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A redução da desigualdade no Brasil será, em 2014, "a maior dos últimos dez anos", defendeu neste sábado o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri. O comentário foi realizado durante entrevista coletiva realizada hoje em Brasília (por determinação da presidente Dilma Rousseff) para que ministros comentassem os erros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na elaboração da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). Apesar de apontar que haverá forte queda da desigualdade neste ano, Néri não apresentou dados sobre tal redução.

Neri afirmou hoje que houve, nos últimos anos, uma trajetória de queda das desigualdades, mas reconheceu: "não é uma queda espetacular". Para 2014, no entanto, o ministro Marcelo Nery anunciou que a desigualdade está mantendo um ritmo de queda "como um relógio de 0,01% ao mês". Prometeu, ainda, que em 2014 a redução da desigualdade "será a maior dos últimos dez anos", mas sem apresentar dados.

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O ministro reagiu às críticas à credibilidade do IBGE, por causa da necessidade de correção dos dados da Pnad. "O que arranha a credibilidade é não reconhecer os erros. Nos jornais é assim também. Se um jornal reconhece seus erros, tem credibilidade. Com os pesquisadores é a mesma questão, o mesmo critério", disse.

Marcelo Neri rebateu interpretações de que a desaceleração da economia brasileira já teria sido incorporada aos dados da Pnad. Segundo ele, "o crescimento expressivo na renda média de 3,48% é uma resposta". Para o ministro, "falar que nova Pnad mostra sinais de desaceleração não corresponde à realidade", disse ele, insistindo em apresentar dados como o de que a massa de rendimento cresceu 4,48% de 2012 para 2013.

A presidente Dilma Rousseff efetivou hoje o economista Marcelo Neri como ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE). Neri estava interino no cargo desde 22 de março do ano passado.

O decreto de nomeação, publicado no Diário Oficial da União, diz que Neri fica exonerado do cargo que atualmente ocupa, mas não deixa claro se o ministro continuará presidindo também o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), função que exerce desde agosto de 2012.

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O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, fez nesta terça-feira (29), uma avaliação dos últimos anos na economia brasileira, durante seminário temático na Câmara dos Deputados, e afirmou que o processo de ascensão da nova classe média está consolidado.

Essa nova classe social, segundo ele, exige do Estado uma nova agenda para atendê-la em serviços eficientes. "É preciso fazer um completo redesenho das políticas públicas, que não são uma coisa pop, como o programa para sair da miséria, mas coisas mais importantes", disse. "Já avançamos muito no combate à pobreza e acho que falta a construção de uma agenda positiva. As pessoas não se identificam mais como pobre. Numa agenda positiva você usa a imagem como as pessoas se veem", afirmou.

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Segundo o ministro, as manifestações de junho do ano passado sinalizaram nessa direção. Ele observou que o País enfrenta ciclos de mudanças a cada dez anos, o que deve se repetir em 2014. O ministro colocou 2007 como ano principal da última década, o que ocorreu após se colher os primeiros resultados das políticas "pop" do governo do ex-presidente Lula. "A sensação de que o futuro está chegando no País do futuro chegou em 2007, antes da crise de 2008", disse.

No entanto, Neri destaca que o momento atual "é de novas agendas e de fazer escolhas". Entre elas, ele citou o planejamento do aumento da produtividade e da massa salarial como itens essenciais de uma nova política pública, capaz de estimular a poupança das famílias. "Talvez estamos dando muito mais ênfase ao consumidor do que ao trabalhador, o produtor", disse.

Neri afirmou que o estimulador da economia nos últimos anos não foi o consumo, mas o aumento da mão de obra empregada com carteira assinada, especialmente na redução da miséria e diminuição da desigualdade do social. "O protagonista dessa evolução não foi o consumo, mas o trabalhador. A carteira de trabalho como símbolo. A ênfase no consumo não foi uma coisa que eu tinha claro para mim, porque quando a gente olha para o produtor, o aumento do salário e da carteira de trabalho é de 38% (a partir de 2004)", observou.

Marcelo Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse nesta quarta-feira (22), em Davos, que o Brasil talvez esteja "numa situação bipolar", com excesso de otimismo da população e excesso de pessimismo dos empresários.

O excesso de otimismo da população pode reduzir a poupança e o esforço educacional, enquanto o excesso de pessimismo dos empresários reduz o investimento. Neri participou do Fórum Econômico Mundial, de um debate sobre a ascensão da classe média no mundo, apresentando números sobre o fenômeno no Brasil.

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De 2003 até novembro de 2013, segundo seus dados, 54 milhões de brasileiros ascenderam às classes A, B e C, cujo total saiu de 67 milhões para mais de 120 milhões. Notando que 54 milhões formariam o 23º país mais populoso do mundo, Neri disse que se tratava de uma "transformação gigantesca".

Com dados até novembro de 2013, ele observou que o crescimento anual do PIB per capita está em 1,5%, enquanto a mediana da renda real domiciliar per capita da PME (pesquisa que abrange as seis principais regiões metropolitanas) cresceu 5,2%. Em 2012, o mesmo indicador cresceu 7%, e o PIB per capita teve zero de expansão.

Segundo Neri, o Brasil é uma exceção no mundo, já que dois terços dos países vêm sofrendo aumento da desigualdade (ao contrário do Brasil, em que ela vem caindo) e tem a renda medida pelas pesquisas domiciliares, como a PME e Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), crescendo menos que o PIB per capita.

O presidente do Ipea acha que existe uma assimetria entre a avaliação dos economistas sobre a economia brasileira, baseada no PIB, e a avaliação popular, mais relacionada à renda medida pelas pesquisas domiciliares. Ele indicou que a apresentação da presidente Dilma Rousseff em Davos poderia abordar essa "assimetria".

Quanto ao otimismo da população, Neri citou pesquisas de satisfação com a vida do Gallup, que mostraram o País na 18º posição do mundo em dezembro de 2012, sofrendo uma queda em seguida, e depois uma recuperação, que colocou o Brasil num nível ainda mais alto de otimismo em outubro de 2013, na terceira posição.

O ministro da SAE notou que o descolamento entre o PIB per capita e renda das pesquisas domiciliares tem cerca de dez anos. De 2003 a 2012, o PIB per capita cresceu 27,8% e a renda média pela Pnad subiu 51%. No mesmo período, a renda mediana da Pnad cresceu 78%, e a dos 10% mais pobres aumentou 106%.

A diferença entre o PIB per capita e a média da Pnad é quase totalmente explicada, segundo Neri, pelo fato de que o "deflator implícito" (a inflação do PIB) ficou 24 pontos porcentuais acima do IPCA naquele período. "Todo mundo reclama da inflação, mas o IPCA está barato", ele disse.

Neri manifestou preocupação com a sustentabilidade do crescimento da renda domiciliar no País, citando a agenda de produtividade da SAE, que está cuidando da importação de trabalhadores e trabalhando num programa de estímulo à poupança junto com o Banco Central.

Mas ele notou que, em 2012, com o "pibinho", houve a impressão de que o modelo de crescimento de renda brasileiro havia "batido no teto", o que depois foi desmentido pelos dados da Pnad. "Talvez agora estejamos batendo com a cabeça no teto, há coisas preocupantes, temos de pensar na agenda de longo prazo, mas eu não faria apostas de antemão (sobre a interrupção do processo de forte alta da renda real)".

Rolezinho

Neri comentou os rolezinhos, dizendo que o fenômeno está ligado ao fato de que o Brasil está no pico da sua população jovem, que agora conta com 51 milhões de pessoas. Ele lembrou que a geração do baby boom nos Estados Unidos e na Europa fez os protestos de 1968 quando chegou à juventude. No Brasil, o equivalente aos boomers estaria por trás dos protestos de junho de 2013 e dos rolezinhos.

Neri acrescentou que o problema não é exclusivo do Brasil, com manifestações da juventude atingindo outros países emergentes, como a África do Sul. "Manifestações estão estourando em toda a parte, e as pessoas não têm agenda", disse o ministro-chefe da SAE.

Ele associou o movimento no Brasil também à fase estável de dez anos de crescimento com queda da desigualdade. "Depois de dez anos, as pessoas querem outra agenda, agenda de serviço público, de cidade melhor - a casa das pessoas melhorou, mas, fora de casa, a infraestrutura e a aparência externa não acompanharam".

Pela ótica dos brasileiros, a economia real está com crescimento chinês. A afirmação é do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri. O economista estima que a freada na queda da desigualdade de renda, apontada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2012), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é uma tendência que veio para ficar.

"Apesar do pibinho, a renda média acelerou", disse Neri, em entrevista coletiva, no Rio, para comentar os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, apresentada nesta sexta-feira, 27, pelo IBGE. "O Brasil dos economistas está muito pior do que o Brasil dos brasileiros, reportado pela Pnad", completou.

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Segundo os dados trabalhados por Neri, de 2003 a 2011, o crescimento da renda domiciliar per capita, vista na Pnad, foi de 40,5%, enquanto o PIB per capita avançou 27,7%. O quadro se agravou em 2012: o Ipea calcula em 8% a alta do rendimento domiciliar per capita. Neri destacou que o PIB per capta cresceu apenas 0,1% em 2012.

Neri citou ainda dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE, para mostrar que a tendência de desaceleração na queda da desigualdade se dissipou em 2013. "A saga da queda da desigualdade continua."

Cálculos do Ipea mostram que, em julho 2013, o Índice Gini do rendimento do trabalho estava em 0,547 (quanto mais perto de 1, mais concentrada é a renda), ante 0,561, em março de 2012. Embora os dados da PME e da Pnad não sejam comparáveis, a tendência da primeira costuma se confirmar na segunda, segundo Neri.

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