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A Coreia do Sul enviará um destróier e 300 soldados ao Estreito de Ormuz - anunciou o Ministério da Defesa nesta terça-feira (21), após pressões por parte dos Estados Unidos, em meio à escalada entre Washington e Teerã.

O Irã foi responsabilizado por ataques contra embarcações no estreito, um ponto estratégico para o comércio mundial de petróleo e para onde os Estados Unidos enviaram uma missão naval.

O pedido americano pôs Seul diante de um difícil dilema. O país mantém relações diplomáticas com o Irã desde o início da década de 1960 e, até o ano passado, Teerã foi um de seus principais fornecedores de petróleo.

Em um comunicado, o Ministério da Defesa disse que Seul decidiu "expandir temporariamente" a área de mobilização de sua unidade militar antipirataria. Esta força opera na costa da Somália, para incluir o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, unidos pelo Estreito de Ormuz.

O Ministério insistiu em que o destróier sul-coreano não será parte da missão naval dos Estados Unidos, mas serão enviados dois oficiais de enlace para a sede americana com o objetivo de "compartilhar informação".

Coreia do Sul e Estados Unidos mantêm uma aliança de segurança, mas suas relações se viram afetadas nos últimos anos.

A origem dessas diferenças está nas demandas do governo Donald Trump para que Seul pague mais milhões de dólares pelos custos de 28.500 tropas americanas estacionadas nesse país para protegê-lo da Coreia do Norte.

Na semana passada, o embaixador dos Estados Unidos, Harry Harris, pediu a Seul que se somasse à missão naval. Segundo ele, "muitos poucos países têm uma grande necessidade de participar", já que - lembrou - a Coreia do Sul "obtém 70% de seus fornecimentos de petróleo do Oriente Médio".

A tensão no Estreito de Ormuz, a rivalidade entre Arábia Saudita e Irã e a proximidade de Donald Trump com Riad têm impulsionado a compra de armas americanas pelo reino saudita. Por trás das vendas bilionárias está a aposta do presidente, que acredita que os acordos criem empregos em Estados-chave para sua reeleição, no ano que vem.

A Câmara dos Deputados dos EUA barrou, na semana passada, um novo pacote de venda de armas para Arábia Saudita e Emirados Árabes no valor de US$ 8 bilhões, com o argumento de que elas estavam sendo usadas em massacres de civis por tropas sauditas no Iêmen e evitar que Trump drible o Congresso em questões de política externa e segurança nacional.

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Os pacotes de venda de armas precisam ter autorização do Legislativo. No último deles, no entanto, o presidente alegou "necessidade emergencial" para concluir a venda. Durante o governo Trump, as compras sauditas cresceram 92% em comparação com o último ano da presidência do democrata Barack Obama, segundo levantamento do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz em Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês).

Em 2016, os sauditas compraram US$ 1,7 bilhão em armas americanas. Esse valor, em 2018, cresceu para US$ 3,35 bilhões. Ainda de acordo com o Sipri, a Arábia Saudita respondeu, no ano passado, por 12% das compras mundiais de armas. Entre 2014 e 2018, o volume de compras de armamentos dos sauditas cresceu 192%.

Analistas são unânimes em atribuir ao menos três razões para essa corrida saudita por armas. O primeiro deles é o conflito com os rebeldes da etnia houthis no Iêmen. A minoria xiita, respaldada pelo Irã, luta pelo controle do país desde a queda de Ali Abdullah Saleh, na esteira da Primavera Árabe, que trouxe instabilidade à região. Os sauditas não aceitam a influência xiita na Península Arábica.

Para Seth Binder, do Projeto sobre Democracia no Oriente Médio, as vendas de armas sob o governo Trump subiram com relação ao período de Obama, que costumava vetar algumas exportações em razão do conflito no Iêmen. "O governo Trump apoiou significativamente a Arábia Saudita no conflito com os houthis", avalia Binder.

O segundo fator que contribui para o aumento na compra de armas americanas pelos sauditas é a crescente tensão com o Irã. Desde que assumiu o poder, Trump tem criticado Teerã e se colocado contra o acordo nuclear alcançado por Obama, em 2015. No ano passado, o pacto foi abandonado pelos EUA, com o apoio tácito da Arábia Saudita, rival regional dos iranianos.

Outro ponto que facilita os negócios entre Washington e Riad é a proximidade de Trump com a casa real da família Saud. Em uma de suas primeiras viagens internacionais, o presidente se aproximou do rei Salman e do príncipe Mohamed Bin Salman, líder de fato do país. O genro de Trump, Jared Kushner, também é um interlocutor do príncipe, acusado de ser o mandante do assassinato, na Turquia, do jornalista saudita Jamal Khashoggi, um duro crítico da monarquia.

Jeff Abramson, pesquisador da Arms Control Association, ressalta que Trump sempre teve os sauditas como foco. "Ele acredita que essas vendas são importantes para sua política externa", diz.

"Trump quer os benefícios das vendas de armas para a Arábia Saudita porque criam empregos em Estados-chave, que serão muito importante para ele na disputa pela reeleição, em 2020", afirma William Hartung, do Center for International Policy.

Para entender

A revolução de 1979 no Irã levou à derrota do xá Reza Pahlevi e mudou as relações entre o que se tornaria uma república islâmica xiita e o reino saudita, de maioria sunita.

Para a Arábia Saudita, a Revolução Islâmica marcou uma tentativa de destronar seu papel hegemônico na região, especialmente porque Teerã tentou exportar sua revolução para outros países do Golfo Pérsico.

Durante a guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1988, os sauditas e os EUA apoiaram Saddam Hussein. Após a revolução, o Irã começou a ser visto pelo Ocidente como uma ameaça para a segurança em razão de suas ambições nucleares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo do Irã rejeitou hoje o aviso dos Estados Unidos contra o fechamento do Estreito de Ormuz. Um comandante da Guarda Revolucionária iraniana afirmou que "nossa resposta a ameaças são ameaças". "Não temos dúvidas sobre nossa capacidade de colocar em prática estratégias defensivas para proteger nossos interesses vitais. Vamos agir mais decisivamente do que nunca", disse o vice-comandante da Guarda, brigadeiro-general Hossein Salami, segundo a agência de notícias Fars.

Ontem, o Irã declarou que seria "realmente muito fácil" para o país fechar o Estreito de Ormuz, via crucial para o transporte de petróleo do Golfo Pérsico. Já a Quinta Frota dos Estados Unidos, sediada no Bahrein, deu um recado claro: não vai permitir o bloqueio do tráfego de navios por meio do Estreito de Ormuz.

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Em entrevista na manhã de quarta-feira à iraniana Press TV, o almirante Habibollah Sayari, chefe da Marinha iraniana, disse que fechar o estreito seria mais fácil "que beber um copo d'água". "Mas hoje (ontem) não precisamos (fechar) o estreito porque nós temos o Mar de Omã sob controle, e podemos controlar o tráfego." Sayari falou no momento em que o Irã está no meio de exercícios navais de dez dias em águas internacionais, ao leste do Estreito de Ormuz, no Golfo de Omã. As informações são da Dow Jones.

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