O Senado Federal abriu, por meio da plataforma e-cidadania, uma consulta pública que analisa a obrigação da oferta de homeopatia na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa ficará aberta até o dia 27 de dezembro deste ano; e caso consiga o apoio de 20 mil cidadãos, a ideia se tornará uma Sugestão Legislativa e será debatida pelos parlamentares da casa.
Rodeada de controvérsias pela ausência de evidências científicas nos seus tratamentos, a homeopatia continua sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como uma especialidade médica e tem seus procedimentos adotados por parte da população.
##RECOMENDA##Iniciativa do médico homeopata Hylton Luz, a pesquisa afirma, em seu texto de apresentação, que este tratamento é acessível pela rede SUS em menos de duas centenas de municípios País. O que, segundo ele, configura déficit democrático na saúde.
Recentemente, houve uma polêmica envolvendo o tema. A microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), e o jornalista Carlos Orsi, diretor da entidade, se debruçaram sobre métodos que são considerados pela maioria da comunidade científica como pseudociências ou crenças sem fundamento. Um dos capítulos da obra trata da homeopatia.
Como os próprios autores descrevem na obra, o objetivo não é "desqualificar ou demonizar" quem acredita em práticas sem comprovação, mas mostrar que eles podem ter sido vítimas de um "marketing perverso e de uma sociedade que não investe em letramento científico e ensino de pensamento crítico e racional".
O livro ainda possui capítulos que tratam de astrologia, constelação familiar, curas naturais e energéticas, acupuntura e psicanálise.
Em 1799, o médico alemão Samuel Hahnemann [foto] fundou a homeopatia ao desafiar os métodos tradicionais de cura da época, afirmando que os procedimentos feitos por seus colegas de profissão eram "grotescos". Desapontado, abandonou a medicina convencional e desenvolveu um método com substâncias que provocassem uma enfermidade similar e despertasse a imunidade, evitando intoxicações. "Através do que a doença é produzida, podemos curar o corpo", afirmava. A princípio, Hahnemann começou com grandes doses; devido ao insucesso, só percebeu os efeitos positivos ao diluir as substâncias através da dinamização (fortes agitações), e ministrá-las em pequenas porcentagens. Seu primeiro feito com homeopáticos foi o controle de uma epidemia de escarlatina, utilizando como matéria-prima a planta Beladona.
Derivada das palavras gregas 'homoios' (semelhante) e 'pathos' (sofrimento), a homeopatia se apoia no lema "similia similibus curentur", ou “semelhante cura semelhante”, para otimizar o poder da autocura, aliando alimentação saudável a fármacos livres de toxidade. Foi o que garantiu o balconista Fabiano Carneiro, que atende há 25 anos em uma farmácia de produtos homeopáticos. Atrás do balcão, aromatizado pelo frescor da Lavanda Ingleza, ele contou que "geralmente as pessoas recorrem por não haver contraindicações, reações adversas e não causar dependência. Os alopáticos são uma faca de dois gumes, se você realmente ler a bula, desiste de tomar". Para os céticos, é importante entender que a medicina tradicional segue a essência da semelhança vista na homeopatia, sobretudo, na radioterapia que trata certos tipos de câncer, ou no processo de vacinação, por exemplo.
Em um ambiente harmonioso e convidativo, o médico integrativo Celerino Carriconde mostra sua "farmácia verde" e conversa com seus “convidados” (já é contra o termo “paciente”) para saber sobre todas as particularidades que os envolve. O presidente do Centro Nordestino de Medicina Popular acredita na “cura quântica”, e para isso é preciso compreender o ser humano longe de um atendimento mecanizado, “a terapia é uma questão de ‘amorização’ e harmonização, é isso que levanta a imunidade. O perdão alimenta mais o espírito que o ódio”, declarou.