Tópicos | Frederico Toscano

A literatura fantástica produzida em Pernambuco será tema de uma série de debates, com transmissão online, promovida pelo Toca o Terror.  A partir desta terça (27), três autores locais do segmento - Geraldo de Fraga, Frederico Toscano e André Balaio -, falam sobre sua trajetória literária e sobre o crescimento do gênero no país, em bate-papos transmitidos pelo canal do YouTube do coletivo.

Idealizado pelo produtor cultural Jarmeson de Lima, o projeto Diálogos Sobre a Literatura Fantástica em Pernambuco vai trazer ao público, através dos autores convidados, um pouco do cenário local e de como a literatura fantástica vem ganhando adeptos Brasil afora. Representando a produção pernambucana dentro do segmento, estarão na série  os escritores Geraldo de Fraga, Frederico Toscano e André Balaio.  

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Os debates serão exibidos pelo canal do YouTube do Toca o Terror, sempre às 20h. O projeto foi viabilizado pelo Edital de Formação e Pesquisa da Lei Aldir Blanc em Pernambuco e conta com produção da equipe do Toca o Terror.

Programação Diálogos Sobre a Literatura Fantástica em Pernambuco

Terça (27) - Geraldo de Fraga

Quarta (28) - André Balaio

Quinta (29) - Frederico Toscano

Em 1850, Pernambuco e, principalmente, o Recife foram devastados pela febre amarela. Há quem afirme que a moléstia foi trazida ao estado por um marinheiro chamado Mário Icard, vindo já doente a bordo do brigue Alcyon, da Bahia, mas na época ninguém sabia exatamente como ocorria a transmissão. Com a doença se espalhando rapidamente, e entre todas as classes sociais, o Estado foi urgido a agir. Assim, o Conselho Geral de Salubridade Pública, atuando no governo de Francisco do Rego Barros, ordenou expurgos, quarentenas e o recolhimento de doentes a um hospital provisório na Ilha do Nogueira, atual bairro de Brasília Teimosa, zona sul da cidade e que, na época, não passava de um coqueiral pontilhado por choupanas de pescadores.

Com gente adoecendo e morrendo aos montes, passaram a se organizar Procissões de Penitência. É que o povo, desacreditado da ciência e dos médicos, começou a ir às ruas pedir a Deus e aos santos que fossem perdoados de faltas diversas, umas confessadas, outras tantas secretas, além de várias outras que ninguém sabia definir bem quais seriam, ainda mais que morriam da mesma forma adultos e crianças, justos e ímpios, ricos e pobres, nobres e plebeus, culpados e inocentes. Assim, tomavam as vias públicas os flagelados, homens arrastando pesadas cruzes e grossas correntes, aos prantos e pedindo aos céus pelo livramento daquela praga.

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Da Revista do Nordeste, 1945:

“O desfile realizou-se à meia-noite em ponto. Hora morta, hora pressaga, hora de súplicas pelas almas penadas na Terra. E, para aumentar o horror destes atos de mistério, em que os indivíduos se imprecavam mutuamente e mutuamente se torturavam, as irmandades avisavam que tais desfiles não podiam ser acompanhados de mulheres e crianças e, ainda mais, não deviam ser observados das varandas, como ‘infeliz e abusivamente se tem praticado’. E a febre ia devastando sem cessar. Até o Presidente da Província fora atacado. Até o Bispo Diocesano entrara para o rol dos amarelentos”.

Havia quem se aproveitasse do desespero das pessoas para comercializar imagens de santos e outros objetos, “advogados da peste”, como se dizia, que supostamente protegiam os crentes da doença. A epidemia ainda provocou uma curiosa guerra entre os curandeiros do Recife, com homeopatas e alopatas reivindicando para si os restabelecimentos que iam acontecendo. E havia até mesmo figuras públicas locais servindo como uma espécie de garotos-propaganda de um ou outro tratamento, garantindo sua eficácia. Uns defendiam tinturas milagrosas, outros vomitórios e clisteres. Este último procedimento era também conhecido como “chá de bico”, “cristel” ou “enema”.

Era uma espécie de lavagem intestinal caseira, receitada em casos de prisões de ventre persistentes, quando chás purgativos e outros laxantes não davam jeito. Fazia-se uso de um aparelho comum – ainda que, por motivos óbvios, pouco comentado - em algumas casas oitocentistas e mesmo de início do século XX. Consistia geralmente em um conjunto formado por penico, mangueira de borracha e um tipo de torneira. De uma ponta entrava a água, enquanto a outra era introduzida no reto do paciente, e assim se procedia à lavagem interna do enfermo. Para se curar, de constipação ou mais improvavelmente, de febre amarela, valia tudo mesmo.

O surto de febre amarela desorganizou a vida dos recifenses, em praticamente todas as suas esferas: as aulas foram suspensas e as escolas fecharam as portas. O tradicional desfile comemorando o aniversário da constituição do Império do Brasil precisou ser adiado. As igrejas já não tinham mais espaço para tantos mortos. E os jornais se enchiam de notícias de falecimento, notas de pesar ou sonetos fúnebres, estes não apenas escritos, mas também recitados às lágrimas junto às sepulturas que eram abertas e fechadas diariamente.

Foi aí, aliás, que o Estado, aliado às noções mais modernas e científicas de sanitarismo, venceu não só a poderosa Igreja, mas a indignação popular também. Passava-se enfim a proibir os sepultamentos dentro dos templos católicos ou qualquer outro, sob os protestos do povo, que não aceitava que seus mortos fossem enterrados fora da terra consagrada das igrejas. Apesar da gritaria, autorizou-se a construção do Cemitério de Santo Amaro, ao custo de 10 contos de réis à Câmara Municipal do Recife, com projeto do engenheiro José Mamede Alves Ferreira. O terreno foi abençoado em 25 de março de 1850 e, ao fim das obras no ano seguinte, era entregue à população, sob a égide do Senhor Bom Jesus da Redenção. As medidas ajudaram a debelar os novos casos, e a doença, aos poucos e a custo de muito sofrimento, foi afinal desaparecendo do Recife e do resto da província.

Assim, o surto de 1850 transformou a sociedade pernambucana, forçando medidas sanitárias que interrompiam o cotidiano e testavam a fé das pessoas, afetando até a cultura funerária que se praticava até então. E deixou – ou deveria ter deixado – lições preciosas acerca do papel do Estado na manutenção da saúde pública e da importância da ciência no enfrentamento de epidemias, em oposição a crendices e tratamentos infundados. Hoje, em tempos de covid-19 e exatos 170 anos desde que a febre amarela arrasou o Recife, esses ensinamentos precisam urgentemente ser postos em prática.

Por Frederico Toscano

Mestre em História Social do Nordeste pela UFPE, doutor em História Social pela USP

Especial para o LeiaJá

O escritor recifense Frederico Toscano lança, no próximo sábado (8), seu primeiro trabalho de ficção, o livro Carapaça Escura. O lançamento acontece no Café Castigliani, onde o autor recebe o público para uma tarde de autógrafos acompanhada de bate papo sobre a obra com o professor André de Sena. O evento começa às 16h.

Vencedor no terceiro lugar prêmio Jabuti com seu livro de estreia, na categoria Gastronomia, Toscano, agora, aposta em sua obra de ficção. Carapaça Escura traz 10 contos de terror, ambientados em cenários pernambucanos. As histórias passam pelo litoral e sertão, entrando em favelas e em casa abastadas, com fatos insólitos levados a contextos reais.

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No livro, o autor também faz uso do horror para promover críticas à sociedade atual, apesar de trabalhar diversas temporalidades como em contos que se passam na década de 1960. Carapaça Escura é um lançamento da editora Patuá, de São Paulo.

Serviço

Lançamento do livro Carapaça Escura

Sábado (8) - 16h

Café Castigliani (Estrada do Encanamento, 323 - Parnamirim)

 

A megalomania e o provincianismo recifense são tema de um livro, que contém 11 contos. 'A maior cidade pequena do mundo em linha reta' é de iniciativa do jornalista e escritor Gil Luiz Mendes. São 11 autores, das mais diversas áreas, jornalistas, músicos, publicitários e historiadores. As narrativas são declarações ao Recife, seu modo peculiar que transitam entre ficção e lendas que todo morador da capital pernambucana já ouviu.

“Meu primeiro livro ‘Palas, contos e cantadas do Centro do Recife’, tem como cenário os bairros que compõe os bairros centrais. Muita gente falou que queria ler histórias que se passassem em outros bairros da cidade”, contou o jornalista. “Paralelo a isso, comecei a pensar sobre a criação de um selo literário para novos autores da região. Juntei as duas coisas. Em vez de fazer um livro sozinho, convidei algumas pessoas que tinha alguma veia literária para compor o livro comigo”, complementou. 

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Entre os convidados estão Geraldo de Fraga, Felipe Mendes, Frederico Toscano, Mauro Rossiter, Tiago da Rocha, Jr. Black, Nathália Dielú, Gustavo Carvalho e Franco Benites. Os contos, que brincam com o espírito megalomaníaco alimentado por cada recifense, foram selecionados a partir do significado que carrega a narrativa e o bairro apresentado. “Poderia ser comédia, romance, terror. O importante é que o cenário de alguma forma também fosse protagonista da narrativa”, conta Gil.

“Era inevitável que caíssemos nessa piada (megalomania recifense). Confesso que não foi proposital. Quando estava com as 11 histórias nas mãos percebi que o que ligava uma as outras era a megalomania e provincianismo recifense. Algo que fica mais fácil perceber quando você passa um tempo fora da cidade e que é tão presente no dia a dia de quem mora no Recife”, destaca.

'A maior cidade pequena do mundo em linha reta' tem previsão de lançamento para outubro de 2017 pelo selo literário ‘Badoque Livros’. Os autores estão com pré-venda online da obra para custear a impressão dos exemplares e custos editoriais. A cada exemplar adquirido, o colaborador ganha recompensas. A campanha se encerra na próxima segunda-feira (31). 

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Uma feliz coincidência fez com que mais de 200 fotos do pernambucano Ivan Granville fossem recuperadas e reunidas em um livro, que será lançado no Recife, na próxima quinta-feira (27), às 19h, na Galeria Arte Plural, Rua da Moeda. Ao ver uma fotografia publicada em uma rede social, o escritor e historiador Frederico Toscano percebeu que o autor tinha o mesmo sobrenome de uma amiga da família.

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Ao entrar em contato com ela, descobriu que se tratava do seu avô, e que uma boa parte do seu acervo ainda existia. "Ivan era um entusiasta da fotografia. Ele era amador, mas tinha bons equipamentos e foi membro do Foto Cine Clube do Recife", explica Frederico, que além de ficar responsável por organizar a publicação, escreveu os textos de pesquisa e as legendas que acompanham as fotos.

O livro, publicado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), que também digitalizou o acervo, ganhou o nome de "O Terceiro Homem: A fotografia e o Recife de Ivan Granville". O registros são datados do final da década de 1920 até meados dos anos 1960. Pelas lentes do pernambucano, passaram cenários do Recife, Olinda e de algumas cidades do interior, além de manifestações culturais como procissões e o Carnaval.

Ivan morreu em 1975, com 65 anos. Todo o acervo que deixou, tanto os registros que entraram no livro como os que ficaram de fora, foi doado à Fundação Joaquim Nabuco como forma de preservar seu trabalho e a memória da cidade. "Uma coisa boa era que ele colocava as datas da fotos e isso facilitou muito. Os filmes das máquinas, porém, foram perdidos. Como não dava para revelar de novo e ampliar, as fotos estão no livro como estavam guardadas, mas foram escaneadas em alta qualidade e passaram por tratamento", explica Frederico.

Serviço:

Lançamento do Livro: O Terceiro Homem: A fotografia e o Recife de Ivan Granville

Quinta-feira (27) - 19h

Galeria Arte Plural, Rua da Moeda, Recife Antigo

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