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Os governos dos Estados Unidos e Canadá monitoravam nesta sexta-feira (3) ao menos um balão espião chinês que sobrevoa há vários dias seus territórios e áreas militares sensíveis, o que provocou um novo momento de tensão entre Washington e Pequim poucos dias antes de uma visita do chefe da diplomacia americana à capital da China.

O Pentágono anunciou na quinta-feira a presença do balão no espaço aéreo americano. O governo canadense informou que investigava um "potencial segundo incidente".

A China afirmou que está verificando as informações, mas pediu para que os países "não façam conjecturas ou exagerem a questão até que os fatos estejam claros".

"A China é um país responsável e sempre cumpre de maneira rigorosa a lei internacional. Não temos a intenção de violar o território ou espaço aéreo de nenhum país soberano", disse a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

"Esperamos que as partes administrem (a situação) com calma e prudência", acrescentou.

A pedido do presidente Joe Biden, o Departamento de Defesa examinou a possibilidade de derrubar o aparelho, mas decidiu não fazê-lo devido aos potenciais riscos para as pessoas em solo, indicou uma fonte do Pentágono que pediu anonimato.

"Claramente, a intenção deste balão é a vigilância. E a rota de voo atual o leva a uma série de locais sensíveis", disse a fonte.

O balão sobrevoou o noroeste dos Estados Unidos, uma área de bases aéreas sensíveis e mísseis nucleares estratégicos em silos subterrâneos, mas o Pentágono não acredita que o dispositivo represente uma grande ameaça porque "tem um valor aditivo limitado de uma perspectiva de coleta de (dados de) inteligência".

"Estamos tomando medidas para nos proteger da coleta de informações confidenciais por parte de inteligência estrangeira", afirmou, porém, a fonte, que destacou não ter nenhuma dúvida sobre o fato de que o "balão procede da China".

O balão entrou no espaço aéreo americano "há vários dias", segundo ele, mas os serviços de inteligência dos Estados Unidos já o rastreavam antes.

Vários aviões de combate examinaram o balão quando sobrevoava o estado de Montana, norte do país. Atualmente voa "a uma altitude muito acima do tráfego aéreo comercial e não representa uma ameaça militar ou física para as pessoas em terra", informou o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, em comunicado.

- "Segundo incidente" -

"Os canadenses estão a salvo e o Canadá está adotando medidas para garantir a segurança de seu espaço aéreo, inclusive com a vigilância de um potencial segundo incidente", informou o ministério da Defesa canadense em um comunicado.

O governo do Canadá não citou a China. "As agências canadenses de inteligência trabalham com os aliados americanos e adotam todas as medidas necessárias para proteger as informações sensíveis do Canadá de ameaças externas", destacou o ministério.

A China já enviou balões de vigilância sobre os Estados Unidos em outras ocasiões, mas desta vez a presença do dispositivo foi detectada poucos dias antes da visita a Pequim do secretário de Estado americano, Antony Blinken.

A relação entre as duas potências é tensa, em particular no que diz respeito a Taiwan, que o governo chinês considera parte de seu território e cujo controle pretende recuperar um dia, inclusive com o uso da força se necessário.

De acordo com a fonte do Departamento de Defesa, Washington mencionou o balão espião com as autoridades chinesas.

"Nós afirmamos de maneira clara que faremos o necessário para proteger nossa população em nosso território", destacou.

Um cientista chinês suspeito de espionagem nos Estados Unidos foi preso esta semana quando tentava deixar o país, informaram as autoridades na quinta-feira (11).

Xin Wang foi detido em 7 de junho em Los Angeles antes de embarcar em um voo para Tianjin, na China, explicaram em um comunicado conjunto a Procuradoria Federal e o escritório local do FBI.

Wang entrou nos Estados Unidos em março do ano passado, fazendo-se passar por um pesquisador médico interessado em trabalhar na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF).

Quando interrogado pelas autoridades de fronteira (CBP) no aeroporto, disse ser um oficial do Exército de Libertação do Povo Chinês e funcionário de um laboratório militar universitário.

Wang, de acordo com documentos judiciais, disse ao CBP que recebeu instruções de seus superiores na China para observar a disposição do laboratório da UCSF e trazer informações sobre como replicá-lo em Chian.

"O CBP recebeu informações de que Wang tinha estudos da UCSF com ele, que carregava para compartilhar com seus colegas do PLA (exército), e que enviou uma pesquisa ao seu laboratório na China por e-mail", afirma o comunicado.

"Também disse ao seu supervisor na UCSF que duplicou parte do trabalho desse professor no laboratório da China".

Parte do trabalho do laboratório da UCSF é financiado por doações do Departamento de Saúde dos Estados Unidos e do Instituto Nacional de Saúde (NIH), disseram as autoridades federais.

Wang, que apagou o conteúdo das mensagens em seu telefone pessoal antes de chegar ao aeroporto, foi acusado de fraude de visto e pode pegar até 10 anos de prisão e uma multa de US$ 250.000 se condenado.

Sua prisão ocorre quando as relações entre os Estados Unidos e a China se deterioraram nos últimos meses devido à pandemia de COVID-19 e à guerra comercial.

A China negou nesta sexta-feira que Wang estivesse envolvido em espionagem.

"Ele é um pesquisador de doenças cardiovasculares, então não vejo a possibilidade de ter colocado em risco o interesse ou a segurança nacional dos Estados Unidos", disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, em entrevista coletiva.

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