pela Coca-Cola" ao ser conduzido à delegacia. Na ocasião, o Ministério Público, por meio do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), confiscou três helicópteros, 13 automóveis de luxo e cerca de R$ 30 mil em moeda estrangeira, além de documentos.

Apesar de estar solto, Codonho terá restrições: ele terá de se apresentar à Justiça todo mês e não poderá entrar em contato com outros investigados -- o ex-gerente financeiro da empresa, César Requena Mazzi, e o ex-contador da fabricante, Rogério Raucci, também foram liberados. O executivo não poderá sair de casa aos finais de semana.

Este não é o primeiro problema do empresário com a Justiça. Em 2017, o grupo Ragi Refrigerantes, dono da Dolly, foi alvo da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda de São Paulo, por fraudes relacionadas ao pagamento de ICMS. Em fevereiro deste ano, Codonho foi condenado a 6 anos e 7 meses de prisão, pela Justiça de São Paulo, por sonegação de benefícios previdenciários.

Empresa

Fundada em 1987, a Dolly ganhou notoriedade por fabricar refrigerantes vendidos a preços populares. No início dos anos 90, durante o boom desse segmento no País, a companhia cresceu com outras empresas regionais - o Brasil chegou a contabilizar 700 fabricantes de pequeno porte há cerca de 20 anos. Boa parte das marcas locais de refrigerante - que, segundo uma fonte do setor, atuavam com alto grau de informalidade - acabou indo à falência.

Em 2004, Codonho iniciou briga com a Coca-Cola ao acusar a multinacional de práticas anticoncorrenciais. O que começou como um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) evoluiu para críticas públicas, estampadas em outdoors, e culminou com o cartaz exibido pelo empresário durante sua prisão.

Em 2017, a Dolly se envolveu em uma disputa com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). Após o órgão recomendar que a empresa tirasse do ar campanha por preocupações relacionadas à publicidade infantil, a fabricante acionou o Conar na Justiça para impedi-lo de avaliar outras de suas propagandas.

A Polícia Militar prendeu o empresário Laerte Codonho, dono da empresa de refrigerantes Dolly, nesta quinta-feira (10). Segundo informações da GloboNews, ele é investigado o crime de fraude fiscal, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O empresário foi preso em sua casa, em Cotia, Grande São Paulo. Ele já havia sido condenado a seis anos e sete meses de prisão e pagamento de multa por sonegação de benefícios previdências. A sentença contra o empresário e outros quatro funcionários da empresa foi dada pela 3ª Vara Federal de São Bernardo do Campo-SP.

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De acordo com a GloboNews, o esquema criminoso teria gerado um desvio de R$ 4 bilhões. Um dos casos é de demissão de funcionários para posterior recontratação por outra companhia com o objetivo de fraudar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entre os anos de 1999 e 2001, a Ragi Refrigerantes, nome oficial da Dolly, teria pagado menos contribuições previdenciárias e sociais do que deveria. Os recursos não pagos eram destinados a programas que financiam o Incra, Senai, Sesi, Sebra e Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE).

As investigações tiveram início após o INSS notar queda nos valores pagos pela empresa entre um ano e outro. Para o juiz federal responsável pela sentença, a Dolly simulou contratos. Fraudes também teriam ocorrido na emissão de notas fiscais, folhas de pagamento e recibo de prestação de serviço.

A defesa do empresário ainda não comentou a prisão. Na época da condenação, a defesa falou à Revista Veja que Codonho considerava a decisão absurda.

A Secretaria da Fazenda de São Paulo realizou hoje (18) uma operação contra o grupo Dolly por suspeita de fraude no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS).

De acordo com a Secretaria, a empresa tem R$ 2 bilhões em débitos na dívida ativa. O grupo é suspeito de inadimplência fraudulenta do ICMS, embaraço de fiscalização e organização de fraude fiscal estruturada.

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A operação, denominada de Clone, busca indícios de que o grupo Dolly abriu várias empresas para tentar dificultar a cobrança de impostos e rastreamento da produção. Os agentes da operação visitaram três endereços diferentes: Diadema, na fábrica que não poderia funcionar desde dezembro de 2016 mas está operando normalmente; no bairro de Higienópolis, onde fica o escritório e em outra fábrica em Tatuí, interior de São Paulo. "Parte do grupo já foi bloqueado e a gente está colhendo evidências demonstrando de que na verdade é um grupo econômico montado com o intuito de fraudar, omitir receita e evadir impostos”, afirma o inspetor Rodrigo Cuoco. 

O grupo Dolly ainda não se pronunciou sobre o caso.

Os clones gerados a partir de células da ovelha Dolly estão envelhecendo normalmente, segundo um novo estudo publicado ontem na revista Nature Communications.

Primeiro animal clonado a partir de uma célula adulta, a ovelha Dolly foi sacrificada com uma injeção letal em 2003, após desenvolver osteoartrite, uma doença degenerativa das articulações, típica da idade avançada. Com sua morte precoce, especulou-se que animais clonados poderiam ter vidas mais curtas e menos saudáveis. Dolly morreu aos 6,5 anos, cerca de metade da expectativa de vida prevista para sua espécie.

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No novo artigo, no entanto, um grupo de cientistas da Universidade de Nottingham (Reino Unido) descreve o primeiro estudo de longo prazo sobre a saúde de animais clonados. Eles analisaram 13 clones, com idade entre 7 e 9 anos - o equivalente a 60 a 70 anos na idade humana -, incluindo quatro ovelhas produzidas a partir da mesma linhagem de células de Dolly, batizadas de Daisy, Debbie, Denise e Dianna. As quatro nasceram em julho de 2007, a partir de células adultas da mesma glândula mamária que deu origem a Dolly. A conclusão do estudo é que as 13 ovelhas chegaram saudáveis à velhice, apresentando apenas leves sintomas de osteoartrite, considerados comuns nessa idade.

A pesquisa foi liderada por Kevin Sinclair, da Universidade de Nottingham, que também participou da clonagem de Dolly, em 1996. Os cientistas submeteram os animais a avaliações dos músculos e esqueletos, a testes metabólicos e medições de pressão sanguínea, além de exames radiológicos de todas as articulações principais. Os resultados dos testes com as ovelhas clonadas foram comparados com os de um grupo de controle de ovelhas normais com idade de 5 a 8 anos. Os animais também foram submetidos a testes para tolerância à glicose e sensibilidade à insulina.

"O envelhecimento saudável dos clones ainda não havia sido devidamente investigado. Uma das preocupações nos primeiros dias era de que os descendentes de clones pudessem envelhecer prematuramente, e Dolly foi diagnosticada com osteoartrite com a idade de 5 anos. De acordo com nossas detalhadas avaliações, concluímos que nossos clones, considerando a idade, estão totalmente saudáveis", afirmou Sinclair.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Há 20 anos, em 5 de julho de 1996, nascia a ovelha Dolly, o primeiro animal clonado a partir de uma célula adulta. A façanha, obtida por cientistas do Instituto Roslin, em Edimburgo (Escócia), alvoroçou a opinião pública e surpreendeu até a comunidade científica mundial. Hoje, o legado deixado pela ovelha mais famosa do mundo para a ciência é enorme, mas os caminhos que levaram a esses novos avanços são bem diferentes do que se imaginava.

"O legado é muito importante. Não é à toa que houve uma repercussão muito grande naquela época. Foi a primeira vez que se clonou um animal, a partir de uma célula adulta de um animal adulto. Esse feito abriu oportunidades no campo das células-tronco que, há 20 anos, nem poderiam ser imaginadas", diz José Eduardo Krieger, professor da Faculdade de Medicina e pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).

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Segundo ele, um dos principais avanços produzidos com base na clonagem de Dolly veio mais de uma década após o nascimento da ovelha: o desenvolvimento das células-tronco pluripotentes induzidas (IPS, na sigla em inglês). Criada em 2007, a técnica IPS permite reprogramar células adultas de um tecido e transformá-las em células-tronco pluripotentes, que podem diferenciar-se em qualquer outro tipo de tecido.

A descoberta rendeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina ao pesquisador japonês Shinya Yamanaka, em 2012. "O desenvolvimento do IPS, que veio na linha da clonagem da ovelha Dolly, não apenas possibilitou uma série de novas terapias, mas também impulsionou o conhecimento, permitindo que os cientistas estudem as várias fases do desenvolvimento das células e façam estudos de doenças a partir de tecidos humanos clonados."

De acordo com Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora do Instituto de Biociências da USP, a ovelha Dolly continua sendo um marco. "Abriu as portas para a reprogramação celular. Até ali, nós achávamos que a definição de identidade de uma célula era um processo irreversível. Com a Dolly ficou demonstrado que em mamíferos era possível uma célula reprogramar seu núcleo e regredir até o estágio embrionário. Dez anos depois, isso deu origem às células IPS, que revolucionaram a área de medicina regenerativa."

O biólogo Renato Aguiar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca que essa clonagem foi uma importante prova de conceito. "No momento em que se demonstrou que era possível gerar um embrião a partir de um clone, foram abertas muitas portas para a pesquisa. Depois daquilo, tivemos muitos outros desdobramentos importantes e hoje, usando técnicas como IPS, não é mais preciso gerar um embrião inteiro para fazer a clonagem", afirma Aguiar.

Segundo o biólogo, o desenvolvimento das técnicas de clonagem possibilitou inúmeras terapias. "Estão sendo desenvolvidas, por exemplo, terapias para o câncer, nas quais teoricamente consegue-se reprogramar células dos indivíduos para que elas combatam um tumor dependente do sistema imunológico. É possível também usar o transplante autólogo, isto é, com células do próprio indivíduo, para regenerar tecidos do sistema nervoso. Isso tem amplas aplicações em terapias para doenças degenerativas."

Humanos

Aguiar explica que os temores levantados pela possibilidade de se clonar humanos foram aos poucos eliminados. "Cada vez mais a ciência deixou de manipular indivíduos, embriões, para manipular apenas células. Todas essas questões que envolvem vida têm apelo social e psicológico muito grande e os cientistas se sensibilizaram com isso. A comoção foi importante naquele momento."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O nascimento de Dolly, em 5 de julho de 1996, foi anunciado pelos cientistas somente no dia 23 de fevereiro de 1997 como um momento histórico para a ciência, já que se tratava do primeiro animal clonado a partir de uma célula adulta de outra ovelha.

Imediatamente, pseudo-cientistas declararam sua intenção de fazer clones humanos, despertando, no imaginário das pessoas, pesadelos de exércitos clonados ou milagres como a ressurreição de pessoas queridas, e iniciando a polêmica: clonar ou não clonar. Além da discussão dos limites éticos, o fato foi saudado como uma revolução na ciência e ampliou horizontes na área de clonagem terapêutica.

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Em abril de 1998, nasceu um filhote de Dolly, a fêmea Bonny. A concepção foi natural. Em 2003, aos seis anos de idade, a ovelha foi sacrificada por ser portadora de uma doença pulmonar incurável. Dolly foi empalhada e doada a um museu da Escócia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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