Tópicos | Gilson Matias

[@#galeria#@]

Lançado no dia 9 de agosto pelo Ministério da Cultura (MinC), o edital do Concurso Cultura 2014, que selecionará atividades artísticas para apresentações durante a Copa do Mundo da FIFA Brasil, com investimento de R$ 19 milhões, lista o Teatro do Parque, no Centro do Recife, como um equipamento cultural disponível para as intervenções. O teatro, no entanto, encontra-se fechado desde 2010, com previsão de reabertura apenas para 2015, um ano após a realização do evento esportivo.

##RECOMENDA##

Segundo informações divulgadas em agosto deste ano pela Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR), a entrega do teatro está prevista para o ano do centenário do equipamento (2015), mas as obras ainda não foram iniciadas. O LeiaJá esteve recentemente no Teatro do Parque e captou imagens exclusivas do estado de abandono em que se encontra o local.

Na lista de equipamentos culturais disponibilizada pelo MinC no edital, o Teatro do Parque figura no topo como um dos espaços que podem receber  projetos culturais. O link oferece inclusive e-mails e telefones para contato de uma representante provisória do espaço, identificada como Xislane Ramos.

No entanto, a responsável pelo Teatro do Parque - segundo a prefeitura - é Carmem Piquet, gestora da Unidade de Museus e Teatros da FCCR. Para a Prefeitura do Recife (PCR), houve falha na comunicação na hora de repassar para o MinC os equipamentos culturais disponíveis para o edital. Por outro lado, a PCR ressaltou que no edital do Concurso Cultural 2014 existe um item sobre os documentos necessários para aprovação do projeto, entre eles uma carta de anuência emitida pela prefeitura. Procurada pelo LeiaJá, Carmen Piquet informou que até o momento ninguém solicitou a carta de anuência que liberaria o Teatro do Parque para uso durante a Copa.

De fato, no item 15 do edital, que trata destes documentos, está especificado que o interessado deve solicitar uma “carta de anuência da prefeitura, ou do ente público responsável pelo espaço físico, no caso de realização de atividade em local público. Esse documento deverá atestar a aprovação e a disponibilidade do espaço físico no período de execução mencionado no projeto”. Ou seja, o proponente que incluir o Teatro do Parque em seu projeto terá o pedido negado e precisará procurar outro local para a sua intervenção artística.

O LeiaJá entrou também em contato com a Representação Regional Nordeste do Minc (RRNE/MinC) para saber porque o teatro está no edital. De acordo com Gilson Matias, chefe da Regional, “A Prefeitura do Recife foi quem repassou para o Ministério da Cultura as informações sobre os equipamentos culturais, através da Secretaria da Copa municipal”.

O Teatro do Parque

O prédio que abriga o Parque tem arquitetura em art nouveau e foi inaugurado em 24 de agosto de 1915, após ter sido construído pelo comerciante português Bento de Aguiar. A primeira reforma aconteceu em 1929, e a segunda em 1995. No dia 24 de agosto desse ano, data que marcou o 98º aniversário do Teatro do Parque, artistas se mobilizaram em protesto chamado de Ocuparque pedindo urgência na reforma.

[@#galeria#@]

O Vale-Cultura, criado pelo Ministério da Cultura (MinC) está com o cadastramento aberto para as empresas interessadas desde o dia 23 de setembro, mas ainda não chegou a todo o Brasil. Até agora, o projeto só foi apresentado ao empresariado no Sul e Sudeste, onde há maior concentração de indústrias e empresas, mas continua desconhecido em outros Estados do país, incluindo Pernambuco, reconhecidamenteum celeiro cultural do Brasil.

##RECOMENDA##

A Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) e a Câmara dos Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), procuradas pelo LeiaJá, não quiseram se pronunciar sobre o Vale Cultura, alegando ainda desconhecerem o assunto. Um dado que revela a que ponto está a falta de informação sobre o benefício. É necessário que os empresários inscrevam suas empresas no projeto para que seus funcionários tenham direito ao Vale-Cultura.

O chefe da Representação Regional Nordeste do MinC (RRNE/MinC), Gilson Matias, afirma que a proposta é a ministra Marta Suplicy se dedicar a apresentar o benefício em todos os cantos do país. "Ainda não temos as datas confirmadas, mas a ideia é que as visitas, pelo menos aqui no Nordeste, aconteçam até o final do ano”, revelou Gilson ao LeiaJá.

"Antes foi necessário, até por uma questão estratégica, que a gente realizasse primeiro um evento convidativo ao empresariado do eixo Sul-Sudeste. Assim, o Val- Cultura já começaria com força”, completa o chefe da RRNE/MinC. Ao todo, 855 empresas se inscreveram até aqui. "Este número é bastante representativo diante do fato de que faz pouco mais de 30 dias que o benefício foi lançado”, ressalta Gilson.

No Nordeste, assim que o Governo Federal divulgar a data do convite para o empresariado local participar do benefício, a Representação Regional do MinC fará um trabalho de articulação. "Entraremos em contato com a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), com as Secretarias de Cultura de Pernambuco e do Recife, com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), com a imprensa local e os outros envolvidos. A ideia é trazer todos para perto e discutirmos sobre o assunto”, explica Matias.

Opinião de artistas e empresários

Fred 04, vocalista da banda Mundo Livre S/A, é um artista com experiência em gestão cultural, tendo passagem inclusive pela Secretaria de Cultura do Recife como assessor. Para ele, a medida vai refletir positivamente na economia da cultura. “Acho que qualquer coisa que venha injetar recursos nesta área é sempre positiva. Outra coisa boa que vai acontecer é que o grande público, bombardeado por uma programação comercial, terá acesso a atividades alternativas que antes não tinha”, avalia.

Outro ponto observado pelo músico é que o Vale-Cultura pode incentivar os recifenses a pagarem para ir a um evento. “Vai dar também uma estimulada nas produtoras. Muitas delas reclamam que aqui no Recife o público está acostumado a ver shows gratuitos. Agora estes cidadãos terão recursos para pagar para ir numa festa legal”, opina.

Jarmeson de Lima, um dos produtores do Festival No Ar: Coquetel Molotov, também enxerga melhorias com o benefício oferecido pelo Governo Federal. “Vai ser bem benéfico, principalmente pra quem não está acostumado a ir a eventos que não sejam os gratuitos. O calendário no meio do ano é fraco de exposições, espetáculos, então esse vale vai dar uma movimentada legal nesse sentido”, pontua.

Diretor de Marketing da Eventick, empresa que vende ingressos pela internet, André Braga acredita que, da forma que está sendo apresentado, o Vale-Cultura pode não ter a aceitação esperada por parte do empresariado. “No Brasil não existe uma cultura forte de incentivo à qualidade de vida dos funcionários e, no final, o que importa é o bolso, em parte culpa da imensa tributação trabalhista que faz com que o empresário já invista demais para contratar um funcionário”.

Vale-Cultura

Válido em todo território nacional, o vale vai possibilitar ao trabalhador de carteira assinada ir ao teatro, cinema, museus, espetáculos, shows, circo ou mesmo comprar ou alugar CDs, DVDs, livros, revistas e jornais. Também pode ser usado para fazer cursos de artes, audiovisual, dança, circo, fotografia, música, literatura ou teatro.

O valor mensal do cartão é R$ 50. Caso não seja usado, o benefício acumula, não havendo perdas para o trabalhador. Os trabalhadores que solicitarem este benefício terão descontados no salário 10% do valor, ou seja, R$ 5. O Vale-Cultura é oferecido a trabalhadores que ganham até cinco salários mínimos. Quem ganha acima disso podem solicitar o cartão, mas o desconto será superior a 10% em seu salário.

O Ministério da Cultura – MinC tem, no Recife, a sede da sua Regional Nordeste, que condensa a gestão cultural de sete Estados da região. Recentemente, houve uma troca na chefia da Regional, que passou a ser comandada pelo potiguar Gilson Matias. Com experiência em mobilização social e na área da educação, o gestor já foi o chefe de gabinete da Fundação José Augusto, no Rio Grande do Norte, entre 2007 e 2010 e estava lotado no MEC. Em entrevista exclusiva para o LeiaJá, Matias desenha quais as ações prioritárias em sua gestão, como vai lidar com as pressões e a relação entre os Estados, e sobre a não adesão de Pernambuco ao Sistema Nacional de Cultura.

Você vem de uma experiência bastante ligada à educação. Era inclusive do Ministério da Educação quando foi chamado para assumir a Regional Nordeste do Ministério da Cultura. De onde vem a sua interação com a cultura?
Na verdade, a minha história começa na cultura. Eu sou um brincante de Bambelô, também chamado de Pau furado. Quando a festa ia para a rua eu era um dos que se aliava à roda da dança (Bambelô é um tipo de coco de roda). Saí do interior – eu sou de São José de Mipibu – para estudar e, quando retornei, criei uma associação cultural de resgate das danças quase desaparecidas da cidade. Segundo Câmara Cascudo, nós tínhamos o melhor Bambelô e a melhor chegança da região. Nós começamos o movimento desta retomada na universidade e por aí acabei chegando à educação, quando fui chamado para ser professor. Mas sempre estive com o pé dentro da cultura. Em 2007 eu assumo a chefia de gabinete da Fundação José Augusto, órgão equivalente à secretaria de cultura do Rio Grande do Norte, e é quando eu entro com os dois pés na questão da cultura. Quando termina a gestão, fui convidado pelo MEC para ser o coordenador nacional do Plano de Mobilização Social pela Educação. Seis meses depois recebi a missão de vir ao Recife chefiar a Regional do MinC.

##RECOMENDA##

Quais as orientações que você recebeu da ministra Marta Suplicy quando foi chamado para assumir a Regional?
A primeira ação é chegar a 2020 com esse país tendo estabelecido o Sistema Nacional de Cultura. Não é fácil, porque você não pode chegar e dizer que tem que acontecer, tem que ir para o convencimento do gestor municipal e estadual para que façam a adesão. E a cada dois anos você tem uma mudança de gestor, hora municipal, hora estadual. Várias cidades do Nordeste fizeram a adesão, mas com a mudança de gestor o processo foi quase reiniciado. Outra missão é o Pronatec - Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e Emprego, que vai atender a duas metas do Plano Nacional de Cultura: trabalhar a inclusão e a qualidade dos serviços. Educação e cultura são siamesas, não tem como trabalhar uma ação de educação sem cultura ou de cultura sem educação. Temos que trabalhar com essa visão pedagógica da coisa. Já estivemos em reunião com a Secult-PE para fechar a primeira ação do Pronatec para o Estado, com cursos na área de produtor cultural, de línguas e de moda. Outro ponto é o Programa Cultura Viva. Dia 25 de março estou indo a Brasília para trabalhar o redesenho que aconteceu no Cultura Viva em 2012.

No último ano, correu o boato de que se pretendia mudar a sede da Regional, calcado principalmente em uma briga de diferentes Estados do Nordeste por atenção. Há realmente este plano? Como você pretende equalizar as pressões e a relação entre os Estados atendidos pela Regional?
Não existe no Planalto essa conversa de mudar a sede. Pernambuco é uma grande expressão, isso não precisa nem se falar, e está no centro do Nordeste, então é muito mais fácil o deslocamento, não só literalmente, mas a capilaridade das ações culturais. Quem fala é porque torce para que as coisas não possam acontecer. A partir de abril, temos uma agenda de circulação com cada Estado encontrando os gestores estaduais e municipais. Pretendo passar pelo menos três dias em cada Estado para se ter uma radiografia, porque cada um é muito específico. O que queremos é criar esse diálogo sem terrorismo. Nós temos que atender a todos os sete Estados envolvidos com a Regional.

Uma das principais críticas em relação à gestão anterior do MinC foi a interrupção de um processo de diálogo com a sociedade civil. Como você pretende se relacionar com as classes artísticas e que ações pretende implantar para garantir essa interlocução?
Já chegamos a ter uma conversa tímida com o Fórum da Música de Pernambuco, haja vista que ainda estou chegando, tomando pé. A mobilização possibilita muito o diálogo, e estamos abertos para este diálogo. O grande diálogo nosso será com o Cultura Viva, diretamente com os grupos, com todas as linguagens da cultura. Estarei em Brasília nos dias 25, 26 e 27 de março, quando vai ser trabalhado todo esse redesenho do Cultura Viva com toda a sociedade civil. Se não formos provocados, vamos começar a provocar essa interlocução. A Regional só funciona se nós estabelecermos um diálogo com a sociedade civil organizada. Estamos abertos ao diálogo e às críticas, é preciso que isso aconteça. Mas é para conversar e encaminhar, não é só conversa. Gosto muito trabalhar com cumprimento de metas, prazos.

Não seria incorreto dizer que o Sistema Nacional de Cultura teve sua fagulha inicial em Pernambuco. Hoje o gestor do sistema é Roberto Peixe, ex-secretário de cultura do Recife, quando a cidade virou referência em gestão cultural. No entanto, Pernambuco é exatamente o único Estado do Nordeste que ainda não aderiu ao SNC. A sede da Regional é aqui e você já disse que o Sistema é prioridade do ministério. Já começaram as conversas com o governo estadual para a entrada de Pernambuco no SNC?
Ainda não, mas iremos fazer um apelo ao governador. Ele tem sensibilidade e tenho certeza que Pernambuco vai fazer sua adesão. Vamos conversar com o Conselho de cultura do Estado, que tem que mudar. Tenho certeza que o conselho vai conversar com o governador e ele será sensibilizado à adesão. O sistema não fechou, não é um edital, está aberto indefinidamente. O ministério respeita, são entes da federação, temos que dialogar para que se possa fazer a adesão. A gente torce para que seja para todos juntos, mas se o Estado percebe que ainda não é o tempo, vamos torcer para que esse tempo seja curto. Os artistas, produtores culturais e quem é ligado à cultura com certeza vão sensibilizar o governador. A própria sociedade civil vai também vai fazer sua parte e com certeza Pernambuco fará sua adesão. Gostaria muito que fosse agora, neste primeiro momento. E o governo vai perceber que todos os municípios estão fazendo sua adesão. Quem aderir até o dia 31 de março estará participando deste primeiro momento do Sistema Nacional de Cultural.

Que impacto você acha que terá o estabelecimento a contento do SNC no fazer cultural e na gestão de cultura do país?
Primeiro é que tornamos constitucionais os valores financeiros, fica estabelecido o orçamento da cultura. Hoje a cultura não tem seu orçamento próprio, a qualquer momento ele pode ser alterado. O gestor não poderá mexer mais nessa verba. Além disso, você tem todas as instâncias que estabelecerão o diálogo com a sociedade, como o fórum, o conselho, o fundo, o plano, todos elementos do sistema. Você passa a ter uma ação gestora plena na cultura.

Após cerca de dois meses, finalmente o ministério da Cultura empossou o novo chefe da Regional Nordeste, sediada no Recife. O potiguar Gilson Matias foi nomeado no último dia 26 de fevereiro, assumindo a vaga que estava em aberto desde a saída de Fábio Henrique Lima, no início de janeiro.

Assim como seu antecessor, Gilson Matias é do Rio Grande do Norte. Professor, Matias é ligado à militância em cultura popular e educação. Foi chefe de gabinete da Fundação José Augusto e estava no Ministério da Educação, na Secretaria Executiva Adjunta, coordenando o plano de mobilização social pela educação.

O convite teria sido feito pela ministra Marta Suplicy em uma reunião realizada no dia 16 de janeiro. Entre os desafios que encontrará no exercício da função estão a adesão de municípios nordestinos ao Sistema Nacional de Cultura, bem como do Estado de Pernambuco, único do NOrdeste que ainda não aderiu ao SNC.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando