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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou condenações do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, e dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura na Operação Lava Jato. Eles foram denunciados pelo suposto recebimento de caixa dois para o PT nas eleições de 2010.

Relator das ações remanescentes da Lava Jato no STF, Fachin entendeu que a 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, responsável pela condenação, não tinha competência para processar e julgar o caso. Na avaliação do ministro, o processo deveria ter tramitado na Justiça Eleitoral do Distrito Federal.

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Com a decisão, todas as decisões tomadas na ação penal, desde o recebimento da denúncia até a sentença, foram anuladas. O processo deverá ser retomado do início na esfera eleitoral.

O caso será transferido porque o STF decidiu, em 2019, que todas as ações de corrupção relacionadas a crimes de campanha devem ser processadas na Justiça Eleitoral. Coube a Fachin analisar se o caso se enquadrava na jurisprudência. O julgamento teve um efeito cascata e levou à anulação em série de condenações da Lava Jato.

Vaccari havia sido condenado a 24 anos de reclusão. João Santana e Mônica Moura pegaram 8 anos e quatro meses. As condenações impostas na primeira instância pelo então juiz Sergio Moro haviam sido mantidas pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4).

A ação trata de supostas propinas pagas pelo Grupo Keppel em contratos celebrados com a empresa Sete Brasil Participações para a compra de sondas para exploração de petróleo no pré-sal. Parte dos pagamentos, segundo a denúncia, teria ocorrido por transferências em contas no exterior e outra parte iria para o PT.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIZ FLÁVIO BORGES D'URSO, QUE REPRESENTA VACCARI

"Com esta decisão confirma-se o que a defesa sustentou desde o início do processo, de que a 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba sempre foi incompetente para tal julgamento e também, incompetentes as decisões emanadas do magistrado ali lotado à época.

Essa decisão do Ministro Fachin restabelece a legalidade de um processo viciado desde o início, eivado de incontáveis ilegalidades e abusos, o qual propiciou imensas injustiças, todas irreparáveis aos acusados, os quais foram condenados injustamente.

A fé inabalável na Justiça brasileira sempre sustentou o Sr. João Vaccari Neto e, especialmente, a sua Defesa."

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto recusou-se nesta quarta-feira, 2, a responder perguntas do promotor de Justiça Cássio Conserino, que investiga o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o tríplex 164/A do Condomínio Solaris, no Guarujá. "Vou exercer o direito ao silêncio", repetiu várias vezes Vaccari.

Preso na Operação Lava Jato desde abril de 2015, o ex-tesoureiro já foi condenado em uma ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. Em uma cela do Complexo Médico Penal de Pinhais, nos arredores de Curitiba - base da investigação -, ele aguarda sentença em outro processo criminal em que é réu por suposto repasse de propinas para o seu próprio partido disfarçada de doação oficial no montante de R$ 2,4 milhões.

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Vaccari presidiu a Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop) entre 2005 e 2010. A Bancoop foi a responsável pelo Solaris até que entrou em declínio e transferiu a obra na beira mar para a OAS, empreiteira cujo dono, Léo Pinheiro - também alvo da Lava Jato - é muito próximo de Lula.

A suspeita de Conserino é que o ex-presidente seria o verdadeiro proprietário do tríplex, o que é negado enfaticamente pelos advogados do petista. O promotor investiga se a OAS bancou reforma milionária no imóvel, promovendo adaptações e até instalação de cozinha de alto padrão para presentear a família de Lula.

O promotor pretendia obter novas informações no interrogatório de Vaccari, mas o ex-tesoureiro permaneceu em silêncio durante a audiência, realizada em Curitiba. "Vou exercer o direito ao silêncio", limitou-se a dizer Vaccari o tempo todo.

O promotor pretende, agora, ouvir Lula, a ex-primeira dama Marisa Letícia, e o filho mais velho do casal, Fábio Luiz. Mas a família Lula já avisou, por seus advogados, que não vai à audiência marcada para esta quinta-feira, 3. O escritório de Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, defensores do petista, enviou explicações por escrito à Promotoria e ingressou com pedido de habeas corpus preventivo no Tribunal de Justiça de São Paulo para evitar o risco de uma condução coercitiva.

A defesa de João Vaccari informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-tesoureiro do PT permanecerá calado durante sessão da CPI da Petrobras que irá realizar a acareação entre ele e o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco. O encontro entre os dois está marcado para quinta-feira, 9.

O advogado do tesoureiro argumentou ao Supremo que a acareação não se realizará na prática, já que Vaccari ficará em silêncio. A comunicação é uma forma de "colaborar", segundo a defesa, com o ministro Celso de Mello, que irá analisar pedido de Barusco para suspender a sessão de acareação.

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Barusco tem duas acareações marcadas para essa semana, nos dias 8 e 9. A primeira será feita com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e a segunda com Vaccari. A defesa do ex-gerente alega que Barusco sofre de câncer ósseo, que piorou no último mês e tem dificuldade no deslocamento e permanência nas audiências.

"Assim, no intuito de colaborar com Vossa Excelência, para a decisão neste feito, presta tais informações, uma vez que o ato de acareação propriamente dito, na verdade não se realizará e a dispensa do senhor Pedro Barusco cancelará a sessão, evitando-se, assim, despesas desnecessárias de transporte das partes até Brasília", escreveu ao STF o advogado de Vaccari, Luiz Flávio D'Urso.

O pedido de Barusco para suspender as sessões de acareação da CPI da Petrobras chegou ao STF na última semana e será analisado por Celso de Mello, que ocupa a presidência da Corte em parte do período do recesso do Judiciário. Na semana passada, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, rejeitou pedido apresentado por Renato Duque para cancelar a acareação com Barusco, mas concedeu habeas corpus a ao ex-diretor e a Vaccari garantindo o direito de permanecerem em silêncio na sessão.

João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, ingressou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Por meio do advogado criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, seu defensor, ele pede a imediata revogação da prisão preventiva e a expedição do alvará de soltura sob alegação de que já comprovou a "absoluta legalidade" de sua movimentação bancária. Vaccari está preso desde 15 de abril, alvo da Operação Lava Jato por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro desviado de contratos bilionários de empreiteiras com a Petrobras.

O advogado alega que "ficou absolutamente provada e comprovada a correção da conduta de Vaccari". No habeas corpus, em 93 páginas, D’Urso ataca ponto a ponto as acusações a Vaccari, inclusive as versões de delatores da Lava Jato e o resultado de rastreamento bancário que o alcançou e também sua mulher, Giselda, e a cunhada, Marice Corrêa de Lima.

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"O que o Youssef (doleiro Alberto Youssef) falou, não tem prova alguma. Barusco (Pedro Barusco, ex-gerente de Engenharia da Petrobras) já voltou atrás e esclareceu que do Vaccari não sabe nada."

O criminalista procura desmontar inclusive a tese do executivo Augusto Mendonça, que afirmou ter recebido 'orientação' do ex-tesoureiro para depositar valores na conta de uma gráfica que presta serviços para o PT. "A única coisa que Mendonça diz é essa história da gráfica", contesta D’Urso. "Ele (Mendonça) afirma que Vaccari o orientou a depositar dinheiro na gráfica, mas não há qualquer tipo de prova dessa suposta orientação. O fato de ele (Mendonça) ter depositado (na conta da gráfica) pode ser por 'N' motivos, menos por orientação de Vaccari."

A movimentação bancária que a força-tarefa da Operação Lava Jato usou como argumento para obter a decretação da prisão preventiva de Vaccari também é alvo da defesa no pedido de habeas. "Ocorre que Vaccari tinha diversas fontes de receita, do Santander, do Conselho da Itaipu e do cargo de tesoureiro do PT. Tudo o que ele tem de rendimento está no habeas corpus. Parte desses valores entrou licitamente na conta de Giselda, mulher do Vaccari. Parte de sua renda ele usava para pagar as contas de casa e pessoais, outra parte ele entregava para a mulher depositar na conta dela. Tudo fechado, não tem nada sem explicação. Tudo o que o Ministério Público Federal levantou como suspeita está absolutamente provado e comprovado."

Luiz Flávio Borges D’Urso avalia que o caso Vaccari supera as amarras da Súmula 691 - norma do Supremo que barra o ingresso de pedido de habeas corpus quando tribunais de instâncias inferiores ainda não esgotaram o julgamento de mérito do mesmo tipo de recurso. "A prisão de João Vaccari Neto é absolutamente ilegal e o Supremo Tribunal Federal, em outras casos, superou a Súmula 691. É total a nossa expectativa de libertação de Vaccari."

O criminalista insiste. "Não existe um valor que não tenha sido objeto de explicação. Está tudo explicado e provado. Tudo no imposto de renda, declarado, tudo via bancária. Mesmo os depósitos em dinheiro que Giselda faz ficou provado que (o dinheiro) vem da conta do Vaccari. Ele saca num dia, no outro dia ela está depositando na conta dela. Tudo amarrado."

O Ministério Público Federal considera suspeita a movimentação de quantias 'miúdas' na conta de Giselda, o que poderia caracterizar lavagem de dinheiro - o rastreamento bancário mostra depósitos de R$ 2 mil, em série. "Na verdade trata-se apenas de uma orientação do banco onde ela (Giselda) mantém conta. O depósito em envelope tem um limite de R$ 2 mil, é o máximo, obrigatoriamente. São quatro depósitos de R$ 2 mil cada encontrados no rastreamento bancário. Isso está comprovado.

Seria uma burrice ela (Giselda) fazer 4 depósitos de R$ 2 mil cada para lavar dinheiro de um minuto para outro. Volto a dizer: está tudo provado e comprovado. A prisão preventiva de Vaccari não tem sustentação. Nada dá suporte ao decreto de prisão preventiva."

O habeas corpus com pedido liminar foi endereçado ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. "O que se espera agora é só Justiça", afirma o criminalista Luiz D’Urso.

A Polícia Federal prendeu, nesta quarta-feira (15), o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a mulher dele e cumpre mandado também contra a cunhada do petista por envolvimento com o esquema da Operação Lava Jato. Vaccari é acusado de receber para o PT um porcentual da diretoria de Serviços da Petrobras na época em que era comandada por Renato Duque.

O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou que incluirá na pauta da comissão os pedidos de acareação entre os arrolados na Operação Lava Jato. Durante a reunião deliberativa na tarde desta terça-feira (14) a oposição apresentou requerimentos extra pauta para promover o confronto de informações entre os principais personagens investigados no escândalo de corrupção na estatal. Os pedidos só não foram aprovados porque o início da ordem do dia no plenário da Câmara dos Deputados impediu o prosseguimento da sessão na CPI.

O foco da oposição é aprovar as acareações entre o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o ex-gerente da companhia Pedro Barusco, os ex-diretores Renato Duque e Nestor Cerveró e o doleiro Alberto Youssef. Mais de 30 requerimentos, segundo Motta, foram protocolados nesta linha. "A acareação é inevitável", concluiu Motta.

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Nesta tarde foram aprovados 57 requerimentos, sendo um deles extra-pauta. Dezessete pessoas foram convocadas, a maioria executivos das empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Fernando Soares, apontado como um dos operadores do esquema, também será ouvido pela CPI.

A CPI vai se deslocar até Curitiba nas próximas semanas para ouvir os presos. Motta admitiu que seria mais cômodo promover os depoimentos na Câmara, mas um ato da Mesa Diretora impede que presos sejam ouvidos nas dependências da Casa. A única exceção foi aberta a Renato Duque porque quando sua convocação foi aprovada, o ex-diretor ainda estava solto, realidade diferente dos convocados hoje. Motta disse que vai apelar ao presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para revogar o ato. "Irei insistir com o presidente, mas não posso ser refém desse ato", ressaltou Motta.

O presidente disse que ainda não há data para a viagem da comitiva parlamentar a Curitiba e ainda não há informação se os depoimentos serão abertos à imprensa. Questionado sobre os custos de uma viagem ao Paraná, Motta disse que neste momento os gastos são "irrelevantes" diante do escândalo de corrupção na Petrobras. "Até acho que o quanto vai se gastar neste momento é irrelevante. O que o Brasil quer neste momento é que as pessoas sejam punidas. Não queria ver em nenhum jornal a CPI ser questionada pelo custo de uma viagem a Curitiba", afirmou Motta.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, admitiu à CPI da Petrobras que tem uma relação de proximidade com o ex-diretor da estatal Renato Duque, preso por envolvimento na Operação Lava Jato. Mas ressalvou que a relação que mantém com Duque é somente amistosa. Mais cedo, Vaccari disse que conheceu Duque numa atividade político-social, nunca tendo debatido qualquer assunto de finanças do PT.

Vaccari repetiu que faz parte do seu trabalho como tesoureiro procurar pessoas para captar doações ao partido.

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Questionado pela deputada Eliziane Gama (PPS-MA) se é inocente das acusações, o tesoureiro do PT respondeu que é. "Sou", disse, laconicamente, o dirigente petista.

Pouco antes, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) usou seu tempo para questionar o petista e criticá-lo duramente. O parlamentar disse que Vaccari mentiu à CPI, chamando-o de "cínico e hipócrita". Segundo Lorenzoni, o tesoureiro está envolvido pelo fato de ter contratado o advogado Luiz Flávio D 'Urso, um dos maiores criminalistas do País.

O deputado gaúcho ainda ironizou o tesoureiro petista, lembrando que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado no processo do mensalão, perdeu "esse ar" de cinismo quando entrou para a Papuda, para cumprir pena.

Ao contrário do que informou inicialmente, a assessoria do presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse nesta terça-feira, 31, que ainda não há data confirmada para os depoimentos do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Em um primeiro momento, a assessoria do parlamentar havia dito que Vaccari falaria aos deputados no dia 23 de abril e que Coutinho prestaria depoimento no dia 16.

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Na decisão em que manda abrir a primeira ação penal contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o juiz federal Sérgio Moro destacou quatro contratos da estatal petrolífera por meio dos quais o pagamento de propinas chegou a R$ 136,1 milhões - parte desse montante caiu no caixa do PT em forma de 'doação eleitoral', segundo a força tarefa da Operação Lava Jato.

Vaccari, Duque e outros 25 acusados pela Procuradoria da República agora são réus pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O engenheiro Adir Assad, apontado como laranja da organização, está entre os novos réus da Lava Jato.

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No despacho, Moro descreve como foi feito o repasse da cota de propina da Diretoria de Serviços, no contrato da Repar. Parte foi paga em espécie e outra parte, em depósitos no exterior. "Parte da propina da Diretoria de Serviços foi direcionada a João Vaccari Neto, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, o que foi feito na forma de doações registradas perante a Justiça Eleitoral."

Nessa operação, teriam atuado como intermediadores Adir Assad, Mario Frederico Góes, pagador de propinas, e Julio Gerin Camargo, lobista de empreiteira e um dos delatores da Lava Jato. "Para alguns repasses, no montante de R$ 38.402.541,40, foi utilizado grupo criminoso dirigido por Adir Assad."

Doações eleitorais

Amparado na denúncia do Ministério Público Federal, o juiz Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Lava Jato, acentua que em um dos contratos "quantia substancial da propina", R$ 4,26 milhões, foi repassada, entre 23 de outubro de 2008 a 8 de março de 2012, "como doações eleitorais registradas ao Partido dos Trabalhadores - PT".

As doações foram feitas pelas empresas controladas por Augusto Mendonça, um dos delatores da Lava Jato, e pelas empresas PEM, Projetec e SOG (Setal Óleo e Gás).

A investigação revela que nas obras da Repar (Refinaria Presidente Getúlio Vargas, no Paraná) o contrato foi celebrado ao preço de R$ 2,25 bilhões. Aditivos elevaram o custo em mais R$ 569,16 milhões. A propina foi dividida entre as diretorias de Serviços, controlada por Renato Duque, elo do PT na estatal petrolífera, e de Abastecimento, então sob comando de Paulo Roberto Costa. Neste caso a propina bateu em R$ 84,64 milhões.

A propina teria sido repassada mediante celebração de contratos simulados com as empresas Legend Engenheiros Associados, a Power To Ten Engenharia Ltda., a Rock Star Marketing Ltda., a Soterra Terraplanagem e Locação de Equipamentos, a SM Terraplanagem Ltda. e a JSM Engenharia e Terraplanagem.

Segundo a denúncia, essas empresas foram indicadas a Augusto Mendonça por Dario Teixeira e Sueli Mavali. "Dario e Sueli, em realidade Sueli Maria Branco, já falecida, faziam parte, juntamente com Sonia Mariza Branco, de grupo dirigido por Adir Assad, que atuou no caso como intermediador financeiro da propina e da lavagem de dinheiro".

"O grupo dirigido por Adir Assad encarregou-se então de realizar os repasses à Diretoria de Serviços mediante pagamentos em espécie e remessas ao exterior, entre março de 2009 a março de 2012?, ressalta o juiz.

Nas obras da Replan (Refinaria de Paulínia, interior de São Paulo), o contrato ficou em R$ 696,61 milhões, acrescidos de R$ 254,25 milhões em aditamentos. A propina para a Serviços chegou a R$ 19,02 milhões, equivalentes a 2% do contrato. Outros R$ 9,46 milhões foram destinados à Abastecimento.

O terceiro empreendimento da Petrobras , Gasoduto Pilar-Ipojuca, foi orçado em R$ 430 milhões, mais R$ 139,82 milhões por três aditivos. A propina, aqui, foi de R$ 11,39 milhões, exclusivamente para a Serviços.

O quarto contrato sob suspeita foi o GLP Duto Urucu-Coari, no Amazonas, celebrado ao preço de R$ 342,59 milhões e mais R$ 240,89 milhões em aditamentos. Neste caso a propina chegou a 11,55 milhões apenas para a Diretoria de Serviços.

Alto escalão

 

Em sua decisão, o magistrado anota que para permitir o funcionamento do cartel, as empreiteiras corromperam diversos empregados do alto escalão da Petrobras, entre eles os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato de Souza Duque (Serviços) e o gerente executivo Pedro Barusco (braço direito de Duque).

"Os empregados públicos, entre eles os ex-diretores, tinham o papel relevante de não turbar o funcionamento do cartel e ainda de tomar as providências para que a empresa definida pelo 'Clube' de empreiteiras para vencer a licitação fosse de fato escolhida para o contrato", ressalta o magistrado. "Para viabilizar o esquema criminoso, valores obtidos com os crimes de cartel e licitatórios foram submetidos a lavagem de dinheiro por Alberto Youssef (doleiro e personagem central do esquema de corrupção na Petrobras) e por outros profissionais da lavagem, para posterior pagamento aos empregados de alto escalão da Petrobras."

O juiz anota que "porcentagem de cada contrato das empreiteiras com a Petrobras era destinada ao pagamento de propina aos empregados de alto escalão".

No despacho, Moro descreve como foi feito o repasse da cota de propina da Diretoria de Serviços, no contrato da Repar. Parte foi paga em espécie e outra parte, em depósitos no exterior. "Parte da propina da Diretoria de Serviços foi direcionada a João Vaccari Neto, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, o que foi feito na forma de doações registradas perante a Justiça Eleitoral. Teriam atuado como intermediadores Adir Assad, Mario Frederico Goes e Julio Gerin Camargo", diz o juiz federal. "Para alguns repasses, no montante de R$ 38.402.541,40, foi utilizado grupo criminoso dirigido por Adir Assad.

Defesa

 

A Secretaria de Finanças do Partido dos Trabalhadores divulgou nota negando que o secretário João Vaccari Neto tenha participado de esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT. "Ressaltamos que o secretário Vaccari não ocupava o cargo de tesoureiro do PT no período citado pelos procuradores na ação aceita pela Justiça, uma vez que ele assumiu essa posição apenas em fevereiro de 2010".

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, está com os dias contados no cargo. Incomodados com mais um escândalo batendo à porta do partido, deputados petistas procuraram na terça-feira, 17, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em Brasília, e pediram que ele entre no circuito para convencer Vaccari a se afastar da Secretaria das Finanças da legenda.

Alvo da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção e desvios de recursos na Petrobras, Vaccari foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. A situação do tesoureiro constrange o PT e a presidente Dilma Rousseff, mas ele ainda resiste a se licenciar. Até mesmo na corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), integrada por Vaccari, petistas pregam seu afastamento para preservar o partido e o governo.

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O diretório do PT no Rio Grande do Sul aprovou documento que pede a saída de Vaccari e vai levar o assunto à próxima reunião da Executiva Nacional, no dia 16 de abril. "Até agora não recebemos qualquer pedido e Vaccari não apresentou intenção voluntária de se afastar", disse o presidente do PT, Rui Falcão. "Nós achamos que ele precisa dar uma explicação ao partido", comentou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Ministros do PT e dirigentes da legenda pressionam o tesoureiro e usam o argumento de que ele precisa se defender fora do cargo. Citam como exemplo Ricardo Berzoini, atual ministro das Comunicações, que em 2006 foi acusado de envolvimento no "escândalo dos aloprados", como foi batizada a compra de um dossiê contra tucanos. À época, Berzoini era presidente do PT e coordenava a campanha de Lula à reeleição. Foi afastado, mas retornou ao comando do partido em 2007.

Regra

"Se algum filiado do PT comprovadamente estiver envolvido em ilícitos, em atos de corrupção, não continuará no nosso partido", afirmou Falcão. Indagado se a regra valeria para Vaccari, o presidente do PT respondeu: "Vale para qualquer filiado que seja condenado por atos de corrupção".

O objetivo da cúpula petista, agora, é construir um acordo para que a saída do tesoureiro pareça uma iniciativa dele. O mal-estar sobre a crise que envolve o PT diante da Lava Jato também ocupou boa parte do jantar entre Dilma, Lula, Falcão e ministros do PT, na segunda-feira.

Naquele dia foi divulgado que o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse, em depoimento à força-tarefa da Lava Jato, que Vaccari pediu a ele uma doação de R$ 10 milhões, a título de propina atrasada de uma diretoria da Petrobras, "por volta de 2010".

Ao ser questionado sobre qual a diferença da situação de Vaccari com a do então deputado André Vargas, Falcão evitou esticar a polêmica. "No caso de Vargas havia prova cabal de que ele tinha usado um avião privado (do doleiro Alberto Youssef) para si e para a família. É um deslize ético. No caso de Vaccari há uma denúncia não comprovada", argumentou. No ano passado, Vargas foi obrigado a se desfiliar do PT 25 dias depois de revelada sua relação com Youssef, delator da Lava Jato.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara hoje, o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da companhia Pedro Barusco relacionou o recebimento de propina do esquema de corrupção na estatal à campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2010, quando ela foi eleita presidente pela primeira vez.

Segundo Barusco, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebeu US$ 300 mil para engordar o caixa da campanha. "Aqueles 300 mil que eu disse de reforço de campanha foi na campanha presidencial de 2010", declarou, durante o depoimento.

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Na delação premiada que fez à Polícia Federal em 21 de novembro de 2014, Barusco havia dito que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - que está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) - solicitou a um representante da empresa SBM Offshore os US$ 300 mil.

De acordo com a delação, o dinheiro foi pedido "a título de reforço de campanha durante as eleições 2010, provavelmente atendendo a pedido de João Vaccari Neto, o que foi contabilizado pelo declarante (Barusco), à época, como pagamento destinado ao Partido dos Trabalhadores".

O ex-gerente disse em depoimento à CPI da Petrobras que foram solicitados à SBM Offshore recursos para campanha eleitoral e que os valores foram repassados ao PT, via Vaccari Neto.

Questionado a quem eram destinados os valores, Barusco disse que o dinheiro foi dado na época da eleição presidencial em que disputavam o tucano José Serra contra a petista Dilma Rousseff, em 2010. Ele ressaltou que o dinheiro foi encaminhado ao PT.

"Foi solicitado à SBM um patrocínio de campanha, só que não foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei num acerto de contas em outro recebimento", afirmou.

PT

O PT divulgou nota negando que João Vaccari Neto tenha tratado de doações para o partido com o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. O ex-executivo voltou a declarar hoje, em depoimento à CPI da Petrobras, que foram repassados US$ 300 mil a Vaccari para a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. O PT informou na nota, assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão, e pelo secretário nacional de Finanças, João Vaccari Neto, que as doações que recebe são legais.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, chegou nesta noite ao hotel em que se reunirá o diretório nacional do partido. Nesta sexta-feira, 6, o PT promove um evento de comemoração de 35 anos da legenda, fundada em São Paulo em 1980. Pela manhã, Vaccari foi alvo de um mandado de condução coercitiva da Polícia Federal, dentro da nona fase da Operação Lava Jato. Ele prestou depoimento na sede da PF, na zona oeste de São Paulo, e depois deixou o local em um táxi, sem falar com os jornalistas.

Ao chegar ao local do evento do PT, Vaccari também evitou responder às perguntas dos repórteres. O tesoureiro estava acompanhado do secretário nacional de Comunicação do PT, deputado estadual José Américo (SP), e pela secretária de Relações Internacionais do partido, Monica Valente, mulher do ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenado no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.

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Pessoas que acompanharam Vaccari no voo entre São Paulo e Belo Horizonte disseram que ele aparentava tranquilidade. O tesoureiro vai acompanhar a reunião do diretório nacional e o evento que marcará os 35 anos do PT, nesta sexta-feira.

O mandado de condução coercitiva da Polícia Federal não mudou os planos do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Como programado anteriormente, Vaccari viaja ainda nesta quinta-feira, 5, para Belo Horizonte, onde participa da reunião do Diretório nacional do PT e do aniversário de 35 anos do partido.

Como responsável pelas verbas do PT, Vaccari conduzirá alguns pontos da reunião do diretório nacional marcada para a manhã desta sexta-feira, 6. O evento de comemoração dos 35 anos do partido, marcado para começar após a reunião, terá as participações de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

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Na manhã de hoje, Vaccari passou cerca de três horas na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde prestou depoimento. O tesoureiro saiu por uma porta lateral e não respondeu às perguntas feitas pela imprensa, mas falou com a agência de notícias do PT. "Todas as perguntas feitas pelo delegado foram esclarecidas. Respondi a tudo com transparência, lisura e total tranquilidade", disse.

As citações em delações não impediram que Vaccari participasse de outros eventos do partido. No ano passado, em Fortaleza, o tesoureiro discursou diante de seus correligionários e alegou inocência.

A estratégia da oposição para colar a imagem da presidente Dilma Rousseff à do tesoureiro nacional do PT, JoãoNeto, será insistir em perguntar se Vaccari tem a confiança de Dilma. "Durante a campanha, o (então candidato a presidente) senador Aécio Neves questionou se Dilma confiava em Vaccari e ela disse que sim. A pergunta que vamos levantar novamente é: será que a presidente Dilma continua confiando em seu tesoureiro?", adiantou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

A orientação partiu de Aécio, que não está em Brasília nesta quinta-feira, 5, mas disparou telefonemas a seus pares dando a tônica da reação que quer ver na tribuna hoje.

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No início da manhã de hoje, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, se recusou a abrir o portão de sua casa para a Polícia Federal, no cumprimento do mandado de busca e apreensão e condução coercitiva contra ele por denúncias de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, conforme investigado pela Operação Lava Jato. Os policiais tiveram de pular o muro da casa do tesoureiro, que fica no Planalto Paulista, um bairro no município de São Paulo. A PF fez busca e apreensão de documentos e objetos na casa do tesoureiro que também será obrigado a prestar depoimento sobre denúncias envolvendo seu nome.

Integrantes da força-tarefa da Lava Jato informaram nesta quinta-feira (5) que a nova operação deflagrada teve como objetivo coletar provas de desvios ocorridos na Diretoria de Serviços da Petrobras que teria a participação do tesoureiro nacional do PT, Vaccari Neto.

Segundo integrantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal há suspeitas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro dentro da Petrobras, ocorrido até o ano de 2014. Segundo a PF, Vaccari é um dos onze operadores de possíveis esquemas que a instituição está investigando.

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"Os fatos investigados vão até o ano de 2014. Não podemos dizer a data de início do esquema, mas fatos aconteceram até o ano passado", afirmou o procurador federal Carlos Fernando. "A Investigação na BR Distribuidora envolve possível pagamento de comissões para funcionários. A empresa envolvida no esquema com BR Distribuidora é de Santa Catarina e produz tanques", explicou o representante da Polícia Federal, Igor Romário de Paula.

De acordo com Carlos Fernando e Igor Romário de Paula, a investigação envolve 11 operadores identificados dentro de diretoria de serviços da Petrobras. Entre esse operadores estaria o tesoureiro do PT, Vaccari Neto, que foi conduzido à Polícia Federal para prestar esclarecimentos. "Vaccari teria relação com esquema de operadores. É uma investigação, não há acusação", afirmou Carlos Fernando. "Temos informações de que Vaccari solicitava valores legais e ilegais de pessoas que tinham contrato com a Petrobras. Não podemos dizer exatamente o destino das doações solicitadas por Vaccari. Mas queremos saber informações de doações que Vaccari solicitou, legais ou ilegais", acrescentou.

Segundo Carlos Fernando, salvo o tesoureiro, os outros envolvidos no esquema não têm ligação com o PT. Igor Romário de Paula também considerou que não é possível no momento estabelecer uma relação dos desvios com o partido.

Na manhã desta quinta-feira, 5, cerca de 200 policiais federais, com apoio de 25 servidores da Receita Federal, cumprem 62 mandados judiciais: um de prisão preventiva, três de prisão temporária, 18 de condução coercitiva e 40 de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro, da Bahia e de Santa Catarina.

Segundo integrantes da operação, as prisões foram feitas com base em depoimento de um dos colaboradores da Lava Jato. "A palavra de um colaborador tem força relativa, vamos atrás de provas materiais", disse o procurador federal Carlos Fernando.

Os dois mandados de prisão temporária foram concluídos em Santa Catarina e um terceiro está no exterior. "Ainda não é conveniente revelar nomes de envolvidos, porque diligências estão em curso", afirmou Fernando.

O procurador informou ainda que dos mandados nenhum envolve o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, indicado pelo PT ao cargo." Se houvesse prova contra Renato Duque ele estaria sendo preso hoje", ressaltou o procurador.

Segundo os agentes, a demora nas buscas se deve ao volume de dinheiro encontrado nas empresas alvo da operação. "Há volume muito grande de dinheiro apreendido em uma das empresas onde foi feita a busca. Vai demorar para ser contado", afirmou Igor Romário.

A nona fase da operação Lava Jato deflagrada nesta quinta-feira foi batizada pela Policia Federal de "My Way", em referência a como um dos delatores do esquema, Pedro Barusco, se referia ao ex-diretor Renato Duque.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, se recusou a abrir o portão de sua casa para a Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (5) no cumprimento do mandado de busca e apreensão e condução coercitiva contra ele por denúncias de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Os policiais tiveram de pular o muro da casa do tesoureiro, que fica no Planalto Paulista, um bairro no município de São Paulo.

A PF fez busca e apreensão de documentos e objetos na casa do tesoureiro que também será obrigado a prestar depoimento sobre denúncias envolvendo seu nome.

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O tesoureiro do PT foi citado em depoimentos da Operação Lava Jato, entre eles os prestados pelo doleiro Alberto Youssef, como operador do esquema de corrupção na Petrobras, que envolvia repasses de recursos desviados de grandes obras da estatal para o partido.

Segundo as investigações, Vaccari também operaria no fundo de pensão Petros, alvo do esquema. A PF descobriu também que a cunhada do petista, Marice Lima, foi destinatária de recursos da empreiteira OAS, envolvida no escândalo de corrupção.

A cunhada de Vaccari, Marice Corrêa Lima, já foi alvo de outra fase da operação da PF, sob a acusação de ter recebido dinheiro da empreiteira OAS. Executivos da empresa estão presos por envolvimento no esquema. Eles integrariam um clube da propina que pagava para ter contratos na Petrobrás, dinheiro que era distribuído para funcionários públicos e partidos políticos.

Um dos objetivos da operação deflagrada nesta quinta-feira é aprofundar as investigações sobre outros operadores da corrupção na Petrobrás. Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou em novembro, partidos como o PMDB atuavam com mais de um agente na estatal.

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