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O 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, é celebrado em todos os cantos do país com os tradicionais desfiles militares que reúnem autoridades e brasileiros em geral. No entanto, se a data pode ser motivo de comemoração para alguns, uma outra parte da sociedade protestam em um evento realizado nacionalmente: o Grito dos Excluídos. Promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), o ato busca protestar contra injustiças, retirada de direitos e desigualdades sociais.

No Recife, a 24º edição do protesto teve concentração no início da manhã, na praça da Democracia, também conhecida como praça do Derby, área central da capital pernambucana, com a presença de representantes de movimentos sociais e de sindicatos, políticos e manifestantes que se juntaram clamando pela diminuição das desigualdades. O tema deste ano foi “Vida em primeiro lugar” e o lema: “Desigualdade gera violência: basta de privilégios”.

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Na praça, os manifestantes assistiram apresentações artísticas como o da batucada da Nação Mulambo e do Coletivo Siembra. Por volta das 11h, os grupos saíram em caminhada pela avenida Conde da Boa Vista acompanhado de carros de som. 

O presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, ressaltou a importância das pessoas se reunirem para falar sobre seus sonhos. “O Grito dos Excluídos vem mudando o significado do dia 7 de setembro. É preciso denunciar as mazelas e anunciar valores da solidariedade e justiça”, declarou. 

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Mais uma vez, ganhou a cena no ato o boneco Dom Helder Câmara, que já foi considerado, palavras do próprio para João Paulo II, “irmão dos pobres e meu irmão”. A declaração aconteceu, em 1980, quando o pontifício visitou o Recife. Desta vez, o boneco trazia uma faixa vermelha com a frase: “Lula livre”. Muitas pessoas se aproximaram para tirar fotos. 

O polêmico crucifixo onde Lula é comparado a Jesus Cristo, no qual destaca que os dois foram “condenados sem provas” também percorreu as ruas do Centro e atraiu a atenção dos curiosos. Em maio passado, no Dia do Trabalhador, um evento também realizado na Praça do Derby causou ao colocar o boneco de Dom Helder Câmara ao lado de outro no qual Lula aparecia com uma faixa presidencial. 

Para a estudante Maria Clara, o Brasil vive um momento de retrocessos e é necessário gritar para que o governo escute. “Se aceitarmos sempre tudo o que acontece com toda a retirada de direitos, a situação só vai piorar cada vez mais. Não podemos permitir tudo o que está acontecendo. É preciso ir para as ruas e nos unirmos cada vez mais”, disse. 

O evento também fez uma crítica ao governo federal e cartazes pediam “Fora Temer”. Em Belo Horizonte, como um exemplo, a Frente Povo Sem Medo convocou as pessoas para participarem do evento e também reinvidicando a saída do presidente, bem como a reforma do sistema político.

Por sua vez, Temer participou na manhã desta sexta-feira do desfile de 7 de setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Tradicionalmente, o presidente da República abria as comemorações da Independência desfilando no Rolls-Royce conversível da Presidência, no entanto Temer optou por usar um carro preto fechado pela terceira vez. 

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Sobreviventes do vírus Ebola, mas excluídos. Os que foram tratados e sobreviveram estão sendo rejeitados por famílias e vizinhos, diante do temor de que possam disseminar uma doença sem cura. Quem conta isso é o médico brasileiro Maurício Ferri, que acaba de deixar Serra Leoa, depois de dez dias em um dos epicentros do surto. "Quem sobrevivia pedia um certificado para mostrar que estava curado", contou ao Estado em Genebra.

Paranaense de Maringá, Ferri mora em New Jersey e decidiu ajudar a Organização Mundial da Saúde (OMS) em Serra Leoa. Depois de passar pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e pelo Canadá, o médico fazia a primeira viagem para a África e justamente para o "centro de um furacão". Antes, teve de convencer a mulher a deixar que fosse em missão.

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O temor da família não ocorria por acaso. Das 932 mortes até ontem pelo vírus, pelo menos 80 são de médicos e enfermeiras que estavam tratando das pessoas infectadas.

Ferri foi enviado para Kenema, no interior de Serra Leoa, e por dez dias tratou de pacientes infectados pelo Ebola. O surto é o maior já registrado e, até amanhã, a OMS definirá se decreta emergência sanitária mundial. Para o brasileiro, o impacto da doença não é apenas individual, mas coletivo. "Uma sociedade inteira está abalada", contou.

"O problema é muito sério", disse. O drama, segundo ele, vai bem além dos cerca de 50% dos pacientes que acabam morrendo. "Os que sobrevivem se sentem diferentes. Eles sentem que estão sendo olhados de uma forma diferente", disse. "Nós dizíamos aos que se curavam: ‘podem ir para casa’. Mas eles tinham medo e nos pediam até um certificado de que estavam curados, para mostrar às comunidades", relatou.

O problema da estigmatização se somava ao desconhecimento sobre como tratar casos suspeitos. "O retorno dessas pessoas às casas era muito difícil. Muitos passaram a ter medo deles", disse Ferri. O impacto também era sentido nas famílias. "Entrávamos na enfermaria e encontrávamos três ou quatro crianças chorando. Os pais tinham morrido e outros doentes tentavam confortá-las."

Proteção

Depois da morte do principal médico da cidade e de diversas enfermeiras, todo cuidado era pouco. "A rotina era sempre a mesma. Eu acordava e vestia uma verdadeira roupa de astronauta", contou o brasileiro. O macacão branco era acompanhado por máscara, proteção facial e luvas. "Entre os três médicos que atendiam, cada um se monitorava para garantir que, antes de entrar em uma zona de contágio, todos estavam protegidos", explicou.

Em sua enfermaria, eram pelo menos 45 pacientes sendo atendidos por ele e por dois britânicos. "Éramos muito poucos. Tínhamos de fazer tudo. Pegar a veia dos pacientes, preparar a medicação, dar água."

Em um calor de 30 graus e com alta taxa de umidade, Ferri trabalhava por cerca de três horas pela manhã e outras três horas à tarde. A comunicação era ainda outro desafio. Blindado em sua roupa, tinha diante dele pessoas que apenas falavam dialetos tribais e raramente inglês.

O desconhecimento também marcava o grau de tensão. Em um dos dias, ele e os demais funcionários do centro de atendimento tiveram de ser evacuados. Um tumulto havia sido formado na porta, com moradores que acusavam os médicos estrangeiros de inventar uma doença. "Diziam que o Ebola não existia", lembra Ferri. "Mas aqueles que estavam sendo tratados sabiam que estávamos salvando suas vidas."

Propagação

Ferri alerta que "ninguém sabe o que vai acontecer", mas a doença pode se espalhar por outros locais. "O número de casos neste surto é maior do que nos precedentes. É uma situação imprevisível. Mas suspeito que vamos ouvir falar bastante do Ebola ainda."

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Enquanto muitos recifenses preparam a ceia de Natal, uma parte significativa da sociedade estava nas ruas esperando doações. Os “excluídos” do Recife estão todos os dias no centro da cidade e acabam se misturando a outros pedintes que aproveitam o “espírito natalino” para conseguir benefícios. Estes, em sua maioria, possuem moradia e vivem em condições sub-humanas e se juntam aos moradores de rua à espera de donativos. Especialistas criticam a exposição das pessoas a esse tipo de atitude, mas tal comportamento acaba refletindo na desigualdade que impera na região.

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A história dos habitantes das ruas do Recife é semelhante à de outros grupos que vivem em uma sociedade desigual. A maioria não tem perspectiva de vida e sobrevivem através dos seus vícios: o crack, a maconha, a cocaína e as bebidas alcoólicas. Apesar dos percalços, alguns ainda têm esperança de um futuro diferente.

Deni Valério Medeiros (35) mora na rua há dois anos. Usuário de crack, ele saiu de casa, no município de Jaboatão dos Guararapes e ficou, pelas próprias palavras: “sem rumo”. Desde a última sexta-feira (20) está no Centro do Recife em busca de doações. “Ainda fui internado em uma clínica, mas acabei saindo, preferi voltar às ruas, mas me arrependo, quero voltar para lá”, disse Deni, que ao contrário dos outros pedintes que lotavam a Rua do Imperador, estava sentado, esperando qualquer tipo de donativo. “Não me lembro do dia que fui feliz. Fiz coisa errada, mas não quero seguir nesse caminho, é o que eu mais desejo”, relatou.

O artesão Sebastião Marcos Andrade é outro morador de rua que faz parte do cenário do Centro. Ele relatou que foi furtado e perdeu seu material de trabalho. “Eu ando no meio da rua porque Deus não me deu, ainda, aquela condição de chegar dentro da minha casa, eu gosto de trabalhar na rua com artesanato. Preciso de ajuda para voltar a trabalhar”, desabafou o artesão. Questionado sobre para quem ele desejaria feliz Natal, Sebastião se emocionou e lembrou-se do filho que mora em São Paulo. “Meus parentes estão todos por aí. O meu filho está em São Paulo. Fábio te amo, te adoro, só queria dizer isso”, declarou.

A desempregada Raquel Felipe sempre está pelas ruas do bairro das Graças, com nove irmãos, que sobrevivem como flanelinhas na região, ela espera que os seus parentes saiam do mundo das drogas. “Crio o filho do meu irmão que é usuário de drogas há muitos anos. A mãe do filho dele está presa por tentativa de assalto. Meus outros irmãos também são usuários", contou. E encerrou: "Neste Natal eu desejo que o crack acabe”, relatou Raquel.

 

Confira o vídeo com os depoimentos dos moradores de rua:

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Por Aracely Nóbrega 

O candidato a prefeito do Recife Jair Pedro (PSTU) participou do Grito dos Excluídos, na manhã desta sexta-feira (7), distribuindo panfletos com a militância e fez o trajeto do movimento, percorrendo a Avenida Conde da Boa Vista, no Centro da capital pernambucana.

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Em relação a pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), em que o prefeiturável não atinge 1% das intenções de voto, o candidato afirmou que a receptividade da sua candidatura nas ruas não condiz com o resultado do levantamento. "A estatística é uma média, uma parte da população. Tenho sentido outra coisa das pessoas, elas nos procuram, filiam-se ao partido. Estou confiante", disse o Pedro em relação a vitória do pleito municipal.

De acordo com a pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (6), Geraldo Julio (PSB) aparece em primeiro com 34% das intenções de voto, Humberto Costa (PT) está na segunda posição com 26%, Daniel Coelho (PMDB) na terceira colocação com 12%, Mendonça Filho (DEM) em quarto lugar com 9% , Esteves Jacinto (PRTB), que está com a candidatura sob judice, aparece com 2%. Roberto Numeriano (PCB), Edna Costa (PPL) e Jair Pedro (PSTU) não atingiram 1%.

 

O Grito dos Excluídos e das Excluídas que percorreu a Avenida Conde da Boa Vista, na capital pernambucana, na manhã desta sexta-feira (07), reuniu diversos movimentos sociais, membros da Igreja Católica e alguns candidatos à Prefeitura do Recife.

O Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido ressaltou a importância do movimento em seu décimo oitavo ano. "As pastorais sociais estão aqui se mobilizando e se organizando para dizer que estamos unindo todos aqueles que sofrem e têm algo a reclamar. Que pela força da unidade consigamos transformar a sociedade", disse o Dom Fernando.

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Valmir Assis, coordenador do Fórum Dom Hélder Câmara, acredita que o governo estadual e federal criminalizam este tipo de movimento. "O estado se apropria de meios para dizer a sociedade que as lutas e greves são criminosas. Estamos aqui dizendo que há dezoito anos ainda não somos independentes", frisou Valmir. Assis afirmou ainda que Recife vive uma série de conflitos sociais e os candidatos querem passar a imagem de pacíficos. "A gente vê partidos que rasgaram a bandeira e deram as mãos a projetos que não condizem com vários projetos populares".

O petista Humberto Costa esteve no local acompanhado do seu vice João Paulo (PT), cumprimentou eleitores, depois seguiu para outras atividades de campanha. Jair Pedro (PSTU), também esteve na mobilização e acompanhou a caminhada com sua militância.

O diretor do Movimento dos Sem Terra (MST), Jaime Amorim comentou sobre o Grito acontecer no dia em que é comemorada a Independência do Brasil. "Nós viemos construindo um país de desenvolvimento. Essa é uma contestação das comemorações oficiais, só o brasileiro pode construir um país soberado".

Movimentos como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Bicicletada Brasil, Pastoral da Juventude e Pastoral do Idoso, simpatizantes do movimento também prestigiaram o evento. A coordenadora do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Silvia Dantas falou sobre a participação das mulheres no movimento. "Estamos aqui para reivindicar direitos iguais. Enquanto uma mulher morrer vítima de violência, miséria ou fome, estaremos lutando".

De acordo com o Tenente Zovka da Polícia Militar, a estimativa de público é de mil e duzentas pessoas.

 

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