Inaugurado com pompa em maio deste ano, para receber jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está há 44 dias sem receber jogos ou grandes eventos culturais. E, ao que tudo indica, ficará de portas fechadas até o final do ano, já que não está prevista a realização de mais nenhuma partida do Campeonato Brasileiro no local.
Sem grandes times no Distrito Federal, a movimentação na arena depende de negociação com grandes times, especialmente do Rio de Janeiro, para trazerem as partidas para Brasília. Isso funcionou relativamente bem até agosto com Flamengo, Vasco e Botafogo realizando alguns jogos no Mané Garrincha. Quando a questão dos jogos foi resolvida com o Maracanã, as equipes retornaram ao RJ. A briga entre os torcedores de Vasco e Corinthians, no final de agosto, também parece ter espantado os times.
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Desde a inauguração, o estádio recebeu 13 jogos: dois do Brasil (um deles foi a abertura da Copa das Confederações, contra o Japão), dez do Brasileirão e a final do Candagão, o Campeonato Brasiliense. O espaço também recebeu os shows de Beyoncé, Aerosmith e um tributo a Renato Russo. Somando o público de todos os eventos, mais de 600 mil pessoas passaram pela arena.
Com um custo total aos cofres públicos de R$ 1,778 bilhões - segundo levantamento do Tribunal de Contas do Distrito Federal -, a cobrança da população é pelo retorno financeiro que a obra trará para o DF. "O governo fala da oportunidade de receber os jogos da Copa, mas e depois? De que adianta deixar um legado inútil?", questiona o empresário Romeu Borba, 50 anos. "Brasília não tem time para lotar esse estádio. Não precisava ser tão grande. Além do mais, os times dos outros estados vão deixar de jogar em casa para vir para cá? Algumas vezes, pode até ser, mas ele vai ficar aí quase às moscas", considera o vendedor Cícero Duarte, 42.
A reportagem do Portal LeiaJá entrou em contato com a Secretaria Extraordinária da Copa do Distrito Federal, responsável pela administração do Mané Garrincha, para saber sobre o custo mensal de manutenção da arena e o montante já arrecadado, mas não houve retorno. A Coordenadoria de Comunicação informou apenas que esse custo será "consolidado somente após a operação plena do estádio" e que a "concessão para administração da arena ocorrerá somente após a Copa do Mundo de 2014". Segundo a assessoria, eventos esportivos e culturais estão agendados para 2014, inclusive partidas de grandes clubes nacionais e do campeonato local.
A arena está pronta e não precisará de ajustes para a Copa do Mundo. As obras se concentram, agora, no entorno do estádio, com a execução da etapa final de urbanização e paisagismo, além de revitalização de estacionamentos e calçadas.
O estádio foi inaugurado em 1974 e foi demolido para a construção da nova arena. As obras foram iniciadas em julho de 2010 e duraram 1.027 dias, envolvendo ao todo 15 mil trabalhadores. A capacidade total depois da Copa será de 72,8 mil pessoas. Resta saber se o investimento irá representar uma vantagem econômica e turística ou se Brasília terá um "elefante branco" bem grande no meio da cidade.