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O líder do PSB na Câmara, deputado Danilo Cabral, ingressou com representação no Ministério Público Federal (MPF) suspendendo e tornando sem efeito o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo, que recomendou o tratamento com eletrochoque. A orientação foi feita em documento produzido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). O documento foi encaminhado para a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do MPF.

Para Danilo Cabral, a medida é um retrocesso e uma crueldade com pessoas com Transtorno no Espectro de Autismo (TEA). Entidades e grupos atuantes na área de psiquiatria, psicologia e direitos humanos alegam que o método é ultrapassado, além de violar convenções internacionais sobre Direitos Humanos, sendo, inclusive, considerada tortura.

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De acordo com parlamentar, ainda que haja instituições e profissionais que recomendem o tratamento com eletrochoque, os estudos ainda não são suficientes para concluir os efeitos do uso desse método a longo prazo. De acordo com o documento assinado por Danilo Cabral, “não seria prudente que o órgão governamental de saúde expusesse os portadores de autismo a um tratamento tão polêmico, que ainda não possui uma resposta segura.”

Tortura

Para Danilo Cabral, há a efetiva preocupação que a política a ser instituída resulte em equívocos irreparáveis. Ele defende que sejam apresentadas mais evidências e estudos para uma aplicabilidade de forma muito criteriosa. Caso contrário, a medida pode configurar na exposição de milhares de pacientes à tortura.

No documento, o parlamentar argumenta que a medida, sobretudo aplicada no Sistema Único de Saúde, pode gerar mais sofrimento do que melhora.

Entenda

No dia 16, o jornal Estado de São Paulo denunciou documento elaborado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, em que foi sugerido o uso de eletrochoque para tratamento de casos graves de autismo. De acordo com a reportagem, o próprio texto do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) reconhecia que não há recomendação para o uso desse método em nenhuma das diretrizes clínicas internacionais consultadas.

De acordo com o protocolo, as evidências de sucesso não são suficientes para concluir a efetividade do tratamento.

*Da assessoria de imprensa

Foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (18), do Rafael Bernadon Ribeiro para o cargo de coordenador-geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é quem assina o documento.

Bernadon, que atuará no Departamento de Ações Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, é defensor do eletrochoque para o tratamento de transtornos psiquiátricos. 

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Em entrevista ao Canal da Psiquiatria, publicada no dia 14 de agosto de 2013, ele explicou que "a eletroconvulsoterapia é um tratamento usado na medicina desde 1938. E ele persiste justamente por ser muito bom. Ele tem uma resposta da ordem de 90%. O paciente tem algum benefício em nove de cada 10 casos”.

Confira

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Durante uma reunião plenária na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Isaltino Nascimento (PSB) criticou a nota do Ministério da Saúde que autoriza a compra de aparelhos de eletroconvulsoterapia - popularmente conhecido como eletrochoques - para o Sistema Único de Saúde (SUS).

O documento em questão também reforça a possibilidade de internação de crianças e adolescentes em unidades psiquiátricas. Isaltino, que é vice-presidente da Comissão de Saúde, propôs uma reunião do colegiado para discutir o assunto.

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No discurso, feito nessa terça-feira (19), o deputado elencou um histórico dos avanços na Política de Saúde Mental no Brasil. “O nosso país fez uma verdadeira revolução no atendimento às pessoas acometidas por transtorno mental. Até então, no momento de crise, a polícia era chamada, espancava as pessoas e botava camisa de força. Estamos retrocedendo ao final do século XIX. É uma situação muito grave”, argumentou.

O deputado ainda frisou que no século XX houve um esforço para reduzir a hospitalização e, no caso dos dependentes químicos, adotou-se uma política de redução de danos. Isaltino também lembrou que, durante a ditadura militar, ativistas chegaram a ser presos e torturados em hospitais psiquiátricos. “Pessoas ganhavam dinheiro com esses depósitos de gente. A proposta do decreto é não financiar mais o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que hoje é uma saída importante. Uma parte dos profissionais de saúde quer voltar ao lucro fácil que existia outrora”, disse.

A petista Teresa Leitão também opinou e disse considerar o documento do Ministério da Saúde um retrocesso e uma falta de respeito à trajetória científica da psiquiatria no Brasil. Já o deputado Tony Gel (MDB) defendeu que todas as cidades pernambucanas passem a ter um Caps.

Após ter muita polêmica envolvida com o aval dado para a compra no Sistema Único de Saúde (SUS) de aparelhos de eletroconvulsoterapia (popularmente conhecido como eletrochoque), o Ministério da Saúde vai rever a decisão. Durante essa semana, o ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que o texto preparado por sua equipe está em discussão e poderá ter alguns tópicos alterados.

Muitos integrantes da classe médica, principalmente os psiquiatras e profissionais que lidam com saúde mental, fizeram duras críticas à decisão do governo. Estudiosos da política também aproveitaram o momento para comparar a medida com ações realizadas décadas atrás.

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Com 32 páginas, o documento com esclarecimentos sobre as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental e na Política Nacional sobre Drogas provocou forte reação de associação do setor. Além de dar o aval para a compra dos aparelhos de eletrochoque, o material também enfatiza o papel das comunidades terapêuticas e prega a abstinência para dependentes de drogas. Atualmente, a principal estratégia e objetivo é a redução de danos.

Para a cientista política Priscila Lapa, as medidas técnicas anunciadas pelos ministérios do governo atual têm caráter político. “A leitura que podemos fazer é que isso não é uma medida isolada. Quando interpretamos que isso tem um caráter de cunho ideológico muito maior que o técnico. Não podemos olhar para isso como uma medida isolada e perceberemos que faz parte do processo de demarcação ideológica do governo atual”, comentou.

O documento preparado pela presidência ainda reforça a possibilidade da internação de crianças em hospitais psiquiátricos. Diante dessa informação, a Associação Brasileira de Saúde Mental e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva avisaram que preparariam manifestos contra o documento do governo, considerado um retrocesso sem precedentes na política de saúde mental do País.

O psiquiatra Evandro Sales é receoso quanto ao assunto e acredita que a medida vem muito mais a favor de hospitais, manicômios e setores que lucram com esse âmbito da saúde. “Não consigo pensar  em um trabalho feito em prol do bem estar da população que precise utilizar tratamentos com eletrochoque, principalmente pensando nos dias de hoje. Fazer isso é causar dor e constrangimento para o paciente e para a família. É preciso pensar em alternativas mais condizentes com a realidade que vivemos”, enfatizou.

Sobre o assunto, o ministro Luiz Henrique Mandetta se posicionou com um tom de conciliação. “O uso de eletrochoque faz parte do arsenal terapêutico e, quando feito de forma humanizada e respeitando indicações técnicas, não pode ser descartado”, disse. O ministro ainda citou a importância do processo de desospitalização do Brasil na área de saúde mental.

A cientista política Priscila Lapa acredita que a medida representa um retrocesso. “O Brasil fez uma cruzada nos últimos anos para rever esse tipo de política de saúde mental. Foi uma batalha com a participação de vários atores. Não foi uma medida isolada de um governo, mas foi amplamente discutido por vários setores da sociedade”, lembrou.

“É preciso o combate a esse tipo de medida e o combate à visão hospitalesca da política de saúde mental para tratar essa questão de outra maneira, com mais sensibilidade e humanização, em um contexto internacional de buscar a humanização do tratamento na prevenção das doenças de cunho mental”, reforçou o psiquiatra Evandro Sales.

Embora apontada como recurso para tratamento de pacientes com depressão grave, a eletroconvulsoterapia no passado foi associada a torturas em pacientes e abusos cometidos por profissionais de hospitais psiquiátricos.

Na última terça-feira (21), uma cena da novela O Outro Lado do Paraíso assustou os telespectadores e desagradou a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A sequência que mostra a personagem Clara, internada em um manicômio, passando por sessões de eletrochoque foi descrita pela ABP como um "desserviço à população". A entidade publicou uma nota de repúdio em seu site desaprovando a trama.

Na nota, a Associação coloca que "A eletroconvulsão terapêutica é realizada com o paciente anestesiado, recebendo uma baixa corrente elétrica que induz à convulsão, com duração de cerca de 30 segundos. A técnica é eficaz e segura e seu sucesso terapêutico é destacado por múltiplos estudos relacionados ao tema, publicados em periódicos de grande destaque científico“. Na novela, Clara recebeu o tratamento amarrada a uma cama e ainda consciente.

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Finalizando a nota, a instituição completa: "A ABP manifesta a sua profunda inconformidade à cena veiculada, que descaracteriza esse procedimento médico, além de prestar um desserviço à população, estimulando o preconceito e o estigma relacionados às doenças mentais, aos pacientes psiquiátricos e à psiquiatria. A ECT na psiquiatria, assim como a eletrocardioversão na cardiologia, salva vidas."

Na internet, o público demonstrou desconforto e surpresa ao ver as cenas. O internauta Gean Antonio comentou: "Não existem mais hospitais psiquiátricos que lançam mão na primeira oportunidade de eletrochoque. Absurdo!"; Gabriella, também usuária da rede, disse: "Como se já não existisse preconceito suficiente ao uso de eletrochoque e me aparecem com isso, sinceramente".

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