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Prédios desabados, vidros quebrados e vários moradores nas ruas: esta é a paisagem deixada por um forte terremoto registrado em Creta, na manhã desta segunda-feira (27), com balanço de um morto e 11 feridos.

"Saiam, não fiquem em casa", gritou Maria, enquanto corria para fora de casa, atingida pelo terremoto na localidade de Arkalochori, a mais afetada pelo abalo sísmico.

A terra tremeu às 9h17 locais de hoje (3h17 no horário de Brasília), nesta cidade agrícola de 10.000 habitantes, situada a cerca de 30 quilômetros de Heraklion, a capital de Creta. Esta é a ilha mais importante da Grécia.

Tratou-se de um terremoto de magnitude 5,8, conforme o Observatório Geodinâmico de Atenas, e 6, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês). Seu epicentro foi registrado a 346 quilômetros ao sul de Atenas, a uma profundidade de 10 quilômetros, de acordo com o Observatório de Atenas.

Depois do primeiro sismo, o Observatório de Atenas registrou mais de 30 tremores secundários em cinco horas. O mais intenso deles foi de magnitude 4,6.

"É um terremoto que não esperávamos. No momento, há réplicas de 4,5", afirmou o presidente da Agência de Proteção Antissísmico, o sismólogo Efthymis Lekkas, citado pela agência de notícias grega ANA.

Acompanhado por Lekkas e por uma equipe dos serviços contra catástrofes naturais (Emak), o ministro da Proteção Civil, Christos Stylianides, viajou para Creta.

Um operário que trabalhava em uma pequena igreja morreu soterrado na queda do telhado provocada pelo terremoto.

"Onze pessoas foram hospitalizadas, principalmente por fraturas", disse um porta-voz dos serviços de emergência à AFP.

- População em pânico -

No centro de Arkalochori, moradores assustados correram para as ruas. Debaixo de uma árvore, Evangelia Christaki, de 62 anos, cuida do marido deficiente, de 67, e da sogra, de 96, cuja casa foi totalmente destruída.

"Quando aconteceu, eu estava em casa. Tudo caiu. Agarrei meu marido, e saímos", contou Evangelia à AFP.

"Felizmente, nossa casa não sofreu muitos danos, mas as autoridades nos pediram para ficarmos do lado de fora nas próximas horas. De qualquer modo, estamos muito assustados", acrescenta.

Em Arkalochori, dezenas de casas antigas ou abandonadas desabaram, disse o porta-voz da Defesa Civil, Spyros Georgiou, à AFP. Imagens divulgadas pela televisão pública ERT também mostraram danos em outras localidades perto de Heraklion.

O Exército e os bombeiros ergueram barracas para acolher os desabrigados.

A Grécia está situada em falhas geológicas, e terremotos são frequentes.

Em 3 de março, um terremoto registrado no centro do país, em Elassona, deixou um morto e dez feridos. Em 30 de outubro de 2020, um sismo de magnitude 7 sacudiu o Mar Egeu entre a ilha grega de Samos e a cidade turca de Izmir. Deixou duas vítimas fatais na Grécia, e 114, na Turquia.

Cerca de 6.000 dos 13.000 refugiados que ficaram desabrigados após o incêndio devastador no campo de Moria, na ilha de Lesbos, já estão instalados no novo acampamento habilitado e entre eles há 157 casos positivos de coronavírus, disseram as autoridades gregas nesta sexta-feira (18).

Um total de "6.000 pessoas entraram no campo, entre elas há 157 casos positivos" de covid-19, disse Alexandros Ragavas, porta-voz do ministério grego das Migrações.

Desde o incêndio ocorrido na noite de 8 para 9 de setembro, esses milhares de migrantes, que viviam em deploráveis condições de higiene e segurança em Moria, se viram ao ar livre e passaram a dormir nas estradas, nos estacionamentos ou mesmo no cemitério da ilha.

Muitos deles estavam relutantes em entrar no novo campo porque temiam ficar presos no local por um longo tempo sem que sua situação legal progredisse.

Mas as ameaças da polícia e das autoridades, que os advertiram de que não processariam seus pedidos de asilo se não entrassem no novo campo, fizeram com que milhares de pessoas aceitassem.

Após sua chegada, todos os refugiados são submetidos a um teste de diagnóstico para verificar se estão infectados com o novo coronavírus. Se for esse o caso, são isolados em uma zona de quarentena.

Este novo acampamento terá capacidade para acomodar entre 8.000 e 10.000 pessoas.

Em nota, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lembrou nesta sexta-feira que este campo era uma "solução provisória" e destacou que a permanência desses migrantes em Lesbos não deve ser perpetuada.

Paralelamente, Moria, descrito por muitas ONGs como "a vergonha da Europa", será demolido em breve.

As poucas pessoas que permaneceram entre suas ruínas foram evacuadas nesta sexta-feira.

A temporada turística já começou, mas, ao desembarcar em Mikonos, o panorama é impressionante: geralmente cheia de estrangeiros endinheirados, a popular ilha grega se transformou em um território fantasma de becos desertos e lojas fechadas.

Da janela do avião, alguns moradores e jornalistas - os únicos autorizados a desembarcar na ilha desde o início da pandemia de coronavírus - observam as casas cicládicas banhadas pelo sol, com as janelas fechadas, e as piscinas, vazias.

Apesar de a Grécia já estar em uma fase de desconfinamento, e suas lojas poderem abrir desde 11 de maio, Mikonos parece "uma cidade fantasma, não há ninguém nas ruas, é horrível", disse Lorraine McDermott à AFP, que há 26 anos vive nessa ilha do mar Egeu.

"Normalmente, tem gente, barulho e música em todos os lugares, uma circulação enorme", lembra esta irlandesa, casada com um grego, que aluga quatro quartos no labirinto de becos da antiga cidade de Mikonos.

Em 65 anos de atividade, "nunca vi um deserto como esse", afirma Nikos Degaitis, de 86 anos, sentado em um degrau de sua loja de lembranças de viagem, a mais antiga de Mikonos.

"Tenho medo de abrir minha loja, atender clientes e vender um ímã", lamenta o velho. "Não suporto usar máscara [...] prefiro tê-la fechada e dormir em paz", comenta.

"As regras são muito severas. Como respeitar as medidas [de distanciamento social] em uma ruazinha tão estreita?", pergunta seu neto, George Dasouras, que trabalha nos negócios da família.

"Tudo vai depender do número de clientes", diz Vassilis Theodoropoulos, que também não pensa em reabrir seu hotel no final de junho, quando estará autorizado a fazer isso.

"E se houver um caso COVID-19 no hotel e eu tiver que fechar, e isso acontecer o tempo todo, durante toda a temporada?", questiona, preocupado.

Até agora, o coronavírus deixou 152 mortos no país. Apenas dois casos de contágio foram registrados na ilha.

- 'Ano perdido'

Na famosa praia "Paradise", território privilegiado do "jet set" todos os anos, você pode ouvir o canto dos pássaros, em lugar dos alto-falantes do clube de praia Tropicana que geralmente ressoam.

"Está completamente vazio", suspira Damianos Daklidis, de 24 anos, dono do clube e do hotel de luxo nas proximidades, que acaba de ser "completamente reformado".

Nesta sexta-feira, Atenas deve anunciar uma série de medidas para tranquilizar os turistas, na tentativa de recuperá-los o mais rápido possível, seja por via aérea, ou marítima.

"Teremos turistas, apenas não sabemos quantos", disse o porta-voz do governo, Stelios Petsas.

Ontem, o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis prometeu "encontrar uma maneira de trazer as pessoas de volta com total segurança" e disse que os turistas podem começar a chegar ao país "a partir do final de julho".

"Os cruzeiros não chegarão, eles são o alvo favorito do vírus", diz a guia turística Ariadne Voulgari, prevendo um ano "perdido".

"Se Mikonos não funcionar, toda Grécia será afetada", acrescenta ela.

O turismo representa 12% do PIB da Grécia. De acordo com a pasta responsável, a receita do setor no país cairá de 18 bilhões para 8 bilhões de euros.

"Esperávamos uma temporada difícil, mas é muito pior do que imaginávamos", afirma Marilena Gourgoutzi em seu restaurante quase vazio na ilha grega de Lesbos, que tenta se desvencilhar da imagem da crise migratória que espantou o turismo.

Em Molivos, uma localidade da parte norte onde fica o restaurante, a taxa de ocupação hoteleira no fim de julho foi de apenas 10%. Theo Vathis, de 74 anos, e sua esposa Maria, donos do hotel Akti há 40 anos, têm agora dificuldades para pagar juros e empréstimos bancários.

Há um ano, o homem passava seus dias levando em sua caminhonete dezenas de refugiados que chegavam à praia de Molivos até os centros de abrigo, a fim de poupar-lhes uma longa caminhada. "Nessa época ainda não havia ONGs. Lhes dávamos roupas, cobertores, comida", conta.

Cerca de 800.000 refugiados, em sua maioria sírios e iraquianos, transitaram por Lesbos em 2015, procedentes de Turquia, com a esperança de chegar a países de Europa setentrional. As praias de Molivos, Etfalou e Skala Sikamia, foram cobertas de coletes salva-vidas e lanchas infláveis, rendendo fotos do êxodo maciço divulgadas no mundo todo.

Atualmente ainda se podem ver, mas nas lixeiras da ilha.

Imagens de miséria

No ano passado, Yorgos Fragoulis, que fabrica bijuterias com material reciclável, dava 10% de sua renda a uma ONG que ajuda os refugiados. Este ano, destina essa mesma quantia a outra entidade que ajuda gregos pobres.

"A situação piorou por culpa do governo, que atraiu para a Grécia muitos imigrantes (...), e dos jornalistas, gregos e estrangeiros, que divulgam imagens de miséria", afirma Vathis.

"Muitos veículos (de comunicação) continuam divulgando essas imagens de migrantes afogados e de praias sujas", apesar da situação ter mudado bastante graças aos acordos de março entre a União Europeia (UE) e a Turquia, lamenta Marilena Gourgoutzi.

"É injusto!", concorda Vaguelis Mirsinias, presidente da Câmara de Comércio de Lesbos.

Os acordos, que determinam que os migrantes devem retornar à Turquia, reduziram as chegadas de várias milhares de pessoas por dia a umas poucas dezenas atualmente. Também reduziram o número dos terríveis naufrágios.

Nas ilhas gregas situadas perto da Turquia, restam somente 9.000 migrantes, 3.600 deles em Lesbos. O gigantesco acampamento da zona portuária foi desmontado, e todos estão alojados em estruturas do exército e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"Todos os que agradeceram aos moradores de Lesbos pela ajuda que deram aos refugiados deveriam apoiar o turismo", pede Mirsinias, referindo-se à lista de personalidades que vão do papa Francisco à atriz Angelina Jolie, passando pelo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, que visitaram a ilha para expressar seu apoio aos migrantes.

"Já está tudo limpo"

"Já está tudo limpo. A ilha recuperará seu ritmo", garante o prefeito da ilha, Spiros Galinos. O número de turistas em junho foi 64% inferior ao do mesmo mês de 2015 e a aterrizagem de voos charter caiu de 27 para 9 por semana, de acordo com Galinos.

O prefeito espera que a situação melhore e que essa temporada atraia um total de 80.000 visitantes, em comparação à média de 120.000 nos anos anteriores.

Nas últimas semanas, os turistas chegavam principalmente de outras regiões da Grécia e da Turquia, com estadias menos prolongadas que as dos alemães, britânicos e holandeses que costumavam lotar as praias da ilha antes da crise migratória.

A tentativa frustrada de golpe de Estado da semana passada na Turquia, que proibiu as saídas do país, foi um novo problema para a ilha. Marilena Gourgoutzi, que tinha se entusiasmado pela chegada de "muitos turcos" ao fim do mês santo muçulmano do ramadã, agora está desolada pelo "claro recuo" desse afluxo.

Quarenta e cinco naufrágios, entre eles muitos que remontam a tempos antigos, foram descobertos perto de um arquipélago grego que é um dos mais ricos sítios arqueológicos subaquáticos do Mediterrâneo, disseram as autoridades nesta segunda-feira (11).

Além dos destroços, encontrados nas ilhas Fourni no Mar Egeu nos últimos dois anos, os pesquisadores também descobriram âncoras e centenas de objetos de cerâmica, informou o Ministério da Cultura da Grécia em um comunicado.

Cerca de 23 navios afundados foram encontrados em 2016 e outros 22, descobertos no ano passado, incluindo naufrágios da época romana, assim como do período arcaico, entre os anos 800 e 480 antes de Cristo.

O arquipélago Fourni, com cerca de 1.000 habitantes, "é um dos mais ricos sítios de naufrágios no Mediterrâneo", disse o comunicado. Os objetos de cerâmica e as âncoras são "evidências da navegação e do comércio em volta do arquipélago, que inclui portos naturais e quilômetros de costa," afirmou a nota.

Entre os naufrágios encontrados em 2016, estão um da época romana que carregava ânforas e vinha do Mar Negro, e outros que datam dos século III e IV e procediam de colônias romanas no norte da África. É possível que haja mais descobertas na região, visto que até agora o trabalho de arqueologia subaquática em Fourni só cobriu 15% da costa e está previsto para ser concluído em 2018.

Três migrantes foram hospitalizados nesta sexta-feira (31) depois de ficarem feridos durante a noite em confrontos entre pessoas detidas no centro de registro da ilha de Quíos, onde esperam para ser devolvidas à Turquia, segundo a agência grega Ana.

As brigas também provocaram graves danos na infraestrutura do centro, especial no ambulatório médico. A polícia utilizou bombas de efeito moral para acabar com os confrontos.

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Segundo ativistas pró-direitos humanos, os migrantes protestaram antes dos confrontos para exigir sua libertação. Na noite anterior, oito migrantes ficaram feridos em uma briga entre sírios e afegãos que viviam em difíceis condições em frente aos terminais do porto de Pireu, perto de Atenas.

Transformado como todos os centros de registro das ilhas gregas em centro de detenção desde a entrada em vigor do acordo UE-Turquia para frear o fluxo migratório no Mar Egeu, o acampamento Vial de Quíos acolhe atualmente mais de 1.500 pessoas, quando tem na realidade uma capacidade para 1.200 pessoas, segundo a agência Ana.

As autoridades estão considerando transferir alguns destes migrantes a um centro aberto para reduzir a tensão, acrescentou a agência.

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